Tonight I think I'll walk alone
Sexta-feira, 24 de Novembro de 2006.
Eu fui para o Diclassetadas, que é um evento do meu colégio que funciona como uma despedida serelepe pro pessoal do 3º ano, já que é na antevéspera do vestibular da federal de Goiás. Além das dicas propriamente ditas, houve coisas que pessoas normais gostam: farra, professores bêbados, alunos bêbados, palhaçadas, premiações escrachadas, etc.
Deve ter acabado lá pelas 23h, mas eu fui embora mais, cedo, là pelas 21h, junto com uns amigos meus, porque eu iria pro primeiro dia de apresentações do Goiânia Noise, o principal festival de rock alternativo da minha cidade.
Houveram alguns shows (bons, segundo quem assistiu a eles), mas até as 1h, eu preferi ser o Kaio autêntico - ou seja, uma criatura obcecada por isolação em uma ambiente no qual ele se sente em meio a centenas de pessoas homogêneas e patéticas. Sentei-me em uma parede que ficava em uma das escadarias que desciam para o palco (aliás, o lugar onde ocorreu o festival, o Centro Cultural Oscar Niemeyer, é enorme), fiquei ouvindo discman, lendo, cantando as músicas (ou então só fazendo o playback, hehe) e fazendo batuque com minha caneta retroprojetora, que também funciona como 'cigarro imaginário' (afinal, eu não fumo, não só por causa de questões relativas à saúde, mas porque o cheiro do tabaco é uma das coisas mais fedidas da face da Terra, o que destrói qualquer possibilidade de eu pôr um - de verdade - na minha boca).
Várias pessoas que passaram pela escada e me viram ficaram meio perplexas. Algumas riram, enquanto meus amigos que passaram por lá vieram puxar conversa ou discutir sobre meu estado mental, ou coisas relativas a ele. Bem, ao menos ao contrário deles, eu não preciso de álcool para ser "estranho", e, como "bônus", ainda mantenho a consciência de que, de fato, eu estou sendo estranho.
Depois de duas horas sentado lá, eu resolvi me levantar da escada, mas optei por ficar vagando pela 'área vazia' do lugar, andando e conversando sozinho. Durante uma hora inteira exerci essa atividade. Tive altos papos existencialistas com meu ego. Falamos sobre música, solidão, filosofia, loucura, etc.
Lá pelas 1h40, voltei pro palco, porque iria começar o show dos Los Hermanos. consegui ficar nas primeiras filas na hora do show, bem perto da banda.
Los Hermanos é uma banda interessante, sem dúvidas. Boas letras, melodias bonitas, carisma, canções simpáticas como "O Vencedor", "O Vento", "A Flor", "Quem Sabe", "Todo Carnaval tem seu fim", "Retrato pra Iaiá" e "Último Romance" (apesar de que, no show, eles não tocaram nenhuma das minhas três favoritas - "Primavera", "Bárbara" e "Fingi na hora rir")... não é uma Brastemp, mas entre as bandas brasileiras atuais, é uma das melhores. Um rock agradável e livre de rótulos fáceis. O show foi bom, e apesar de alguns incidentes (como um fã que invadiu o palco e agarrou o Rodrigo Amarante - culpa da falta de seguranças, já que os organizadores do evento foram estúpidos o suficiente para achar que bastam roadies para fazer esse trabalho), a acústica boa do Oscar Niemeyer e uma banda eficiente na execução da performance garantiram um bom resultado.
Enfim, foi uma noite de sexta para sábado que correspondeu às minhas expectativas - chata e entediante, mas com alguns poucos bons momentos e constatações.
Sobre meu sábado - bem, foi medíocre, mediano. Nada de legal, nada de ruim.
Espero que a semana que está por se iniciar compense isso, e se aproveite do fato que eu ando feliz apesar da falta de momentos felizes. Uma contradição entre o homem e seu meio.