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Kaio

 

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30 novembro 2006

Um "Carpe Diem" possível

Mais desejado do que de fato consumado, o ócio é indispensável para qualquer produção artística ou filosófica. Nos últimos séculos, porém, o trabalho passou a ser bem mais valorizado. Obviamente, a possibilidade desse "tempo livre" se tornou mais complicada. Algumas pessoas (especialmente esquerdistas chatos) acusam o capitalismo de ter sido uma absoluta negação do ócio. Será mesmo?
Antes de tudo, voltemos a Roma Antiga, na qual já se discutia constantemente a necessidade desses momentos para pensar, meditar e usufruir da vida. Várias correntes filosóficas pós-socráticas questionavam o negócio e o pragmatismo excessivo dos romanos, especialmente o estoicismo. Sêneca escreveu várias obras condenando o materialismo descontrolado e as agitações inúteis, propondo como "soluções" para o homem uma maior tranqüilidade da alma, explorando virtudes como a modéstia, a serenidade e, claro, maior dedicação ao ócio. O próprio Sêneca praticou esse estilo de vida, pois, sempre que a vida pública (ele era estadista e conselheiro de Nero) o deixava angustiado e exausto, ele se retirava para o campo.
Voltando ao século 21, claro que estamos em condições (bem) diferentes das da Roma de dois mil anos atrás, mas esse ideal estóico não se tornou anacrônico - será que realmente precisamos de tanto trabalho, estresse, inquietações e prazeres curtos e superficiais (como álcool, drogas e libertinagem)? Não seria isso uma anulação do indivíduo, o qual estaria sacrificando boa parte da sua vida com atitudes e comportamentos que só lhe trarão infelicidade?
O próprio homem é o culpado por esse padrão de vida obcecado por trabalho; culpar o sistema capitalista é se isentar do problema. Mesmo nas escolas, os próprios alunos ditos "esforçados" refletem isso - bitolados por números e resultados, mentalidade limitada (ou se resumindo a provas e vestibulares), conteúdos aprendidos de maneira tecnocrática... Pouquíssimos são os "alternativos" a isso. Não por acaso, são justamente os que que se interessantam muito por música, filosofia, discussão de idéias e artes em geral que se sobressaem. Podem até não rechearem o boletim de notas 10 como os "esforçados", mas sabem e entendem mais sobre a vida do que aqueles.
Só não concilia trabalho com ócio quem não quer. Oportunidades não faltam, o que falta é empenho das pessoas, que reclamam demais e fazem de menos. Esquecem elas que o próprio capitalismo estimula a criatividade, afinal, os profissionais mais valorizados no mercado são justamente os mais ousados e inventivos. De nada adianta o sujeito ser um workaholic se ele não tem idéias próprias e uma mente ociosa para criar e inovar. Cabe a cada um de nós, portanto, escolher como aproveitar o tempo livre que nos é disponível: ou se contentando com formas rasas de entretenimento (TV, filmes pipoca, festinhas banais, futilidades), ou lendo bons livros, ouvindo música e filosofando sobre como o mundo poderia ser melhor se quiséssemos e fizéssemos que ele o fosse.

1. Este texto foi a minha última redação do ano. Tirei nota 100, o que me deixou bastante orgulhoso.
2. Terminei de ler "A Dama das Camélias". Estava pensando em partir para "O Idiota" (estou na pág. 166), mas acho que antes vou ler "Madame Bovary". Em breve, resenha da obra de Alexandre Dumas Filho.
3. Viciado novamente em Pavement, uma das bandas mais cool que os EUA nos proporcionaram nos anos 90. Recomendo a todos que gostam de rock alternativo de qualidade.
4. Amanhã tenho simulado, e domingo, prova do PAS.

29 novembro 2006

Sartre, ó Sartre... o mundo não é mais o mesmo

Terminei de ler "A Idade da Razão", segundo livro de Jean-Paul Sartre (1905-1980) que eu li, já que o primeiro foi "Esboço para uma teoria das emoções".
A conclusão à qual chego é que o existencialismo, com toda a sua melancolia e pessimismo, reflete perfeitamente a primeira metade do século 20, recheada de guerras e analisada, em retrospectiva, como a época na qual a Modernidade entrou em crise.
Cada personagem, dotado de grande densidade psicológica, representa como se sentiam os jovens e adultos daquele período; eles lutaram por um padrão de vida que acabou virando mainstream e se consolidou nas últimas décadas, mas de uma maneira completamente desvirtuada.
O engajamento político, a contestação, a pederastia, os relacionamentos passageiros, o amor e o sexo livres, enfim, tudo o que soava (e, de fato, era) underground nos anos 30, 40 e 50 é hoje a mais absoluta das hegemonias comportamentais.

A esquerda, indubitavelmente, modificou praticamente toda a cultura desde que teve sua consolidação e consagração, na década de 1960. O capitalismo, antes o maior inimigo dela, passou a ser o maior aliado. Se avermelhou, diria eu. As roupas, as músicas, os valores, as lutas, os sonhos e as pessoas mudaram.
A tal pós-modernidade é o símbolo dessa vitória dos "canhotos". O tripé 'sexo, drogas e rock and roll' foi aceito pela sociedade. Che Guevara estampa camisetas. Falar mal de Bush é cool. Ser da esquerda festiva é cult. Discursar contra a miséria e a desigualdade social é garantia de unanimidade. Bandas de rock esquerdistas e politizadas (U2, Coldplay, Green Day, System of a down, O Rappa, Rage against the machine...) fazem sucesso e são mais valorizadas que as politicamente céticas e conservadoras.

É hipocrisia negar que os vermelhos, direta e indiretamente, venceram essa guerra ideológica do século 20, e mudaram radicamente a humanidade nos últimos 40 anos. O capitalismo trabalha para seus ex-algozes.
Atualmente, quem é assumidamente de direita é marginalizado, virou um parnasiano prolixo, escondido em fóruns da internet e bibliotecas, com sua oratória e retórica sem nenhuma utilidade, afinal, ninguém mais acredita neles, pois o neoliberalismo virou palavra de ódio.
A imprensa "progressista" estigmatizou essa política econômica. Pessoas que não entendem porcaria nenhuma de economia, só ao ouvirem palavras como 'neoliberal', 'privatizar', 'Estado-mínimo' ou 'desregulação', já se acham no direito de omitir comentários simplistas, afinal, foram manipuladas pelos formadores de opinião a agirem assim.
Os socialistas e nostálgicos usaram o NL como seu novo inimigo, afinal, após a risível e previsível queda da URSS e do socialismo real, eles precisavam encontrar alguém para detestar (assim como Hollywood foi buscar nos ETs o mais novo inimigo do 'bravo povo americano'); suas bandeiras, panfletos e discursos demagógicos precisavam continuar. Eis o novo manifesto desses, hã, comunistas: "Odiemos o neoliberalismo! Ele é mau, muito mau! Ele sustenta o imperialismo estadunidense, a miséria, o desemprego e as elites reacionárias! O FMI e a ALCA querem escravizar o Brasil! Querem vender nosso patrimônio! Morte aos porcos capitalistas!"
Já os social democratas, espertinhos como sempre, resolveram reformular ao invés de criticar. É como se pensassem: "Discordamos dessas práticas sócio-econômicas, mas se queremos revitalizar nosso discurso e, ao mesmo tempo, sustentar essa nova belle époque do capitalismo, teremos que praticar o neoliberalismo. Em hipótese alguma devemos deixar a direita voltar para o poder, pois ela é perigosa. Ao contrário de nós, ela não tem sentimentos, e é cruel, cínica e calculista... uma ameaça pros nossos planos!" Resultado - na 2ª metade dos anos 90, centro-esquerdistas como Massimo D'Alema (ITA), Lionel Jospin (FRA), Bill Clinton (EUA), Tony Blair (ING) e Fernando Henrique Cardoso (BRA) lançaram a 'terceira via', como meio de serem ambíguos entre teoria e prática.

E a direita, o que restou a ela, em meio a essa hegemonia habilidosa e maquiavélica de seus adversários? Se apegar os bens materiais, oras. Forma-se uma geração de yuppies e consumistas. "Vendemos nossas almas e nossa integridade para sobreviver e buscar uma felicidade momentânea. Um dia tiraremos esses comedores de criancinha do poder!"
Os intelectuais direitistas viraram uma raça de do-contras mal humorados e egocêntricos. São espectros soturnos quie esperam voltar ao comando o mais rápido possível, mas tropeçam em suas utopias (existem coisas mais patéticas que o anarco-capitalismo e o federalismo?), ou então se vendem ao fácil e efêmero (neoconservadorismo).

Sartre, ó Sartre! Os burgueses que você tanto detestava são justamente os que difundem as suas idéias hoje. Os personagens de "A Idade da Razão", que eram uma 'minoria' no contexto do livro, hoje são a 'maioria', o padrão.
A Ivich de 1938 seria, em 2006, a equivalente das adolescentes que, de uma maneira peculiar, despertam a paixão de seus professores, e se passam por garotas auto-confiantes e seguras de si, mas no fundo são fracas e melancólicas, e precisam de álcool para esconderem suas dores.
O Boris de ontem é o jovem intelectualóide de hoje: franzino, manipulável, impressionável e cleptomaníaco.
Lola, a quarentona frustrada, quer voltar a se sentir jovem, e para isso se envolve com rapazes da metade da idade dela.
Brunet se encaixa perfeitamente em uma comparação com os adolescentes atuais. Ele renuncia à sua liberdade em troca de se adequar a algo, de entrar para uma tribo. Ele, como todos os que formam seus grupinhos, viram defensores cegos e sectários dos mesmo, e se orgulham de suas mentes fechadas. Brunet escolheu ser membro do Partido Comunista. Os teenagers do século XXI preferiram algo mais musical - o emocore, o indie, o metal, a trance...
Daniel é uma representação perfeita dos 'arcanjos' que existem até hoje: rico, bonito, esperto, galanteador, consegue tudo o quer (inclusive garotas), mas... são gays enrustidos, que se envergonham profundamente disso.
Marcelle manteve-se calada, reprimindo seus desejos e vontades, durante todo o seu namoro com Mathieu. A gravidez lhe trouxe angústias - ela, no fundo, não quer abortar nem ficar solteira por mais tempo, mas sim ser mãe e se casar, porém tem que posar de moderninha para agradar ao seu amado. Foi preciso aparecer, Daniel, o "handsome devil", em sua vida para que ela finalmente tivesse forças para abandonar seu companheiro. Chega de caras previsíveis, chatos e lúcidos. "Daniel, o que me diverte em você é que eu nunca sei pra onde vou. Com Mathieu, eu sempre sei, não há imprevistos."
Mathieu, o protagonista, como se percebe, é o homem que quer se encontrar no mundo. Tudo ao seu redor parece se voltar contra ele - a namorada, grávida; Boris, seu aluno e discípulo, às voltas com uma mulher com idade suficiente pra ser mãe dele; Ivich, irmã de Boris, está prestes a bombar e ter que voltar para sua cidade natal, justamente quando Mathieu descobre que a ama; Daniel engana-o e manipula-o; as dificuldades financeiras são evidentes.
Deveria ele fazer escolhas e renunciar à sua liberdade, ou evitar fazê-las e continuar frustrado e sem rumo?

A resposta vem da maneira mais estóica possível. Marcelle o larga para ficar com Daniel, que confessa a ele, em uma última conversa, que é pederasta e que se casará com ela por amizade e conveniência. Ivich é reprovada no teste da faculdade e resta a ela voltar para Laon e ter seu futuro comprometido e destruído. Boris está desencontrado, e, talvez, em busca de uma nova pessoa para influenciá-lo. E o dinheiro que Mathieu roubou de Lola para pagar um possível aborto de nada serviu diante da recusa de Marcelle e o fim do relacionamento deles, e foi devolvido à quarentona lesada.

Eis o homem. Ecce Homo. Solteiro, desiludido, desesperançoso, perdido, isolado. E ele mesmo que escolheu que as coisas fossem terminar assim. Livre de angústias e preocupações, resta a ele viver da razão, afinal, de fato, ele chegou à idade da razão.

28 novembro 2006

Um sonho incomum, ou seja...

O meu dia seguiu uma trajetória completamente diferente do que eu esperava graças ao meu inconsciente.
Ele foi alertado ontem à noite de que eu estava mal, e resolveu agir. Minutos atrás, ele me contou o plano dele:

"Vamos dar um tratamento de choque para esse mala do Kaio. Ele não pode ficar triste, porque isso o torna insuportável e pessimista! A humanidade não suportará isso!
Kaio precisa de chocolate. Que tal se esbaldar na mousse de chocolate que há na geladeira dele, e ainda por cima fazê-lo ser hipócrita e dizer que 'está enjoado de tanto comer'?
Em seguida, vou mexer com a percepção sonora dele. Chega de Pornography do The Cure, vamos ouvir Blur! À noite, ele ouve o Modern Life Is Rubbish, pela tarde ele escutará o Great Escape!
Um pouco de literatura irá desviar a atenção dele enquanto manipulo a mente dele. Ahá, já sei, farei Kaio ficar viciado no livro A Idade da Razão, do Sartre! Ele estava na página 76 ontem de manhã, e nesse exato momento está na 264 e só faltam mais 56 para ele terminar o livro! Uau! Ah, mas o livro é muito bom, bem kaionista, o personagem também está sob dilemas sobre como usar a liberdade pela qual ele tanto lutou. Além disso, personagens como Boris, Mathieu, Daniel e Ivitch deixaram KF bem impressionadinho, profundidade psicológica é algo que ele aprecia! Perfeito, ele está distraído! Let's work it out!
Opa, ainda falta alguma coisa... já sei, na tarde da terça-feira ele vai ter a sorte de ligar o Telecine Cult bem na hora em que estiver passando um filme fantástico com a Marylin Monroe, chamado 'O Pecado Mora Ao Lado'! Estou certo de que ele vai adorar, ainda mais um filme tão divertido, irônico, criativo e liberal (deve ter sido uma ousadia só em 1955).
Falta apenas a cereja do bolo - como fazer desaparecer definitivamente a tristeza dele de uma maneira mais drástica? Hum, já sei, nos sonhos dele! Quando ele estiver dormindo, ele vai sonhar com algo que nunca fez na vida, e ficará boquiaberto e perplexo quando acordar!
Tem que ser algo bem bacana, mas nada muito agressivo... algo que, pros padrões puritanos dele, seja ousado.
O quê, por exemplo?
Ah, já sei!
Ele vai sonhar que beijou de língua uma garota! E ele conservará durante todo o dia a lembrança de como foi, desde o selinho até o 'tongue duel'!
Claro que o efeito desse sonho estranho se manifestará nele a curto, médio e longo prazo... por enquanto, consegui o que mais precisava pro momento - ele está meio serelepe, e de volta à ativa. Pro 'depois de amanhã' (como aquela filosofia babaca dele, o anfisismo, gosta de dizer, pfff), quem sabe teoria não vira prática... hohohoho, como eu sou mau! Afinal, eu sou o inconsciente, eu posso tudo!
Beleza, acho melhor voltar a repousar... se o Kaio, quando estiver lúcido, descobrir que eu postei no blog dele, ele vai levar um susto! Hahahahahaha!"

Hã? O que foi isso? Oh, it was just a dream... a strange dream... but it was cool and hot, if you know what I mean, heh.

27 novembro 2006

Um dia comum, ou seja...

Um dia ruim.
Trechos das minhas anotações no meu caderno hoje de manhã:
"Some people never change. For example, me.
Eu preciso de isolação. Não que eu já não tenha o bastante, mas eu quero ainda mais.
Estou cansado dos meus amigos (especialmente os 'da vida real', todos eles muito conformados com suas vidinhas patéticas e sem graça, regadas a álcool, festinhas, diversão descompromissada) e familiares (não que eles sejam chatos ou repugnantes, mas é como se eu não me sentisse parte da família, quase um outsider).
Mesmo os amigos virtuais adoram dar conselhos chavões, do tipo "Deixa de se levar tão a sério", "Você precisa de experiência de vida" ou "Pára de ser obcecado por suas idealizações". Coisas tão óbvias, rá...
Eu poderia apelar para um discurso clichê, mas:
1. Eu sou muito arrogante para aceitar me reduzir a clichês.
2. A velhice precoce me impede de utilizar frases típicas da adolescência como "Ninguém me entende". A meia-idade já me ataca, em breve serei um senil (ainda mais) rabugento.
3. De fato, as pessoas até que me entendem. Eu também me entendo. Será, no entanto, que apenas isso basta? Na teoria, tudo são flores, mas na prática, continuo obcecado por uma cautela que só me atrapalha.

Eu praticamente não vejo mais sentido em dividir minha vida em fases e etapas (por mais que eu adore fazer isso), afinal, eu sou, na essência, o mesmo Kaio de ontem, de semana passada, do mês passado, do ano passado, da década passada! Uma reta, uma constante, uma criatura previsível.
Uma coisa que me prejudica muito é a minha tolice em ainda considerar ser possível encontrar the girl of my dreams, a garota perfeita. É no mínimo contraditório uma pessoa desligada de religiosidade e fé como eu ainda acreditar em romantismo e pessoas ideais.
Só existem cinco coisas capazes de funcionarem como sublimação para a minha vida inerte: filosofia, política, livros, internet (especialmente escrever no meu blog e - sim, ainda os adoro - meus amigos e amigas virtuais) e, principalmente, música."

"See how the smile like pigs in a sty, I'm crying (...) I am the eggman, they are the eggman, I am the walrus, goo-goo-g'job!" (I am the walrus, The Beatles)
"A blindness that touches perfection, but hurts just like anything else. Isolation, isolation, isolation..." (Isolation, Joy Division)
"The girl was never there, it's always the same: I'm running towards nothing, again and again and again..." (A Forest, The Cure)

26 novembro 2006

Tonight I think I'll walk alone

Mais uma vez, Kaio e solidão foram uma mistura perfeita, até mesmo em um meio sociável. Aliás, dois. "Senta que lá vem história!"
Sexta-feira, 24 de Novembro de 2006.
Eu fui para o Diclassetadas, que é um evento do meu colégio que funciona como uma despedida serelepe pro pessoal do 3º ano, já que é na antevéspera do vestibular da federal de Goiás. Além das dicas propriamente ditas, houve coisas que pessoas normais gostam: farra, professores bêbados, alunos bêbados, palhaçadas, premiações escrachadas, etc.
Deve ter acabado lá pelas 23h, mas eu fui embora mais, cedo, là pelas 21h, junto com uns amigos meus, porque eu iria pro primeiro dia de apresentações do Goiânia Noise, o principal festival de rock alternativo da minha cidade.
Houveram alguns shows (bons, segundo quem assistiu a eles), mas até as 1h, eu preferi ser o Kaio autêntico - ou seja, uma criatura obcecada por isolação em uma ambiente no qual ele se sente em meio a centenas de pessoas homogêneas e patéticas. Sentei-me em uma parede que ficava em uma das escadarias que desciam para o palco (aliás, o lugar onde ocorreu o festival, o Centro Cultural Oscar Niemeyer, é enorme), fiquei ouvindo discman, lendo, cantando as músicas (ou então só fazendo o playback, hehe) e fazendo batuque com minha caneta retroprojetora, que também funciona como 'cigarro imaginário' (afinal, eu não fumo, não só por causa de questões relativas à saúde, mas porque o cheiro do tabaco é uma das coisas mais fedidas da face da Terra, o que destrói qualquer possibilidade de eu pôr um - de verdade - na minha boca).
Várias pessoas que passaram pela escada e me viram ficaram meio perplexas. Algumas riram, enquanto meus amigos que passaram por lá vieram puxar conversa ou discutir sobre meu estado mental, ou coisas relativas a ele. Bem, ao menos ao contrário deles, eu não preciso de álcool para ser "estranho", e, como "bônus", ainda mantenho a consciência de que, de fato, eu estou sendo estranho.
Depois de duas horas sentado lá, eu resolvi me levantar da escada, mas optei por ficar vagando pela 'área vazia' do lugar, andando e conversando sozinho. Durante uma hora inteira exerci essa atividade. Tive altos papos existencialistas com meu ego. Falamos sobre música, solidão, filosofia, loucura, etc.

Lá pelas 1h40, voltei pro palco, porque iria começar o show dos Los Hermanos. consegui ficar nas primeiras filas na hora do show, bem perto da banda.
Los Hermanos é uma banda interessante, sem dúvidas. Boas letras, melodias bonitas, carisma, canções simpáticas como "O Vencedor", "O Vento", "A Flor", "Quem Sabe", "Todo Carnaval tem seu fim", "Retrato pra Iaiá" e "Último Romance" (apesar de que, no show, eles não tocaram nenhuma das minhas três favoritas - "Primavera", "Bárbara" e "Fingi na hora rir")... não é uma Brastemp, mas entre as bandas brasileiras atuais, é uma das melhores. Um rock agradável e livre de rótulos fáceis. O show foi bom, e apesar de alguns incidentes (como um fã que invadiu o palco e agarrou o Rodrigo Amarante - culpa da falta de seguranças, já que os organizadores do evento foram estúpidos o suficiente para achar que bastam roadies para fazer esse trabalho), a acústica boa do Oscar Niemeyer e uma banda eficiente na execução da performance garantiram um bom resultado.

Enfim, foi uma noite de sexta para sábado que correspondeu às minhas expectativas - chata e entediante, mas com alguns poucos bons momentos e constatações.
Sobre meu sábado - bem, foi medíocre, mediano. Nada de legal, nada de ruim.
Espero que a semana que está por se iniciar compense isso, e se aproveite do fato que eu ando feliz apesar da falta de momentos felizes. Uma contradição entre o homem e seu meio.

23 novembro 2006

In a lonely (and happy) place

Achei uma espécie de cybercafé + lanchonete, perto do meu colégio. O lugar é perfeito! Hoje, por exemplo, fiquei lá das 12h40 e as 14h40, no almoço pré-prova.
Deu pra almoçar, tirar um cochilo, lanchar, ler A Idade da Razão (meu atual livro de cabeceira) e ainda por cima estudar (e bem) pra prova de matemática.
Só fico puto porque na última semana de prova do ano, eu finalmente acho um lugar tranquilo pra almoçar, estudar e descansar. Enfim, conseegui conciliar ócio e trabalho (aliás, esse foi o tema da minha redação de hoje. Espero ter ido bem, critiquei as pessoas que botam a culpa de tudo no capitalismo e no consumismo, citei Sêneca, fiz referências indiretas à minha vida e ainda fui extremamente humanista na redação). Yay!

Ontem terminei de ler "Noites Brancas", um belo romance do Dostoiévski sobre um relacionamento (quase platônico) entre dois jovens na Rússia do final da década de 1840.
Ao invés de falar do enredo, que é muito bom, que tal se eu fizesse umas comparações entre eu e o protagonista (quase um perfeito alter ego do Dostoiévski antes de ser preso)? Tipo, usarei como parâmetros as minhas três desilusões e também a minha idealização de garota perfeita (Julia, eternallly Julia... a Julia Dream, hehe).

SEMELHANÇAS
- Encantamento já na 1ª conversa;
- Personagem idealista e sonhador, louco para finalmente ter uma experiência de vida;
- Adoração total pela garota, sendo o amor por ela o motivo da felicidade e êxtase do personagem;
- A ansiedade e expectativa por cada novo encontro;
- A garota, como todas as minhas 3 antigas paixões, não foi recíproca, e só o tratava como "um bom amigo". Contraditória e indecisa são duas características dela;
- Ele não tem grandes perspectivas de ter uma vida agitada, pois crê que terminará os seus dias como um solteirão cheio de idéias, sonhos e fantasias.

DIFERENÇAS
- Ele é 9 mais velho que a garota. Je préfère des filles plus âgées;
- O gosto dele por sair à noite, fazendo longos e grandes passeios, tentando conhecer novas pessoas.
- O personagem é mais exaltado e sentimental do que eu.

CONCLUSÃO
Adoro livros que combinam comigo, hehe.

21 novembro 2006

Going Underground

Entre as 19h35 e as 20h30 de hoje, eu li as últimas quarenta páginas de "Os Subterrâneos", do Jack Kerouac.
A reta final da obra foi extremamente melancólica. O final, foi convincente, mas bem triste. É como se a geração beatnik, mesmo com toda a loucura, notasse que toda aquela vida levada ao extremo também reservava o lado doloroso da inconstância.
Leo Percepied (não seria Leo um trocadilho com New, e Percepied com Perception? Uma 'nova percepção'?), o alter ego de Kerouac, é uma pessoa difícil de rotular. Hedonista, brilhante, filosófico, genial, inconseqüente, boêmio, vibrante, porra-louca... e sua amada Mardou, também. Em meio à vida alucinante do "circuito alternativo" de San Francisco, os dois desenvolvem uma química poderosa, e em meio aos aos cults, denominados subterrâneos, eles vivem um relacionamento agitado e instável.
Vários dos coadjuvantes se destacam, como Yuri, representante da juventude brilhante que daria continuidade à geração beat, e que tem uma, digamos, grande importância na trama, hehe; Adam, o típico intelectualóide; Julien, uma das maiores lendas de South San Francisco, etc.
O livro é ainda mais autenticamente 'prosa espontânea' que o clássico "On The Road", que foi várias vezes revisado antes de sua primeira publicação, em 57. Em "Os Subterrâneos", o fluxo de consciência fica intacto - escrito por 3 dias ininterruptamente, o autor abusou de parágrafos longos e intensos, gírias, neologismos, descaso com a pontuação (afinal, quem precisa de vírgulas e pontos quando o ritmo da história parece dispensar completamente isso?), vários devaneios contados do nada e emendados ao relato, um narrador com uma maneira empolgante de contar as suas experiências de vida...
Meu único conselho é que você leia "Os Subterrâneos". De preferência, se for um idealista egomaníaco e solitário como eu. O livro lhe apresentará um 'lifestyle' tão diferente do seu que ao mesmo tempo que irá lhe deixar morrendo de vontade de viver a vida ao extremo, lhe deixará várias reflexões, algumas delas bem pesadas, como um amor exposto a turbulências e uma porra-louquice capaz de deixar você oscilando entre o êxtase e a depressão.

20 novembro 2006

Frescura

Tsc, ia fazer um post mais elaborado hoje, estava tudo pronto na minha cabeça hoje de manhã. Um fato, no entanto, destruiu qualquer probabilidade do meu dia ser ótimo - um atraso. Cheguei 7h01 na escola.
Não chego atrasado e perco uma aula desde o final do ano passado.
Sucumbi à auto-decepção (afinal, ainda dou valor aos estudos) e chorei.
Sim, chorei. E bastante.
O vice-diretor ficou meio preocupado, e veio com o velho discurso de consolação: "Não fica assim, se eu fosse chorar toda vez que me atrasasse pra algo, blá blá blá". Bem, ao menos me deram um leite com toddy.
Sei lá, estava até pensando nisso agorinha - eu choro muito raramente, e quando o faço, é por um motivo tão banal... derramei lágrimas apenas 6 vezes nos últimos 2 anos, e acho que só uma vez foi por uma boa razão (vide um certo post de Novembro do ano passado), apesar do fato hoje ser mero passado para mim, já esclarecido pelo tempo. Nas outras cinco vezes, acho que três foram por causa de discussões com minha mãe (e nas três eu estava errado) e as outras duas por causa de atrasos na escola (a primeira vez em maio/2005, e a segunda agora. O atraso 'intermediário' entre esses foi em dezembro de 05, no último dia de aula, hehe).
Não que minha segunda-feira tenha sido ruim, mas poderia ter sido um início de semana bem melhor.

19 novembro 2006

Let's go to bed

Estou morrendo de sono porque não dormi nada ontem à noite e finalmente agora bateu o sono, portanto, estou sem vontade de me estender no post de hoje.
No próximo post, falo sobre quinta, sexta, sábado e hoje. E, se der, ainda falo de política e lanço alguma teoria anfisista, hehe.
Por hoje, vou colocar apenas a letra de uma das melhores músicas da década 00, que ao mesmo tempo celebra a new wave dos anos 80 e tem a pegada do indie rock contemporâneo: "The Dark of the Matinée", do Franz Ferdinand. Desde que eu conheci a banda, há quase dois anos, ela é a minha favorita deles.

You take your white finger
Slide the nail under
The top and bottom buttons of my blazer
Relax the fraying wool
Slacken ties and I'm
Not to look at you in the shoe
But the eyes
Find the eyes...

Ref
rão: Find me and follow me
Through corridors refctories
And files you must follow
Leave this academic factory
Will find me in the matinee
The dark of the matinee
It's better in the matinee
The dark of the matinee is mine
Yes it's mine!

I time every journey
To bump into you accidentally
I charm you and tell you
Of the boys I hate, all the girls I hate
All the words I hate, all the clothes I hate
How I'll never be anything I hate
You smile, mention something that you like
Oh, how you'd have a happy life
If you did the things you like...

(Refrão)

So I'm on BBC2 now
Telling Terry Wogan how I made it and
What I made is unclear now
But his deference is
And his laughter is
My words and smile are so easy now
Yes it's easy now
Yes it's easy now...

(Refrão)

17 novembro 2006

All TODAY's parties

Amanhã conto no post todas as coisas 'interessantes' que ocorreram comigo ontem e hoje, e que talvez venham a ocorrer no dia 18.
Estou com preguiça de fazer um post mais longo hoje, porque já começou a minha festinha.
Sarau literário, movido a Jack Kerouac (vou ler trechos dos quatro livros dele que eu tenho, sendo que deles só o On The Road eu terminei de ler, hehe) e Velvet Underground (para estrear minha coletânea).
Junkie, cult, indie, art-rock, beat... rótulos ilimitados para minha noite.
Convidados: Kaio F., Kaio, Felipe e o mestre de cerimônias, Kaio Felipe!
O som já está rolando! Está tocando "What Goes On".
Com licença, tenho uma festa para comandar.
Cada um arranja o seu jeito de viver a vida a intensamente. This is mine. See ya.

15 novembro 2006

Let's go out and have some fun!

A seguir, uma espécie de diário da minha viagem:

12 DE NOVEMBRO

Acordei 6h30. Cheguei no aeoroporto às 7h50. O embarque foi às 8h35.
Não nego que não fiquei bem nervoso quando o avião decolou. Resolvi aumentar o volume do discman e me "concentrei" na música do Elastica. Durante a segunda metade do vôo, coloquei o CD do Blur. Uau, é a banda perfeita para se ouvir em uma avião!
Após toda aquela típica burocracia de desembarque, chegamos no hotel lá pelas onze horas. Minha mãe, como eu esperava, ficou toda vislumbrada com o nosso flat. Aproveitei para assistir a um pouquinho de TV. Estava passando uma matéria sobre trekkers no Telecine Cult. Hilário!
Depois, fomos a pé até a Via Funchal. My mother, as I expected, acted just like a tourist, asking everybody where was the fucking Via Funchal and asking me to take pictures. Argh!
Pegamos os ingressos e depois fomos de táxi até o shopping Morumbi. Caramba, me assustei com a megalomania. Sério. Fiquei até meio triste e entediado com aquele exagero que parecia ser idiossincrático a São Paulo. Comemos em um restaurante japonês.
Melhorei meu humor ao me lembrar da possibilidade de concretizar meu sonho de achar CDs e livros que eu não acharia em Goiânia. Fomos para a Fnac, e eu encontrei o lado bom daquela megalomania. Uau, não demorei muito para achar vários discos fantásticos, e acabei escolhendo 3 - Substance (Joy Division), Permanent 1995 (Joy Division) e The Very Best Of (Velvet Underground). Comprei também três lançamentos de obras em formato pocket: Recordações da casa dos mortos (Dostoiévski), Os Subterrâneos (Jack Kerouac) e Sobre a brevidade da vida (Sêneca).
Após um lanchinho (infelizmente, esse diminutivo não se aplica ao preço), voltamos para o hotel. À noite, pouca coisa de interessante estava acontecendo, até que eu e a Débora falamos pelo telefone. Primeiro, eu liguei e foram 3 min de ligação. Depois, ela ligou e foram 10. Acabaram os créditos dela. Resolvi ligar novamente. Foi uma conversa ótima, tanto que, se a bateria do meu celular não tivesse acabo, eu jamais notaria que a ligação durou 30 minutos! A conta vai custar um absurdo, só essa conversa custará uns 65 reais...
Fui dormir ao som do New Order.

13 DE NOVEMBRO

Provavelmente, o melhor dia da minha vida.
O café da manhã estava delicioso. Eu e minha mãe fomos pela manhã na Galeria do Rock. Caramba, quantas lojas, quantas tribos! Havia de tudo para todas as tags - góticos, punks, emos, indies, metaleiros, glams...
Achei algumas lojas interessantes por lá. A Baratos e Afins tem um acervo monstruoso, mas os preços são bem altos. Acabei não comprando nada por lá. Na So What, adquiri, por apenas 14 reais, o The Queen Is Dead, dos Smiths! E na Rock Machine, além do vendedor simpático, haviam vários discos fantásticos... acabei levando 3 que eu procurava há tempos: Closer (Joy Division), Surfer Rosa (Pixies) e Blur (Blur).
O almoço também foi ótimo, e depois eu fui descansar um pouco, ouvindo JD no discman.
Acordei lá pelas 16h10, e fui me arrumar para ir ao show. Chegamos na Via Funchal um pouco antes das seis da tarde. A fila, para minha (positiva) surpresa, estava até pequena - provavelmente só umas 100 pessoas chegaram antes de mim. Sinal de que eu poderia ficar lá na frente...
Conversei um tempo com o pessoal que estava perto de mim na fila, até que abriram os portões duas horas depois. Corri e consegui ficar praticamente na barra de proteção. Yay!
Lá pelas 20h40, houve um agradável acontecimento - encontrei o Kurt, um amigo que eu conheci pelas comunidades do orkut! Batemos papo por um tempão. Foi ótimo, finalmente um amigo virtual meu se torna real também.
A banda de abertura foi o Maverick. Felizmente, eles foram populistas, e, além de suas faixas próprias, tocaram três covers - Enjoy the silence (Depeche Mode), Tainted love (Soft Cell) e Somebody told me (The Killers). Pra quem esperava um desastre, eu até achei razoável a performance deles.
Após um atraso de 45 minutos, finalmente o New Order iniciou o show. Delírio. Êxtase. A ceremônia de transmissão de vida e música se iniciaria.
- Crystal: início empolgante e vibrante. Destaque para o refrão.
- Turn: uma das melhores do novo álbum, mas não decorei a letra dela para o show, hehe.
- Regret: levou o público ao delírio. Belo riff de guitarra.
- Ceremony: após 3 orgasmos, veio o primeiro dos múltiplos. Incrível como, em uma só canção, tanta coisa pode se destacare! Bateria martelante, guitarra melódica, baixo envolvente, bons vocais, letra incrível...
- Who's Joe: funcionou como "música de descanso para uma nova levada de porradas clássicas", mas é muito boa. Acho que foi nela ou na anterior em que Peter Hook provou que é um showman. Eu fiquei a 3 metros de distância do deus do baixo! 3 metros! Talvez até menos do que isso quando ele foi ler o cartaz que o Kurt escreveu pedindo pra que ele tocasse Age of Consent (e, infelizmente, ele balançou negativamente a cabeça...).
- Transmission: sexto orgasmo, o 2º múltiplo. A primeira "100% Joy Division" a ser tocada! Eu dancei freneticamente (afinal, não é isso que a música pede no refrão?). Aliás, até imitei os ataques epiléticos do Ian Curtis, ao fazer a 'dança da mosca'! Me lembro que veio um cara que estava perto de mim comentar a minha "performance", hehe...
- Krafty: o single mais dançante do disco novo. Ficou melhor ao vivo do que em estúdio, por incrível que pareça...
- Waiting For The Siren's Call: uma baladinha adorável. Provavelmente a melhor do CD homônimo.
- Your Silent Face: surpresa! Poucos esperavam que essa pérola do Power, Corruption and Lies fosse ser executada.
- True Faith: na 10ª música do show, inicia-se a sequência dos 5 maiores hits do NO. Cantada em coro por quase todo mundo na platéia.
- Bizarre Love Triangle: clássica!!! Poucas canções são tão lindas e empolgantes como ela. A letra dispensa comentários de tão magnífica que é.
- Temptation: 3º orgasmo múltiplo. Putz, ela já era a minha favorita do New Order antes do show; agora, eu já não tenho mais nenhuma dúvida disso. Ela ficou impecável na apresentação! Dançante ao extremo.
- Perfect Kiss: a melodicamente mais serelepe do repertório da banda. "I know, you know, we believe in a land of love...". Seria o quarto O.M., se não fosse seguida por...
- Blue Monday: ... que, inevitavelmente, foi puro êxtase para os fãs. Engraçado notar que, de fato, ela é uma música que toca sozinha. Hook tocou bateria eletrônica, Morris programou os teclados, o tecladista/guitarrista convidado também, Barney fez uma "dança" (ainda não sei se aqueles passos bizarros dele podem ser considerados dança, hehe) e mandou ver nos vocais... era a última da setlist, mas ainda viria o bis.
- She's Lost Control: 5 minutos após o fim da faixa anterior, vem o encore. Bem, ela foi o 5º orgasmo múltiplo, primeiro porque eu não esperava que ela fosse ser tocada, segundo porque ela é uma das melhores do Joy Division, e terceiro porque ela é muito dançável! E repeti a 'dança da mosca'!
- Love Will Tear Us Apart: para fechar o show com chave de ouro, prata, bronze AND platina. Sexto e último dos O.M. Talvez foi a que o público mais delirou e cantou junto. Mesmo exausto, continuei dançando e cantando.
Acabou! 1h35 do show que, por muitos anos, será o melhor momento da minha vida. O sorriso estampado no meu rosto após o fim do concerto era a prova disso.
Peguei o número do celular do Kurt e me mandei. Eram 0h20. Eu e mamãe fomos para o hotel totalmente moídos, ainda mais depois da fila na saída.

14 DE NOVEMBRO
Após o breakfast, fomos para o aeroporto. Pouco antes de almoçar, comprei dois livros de bolso lá, e já comecei a ler um deles: "A Mensageira das Violetas", uma antologia de poemas da Florbela Espanca. Lá pelas uma e meia da tarde, fomos para o salão de embarque, aonde eu escrevi uns 60% desse diário de viagem.
O vôo, que estava marcado para 16h20, teve um pequeno atraso. O embarque foi às quatro e cinqüenta, mas o avião só teve autorização para decolar às 17h30. Repeti a dose, e ouvi meu novo disco do Blur. Caramba, não consigo entender o porquê de ele ter sido tão subestimado pela crítica... ele é bem melhor que o Parklife! Poxa, em um só álbum estão reunidas pérolas como Beetlebum, Song 2, Country Sad Ballad Man, M.O.R, On Your Own, You're So Great, Death Of A Party e Chinese Bombs!
Desembarcamos às sete da noite. End of trip. Yay!

10 novembro 2006

Oh, it's such a perfect day...

Minha 4ª feira foi perfeita. Minha 6ª quase o foi também, graças a apenas 15 minutos. Os 15 minutos finais do meu recreio de hoje.
Vamos fazer uma operação:

Chocolate Suflair + My Coffee (capuccino gelado em lata) + ouvindo Velvet Underground e Beatles no discman + lendo "Os Vagabundos Iluminados", do Kerouac + deitado em duas carteiras + fazendo playback, dançando e balançando de acordo com o ritmo da música (imaginem então em "Helter Skelter") + mente ociosa, só pensando em sexo e filosofia.

Qual o resultado dessa adição?

Metaforicamente falando, um êxtase, um orgasmo. Ah, minha felicidade individualista é muito agradável... até mesmo porque pensou eu o seguinte: quem precisa de amigos de verdade se os meus amigos AND amigas imaginários (as) são divertidos (as), inteligentes e cativantes?

08 novembro 2006

Pride of being a unloveable shoplifter

  • Demorei a acordar hoje, por causa da chuva. O despertador do celular tocou 4h, mas voltei para a cama e só acordei 5h30, com o despertador do relógio.
  • É interessante notar que dias chuvosos dão vontade de ouvir músicas atmosféricas... No caminho para a escola, ouvi 3 músicas do “17 Seconds” (The Cure).
  • Bom demais o novo conteúdo de Matemática, o Binômio de Newton. Tive certa facilidade, e fui resolvendo vários exercícios durante a aula, o que é algo inusitado para mim, levando em conta o meu desleixo em 2006 quanto às Exatas. Paciência é virtude, uma hora ou outra haveria um conteúdo que eu gostasse.
  • Olha, a aula de História foi fantástica, ainda mais porque, no finalzinho dela, o professor resolveu fazer algumas críticas à esquerda. Adoro isso! Todos os argumentos que ele expôs eu já conhecia, mas foi divertido relembrar algumas coisas, como a burocratização e sectarismo que o PCB impregnou nos esquerdistas nacionais (deturpando coisas que poderiam dar certo, como o movimento estudantil); a vida contraditória de Marx, o qual era sustentado por um burguês (seu amante, digo, amigo Engels) e nunca pisou em uma fábrica na sua vida; os pseudo-intelectuais que acham que sacam tudo de filosofia e política só lendo orelhas de livros; o discurso anacrônico e cansativo da ‘esquerda festiva’ (sim, aqueles riquinhos que juram que são eruditos, curtem MPB, vinho e que vão ao Fórum Social Mundial), que vive criticando o neoliberalismo, o imperialismo estadunidense, o Bush, as elites conservadoras e o capitalismo selvagem, mas nunca propõem nada de sensato e lúcido. O problema é que a direita também não está uma maravilha – mais utópica e idealista do que jamais esteve. Nessas horas, eu realmente vejo como necessidade portar-me como um centrista.
  • Realmente, foi uma ótima idéia fazer um CD com músicas de rock alternativo para que o bedel tocasse como sinal no final de cada aula. Existe algo mais cool do que ouvir, por exemplo, “Isolation” (Joy Division), “Bigmouth Strikes Again” (The Smiths), “Song 2” (Blur) e “Boys Don’t Cry” (The Cure) como sirene? Se não for orgásmico, é pelo menos animador.
  • Acho que já falei o suficiente por hoje. Sou um “mentiroso de merda”, mas com o apoio oral de certas pessoas, I was right and you were wrong.

06 novembro 2006

Eidos

Desde o fim da minha paixão, três Kaios estavam disputando a hegemonia sobre minha pessoa (teoria baseada em Platão):
- O Kaio Cérebro quer se voltar completamente para os estudos e para a literatura.
- O Kaio Coração quer "curtir" um pouco a fossa, e para isso propõe um isolamento, pois foi sentimentalmente dilacerado e decepcionado por essa desilusão. Ele quer ouvir músicas melancólicas.
- O Kaio Ninfomaníaco vê nesse contexto a oportunidade perfeita para viver a vida intensamente. Não vê problemas em reduzir rapidamente a sua pureza (que, segundo um certo teste, é de 84%) para cerca de 50%.

Hoje, divagando durante a aula de Filosofia, eu tive a seguinte sacada enquanto o professor falava de René Descartes:
Cheguei à conclusão de que eu a esqueci tão facilmente porque eu sou muito idealista. Quando ela deixou de ser minha musa, a minha perfeição, a minha Júlia (nome que eu dei para a minha garota dos sonhos), eu consegui destruí-la do meu conceito de ideal.
Meu anfisismo é evidente. Ao mesmo tempo que eu consigo ser sentimental, eu sou muito racional. Meu egoísmo convive com meu romantismo.
Não desisti do amor, longe disso. Eu ainda posso encontrá-lo em alguém. Nesse ponto eu dou uma de pós-moderno e acho um elo entre platonismo e existencialismo. A idéia e o indivíduo, na minha opinião, têm importância equivalente. Amei-a porque ela me trazia boas sensações e felicidade, mas também porque ela se encaixava no meu padrão, na minha idéia sobre o que seria o par romântico.

Vemos, portanto, uma vitória evidente do Kaio Cérebro. Ele apostou na razão e obteve êxito. Resta agora ao Kaio Coração se recompor emocionalmente e ao Ninfomaníaco que aguarde mais algum tempo para ter suas tão desejadas "experiências sensoriais".
Sendo mais direto ao ponto, estou mais equilibrado e resolvido comigo mesmo após um mês bem agitado. Yay.

05 novembro 2006

Não mais

Não mais.
Eu não consigo lidar bem com pessoas emocionalmente instáveis.
Eu não sou capaz de conviver com criaturas extremamente inconstantes.
Eu preciso de equilíbrio, e não de alguém que me desequilibre e me destrua.

Chega de achar que vale a pena trocar o conforto da solidão pelo desafio de lutar por um amor. Antes se sentir incompleto e só do que perder tempo por pessoas que não te valorizam e que o usam e se aproveitam de você.

Eis a minha 3ª desilusão amorosa, e a mais intensa e marcante delas. A primeira ocorrida após eu realmente amar alguém.

O que mais me incomoda nisso tudo é que eu não estou sofrendo ou me sentido triste. Pelo contrário, sinto uma tranqüilidade imensa. Parece que esquecê-la foi a melhor coisa que eu poderia ter feito. Estou é perplexo com a minha força de vontade. Passei o sábado inteiro querendo apagar qualquer lembrança positiva a respeito dela, qualquer resquício de amor, paixão e adoração por ela. E consegui. O impacto da inconstância dela foi irreversível, e eu não costumo voltar a confiar em uma pessoa depois de ficar magoado com ela.

Sinto-me mais maduro, acima de tudo. Já sei bem o que esperar de um futuro relacionamento amoroso. Nada de me dedicar completamente por uma garota que sequer sabe o que sente por você.
Pode-se até estranhar que este tenha sido "apenas" um relacionamento virtual, mas isso não impediu-o de ser denso. A felicidade de quase 4 semanas consecutivas deu lugar a uma auto-decepção. Eu me sinto envergonhado por ter desenvolvido sentimentos tão fortes por uma pessoa que não fazia jus a eles.

Ah, mas não mais. Se eu voltar a gostar de uma garota, já sei qual erros não posso cometer novamente. Que isso fique como uma lição.

É como disse o post anterior - pretty girls make graves.

04 novembro 2006

Garotas bonitas deixam feridas

PRETTY GIRLS MAKE GRAVES (THE SMITHS)

Upon the sand, upon the bay

"there is a quick and easy way" you say
before you illustrate
I'd rather state:
"I'm not the man you think I am
I'm not the man you think I am "

And Sorrow's native son
he will not smile for anyone
And pretty girls make graves

End of the pier, end of the bay
you tug my arm and say: "Give into lust,
give up to lust, oh heaven knows we'll
soon be dust..."

But I'm not the man you think I am
I'm not the man you think I am

And Sorrow's native son
he will not rise for anyone

And pretty girls make graves

I could have been wild and I could have been free
but Nature played this trick on me

She wants it Now
and she will not wait
but she's too rough
and I'm too delicate

Then on the sand
another man, he takes her hand
and a smile lights up her stupid face
(and well, it would)

I lost my faith in Womanhood
I lost my faith in Womanhood
I lost my faith...

02 novembro 2006

Conto: "Derradeiros besouros"

- Sinto um prazer. Sinto algo forte dentro de mim. Sinto uma espécie de orgasmo mental.
Junte-se a mim. Poderemos ser grandes. Eu sou um ovo sem ninho. Minha alma é mais livre que um pássaro na natureza, longe de humanos. Meu coração salta aos olhos de qualquer um. Sou a dialética sem contradição. Junte-se a mim.
- Hahahahaha...Você é egoísta e patético, João.
- Veremos... mas você é o amor da minha vida. Há algo no seu jeito de andar que me encanta. Eu jamais irei deixá-la. Seu sorriso me encanta. Depois que eu conheci você, jamais amarei outra pessoa. Sim, há algo especial em você... e isso me impressiona. Eu não sei explicar esse tipo de coisa, sinto a impressão de que já ouvi alguma música que falava sobre um relacionamento parecida com o nosso.
- Nós não temos nenhum relacionamento, idiota! Somos apenas amigos! Ponha isso na sua cabeça, moleque.
- Não me diga esse tipo de coisa... eu posso virar um psicopata. Se você quiser, eu faço qualquer loucura. Mato alguém com um martelo, sem piedade, e cantarolando! Faço algo insano para provar a você o quanto eu a amo, Paula. Confia em mim?
- Óbvio que não... Você ainda não me provou nada de grandioso, apenas está dando indícos de que é um idiota...
- Querida, por favor, acredite em mim! Jamais te deixarei sozinha, sem casa! Dedicarei toda a minha vida por você. Eu chorarei por dias caso você não precisar mais de mim. É sério! A única coisa que eu peço em troca é o seu amor! Por favor...
- João, me deixe em paz... esse seu amor é unilateral.
- Eu sou um sonhador, Paula. Adorei inventar mundos imaginários nos quais eu convido meus amigos e você para me acompanhar em viagens alegres e cheias de encanto. Poderíamos dançar à vontade, pois ninguém nos encontraria lá. Você me acompanha, hein, querida?
- Em uma palavra? Não! Vá embora!
- Eu quero você! Eu quero você, mas muito, muito mesmo! Isso está me deixando louco! Eu não consigo dormir! Penso em você o dia inteiro! Meu desejo é intenso e em todos os níveis possíveis! Você é muito densa... a sua personalidade me cativa, o seu corpo me excita, os seus sentimentos me emocionam! Eu quero você! Do contrário, não há mais sentido na minha existência! Você não pode entender isso? Veja só, estou chorando... são lágrimas de dor. Por favor, não seja tão insensível...
- Não chore... por favor, não chore. Desculpa por ter ferido seus sentimentos... poxa, estou sem graça agora.
- Tudo bem... tudo bem. Meu amor por você é como o sol. Depois de toda a escuridão, vem a luz. Não há nada tão ruim e triste que permaneça para sempre. Você alegra o meu dia. A sua presença me ilumina. Tudo está bem agora...
- Fico feliz por isso... não gosto de ver você sofrendo.
- Ah... estou sob um dilema existencial. Qual caminho seguir? Por que seguí-lo? Meu equilíbrio para tudo isso é você. Meu amor por você me segura no chão, Paula. Com você, o meu céu é mais azul.
- Obrigado... Qualquer dia desses podíamos sair.
- Por você, eu não ligo para mais nada. Esqueço-me do dinheiro que gastei com coisas supérfluas, com as dívidas que contraí, com os credores a quem tive que pagar. Bens materias não são nada perto do amor que eu tenho por você. É um sonho doce que se tornou realidade hoje. Com você.
- Hum... você é uma pessoa doce...
- Ouvir isso de você é como reencontrar o sol, só que dessa vez com uma alegria maior. Estou feliz por escutar tais palavras de sua boca tão doce. Por você, eu aprendo italiano só para dizer “Eu te amo, querida Paula” em italiano.
- Sério?
- Não duvide disso. Hum, olhe só aquele velhinho... parece ser apenas mais um idoso tapado...
- Hum, e quem é aquela moça ali?
- Ela parece ser uma garota de fibra, que lida com a vida de uma maneira diferente...
- Você se lembra daquela nossa amiga que entrou no banheiro da casa de um cara que ela amava?
- E como! Uau, aquilo foi uma loucura... mas ela era obcecada por ele. Hoje eles já estão com algo estável, mas no início viviam de porra-louquices...
- Curioso isso, né, João? Poxa, cada vez mais gosto mais de conversar com você... é um rapaz bem simpático.
- Pois é... Paula, sinto um prazer imenso em vê-la fez. Queria poder te levar para casa, para que você dormisse enquanto eu te canto uma canção de ninar...
- Que fofo...
- Carregarei o fardo de te amar pelo resto de minha existência. É um peso que eu continuarei levantando, e jamais me esgotarei desse desafio. Amo-te.
- Como você é tão adorável, João. Não sei como ou de que jeito, mas eu também te amo...
- Oh, sim! Você estará nos meus sonhos hoje à noite? Estou certo que sim! Eu te amo, eu te amo, eu te amo... no final das contas, o amor que você dá é igual ao amor que você receberá... não é?
- Fale menos, João... apenas me beije.
- Você parecia ser apenas uma majestade, alguém que não tinha muito a dizer... felizmente, as coisas não são assim. Eu jurei para mim mesmo que lhe contaria o quanto eu a amo, e o quanto eu quero que você seja minha...
-Pare de falar e beije-me! Apenas isso é suficiente para expressar o que nós sentimos...