Debutante
Já no primeiro post (o qual, quando releio, me causa ao mesmo tempo vergonha e nostalgia, rs) eu anunciava a intenção de este ser o meu blog "verdadeiro", "definitivo". Esta promessa foi cumprida. O mesmo se pode dizer sobre certos valores e posturas do Kaio de Julho de 2005? Em geral, sim:
1. Sua convicta ideologia socialista sofreria um abalo poucas semanas depois, tanto por leituras quanto por debates, e a gradual transição para o libertarianismo seria devidamente registrada ao longo de várias postagens. Este, por sua vez, seria levemente flexionado à direita em meados de 2012, quando Kaio (sim, vou retomar meu hábito orkutiano de falar de si mesmo em 3ª pessoa) passou a se considerar um liberal-conservador. No início de 2018, diante da ascensão do olavismo-bolsonarismo, nova mudança: voltou a se considerar "apenas" um liberal e migrou da direita para o centro.
2. Sua arrogância e prepotência continuariam por pelo menos mais dois anos e meio, até que, já no primeiro ano de UnB, a expansão de seu círculo social durante o primeiro ano de UnB o fez sair um pouco da sua bolha e ter uma postura menos defensiva e intransigente - como demonstram posts como este.
3. A vida amorosa continuaria em branco por mais quatro anos - sim, Kaio só foi ter seu primeiro beijo em 2009! Foi um relacionamento turbulento, o que em parte explica por que o blog ficou quatro meses sem ser atualizado (na verdade três, mas o post solitário de Outubro não conta muito porque era um trabalho de Política Brasileira 2). Seguiu-se uma fase solteira de dois anos e meio, um namoro-relâmpago, uma curta fossa e enfim o "happy ending", quando conheceu Carolina numa festa. Daqui a algumas semanas eles completarão 8 anos de relacionamento.
4. O "rockismo" seria severamente atenuado - primeiro Kaio F. saiu da ortodoxia do rock clássico ao começar a gostar de bandas indie meses depois; no ano seguinte, começaria a ouvir música eletrônica e até um pouco de jazz e música clássica; por fim, já na época universitária, perdeu o preconceito com música pop, e até hoje mantém alguns "guilty pleasures" no seu gosto musical. Mesmo o vício recente em rock progressivo não foi uma adesão dogmática, e sim uma ampliação pluralista.
6. O ateísmo, que parecia tão sólido, aos poucos se condensaria em agnosticismo, ao qual se seguiu um longo flerte com o cristianismo, que enfim resultaria em uma conversão ao catolicismo - incompleta, é verdade, pois só fez a 1ª comunhão e desde o início do ano passado quase não foi à missa; ou seja, no momento Kaio é um "católico não-praticante", um produto tipicamente brasileiro.
7. A postura misantrópica ("nunca vai em festas e baladas") durou apenas três semanas, pois Kaio F. foi ao festival de bandas independentes Rock In Sopa no Martim Cererê, e adorou. Dali em diante ele passou a sair mais, embora seu comportamento nesses eventos ainda fosse meio "autista". Eis outro comportamento que só seria corrigido na época de faculdade, onde não só ficou mais sociável, como chegou a ter uma vida noturna bem movimentada.
E o que se manteve?
1. A nerdice e a empolgação com as descobertas literárias, musicais, filosóficas etc.
2. As resenhas de discos, que estão agora tanto no próprio Racio Símio quanto no perfil do Album of the Year.
3. O narcisismo, afinal Kaio continua adorando falar de si mesmo.
No próximo post farei uma retrospectiva dos melhores textos no blog desde 2015, com isso criando um CD 3 para a coletânea dupla feita em 2014.
22 julho 2020
Balzaquiano
Há cerca de três semanas, no dia 29, completei meu 30º aniversário. Enfim alcancei a faixa etária que ficou associada a um famoso livro de Balzac, A Mulher de Trinta Anos. A propósito, assim que terminar minha 2ª tese de doutorado vou poder ler alguns romances longos (O Homem sem Qualidades, estou olhando para você), dentre eles um deste escritor francês: Ilusões Perdidas.
Passei boa parte do dia do meu aniversário escolhendo games no Steam para aproveitar a promoção de inverno (além das promoções na casa dos 70%, compras acima de R$ 60 teriam desconto de R$ 10). Mais da metade foram RPGs táticos (Shining Force I e II, Disgaea 1 e 2 e Fell Seal: Arbiter's Mark), refletindo o meu vício em Final Fantasy Tactics. Além disso, também levei dois jogos clássicos da Sega (Sonic CD e Nights into Dreams...) e Final Fantasy VII - enfim descobrirei por que ele é tão aclamado. Uma semana depois, no dia 5, acabei pegando mais um jogo: Sonic 3 & Knuckles.
Por outro lado, talvez seja meu corpo e minha mente pedindo férias depois de três meses de muitas leituras e fichamentos para a tese. Só percebi a dimensão do tanto que estudei quando preparei uma justificativa para o meu orientador para pedir a extensão do prazo para a defesa. Minha namorada me ajudou a fazer cronogramas mensais, e em geral segui bem eles; por exemplo, enfim terminei de ler (e fichar) livros e artigos importantes para o meu tema de pesquisa cuja leitura estava pendente desde 2018, como Thought and Change (Ernest Gellner) e Rousseau e Weber (José Guilherme Merquior).
De toda forma, vou aproveitar que domingo passado zerei Final Fantasy Tactics (mais sobre ele daqui a pouco) e enfim decidi qual jogarei em seguida (Chrono Trigger, que tal como FFT comprei em 2015 e ainda não tinha terminado) para diminuir o tempo diário que passo lendo sobre o assunto no GameFAQs, no VGChartz, na Wikipedia etc. Tenho cinco capítulos (além da introdução e conclusão) para escrever em quatro meses, e não posso perder o ótimo ritmo de estudos que adquiri desde o início de Abril.
Se por um lado entrei na década balzaquiana bem jovial, jogando mais videogame do que joguei nos últimos anos, por outro estou fazendo algo mais "sério" e condizente com a idade: um doutorado em História pela PUC-Rio para terminar até o fim do ano (até aproveitando que, com a pandemia, os concursos estão parados).
Nem parece que estou tão perto de completar mais essa etapa. Houve vários momentos em que eu poderia ter largado esse 2º doutorado, afinal ele estava me deixando bem ansioso porque eu sempre tinha coisas pra fazer antes de me dedicar plenamente a ele; até 2018, o primeiro doutorado, no IESP, e em 2019, os concursos para professor adjunto.
Fico até meio mal de falar isso para as pessoas, pois pode parecer que estou minimizando a situação trágica atual, mas pelo menos no meu caso a quarentena me ajudou a ter um foco e uma disposição para estudos que eu não tinha desde 2016. Mesmo a reta final do 1º doutorado foi mais na base da correria do que na da inspiração.
Enfim, acho que minha 2ª tese será mais autoral e teórica do que a primeira; em vez de fazer um panorama da obra de Merquior, vou avançar uma interpretação sobre o seu pensamento, discutindo o que seria a sua filosofia da história. Para quem quiser ter uma noção do meu tema, recomendo ler "A Prosa de um Liberal Neoiluminista", o posfácio que escrevi para a nova edição de O Argumento Liberal, publicada em Março desse ano pela É Realizações.
28/5 - Aproveitando que minha namorada começou a jogar Final Fantasy XII no Switch, enfim comecei minha aventura em Final Fantasy Tactics: The War of the Lions (PSP). Ambos se passam em Ivalice, até porque o diretor é o mesmo (Yasumi Matsuno, que também dirigiu outro game que adoro, Tactics Ogre: Let Us Cling Together).
Obs.: ela acabou trocando FF XII por Skyrim poucos dias depois, rs,
11/6 - Depois de perder várias vezes em Dorter (Slums), percebi que meus personagens estavam precisando ganhar mais experiência e que eu precisava ler mais sobre as mecânicas do jogo. Descobri que muita gente também sofreu nessa batalha (deve ser tipo o divisor de águas em FFT; a dificuldade te obriga a estudar pra valer o job system e a preparar melhor as estratégias de batalha), então deram várias dicas; além disso, li dois guias muito bons. Enfim aprendi a ensinar abilities para os meus personagens; o jogo tem tantos menus que fiquei meio perdido para descobrir as coisas, rs. O bom ter feito muito grinding em Mandalia Plain é que acumulei muitos Job Points para aprender abilities. Venci Dorter (Slums) tranquilamente depois desse treinamento - e a fase seguinte, Zeklaus Desert, também foi sem maiores dificuldades. O melhor momento foi quando meu Black Mage acertou três inimigos de uma só vez com seu Thunder, rs.
27/6 - Terminei o 3º dos 4 capítulos. Como vi no guia da GameFAQs que as 3 últimas batalhas (Riovanes Castle) seriam consecutivas e difíceis, preparei-me bastante. Deixei todos os personagens no lv. 35 (exceto a Agrias, lv. 32) e adquiri várias habilidades durante o treinamento. Acabou que a batalha 1x1 com Wiegraf (que dizem ser uma das mais difíceis do jogo) foi bem tranquila. Perdi na 1ª vez usando o jog Geomancer, mas aí fui como Knight e venci ele em 4 golpes. Nem adiantou ele ter me deixado com Silence (isto é, incapaz de soltar magia) logo no 1º golpe. Ajudou o fato de que coloquei Auto-Potion no Ramza (personagem principal), e com Hi-Potion (que recupera 150 HP) eu cobria todo o dano que ele tirava de mim com os golpes dele (140 HP). Além disso, Knight tem boa esquiva, e defendi um contra-ataque dele que ia tirar um bom dano. Meu time está ficando bem apelão, com uma Ninja/Chemist, um Monk com Dual Wield (habilidade ninja que permite golpe duplo), uma Knight (Agrias) com abilities de Holy Knight, uma Black Mage com poderes de Summoner e o protagonista, que estou treinando para virar um Dark Knight.
10/7 - Quando parecia que Final Fantasy Tactics estava ficando meio fácil (meu time está bem OP, em especial Orlandeau e a Black Mage/Arithmetician), eis que uma side quest me dá uma boa dor de cabeça: The Cursed Isle of Nelveska. Tentei por horas e desisti, vou voltar pro grinding, rs.
13/7 - Consegui fazer a quest! Treinei bastante, e já no começo da batalha usei uma estratégia bem agressiva para me livrar do máximo de inimigos. Aí cerquei o Construct 7 e fiquei drenando a velocidade e o ataque dele com 3 Knights enquanto o Beowulf pegava os 4 itens raros.
14/7 - Após mais de um mês jogando FFT, finalmente liberei o job Dark Knight para o meu personagem principal (Ramza)! Foi um treinamento árduo; precisei elevá-lo ao nível máximo de 6 outros jobs (sendo que em 2 deles - Knight e Black Mage - ainda precisei adquirir todas as abilities).
19/7 - Passei a tarde jogando. Estou bem perto do desfecho do jogo: já fiz 4 das 6 batalhas da sequência final (Orbonne Monastery). Parei para jantar, jogar um pouco de Skyrim (comecei dia desses; hoje matei meu primeiro dragão, rs) e agora vou fazer as 2 últimas batalhas. À noite zerei Final Fantasy Tactics. Que jogo! Foram quase 2 meses de uma jornada incrível. Destaques: o instigante job system; as batalhas desafiadoras; e, é claro, o enredo cheio de intrigas políticas, e que foi inspirado na Guerra das Duas Rosas (a mesma que inspirou Game of Thrones).
20/7 - Fiquei o dia inteiro lendo e vendo vídeos sobre o jogo. Um dos que mais gostei foi este, que contém a seguinte frase de um dos entrevistados: “Final Fantasy Tactics is the greatest SRPG that will ever exist for one reason: The arithmetician." Assino embaixo. Deu trabalho treinar minha maga até ela liberar todos os algoritmos, mas quando terminei ela ficou imbatível, decidindo várias batalhas.
21 julho 2020
Looked beyond the day in hand, there's nothing there at all