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Kaio

 

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06 dezembro 2007

Army of Me

Ok, vamos relatar tudo o que aconteceu comigo desde o fim da semana passada.

Sábado, 1º de Dezembro de 2007.
Viagem para Brasília, visando a fazer a 3ª etapa do PAS. Viajei com minha mãe e dois tios (na verdade, uma tia e o marido dela) que conhecem bem a cidade. No carro, eu aproveitei para resolver alguns exercícios e ler meu livro de História da Arte para revisar o conteúdo.
Meu local de provas foi a faculdade de Medicina da UnB. Antes do exame, aproveitei para dar uma olhada no prédio em que fica o curso de Ciência Política. Não negarei que fiquei muito entusiasmado quando vi o lugar em que, se tudo der certo, eu ficarei pelos próximos 5, 10 anos...
Bem, a prova do 1º dia era a de Humanas: Artes Visuais, Língua Inglesa, Gramática, Literatura, História e Geografia. Achei as questões objetivas (as de C ou E) fáceis, de acordo com o que eu esperava. O que me surpreendeu mesmo foi a qualidade dos temas das duas questões discursivas. Uma era sobre a associação entre inovações tecnológicas e desenvolvimento social, a outra tinha como pergunta-tema "Seria a verdade histórica indiscutível?". É claro que eu adorei esta, e até aproveitei para fazer intertextualidade com meus dois livros prediletos: "1984" (George Orwell) e "O Caminho da Servidão" (Friedrich Hayek).
À noite, eu e, hã, os adultos fomos a um shopping. Lanchei no Burger King (sim, só lancho lá por dois motivos: free refil e combinado batata frita + sanduíche + refrigerante mais barato que na concorrência) e depois comprei um livro do Locke na Livraria Siciliano que havia por lá. A obra em questão é "Carta sobre a Tolerância", que, se para a época deve ter sido considerada bem liberal, para os dias de hoje chega até a ter tons conservadores, hehe. É claro que a proposta de separação entre Estado e Igreja feita por John Locke é interessantíssima. Mesmo assim, trezentos anos depois de sua publicação, vemos que a relação entre as religiões não deve se limitar a uma mera indiferença, mas sim se constituir em verdadeiro respeito. Não precisa virar ecumenismo, mas pelo menos uma aceitação mútua que não soe forçada e hipócrita demais.
Ainda bem que não tenho problema com religiões alheias, já que sou um livre pensador nessa área: sob o aspecto político, sou ateu; no filosófico, humanista; e em uma definição mais técnica, agnóstico.

Domingo, 2 de Dezembro de 2007.
Eis o dia para o qual eu me (des)preparei psicologicamente durante as últimas semanas. Após três noites mal dormidas, finalmente chegara o dia da prova de Exatas e Biológicas. Mesmo que seja verdade que eu estudei muito menos do que poderia (e deveria), fiz o máximo esforço possível em Outubro e Novembro. Peguei monitorias e agendamentos de Química, Física, Biologia e Matemática, peguei na biblioteca alguns livros didáticos, tentei resolver pelo menos umas cinco provas da UnB etc.
Fiquei até mais tenso do que eu esperava. Na hora da prova - e após ela, enquanto esperava minha mãe me buscar - devo ter tido uns sete tiques nervosos diferentes: estalar os dedos, balançar os pés, coçar a cabeça, roer as unhas, ficar andando em círculos... Nada de muito anormal, mas o suficiente para mostrar para mim mesmo o quanto eu faltei com o equilíbrio emocional na hora H. Mantive uma impecável estabilidade durante o ano inteiro, mas, justamente na hora em que precisava ficar mais calmo, a bola-de-neve virou avalanche e me esmagou.
Deixei dezenove das oitenta questões objetivas em branco, e acho que fui bem nas duas dissertativas.
Estava tão ansioso que, assim que cheguei em Goiânia, fui direto pro PC procurar por gabaritos feitos por colégios de Brasília, como o Galois, o DaVinci e o Alub. O problema é que os três divergiam em vários itens, deixando-me ainda mais confuso. Minha pontuação variava entre 90 e 105 pontos.

Segunda-feira, 3 de Dezembro de 2007.
A esperar pelo gabarito oficial do CESPE. O pessimismo continuava.

Terça-feira, 4 de Dezembro de 2007.
Ainda esperando pelo gabarito. Não consegui me concentrar em nenhuma aula. Fiz pela primeira vez uma programação que, pelo menos por enquanto, eu estou adorando: dormir pela tarde inteira, e passar o resto do dia acordado. Na primeira vez foi espontâneo, mas gostei tanto que pretendo fazer disso uma rotina, hehe. Até mesmo em relação a TV e PC (especialmente quanto ao MSN), as madrugadas são melhores que as tardes.

Quarta-feira, 5 de Dezembro de 2007.
Peguei várias aulas para ocupar o tempo. Na hora do recreio, fiquei plantado na sala dos professores dando F5 no site do CESPE. Ainda assim, o gabarito oficial só foi sair às 17h30, minutos depois de eu ter acordado da minha soneca.
Fiz 159 das 180 questões, sendo 98/100 de Humanas e 61/80 de Exatas. Somei 68 pontos no Primeiro Dia (83 acertos e 15 erros) e 30 no Segundo (nas questões do tipo A, 42 acertos e 14 erros, além de dois acertos nas do tipo B). Total de 98 pontos. Somando com os 56 da 1ª Etapa (peso I) e os 53 da 2ª (peso II), acumulei 456 pontos. Não foi um resultado tão ruim, mas não estou certo de que será suficiente para passar em Ciência Política. Logo, deu cenário 2, como eu imaginava. Portanto, vou apostar todas as minhas fichas mesmo no vestibular 1/2008 da UnB.
Ah, fiz uma redação, mas falarei mais sobre ela abaixo.

Hoje.
Não dormi, como previa a nova programação diária; limitei-me a um cochilo entre as 5h40 e as 6h20. Este, no entanto, não me impediu de passar a manhã inteira com uma imensa dor no ouvido direito. Tive até que sair mais cedo da aula de Química (terceiro e quarto horários), pois a dor já estava ficando insuportável. A coisa só aliviou mesmo depois do meu sono de hoje à tarde.
Na hora em que foram entregar as redações, eu não achei a minha, e fiquei preocupado. Será que o professor esqueceu de entregá-la aos corretores? Ou será que estes não tiveram tempo de corrigi-la?
A resposta para as minhas indagações veio quando o diretor me entregou o texto e disse que havia ficado tão bom que era para eu passar a limpo para o colégio publicar ou coisa do gênero. Tirei nota máxima, obviamente. Havia adorado o tema "Igualdade de gênero", e estava inspiradíssimo ontem para dissertar sobre tal assunto. Fiz tudo (inclusive rascunho) em menos de uma hora, na maior velocidade. A propósito, publicá-la-ei a seguir. Até mais!

A quebra e reconstrução dos paradigmas da sexualidade

A discussão sobre a igualdade de gênero foi um dos principais questionamentos a se consolidar na agitada década de 1960. A revolução sexual teve resultados muito mais profundos do que se poderia imaginar. O comportamento de homens e mulheres foi transformado de maneira tão intensa nos últimos anos que há um inédito espaço para debates e projeções das mais inusitadas. Uma delas especula até em relação a um considerável crescimento da população de homossexuais e bissexuais no decorrer do século XXI. E então, a sexualidade realmente continuará apontando para rumos tão... radicais?
Um primeiro ponto a se destacar é o relativo êxito do feminismo. Sua versão mais moderada de fato trouxe mais liberdade e visibilidade para as fêmeas, seja no mercado de trabalho ou no próprio lar. As tendências mais extremistas, no entanto, fazem um discurso raivoso contra a chamada falocracia, além de criticar a banalização do sexo e a "exposição extraerótica" do corpo feminino. Não seria um erro afirmar que tal ala das feministas acaba por superestimar o machismo existente na sociedade. Por outro lado, é inegável que os homens realmente se impuseram, através dos tempos, como o lado mais forte. Há até quem diga que tal repressão às mulheres viria exatamente de machos reprimidos e temerosos em relação ao, por assim dizer, "poder do buraco negro".
Por incrível que pareça, são justamente pensadores de tendência libertária - e até, de certa maneira, niilista - que são os mais ardorosos defensores da misoginia. Em outras palavras, o desprezo destes em relação à feminilidade não se restringe a um machismo (ou seja, uma crença na inferioridade feminina), mas chega a se constituir em ódio e repúdio. Como melhores exemplos desse tipo de filosofia, temos Nietzsche e Schopenhauer. Coincidentemente ou não, ambos tiveram uma vida amorosa e sexual cheia de frustrações, as quais teriam sido decisivas para o caráter quase misantrópico que eles adquiriram quanto às mulheres.
Voltando à questão central, é notável o lento e gradual enfraquecimento da homofobia. Se, durante séculos, a chamada "cultura judaico-cristã-ocidental-burguesa" repudiou os homossexuais (a prisão de Oscar Wilde na Inglaterra da Era Vitoriana é um símbolo disso), a tendência das últimas décadas é o contrário: uma maior inserção de gays e lésbicas na sociedade civil. Quem imaginaria até anos atrás que haveria tanta discussão (e, em alguns países, até aprovação de leis) a respeito do casamento entre pessoas do mesmo sexo e/ou a adoção de crianças por tais casais? Pode-se até afirmar que eles estão próximos de perder o caráter de "minoria", visto que são bem menos excluídos e marginalizados do que já foram.
Entende-se, portanto, que mulheres e homossexuais já não estão em situação tão inferior à de homens e heterossexuais. As artes - principalmente o cinema (por exemplo, "Brokeback Mountain"), o Rock (Morrissey) e a literatura (Michael Cunningham, de "As Horas") - explicitam isso. Claro que ainda há muito pelo que tais segmentos lutarão, inclusive associados a grupos étnicos emergentes, como negros e hispânicos. Mesmo assim, ainda há algo que precisa ser discutido: será que é realmente uma igualdade o que queremos entre os gêneros? Não seria muito mais um respeito às diferenças? Seria interessante pensar este assunto não sob a ótica da paridade, mas sim na compreensão das individualidades e idiossincrasias. Logo, para que desejar algo tão coercitivo como a igualdade se não seria mais sensato (e humanista) aspirar à tolerância com "o outro"?

 

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