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Kaio

 

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27 novembro 2005

Resenha - Closer (Joy Division)

Existem discos que são ímpares, do tipo que, quando você ouve, pensa "cara, isso é coisa de outro mundo". O que dizer então de Closer, a obra-prima do Joy Division? É um dos álbuns mais fascinantes da história do Rock, do tipo que você ouve centenas de vezes e ainda há muito a descobrir em suas canções. Além disso, alguns psicólogos e especialistas em Rock já afirmaram que esse disco é o segundo numa lista dos 10 álbuns mais depressivos e tristes já feitos (só perdendo pra Sister Lovers, do Big Star). Ou seja, se você está "down", é melhor não ouvir, senão corre o risco de acabar tendo o mesmo fim do Ian Curtis. (Desculpem-me pelo humor negro...)
Gravado no mês de março de 1980, nas mesmas sessões que originaram o compacto "Love Will Tear Us Apart" / "These Days", o disco seria lançado em maio, mas alguns problemas de prensagem atrasaram o lançamento para julho. Infelizmente, nesse meio tempo, Ian, vocalista do Joy Division, cometeu suicídio, tornando Closer um álbum póstumo, o que, por incrível, que pareça, impulsionou as vendas - tanto que ele chegou a ser o sexto nas paradas britânicas.
O LP é aberto por "Atrocity Exhibition", uma das músicas mais excêntricas e sombrias que a banda já fez; destaque para o refrão grudento (This is the way, step inside!). Em seguida, a melhor faixa de Closer, "Isolation". Além dos vocais maravilhosos, da melodia contagiante e do teclado oportuno, a partir do meio da música, a bateria fica mais pesada e acelerada, levando a um final orgásmico. "Passover" é uma canção bem introspectiva: mesmo em seus momentos mais nervosos ela mantém uma certa calmaria...
Já "Colony" é outra das 'obscuras' - a letra é quase bíblica (Dear God in his wisdom took you by the hand / God in his wisdom make you understand). "A Means to an End" reflete bem o som que o Joy seguiu em alguns compactos como "Transmission" - é um Rock alternativo/underground, mas acessível. Em "Heart and Soul", outro grande momento do álbum graças a ótimas performances e a um riff inesquecível, a banda começa a parte mais depressiva do disco, que corresponderia ao lado B do vinil.
A faixa 7 é "Twenty Four Hours", que em meio a suas acelerações e desacelerações de ritmo, é uma das mais auto-biográficas de Ian, fato comprovado em trechos como Gottas find some therapy, this treatment takes so long.
"The Eternal", melancólica ao extremo, é conduzida pelo piano de Sumner, combinada aos efeitos eletrônicos feitos pelo produtor Martin Hannett, comprovando o quanto aquela parceria era frutífera. E fechando da melhor maneira possível o disco, "Decades", uma fantástica composição do quarteto de Manchester, unindo o vozeirão e as letras de Curtis com o instrumental impecável dos outros três: a bateria quase ritualística de Morris, o baixo melódico de Hook e a sublime performance de Sumner nos teclados.
Quando o disco acaba, você fica com a impressão de que, realmente, o Joy Division marcou uma geração e será, para sempre, um mito do Rock. Closer é um disco magnífico, e será lembrado eternamente. Enfim, uma união perfeita do gótico, do pós-punk, do Rock alternativo, do lírico e até da música eletrônica. O legado de Ian será eterno, e o dos outros três continua até hoje, com o New Order.
This is the way - step inside!

 

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