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Kaio

 

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09 fevereiro 2019

You can feel my lips undress your eyes


9 de Fevereiro de 2004 foi a data de lançamento de um dos melhores álbuns de rock da década passada: o debut do Franz Ferdinand.
A banda escocesa é uma legítima herdeira do art rock britânico (desde as letras inteligentes até os clipes cheios de referências estéticas) e uma das maiores expoentes do chamado "post-punk revival", rótulo dado a várias bandas que resgataram a estética do rock alternativo do fim dos anos 70 e início dos 80 (ênfase no baixo, ritmo dançante mas com letras melancólicas, sintetizadores, vocais cavernosos etc.). Entre as principais influências do Franz podem ser citados David Bowie, Joy Division, Talking Heads e Gang of Four.
O homônimo disco de estréia parece uma coletânea, tão recheado que é de canções empolgantes que dominaram as pistas de dança das festinhas alternativas. A mais famosa de todas é "Take Me Out", que durante o primeiro minuto lembra o andamento arrastado dos Strokes (principalmente nos vocais), mas depois se transforma em um "dance-punk" dos mais animados e viciantes. Ah, e o clipe (acima) é uma mistura inusitada de dadaísmo e construtivismo russo.
A minha preferida do álbum, contudo, é "The Dark of the Matinée", com um refrão genial ("Find me and follow me through corridors, refectories and files / You must follow, leave this academic factory / You will find me in the matinée, the dark of the matinée / It's better in the matinée, the dark of the matinée is mine"), e um clipe divertido (abaixo). A propósito, a demo de "Matinée" é melhor ainda; é uma pena que a versão do álbum tenha deixado a bateria soterrada na produção.
Todas as demais canções têm algo de especial. A faixa de abertura, "Jacqueline", é outra cujo início pode enganar o ouvinte, pois parece uma canção acústica do Belle and Sebastian até o baixo entrar e a canção ficar eletrizante - e com uma letra no mínimo inusitada ("But for chips and for freedom / I could die").
"Tell Her Tonight" tem uma guitarra bem new wave, vocais divertidos e entrou na trilha sonora de FIFA 2005.
"Auf Achse" tem um teclado bem gótico e outro refrão inesquecível ("She's not so special / So look what you've done boy").
"Cheating on You" é a música com mais pegada punk, e a letra é das mais debochadas.
"This Fire" tem um dos mais contagiantes riffs de guitarra do Franz e um ritmo que de fato tem algo de incendiário (especialmente na parte que antecede o último refrão).
"Darts of Pleasure", lançada como single cinco meses antes do lançamento do álbum, é uma das melhores dele, e seus sublimes 30 segundos finais contam com uma estrofe em alemão ("Ich heisse super fantastische / Ich trinke champers mit lachsfisch").
"Michael" possui versos de conotação homoerótica no melhor estilo Bowie, ironicamente contrastados com os vocais mais "másculos" do álbum.
O disco se encerra com "Come on Home", cujos teclados parecem ter saído de uma banda dos anos 80, e "40'", que tem guitarras interessantes e uma letra ligeiramente mórbida.
O primeiro álbum do Franz Ferdinand ainda é o preferido da crítica e o mais vendido (mais de 3 milhões de cópias, com direito a platina quádrupla no Reino Unido, platina nos Estados Unidos e boas vendas até no Brasil, onde tem público fiel). Embora concorde que seja um álbum 5 estrelas, prefiro outro disco deles (o terceiro, Tonight: Franz Ferdinand), e o vocalista/guitarrista Alex Kapranos tem a mesma opinião. De toda forma, cabe reiterar que, 15 anos depois, o CD homônimo do Franz ainda pode ser considerado um daqueles casos de clássico instantâneo.