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Kaio

 

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29 junho 2008

18 d.M.

Traduzindo: 18 anos depois de "Mim".

Pois é, hoje é o dia de meu décimo-oitavo aniversário. Tal acontecimento marca o início tanto de minha maioridade penal quanto de minha pós-adolescência. Simbolismos à parte, vamos aos fatos.

Na sexta-feira 27, fui de ônibus para a minha cidade natal, e aqui ficarei até terça de manhã. Posso dizer que ao menos resgatei um pouco de minha vida pré-UnB.
Ontem à noite, houve a minha festa de aniversário. Além da confraternização, cumprimentos e reencontros de amigos e familiares, ganhei presentes (falarei sobre eles mais tarde), minha mãe fez um discurso (mais melodramático do que deveria ter sido, diga-se de passagem), escolhi a trilha sonora da festa (amanhã detalharei a tracklist), aproveitei o videokê (próximo parágrafo), ganhei um bolo de aniversário delicioso, e por aí vai.
Cantei quatro canções, sendo uma do Police - "Roxanne", que é muito melhor de se ouvir que cantar, pois o refrão é repetido incessantemente, e emular a voz do Sting é bizarro - e três dos Beatles: "Don't Let Me Down", "Twist and Shout" (ok, ela é cover, mas foi a versão deles que imortalizou este clássico) e "Hey Jude". Até que não fui tão mal, pois não tirei nenhuma nota abaixo de 80 no videokê e, pelo que eu saiba, ninguém na festa teve os tímpanos perfurados.

Além de vouchers e dinheiro para comprar livros, ganhei três obras: "Lutando na Espanha" (George Orwell), "Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano" (Llosa, Montaner e Mendoza) e "A Insustentável Leveza do Ser" (Milan Kundera). Nem sei qual delas quero ler primeiro, hehe.
Com os vale-livros, adquiri hoje mais três nas livrarias Siciliano e Saraiva do shopping Flamboyant (sim, tive um "momento shopping-center" em meu aniversário): "A Ilha" (Aldous Huxley), "Carlota em Weimar" (Thomas Mann) e "Ulisses" (James Joyce). Aliás, destacando o primeiro e o terceiro, são dois romances que eu desejava ter desde meados de 2005; um porque eu estava muito empolgado após ler "Admirável Mundo Novo", e o outro porque uma colega minha ganhou "Ulisses" como presente de aniversário em seu primeiro ano de faculdade, o que me deixou com um desejo de 'ainda vou fazer isso'. Quanto ao do Mann, após "A Montanha Mágica", busco ler outras obras dele que possam me encantar tanto quanto a saga de Hans Castorp.
Com o dinheiro que sobrou, pretendo comprar vários outros quando voltar para Brasília, mas, isso é algo para se pensar e resolver depois de amanhã.

Para deixar o post menos cult (?), é hora de futebol. Uma frustração e uma alegria em meu domingo: o triunfo da Espanha na Euro 2008 e a vitória do Palmeiras, respectivamente. Não queria que os espanhóis finalmente encerrassem sua fama de seleção que "nada, nada, nada e morre na praia" (afinal, são 44 anos desde o último título de peso dos ibéricos), embora soubesse que os alemães, por mais raçudos e disciplinados taticamente que fossem, teriam dificuldades para superar a Fúria. Quanto ao alviverde paulistano, vencer o Náutico colocou a equipe no top 4 do Brasileirão.

Que tal uma reflexão sobre os meus primeiros 18 anos de vida no próximo post? Estou muito cansado, e deixarei para falar amanhã sobre a nova fase que se inicia em minha existência.
Além de outros prováveis tópicos, falarei sobre como foi ter "O Senhor dos Anéis" como último livro que li aos 'seventeen years old'. Até mais.

25 junho 2008

Dope Nose

Terça-feira foi um dia bem pesado para Kaio Felipe: três provas! Realizei os exames finais das matérias introdutórias de Antropologia, Direito e Relações Internacionais. Agora, só falta a de Ciência Política, que será amanhã.
Pensei em falar sobre as prováveis notas que obterei nas disciplinas desse semestre, mas acho melhor esperar pelos resultados sem criar tantas expectativas e aflições. Porém, uma menção já foi lançada anteontem: SS em Sociologia! Yay!

Porém, ainda encontrei forças (?) para ler 40 páginas de "O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei" em plena hora do almoço, justamente em uma das passagens mais intensas, bélicas e soturnas do livro. Felizmente, o ritmo de leitura poderá permitir-me terminar o livro na sexta ou no sábado, cumprindo assim a sua meta de que SdA fosse minha última leitura como menor de 18 anos. Patético, não?

Falando em patético, ando revelando meu lado nerd nos últimos dias. Como se não bastassem a fantasia de Efeito Doppler e a leitura de Senhor dos Anéis, baixei ontem o disco novo do Weezer, mais conhecido como o "Red Album". Pela primeira audição, posso dizer que gostei do trabalho, mas acho que terei que escutá-lo mais vezes para formar uma opinião mais consolidada.

Hoje começam as semifinais da Euro 2008, e a Itália não está entre as 4 seleções remanescentes, tsc... O jogo com a Espanha foi de tirar o fôlego, mas os italianos acabaram dando adeus à competição nos pênaltis. As duas defesas de Casillas levaram a Azzurra a cair pela disputa de penalidades em um torneio pela quarta vez em menos de duas décadas: vide Copas do Mundo de 90, 94 e 98. Não fosse a heróica vitória sobre a França em 2006, este histórico negativo na 'loteria' poderia ser ainda maior.
Acho que a Alemanha conseguirá bater a Turquia, mas Espanha e Rússia é um jogo imprevisível; arriscar-me-ei até a dizer que é uma final antecipada.
O Palmeiras, agora com salários em dia e após a boa vitória sobre o Vasco, parece ter acordado para o Campeonato Brasileiro. Se vencer o Náutico no domingo que vem, dia de meu aniversário, a equipe poderá definitivamente entrar na disputa pelo título.

22 junho 2008

You Made Me... Realize - parte II

Cheguei em casa, digo, kit-net há uns quarenta minutos. Como não estou com sono, nada como contar como foi a festa. Aliás, quero dormir só depois do GP da França, para acordar antes do jogo da Itália; pois é, a programação esportiva na TV continua sendo referencial para meus fins de semana...

Então, tive sorte e peguei um ônibus que estava indo para a rodoviária do Plano Piloto. Eram 23h40. Dez minutos depois, cheguei lá; não demorou muito para encontrar o colega que me daria carona. Logo, cheguei à Realize lá pela meia-noite.
A festa foi muito boa. Não superou a Biovinil e a da Arquitetura, mas não me decepcionou. Teria uma cotação melhor se tivesse mais indie na trilha sonora; porém, salvo alguns parcos momentos (tocaram os 'básicos' She Wants Revenge, CSS, Franz Ferdinand, Le Tigre* etc.), além de meia-dúzia de faixas oitentistas, o cardápio musical não foi muito kaionista. Nem por isso deixei de dançar bastante, mesmo em algumas faixas de pop, "queer music" (eufemismo para denominar Mika, Scissor Sisters e adjacências), techno e brega noventista (inclusive o tema de "Cavaleiros do Zodíaco" da época da Manchete!). Porém, querer que eu dance funk carioca, hip-hop, pagode, ou 'poperon' (ou seja, tão pop que eu não consigo fazer concessões) é pedir demais, não acham? De qualquer maneira, estou certo de que, no CHUPOL, 100% da trilha sonora seria justamente composta pelos últimos quatro estilos (?) citados.
Encontrei alguns colegas, aproveitei os pufs, pessoas reconheceram que eu estava fantasiado de Efeito Doppler (aproveitei para fazer o "inheeeeeum", é claro!), tomei duas Pepsi (como já tinha jantado pizza antes de ir, nem fiquei com fome) e por aí vai. A festa acabou às 5h30, e fiquei durante meia hora decidindo se eu iria procurar um ônibus, sendo que a parada mais próxima devia estar bem longe, ou achar alguém que pudesse me dar carona. Felizmente, prevaleceu a última alternativa, graças a alguns indivíduos de Comunicação Social (inclusive uma colega minha que faz Antropologia e IERI nas mesmas turmas que eu). Terceira festa, terceira carona para casa de pessoas de um curso diferente. Relembrando: Biovinil -> Arquitetura, Festa da Arquitetura -> Ciência Política. Espero algum dia retribuir esta, digamos, caridade, mas pretendo tirar minha carteira só em 2009, então vai demorar para que eu me torne um 'motorista bom samaritano', ou coisa do gênero.

Enfim, tentarei me distrair com alguma coisa antes de começar a corrida de F1. Bom domingo para vocês.

*Atualização em 23/06, às 21h24: descobri que uma das 'bandas americanas, barulhentas e bacanas' que tocaram era Le Tigre mesmo, hehe.

21 junho 2008

You Made Me... Realize - parte I

Daqui a duas horas pegarei carona para ir à Realize, festa à fantasia organizada pelo pessoal de Comunicação Social. Meu plano de fantasiar-me de Efeito Doppler foi adiante, e há pouco terminei a fantasia, a qual foi feita a partir de uma blusa preta de manga comprida e uma calça "special jeans" (sinceramente, não sei o tecido dela) azul escuro que eu tenho. Ontem coloquei as fitas crepe, e hoje 'pintei' de preto alguns trechos das fitas para deixá-la (vagamente, é claro, pois usei caneta preta) mais parecida com a que o Sheldon utilizou em "The Big Bang Theory".
Espero que a festa seja boa, não só porque será a última de meu 1º semestre de UnB, mas também pelo fato de que eu sacrifiquei o CHUPOL para ir nela. Se bem que, entre um churrasco lotado de 'How-wasted-am-I?'-people e uma festa à fantasia em que um dos DJ tocará indie rock, acredito que a segunda alternativa certamente seria a minha escolha.

Hoje tive a terceira e última prova de Introdução à Economia. Acredito que eu tenha ido bem, e que a menção MS (médio superior) esteja assegurada. Acho até que, se eu tivesse realmente estudado para a prova (não fazer os exercícios da lista por preguiça e faltar à revisão ontem porque tinha acabado de almoçar com meu pai não são desculpas... Aliás, há tempos que eu não o via; ontem ele tinha trabalho em Brasília, e me convidou para almoçar com ele e meu tio, que também viera), poderia chegar bem perto de uma nota máxima.
Porém, este foi apenas o aperitivo para uma das semanas mais pesadas de meu 1º semestre: agora que o professor de IERI confirmou a prova para terça ou quinta (é sério, ele ainda não disse em qual dos dois dias será... tsc, tsc), terei SEIS provas em quatro dias! E ainda tenho que terminar de ler O Senhor dos Anéis até sexta que vem! Argh!

Sobre a apresentação em ICP sobre Libertarianismo, o que eu posso dizer é que ela foi... ótima! Embora eu e os outros dois colegas do grupo tenhamos extrapolado um pouco os 15 minutos, conseguimos falar tudo que planejamos para a exposição do trabalho. De quebra, a professora gostou do texto de 4 páginas que preparei contendo o conteúdo da apresentação mais apêndices sobre os principais pensadores libertários.
O que se seguiu à exibição do trabalho é que me surpreendeu. Foi praticamente uma sabatina, de todos contra um. O pessoal da minha sala (tanto esquerdistas quanto, hã, meros não-libertários) fizeram várias perguntas e comentários sobre tudo, como a aplicação da teoria do libertarianismo aos problemas sociais, a defesa da propriedade privada relacionada à questão da reforma agrária, a consistência da ética baseada no auto-interesse, as diferenças em relação ao neoliberalismo etc. Acho que até me saí bem, apesar de ter dado uma ou outra resposta intencionalmente boçal (por exemplo, quando um colega ficou falando sobre especuladores que retiram grandes somas de investimento da Indonésia, falei simplesmente "Eu não vejo nenhum problema nisso"). Só pelo fato de eu ter tido a disposição de enfrentar uma sala inteira na defesa de minhas idéias (que, venhamos e convenhamos, são uma ideologia política ainda incomum e pouco popular), já me dou por satisfeito.
Agora, cabe a mim amadurecer minhas teorias para, daqui a alguns anos, fazer uma monografia ou uma tese de mestrado também sobre Libertarianismo ou algum tópico inserido nele.

Por último, vamos tratar de Eurocopa.
As quartas-de-final vêm me surpreendendo. As três equipes que já se classificaram (Alemanha, Turquia e Rússia) não eram as que eu esperava pelo meu bolão (Portugal, Croácia e Holanda)! Se amanhã a Itália conseguir a vaga (apostei neles, mais por paixão pelo futebol italiano que por consciência das reais chances de eles passarem de fase), isto significará que todos os classificados serão as seleções que ficaram em 2º lugar em seus grupos na primeira fase! É claro que a Espanha é a favorita para o jogo de amanhã, mas, de qualquer maneira, esta edição da Euro já ficará na história pelas equipes mais ofensivas, pelos jogos emocionantes, pela chuva de gols e por estas surpresas.
Lembrem-se, no entanto, que alemães, turcos e russos não foram meras zebras, pois realmente venceram seus jogos por estarem superiores em campo. Hoje, por exemplo, a equipe comandada por Guus Hiddink teve tanta garra e disposição que seria injusto se os holandeses, mesmo após o show que deram na fase anterior, vencessem!

19 junho 2008

Libertarianismo: Teoria e Prática

Falarei sobre como foi a apresentação do trabalho no próximo post. Até logo.


I) O QUE É LIBERTARIANISMO

  • Nome atribuído à corrente política que prioriza a liberdade individual e que atribui um papel mínimo ao Estado.
  • Derivado da tradição do liberalismo clássico, embora também tenha elementos do anarquismo individualista em sua filosofia.
  • Está no diâmetro oposto a toda forma de autoritarismo e totalitarismo.
  • Possui raízes no direito natural (jusnaturalismo), mas também no ‘conseqüencialismo’.
  • Suas origens remontam ao século XVI (La Boétie), mas só ganhou maior consistência e visibilidade durante a segunda metade do século passado.

II) OS PRINCÍPIOS DO LIBERTARIANISMO

  1. Liberdade individual
  • Os indivíduos devem ser livres para fazerem suas escolhas, e devem aceitar a responsabilidade pelas conseqüências.
  • Deve-se aceitar o direito dos outros de escolherem por si próprios se se quiser ter o mesmo direito.
  • “Liberdade pressupõe que o indivíduo tenha assegurada uma esfera privada, que exista certo conjunto de circunstâncias no qual outros não possam interferir.” (Hayek)
  • Ausência de coerção (controle exercido sobre uma pessoa em circunstâncias tais que, para evitar maiores danos, aquela seja forçada a agir a serviço da vontade desta, e não de acordo com seus próprios objetivos), e não de restrição.
  • Ou seja, é uma liberdade negativa (permissão), e não positiva (poder): “Liberdade não é o poder de fazer o que gostaríamos, mas o direito de fazer o que necessitamos.” (Lord Acton)
  • O individualismo como egoísmo racional (a moralidade intrínseca no auto-interesse), em oposição ao altruísmo servil a caprichos alheios e ao subjetivismo ético.
  1. Propriedade privada
  • Todos os demais direitos derivam do direito de propriedade.
  • Como há uma escassez de bens, é necessário estipular normas de conduta mutuamente obrigacionais com relação a recursos escassos. Para evitar conflitos, devem haver direitos de posse exclusiva para o primeiro ocupante/usuário.
  • Nossos corpos são nossas propriedades tanto quanto o são as terras e objetos materiais legalmente adquiridos.
  • Aquele que possui uma propriedade tem total direito de controlar, usar e dispor dela – ou de qualquer maneira usufruir de sua propriedade sem interferência, até que e não ser que, o exercício desse controle infrinja direitos válidos de outras pessoas.
  • O capitalismo seria, portanto, “uma política institucionalizada de reconhecimento da propriedade e do contratualismo.” (Hoppe)
  1. Estado-mínimo
  • Parte-se do raciocínio de que o Estado é a associação de proteção dominante em um território, constituída para evitar a anarquia e intermediar os conflitos entre os indivíduos.
  • Cabe ao Estado a proteção aos três direitos fundamentais: vida, liberdade e propriedade.
  • A esfera de atuação do Estado deve ser limitada, para evitar arbitrariedades e concentração excessiva de poder.
  • Preservar a lei e a ordem, garantir contratos privados e estimular a competitividade no mercado seriam algumas das funções básicas derivadas de tais premissas.
  • As culturas e instituições podem se desenvolver melhor sem interferência externa do Estado.
  1. Livre mercado
  • Os preços dos bens e serviços devem ser totalmente determinados pelo consentimento mútuo de produtores e consumidores.
  • A intervenção estatal visando a regular o mercado poderia levar a um desequilíbrio; os resultados levariam ao agravamento da situação que se buscava conter.
  • O mercado provém a melhor informação ao menor preço: o que produzir, como produzir e em que quantidade.
  • A questão do cálculo econômico é relevante, pois este identifica como distribuir os recursos racionalmente em uma economia.
  • “O mercado orienta as atividades dos indivíduos por caminhos que possibilitam melhor servir as necessidades de seus semelhantes.” (Mises)

III) DUAS IMPORTANTES IMPLICAÇÕES DO LIBERTARIANISMO

  1. Governo limitado
  • O poder do governo deve ser disperso, sempre evitando sua centralização para não ameaçar a livre expressão dos indivíduos.
  • Uma Constituição é um importante mecanismo para limitar o governo, pois estabelece uma hierarquia não somente de autoridade, como também de normas ou leis em que as com maior grau de generalidade controlam as mais particulares e específicas.
  • A democracia é um meio para a consecução de certos fins, e não um fim em si mesma; ela não é a fonte da justiça.
  • O modelo democrático minimalista/formal é adequado, pois cria uma estrutura apta a evitar guinadas autoritárias.
  • Qualquer expansão da democracia deve ser cuidadosamente analisada, pois a falta de limites pode ameaçar os direitos fundamentais e a própria ordem.
  • Cercear o poder do governo, portanto, é uma medida para preservar não só a paz e a prosperidade, como também a democracia.
  1. Livre comércio
  • Apóia-se em alguns pontos da teoria clássica, como a idéia de vantagens comparativas. Por outro lado, admite-se as limitações da mesma, considerando que, na realidade atual, há elevada mobilidade do capital e do trabalho.
  • As tarifas protecionistas evitam que a produção ocorra onde as condições naturais e sociais lhe são mais favoráveis. Conseqüentemente, há redução da produtividade do capital humano.
  • Acordos e tratados de livre comércio estimulam a competitividade nos mercados e a integração e cooperação econômica entre os países. Além disso, são o primeiro passo para se atingir o ideal cosmopolita de elevar a liberdade de circulação não só de mercadorias, como também de pessoas.

IV) UM ESTUDO DE CASO: ELEIÇÕES AMERICANAS (2008)

  1. Obama e McCain no espectro ideológico
  • A despeito de diferentes posicionamentos quanto a economia, guerra, educação etc., ambos os candidatos guardam semelhanças em vários pontos, inclusive quanto ao intervencionismo na política interna e externa, embora em menor grau que na Era Bush. Por exemplo, McCain advoga a permanência da ocupação no Iraque, e Obama demonstrou posições contraditórias sobre acordos de livre comércio e protecionismo.

  1. Ron Paul e a ala libertária do Partido Republicano
  • Nas primárias de seu partido, Ron Paul destacou-se por defender bandeiras incomuns para os padrões republicanos, como o não-intervencionismo e o governo limitado.
  • Congressista destacado pela incansável defesa dos direitos estabelecidos pela Constituição, e árduo pregador de reduções e cortes nos impostos.
  • Acredita que as organizações internacionais afetam a soberania das nações.

  1. Bob Barr, presidenciável do Partido Libertário: um ex-conservador

“BOB CONSERVADOR”

“BARR LIBERTÁRIO”

Foi congressista pelo Partido Republicano, entre 1995 e 2003.

Entrou no Partido Libertário, em 2006.

Foi um dos líderes do processo de impeachment contra Bill Clinton.

Tornou-se um dos maiores críticos da gestão de Bush, tanto a respeito do belicismo quanto às restrições à liberdade dos cidadãos.

Apoiava a campanha anti-drogas, e era contra o uso medicinal da maconha.

Ligou-se ao lobby da maconha medicinal, em 2007.

Votou a favor do Patriot Act e da intervenção no Iraque.

Defende o Fair Tax e reduções drásticas nos gastos governamentais.

Posicionava-se contra o aborto e a união civil de homossexuais.

Acredita que a Emenda Federal do Casamento viola a autonomia dos estados.

Chegou a propor que a prática Wicca fosse banida dos meios militares.

É um dos fundadores da America Freedom Agenda, coalizão estabelecida para restaurar os freios e contrapesos e a proteção às liberdades civis.

V) APÊNDICE I: UMA BREVE HISTÓRIA DAS IDÉIAS LIBERTÁRIAS

  • Século XVI: Étienne La Boétie, em seu “Discurso da Servidão Voluntária”, critica de maneira contundente as tiranias e a corrupção trazida pelo poder absoluto. A partir de alguns exemplos históricos, ele demonstra como a demagogia pode colaborar na usurpação da liberdade, além de sustentar a renúncia a si mesmo que é a escravidão. O pequeno tratado só foi publicado oito anos após a morte de seu autor, em 1571, e mesmo amigos íntimos do mesmo, como o humanista Montaigne, não tiveram dimensão do impacto que tais idéias teriam nos séculos seguintes.
  • Século XVII: Talvez John Locke tenha sido um dos filósofos que mais contribuíram para a teoria do direito natural, um dos pilares do liberalismo político. A partir de um estado de natureza é possível estruturar uma sociedade, com o consentimento voluntário dos indivíduos que, através de um contrato, decidiram criá-la. Como há direitos anteriores à formação dessa sociedade, esta deverá respeitá-los se pretender ser legítima. Os conflitos se resolvem juridicamente, sendo esta a principal função do Estado.
  • Século XVIII: o Reino Unido, pelas suas próprias condições sociais e históricas (o direito consuetudinário, por exemplo), tornou-se um importante berço da tradição liberal. Na filosofia política, David Hume (“Ensaios Políticos”) e Edmund Burke (“Reflexões sobre a Revolução em França), e Adam Smith (“A Riqueza das Nações”) na economia são três expoentes de uma linha de pensamento ancorada no papel das instituições, no empirismo e na importância da tradição e da espontaneidade. Os franceses iam de encontro com várias destas teorias, em função de sua filosofia de caráter mais racionalista e utopista, como se verifica nos Enciclopedistas e Iluministas. As diferenças entre a Revolução Inglesa e a Francesa demonstram com nitidez esta oposição de visões de mundo.
  • Século XIX: a França continua acreditando na radicalização política e na liberdade como “ausência de restrição”, porém dois de seus pensadores contribuem para o ideário liberal: Fréderic Bastiat (“A Lei”), um ‘profeta no deserto’ entre os legisladores, os quais eram quase todos socialistas ou conservadores, e Alexis de Tocqueville (“A Democracia na América”), que se antecipou a muitos na observação de como a organização social dos Estados Unidos faria deles uma potência. Tocqueville também formulou conceitos importantes, como a ‘tirania da maioria’. Falando em EUA, o individualismo anárquico de Henry David Thoreau o levou a desenvolver a idéia de desobediência civil (resistência passiva às autoridades) e morar em uma floresta, à beira do lago Walden, durante dois anos, ambicionando o maior contato entre o homem e a natureza. Na Inglaterra, John Stuart Mill (“Ensaio sobre a Liberdade”) e David Ricardo (“Princípios de Economia Política e Tributação”) foram os mais destacados pensadores do liberalismo clássico.

VI) APÊNDICE II: OS PRINCIPAIS PENSADORES NO SÉCULO XX

  • Ludwig von Mises: um dos mais destacados economistas da Escola Austríaca. Em obras como “Ação Humana” e “Liberalismo”, ele fundamenta conceitos como o do cálculo econômico – e a impossibilidade do mesmo em uma sociedade socialista –, a praxeologia (a economia como ciência da ação humana). Utiliza o método dedutivo em sua argumentação, e demonstra os erros e distorções cometidas por políticas intervencionistas e a necessidade de se garantir a maior liberdade possível aos mercados.
  • Friedrich von Hayek: discípulo de Mises, e laureado com o Nobel de Economia em 1974. Suas principais obras mesclam elementos de direito, economia, ciência política e sociologia, gerando análises bem abrangentes e sustentadas. Em “O Caminho da Servidão”, ele demonstra os riscos trazidos à liberdade e à democracia pela planificação econômica, salienta as semelhanças entre socialismo e nazismo e aponta o keynesianismo como o primeiro passo para o coletivismo. Já em “Os Fundamentos da Liberdade”, ele retoma o cânone liberal para analisar os problemas de sua época e apontar a necessidade de uma filosofia de vida do homem em sociedade.
  • Murray Rothbard: este americano era tão libertário que chegou a se considerar anarco-capitalista. Suas maiores contribuições foram na teoria dos ciclos econômicos (aprofundando assim uma discussão fundamental da Escola Austríaca) e na localização ideológica do libertarianismo, como demonstra seu ensaio “Esquerda e Direita: Perspectivas para a Liberdade”.
  • Robert Nozick: grande expoente das idéias libertárias no meio acadêmico dos EUA. A partir de uma controvérsia com John Rawls, formulou sua obra “Anarquia, Estado e Utopia”, em que apresenta uma relevante discussão sobre o contratualismo e a justificativa de um Estado-mínimo. Sua teoria tem forte base nas noções de propriedade privada e associação consentida de indivíduos. Segundo ele, a desigualdade que se produza de uma forma voluntária é aceitável.
  • Ayn Rand: sua contribuição se operou por meio de obras de ficção: seus dois maiores romances, “The Fountainhead” (O Manancial, em português) e “Atlas Shrugged” (Quem é John Galt, em português), venderam milhões de cópias e divulgaram as idéias de sua filosofia objetivista. Para ela, o egoísmo racional, ao colocar o auto-interesse como o guia da ação do indivíduo, contrapunha-se à hegemonia do altruísmo, que seria eticamente injustificável por render as pessoas aos caprichos alheios e deteriorar os valores que norteiam a racionalidade das relações humanas. Por ter nascido na Rússia e vivido na URSS até os 19 anos, ela teve contato como uma sociedade em que era clara e preocupante a opressão do coletivo sobre o individual.
  • Menções honrosas para três intelectuais ainda vivos: Robert P. Murphy (“Teoria do Caos”), que abstrai como funcionaria uma sociedade anarco-capitalista; David Friedman, filho do famoso economista liberal Milton Friedman, e ideologicamente mais radical que o pai na defesa do livre mercado e da redução do papel do Estado; e Hans Hermann Hoppe (“Uma Teoria sobre Socialismo e Capitalismo”), que desconstrói várias justificativas morais, econômicas e empíricas para a instauração de um regime socialista.

17 junho 2008

Feeling Good, Falling Down

Este post contém duas boas notícias e dois motivos para preocupação.

A primeira boa notícia
Itália nas quartas-de-final da Eurocopa! A Azzurra parece ter se cansado de me frustrar! Além de vencer a França por 2 a 0, quebrando assim um tabo de quinze anos sem derrotar os Bleus (lembrem-se que, na final da Copa, foi empate no tempo normal), a equipe contou com a Holanda, que está tão forte que, mesmo com o time reserva, despachou a Romênia também por 2x0.
Com isso, os italianos classificaram-se em segundo lugar no "grupo da morte", e provavelmente enfrentarão a Espanha na próxima fase da Euro 2008.

A segunda boa notícia
O Muse fará um show em Brasília! Será no dia 2 de Agosto, no Porão do Rock. Já comecei a me mobilizar, pois é uma chance única. Uma banda que eu já ouço e adoro há quase três anos, ao vivo? Imperdível!

O primeiro motivo para preocupação
Faltam cerca de 44 horas para a apresentação do trabalho de ICP, e eu ainda não terminei o texto e os slides no PowerPoint! Aproveitarei que amanhã não tenho aula de Sociologia para acordar cedo (o que já é hábito para mim, visto que, em quase todos os dias de aula, eu acordo aproximadamente às 5h30), ler 1/3 da minha cota diária de "O Senhor dos Anéis: As Duas Torres" (ou seja, umas vinte páginas) e aproveitar o resto do tempo para preparar o trabalho. Espero que eu siga este plano à risca!

O segundo motivo para preocupação
Overdose de provas na semana que vem! Até desisti do trabalho facultativo de Direito para ter mais tempo para estudar, mas isso não alivia muita coisa. Porém, como já falei sobre este tema em outro post, acredito que é desnecessário continuar nele, certo? Boa noite.

15 junho 2008

Ética da convicção

E o Weber Brahma foi o último colocado do COPOL! Porém, este não foi o fato surpreendente e relevante, mas sim a nossa derrota por uma diferença mínima (3x1) para os atuais campeões, o Medida Provisória! E isto após uma partida histórica, na qual chegamos até a empatar o marcador. Depois dessa, pouco importam as duas derrotas por 5 a 0 nos outros jogos da 1ª fase, para Butina de Ferro e Azulinos...
O campeão do torneio foi o time do pessoal do sétimo semestre, Os Absolutistas, que venceram os Azulinos (equipe 'convidada', pois representava os alunos de Ciência Política da UniDF) na final por 4x1.
Os favoritos ao título, Medida Provisória, campeões de impopularidade entre a torcida (há quem os compare ao São Paulo, por ganhar títulos e continuar com a fama de time marrento e chato), quase foram eliminados ainda na primeira fase, pois perderam a última partida para o Butina por 4 a 3, em um jogo em que não faltou tensão, discussões e emoção. Classificaram-se pelo saldo de gols. A classificação do grupo A ficou assim:

Azulinos - 6 pontos; 11 gols pró, 6 gols contra e saldo +5
Medida Provisória - 6 pontos; 10 gols pró, 6 gols contra e saldo +4
Butina de Ferro - 6 pontos; 11 gols pró, 8 gols contra e saldo +3
Weber Brahma - 0 ponto; 1 gol pró, 13 gols contra e saldo -12

O grupo B parecia ser mais equilibrado, mas já na segunda rodada estava praticamente definido. Terminou da seguinte maneira:
Absolutistas - 7 pontos; 15 gols pró, 4 gols contra, saldo +11
Finado Chicó - 7 pontos; 9 gols pró, 7 gols contra, saldo +2
Oito de Brumário - 3 pontos; 6 gols pró, 9 gols contra, saldo -3
Pró-Álcool - 0 ponto; 3 gols pró, 13 gols contra, saldo -10

Nas semifinais, o Medida foi vencido pelos Absolutistas, por 4 a 1. Já o time da UniDF passou com dificuldades pelo Chicó: 2x1.

E como foi minha atuação no COPOL? Medíocre, como era de se esperar. Não me destaquei nem positiva nem negativamente; tive algumas chances de gol, no entanto.


Mudando de assunto, ainda não terminei os trabalhos de Direito e Ciência Política que devo entregar (DIR) e apresentar (POL) na próxima quinta-feira. De quebra, só li 8 páginas de "As Duas Torres" neste fim de semana, pois no sábado minha mãe veio me visitar (graças a isso, ontem foi um dia bem legal e fora da rotina), e no domingo teve o já mencionado COPOL.
Conseqüentemente, terei uma semana nada mole. Espero conseguir chegar vivo para o sábado 21, dia em que terei o último dever e a única diversão: a derradeira prova de INTECO e a Realize*, respectivamente. Vamos lá, Kaio, é hora de mostrar que você é mais do que um pedantismo ambulante! Go for it!

*Mesmo que eu seja coagido pelo pessoal do curso, não pretendo mais ir ao CHUPOL. Acho que já cumpri minha cota semestral de eventos do povo de Ciência Política. Quero mesmo é ir à Realize, que é a festa à fantasia da galera de Comunicação Social. Estou com muita vontade de ir vestido de Efeito Doppler (a inspiração, obviamente, é o ultranerd Sheldon, de "Big Bang Theory"), mas receio que mais pessoas na festa irão com essa fantasia...

13 junho 2008

Atravessando o Grande Rio

As 60 páginas diárias de "O Senhor dos Anéis" realmente moldaram meu cotidiano nesta semana que está a se encerrar. Fiquei com a impressão de que o tom que o livro adotava correspondia a como eu me sentia: feliz, irônico, chateado, preocupado, renovado, esperançoso, meticuloso...
Faltam só treze páginas para que eu conclua "A Sociedade do Anel", e provavelmente as lerei antes de dormir. A trama é bem envolvente, e fiquei surpreso ao constatar que, mesmo durando três horas e sendo tão bom, o primeiro filme omitiu e reduziu muita coisa da 1ª parte da saga. Obviamente, refiro-me a Tom Bombadil e o próprio desenrolar de certos momentos-chave (Conselho, Moria, Lothlórien...), o que leva-me a um novo caso (vide Laranja Mecânica, nos posts de Fevereiro) em que um filme que eu adoro não consegue ser superior ao livro que o inspirou. O que eu acho disso? Uma maravilha, que apenas prova que o talento de autores como Tolkien jamais conseguiria ser reproduzido em outra arte com a mesma potência que o foi na literatura.

Cheguei a comprar "A Democracia na América" (Tocqueville) nessa semana, mas descobri que a edição que eu adquirira, que era da Biblioteca do Exército, era condensada. Por mais que eu já tenha ouvido falar da prolixidade e do detalhismo de Alexis no decorrer da obra, não acredito que valha a pena comprar um livro que não contenha o texto integral - ainda mais se estamos falando de um clássico do Liberalismo. Logo, após muito refletir, tomei a decisão de devolvê-lo, e no lugar dele comprei outro da vendedora: "Na Virada do Milênio", do também liberal Roberto Campos. Foi o último livro que ele publicou em vida, e contém ensaios publicados entre 94 e 98. Será uma de minhas leituras em Julho.

A Itália está se esforçando para me deixar frustrado. Após a derrota para a Holanda e o empate com a Romênia (1x1), a equipe tem poucas chances de se classificar. Nem fiquei tão feliz com a goleada que a França levou dos holandeses (4x1), pois a classificação antecipada destes poderia levá-los a descansar e levar pouco a sério o duelo contra os romenos, na próxima rodada; lembrando que, caso percam o jogo, de nada adiantaria a Itália vencer os franceses. Poxa, não quero que a Azzurra novamente caia logo na 1ª fase da Euro!
Quando aos demais grupos da Eurocopa, podem ser feitas as seguintes observações:
- De cara, Portugal desponta como um dos favoritos ao título;
- A Alemanha decepcionou, ao sofrer uma derrota para a Croácia (2x1). Agora precisará pelo menos empatar com os austríacos para não repetir os fiascos de 2000 e 2004, quando não passou para as quartas-de-final;
- Amanhã os espanhóis poderão confirmar se, desta vez, estão ou não entre as seleções mais consistentes do momento. Além disso, a Rússia de Hiddink poderá ressuscitar no torneio ou deixar os suecos ganharem tranqüilamente a outra vaga do grupo;
- Ao que parece, os anfitriões (Suíça e Áustria) serão eliminados da Euro já na primeira fase;
- Eis a minha aposta de quais serão os jogos das quartas (obviamente, há grandes chances de eu errar em minhas previsões) -> Portugal x Alemanha, Croácia x República Tcheca, Holanda x Suécia, Espanha x Itália.

Não gostei muito da acumulação de provas que terei na reta final de Junho. Pensei que os professores tentariam 'dispersá-las' durante o mês, mas a situação ficou assim:
21: Economia
23: História
24: Antropologia e Direito (e na mesma manhã! Help!)
25: Sociologia
26: Ciência Política
A propósito, o professor de Introdução ao Estudo das Relações Internacionais ainda não definiu a data de sua avaliação.
Se eu sobreviver a essa maratona sem nenhuma cicatriz (entenda-se: nenhum MM), já me darei por satisfeito. Ficarei ainda mais se houver alguma 'glória quantitativa' (a.ka. pelo menos quatro menções SS).
O que fazer? Dividir-me em várias frentes, afinal Junho também reserva-me outras metas - terminar "O Senhor dos Anéis" antes de meu aniversário (29) e fazer uma apresentação realmente boa em ICP (19). Vamos à luta, portanto!

Apesar do título criador de expectativas, nada tenho a oferecer para justificá-lo; encerrarei o post por aqui. Hasta la vista!

09 junho 2008

The Battle of Evermore

Leitura estupenda, ainda que tardia.
Comprei a versão em volume único de "O Senhor dos Anéis" aos 11 anos de idade, semanas depois de ter visto (e adorado) o primeiro filme.
Vi o segundo filme no seu 2º dia de exibição, e perdi intencionalmente o terceiro para não estragar a surpresa da leitura (porém, meu irmão do meio já me contou uma ou outra coisa que acontece no final, tsc).

Emprestei o livro para um primo anos depois, e quando fui pegar de volta, em 2005, a obra estava em péssimo estado de conservação.

Dias depois, aproveitando um dia em que fui em um sebo no centro de Goiânia, comprei, além de "O Anticristo" (Nietzsche), uma edição de SdA parecida com a que eu tinha.

Mesmo assim, seis anos se passaram, e até anteontem eu ainda não havia realmente lido "O Senhor dos Anéis". Por duas oportunidades cheguei a ler até a página 80, 90, mas parei. O motivo? Algo me diz que eu não me sentia no momento ideal para lê-lo. Logo, deveria esperar a hora e o lugar certos para tal ato. Desde os primórdios de minha adolescência eu tinha uma idéia clara de onde e quando seria a ocasião: nos meus primeiros meses de faculdade, sentado debaixo de uma árvore, sozinho ou jogando RPG com nerds. Bem, ainda não encontrei estes(as), mas pelo menos já achei, mais ou menos perto da BCE (biblioteca da UnB) uma árvore - e outras opções de angiospermas, caso eu me canse dela - na qual posso me apoiar e curtir a obra-prima da cultura nerd.

Comecei a 'leitura definitiva' de SdA no sábado, e ando lendo uma média diária de 60 páginas. Já estou na 182, e pretendo ler mais um pouco antes de dormir. O último capítulo pelo qual me aventurei foi o do encontro entre Passolargo/Aragorn e os quatro hobbits. Pelo visto, "A Sociedade do Anel", que já estava muito bom (I told ya, era só uma questão de hora e lugar para me viciar em "Senhor dos Anéis", hehe), está prestes a entrar em sua parte mais emocionante.
Pelos meus cálculos, se eu continuar neste ritmo, termino a primeira parte até sexta, "As Duas Torres" na semana que vem e "O Retorno do Rei" alguns dias antes do meu aniversário. Se eu realmente concluir SdA antes de 29 de Junho - e, de quebra, isso não prejudicar meu desempenho acadêmico, permitindo-me tirar notas boas na faculdade -, terei uma despedida maravilhosa dos meus 17 anos e da minha menoridade. Obrigado, Tolkien!

A Festa da Arquitetura foi incrível. Ainda não decidi se gostei mais dela ou da Biovinil, mas de qualquer maneira o saldo foi positivo.
Cheguei lá por volta das 21h20, após uns trinta minutos caminhando desde a rua de minha quadra; morar perto da universidade tem suas vantagens, hehe.
Só entrei no Centro Comunitário às 23h30, pois fiquei conversando com uns colegas de Ciência Política que havia encontrado do lado de fora.
Eram três os ambientes:
- o Palco Eletrônico era o mais dark de todos. Tocou hard techno, além de algumas vertentes mais lentas e pesadas da música eletrônica. Uma ou outra vez, no entanto, colocaram algo menos sombrio - Fatboy Slim, por exemplo.
- o Palco Brasil, de longe, era o mais alegre e serelepe. Apesar do nome, houve pouca coisa tupiniquim. Predominaram trilhas animadinhas, inclusive uma curiosa versão dançante de "Just" (Radiohead). Fiquei lá durante um bom tempo.
- o Palco Principal primava pela variedade. Tocou de tudo, desde MPB (não curto, a propósito) até coisas melhores, como rockabilly (inclusive "Brand New Cadillac", do Clash), funk americano/disco ("Jungle Boogie"!), rap (Beastie Boys, a única banda do gênero que eu ouço), rock dos '80s ("I Want To Break Free"!) e 00's (destaque para a obrigatória "Do You Want To", do Franz), dance music noventista (inclusive a sempre efetiva "Groove Is In The Heart", do Deee-Lite) etc. Ah, também marcou presença uma banda chamada Sapatos Bicolores. Algumas músicas da perfomance foram boas, como "Um Taxista do Caralho", cuja primeira metade era um cover de "Taxman", dos Beatles. Foi o ambiente em que mais dancei; também foi nele que encontrei vários(as) conhecidos(as), inclusive uma colega que estudou comigo entre a 6ª e a 8ª séries.
Gastei menos de dez reais, pois só tomei quatro latas de Coca-Cola. Como jantei (lembram da pizza?) antes de ir à Festa, estava sem fome; ocupei minha boca de uma ou outra balinha Freegells ou Halls que eu tinha em minha bolsa-mochila; esta, aliás, é desde 2005 a minha companheira inseparável em todos os lugares em que vou. Acreditem ou não, mas continuo levando livros para festas. Trouxe "O Senhor dos Anéis", mas, como eu presumia, não cheguei a estar entediado e à toa para dispor-me a lê-lo.
Eu só sairia de lá às 5h, quando peguei uma carona com dois colegas meus. Cheguei em casa meia hora depois, e dormi até as 11h15, quando fui acordado por uma ligação da minha mãe. Meu plano era acordar uma hora mais tarde, para simultaneamente almoçar e ver futebol (Áustria x Croácia) e F1 (GP do Canadá). Preenchi o resto desses 'minutos anteriores ao início programado' com internet, e depois segui o itinerário traçado para o domingo.

A corrida de Fórmula 1 foi bem divertida. Ri demais quando o Hamilton fez aquela, hã, estupidez nos boxes, e bateu no Kimi. O Massa teria a corrida nas mãos, não fosse (mais um) erro da Ferrari nos boxes. Mesmo assim, terminou em 5º, após belas ultrapassagens como a que fez sobre Barrichello e Kovalainen. Aquele, aliás, voltou a correr bem: largou em nono e terminou em sétimo lugar, um bom desempenho se levarmos em conta o pífio carro da Honda que tem em mãos.
A vitória no Canadá, além da posição de novo líder do campeonato, é de Robert Kubica - sim, o mesmo que teve um acidente impressionante na pista de Montreal, no ano passado. Foi um dia marcante para a Polônia no esporte. Além do triunfo do piloto polonês na F1, a sua seleção de futebol estreou na Eurocopa, perdendo para os alemães, com dois gols de Podolski, que nasceu na... Polônia!

Eu iria falar mais sobre Eurocopa neste post, mas depois da vergonhosa derrota da Itália hoje (Holanda 3x0), sinto que devo me silenciar sobre o assunto - por enquanto.

06 junho 2008

"The ring is the power!"

Ufa, cumpri os dois objetivos estabelecidos ontem. Terminei o trabalho de Sociologia às 8h50, e concluí a leitura de "A Teoria Geral" meio-dia. Resenha sobre ele (e também sobre "A Montanha Mágica", que há 4 semanas eu venho prometendo), em breve!

Ah, hoje começo a ler Senhor dos Anéis. Assim que eu terminar este post - e antes do jogo do Brasil - darei uma rápida lida, e talvez antes de dormir eu pegue mais algumas páginas.

Preciso voltar a redigir "Megalomania Psíquica". Sei que é difícil convencer a mim mesmo que, infelizmente, o livro não poderá ser tão auto-biográfico quanto eu gostaria, até porque se o fosse, seria um tédio mortal para mim mesmo e os leitores. Porém, isso me leva a um novo problema: canalizar minha imaginação fértil, que nos últimos dez anos se ocupou de criar times de futebol, bandas de rock, seriados de TV, jogos de videogame, reality shows com 'facetas da minha personalidade' (juro que, qualquer dia, falarei aqui sobre essas minhas invencionices) e outras 'futilidades cult', para moldar um livro com um enredo envolvente e personagens simultaneamente verossímeis, interessantes e que "fujam" das limitações do universo sóbrio e previsível do Kaionismo.

Segundo minha previsão alimentícia e televisiva, sábado comerei pizza de calabresa vendo a abertura da Eurocopa e os treinos para o GP do Canáda; domingo é dia de pizza de provolone, jogos do grupo B da Euro e a corrida de F1 propriamente dita.

Amanhã promete ser um bom dia; aliás, uma boa noite, pois irei à Festa da Arquitetura. Se ela for pelo menos 60% tão boa quanto a Biovinil, eu já me darei por satisfeito.

Atualização em 07/06, às 12h10: como não havia pizza nos sabores de calabresa e provolone, comprei as não menos deliciosas de peito de peru e mussarela.
Ah, e acabei não lendo SdA antes do jogo, pois estava exausto; joguei futebol com uns colegas meus, ontem à tarde. Só vi os 30 minutos iniciais do jogo do Brasil, quando a equipe ainda estava perdendo de 1 a 0. Pelo jeito fui eu quem não perdeu nada, afinal o escrete canarinho conseguiu a façanha de deixar a Venezuela vencer por 2x0.
Porém, já li o prólogo hoje de manhã, e antes da festa pretendo ler mais umas 40 páginas.

05 junho 2008

Libération

(Cá estou eu, 48 horas depois do último post. Não consegui realizar o item 1, até porque gastei a manhã inteira com o 2. De quebra, acho que fui pedante demais na prova de Antropologia, e corro risco de não repetir o 9,0 que obtive do primeiro exame. Concluí item 3, o 5 está bem caminhado e o 4 ainda é uma incógnita.
O que devo fazer entre a noite de hoje e as 11h de amanhã: responder os exercícios de Sociologia do Moodle e terminar o livro do Keynes - faltam 53 páginas, se incluirmos os apêndices. Talvez estipular menos metas facilite o desenvolvimento das mesmas.)

Parece que a idéia de montar um grupo de estudos sobre Liberalismo com alguns colegas de POL vem obtendo retorno. Já estou até planejando os autores, livros e outros detalhes. Se tudo der certo, quem sabe o grupo, no futuro, possa vir a ser uma think tank liberal/libertária ou algo do gênero?
Falando nisso, faltam 14 dias para o meu trabalho de ICP sobre Libertarianismo e eu preciso começar logo a preparar o texto e a minha fala...

Hoje tive um "Momento Legião Urbana": vi um filme do Godard! Foi no Cinema Político, passaram "La Chinoise". Adorei o filme, porque desmascarou várias falácias da esquerda francesa nos idos dos anos 60. Os exageros e inconsistências dos pensamentos dos jovens da época são explicitados, como a devoção à Revolução Cultural de Mao e seu "Livro Vermelho", as diretrizes e dogmatismos que facilmente geram cisões (mesmo dentro do grupo representado pelos 5 personagens principais, há dissidências e expulsões), a opção insana pelo terrorismo sob o pretexto de ação direta (algo do tipo "Matarei pessoas; decido depois o que farei em seguida"), a pretensão vanguardista de um movimento que ligava muito para a estética revolucionária, mas que não sabia sequer o que realmente queria, e por aí vai.

Para fechar o post, uma auto-bronca: resolva logo os dois empecilhos citados no segundo parágrafo 'parenteseado', afinal 6 de junho era o dia em que você começaria a ler Senhor dos Anéis, Kaio!

03 junho 2008

¿Qué Pasa?

O próximo post, na verdade, será na quinta. O de hoje é apenas um auto-recado.

- Coisas para fazer nas próximas 50 horas (essas 2h de bandeja são porque eu costumo dormir às onze da noite):
1. Terminar de ler "A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda", do Keynes. Estou gostando do livro; ele é um pouco menos difícil do que eu imaginava, e até estou conseguindo acompanhar o raciocínio do autor. É uma obra realmente muito boa, e realmente apresenta contribuições pertinentes para as ciências econômicas. Pelo menos até o momento (pág. 174), ele ainda não apresentou as tão amadas e odiadas idéias de intervencionismo estatal e outras 'keynesianices', mas, pelo capítulo que acabei de ler, acho que não vai demorar muito para ele sair do plano teórico para partir para prospecções e estudos de caso.
2. Estudar para a 2ª prova de Antropologia. O exame será na manhã de quinta, e seria interessante se eu relesse os textos para encontrar relações e nexos entre eles para fazer uma boa dissertação.
3. Concluir uma resenha sobre a última palestra da Semana Política. Sim, é aquela do professor argentino em que pesaram os fatos de eu não entender muito o 'castelhano falado rapidamente' e não acreditar na entediante "resistência ao neoliberalismo" que povoa a esquerda latino-americana. Por que fazê-la? Oras, a profª de ICP dará 0,5 pontos extra na primeira prova para quem entregar a resenha. Sim, também sei ser pragmático, mesmo que menos do que deveria ser...
4. Descobrir o que, afinal, está acontecendo no Colégio Classe. Se alguém de minha ex-escola puder me explicar o que é esta tal crise entre os sócios, ficarei grato. O debate que li (mas, obviamente, não comentei) na comunidade orkutiana do colégio apresentou tantas versões que ainda não entendi direito a situação.
5. Preparar-me para os fins de semana desse mês. Acho que será a primeira vez em minha vida em que terei quatro 'weekends' consecutivos com eventos e 'things to do'. Dia 7 de Junho tem a Festa da Arquitetura; dia 15, COPOL (torneio de futebol entre os alunos de Ciência Política; fui 'contratado' pelo time do pessoal do quinto semestre, o Weber Brahma); dia 21, a 3ª e última prova de Introdução à Economia e o CHUPOL (churrasco organizado pelos... ah, vocês entenderam); e dia 29, meu aniversário, ocasião em que provavelmente viajarei para Goiânia.

Pronto, é hora de sair do PC. Tenho que ler mais 22 páginas para cumprir minha cota diária de "A Teoria Geral". Só assim para terminá-lo até dia 5.

01 junho 2008

"Prefiro um cão vivo a um leão morto"

A frase do título é do Thoreau, mas eu falarei sobre ele mais tarde.

Após a recomendação da profª Marisa e um lampejo de sensatez de minha parte, resolvi deixar a proposta de apresentação de ICP mais enxuta:

1. Os princípios do libertarianismo
a) Filosofia política: Estado-mínimo e liberdade individual
b) Economia: propriedade privada e livre mercado
c) Implicâncias políticas e econômicas: “governo de leis” e livre comércio

2. Os libertários nas Eleições 2008 nos EUA: ênfase em Ron Paul e Bob Barr

Agora que já resolvi esse problema da adequação ao tempo, resta-me outro: preparar aquele texto contendo todos os tópicos originalmente pretendidos. Não será fácil, mas buscarei aproveitar os dias que tenho até a apresentação - a qual, aliás, será no dia 19 - para concluí-lo. Farei o possível para que fique bom.

Sobre Bob Barr: poxa, eu fiquei surpreso quando li sobre a trajetória política dele. Já tinha visto muitos esquerdistas (inclusive Kaio Felipe e o ex-democrata Mike Gravel) que migraram para o libertarianismo, mas nunca tive notícia de um ultra-conservador que tivesse virado libertário!
Estamos falando de um político que foi um dos líderes do processo de impeachment contra Clinton (ou seja, protagonista de um dos momentos mais hipócritas dos anos 90), que era contra a maconha medicinal, o aborto e a união civil entre gays, que votou a favor do Patriot Act e da resolução pela intervenção no Iraque, e que chegou a sugerir ao Pentágono que a prática Wicca fosse abolida dos meios militares. Ou seja, tudo que é tipicamente conservador e reacionário na política americana.
O que fez um sujeito desses mudar da água para o vinho (ou melhor, para a Pepsi, para ser coerente com minha sobriedade)? Há quem diga que a humilhante derrota na tentativa de reeleição para o Congresso em 2002, para a qual foi decisiva a participação dos libertários que o desprezavam, foi quase que uma epifania na vida de Barr. Desde então, ele virou um dos maiores críticos da administração de Bush, tanto a respeito do belicismo quanto das severas restrições às liberdades civis. Além disso, fez publicamente várias autocríticas, reconhecendo que defendia causas deploráveis. Houve quem desconfiou desse revisionismo, mas, depois que em 2006 ele abandonou os republicanos e se filiou ao Partido Libertário e, no ano seguinte ligou-se ao lobby da maconha medicinal, percebeu-se que ele realmente era um novo homem.
De fato, Bob Barr passou a ser um 'quarto quadrante', unindo a sua convicção de longa data na liberdade econômica com as recém-adquiridas posições progressistas no âmbito social e político.
Muitos analistas dizem que ele pode arrancar votos preciosos de John McCain, pois seu nome atrai alas da direita republicana que defende o isolacionismo/não-intervencionismo. Obama (e também Hillary, que é cotada para ser a vice em sua chapa) teria muito a comemorar com isso, mas não nos esqueçamos que o 'verde' Ralph Nader voltará a disputar o pleito; a derrota de Al Gore em 2000, que perdeu uma fatia mínima, porém fundamental, de eleitores para ele nos "Undecided States" do interior do país.

Agora sim, "Walden".
Embora tenha enrolado na quinta e na sexta, acordei no sábado com uma sensação de "Hoje você não me escapa!" em relação ao livro. Felizmente, meu método de lê-lo em voz alta (ou seja, não só com os olhos - faço questão de ser redundante, hehe) funcionou, e li as últimas 110 das 259 páginas em um só dia.
Embora às vezes difícil de se ler por seu tom tão minucioso em relação à contemplação da natureza que Thoreau fez nos dois anos em que morou perto do Lago Walden, a obra é memorável. É raro ver um escritor que consegue encantar tanto o leitor com a celebração de seu estilo de vida. O Henry David Thoreau de "A Desobediência Civil" também está presente aqui, com todo o seu individualismo e misantropia - obviamente, no melhor sentido que tais posturas possam vir a ter.
O livro, embora alterne entre capítulos mais descritivos e outros mais analíticos, tem certas passagens que se sobressaem, seja pelo humor (como a do título) ou pela perspicácia em analisar o quanto a mesquinhez da vida urbana e o desprezo pela natureza podem apodrecer a alma do ser humano. Devo confessar que sou um dos alvos das constatações do autor, haja vista que sou um urbanóide. Mesmo assim, isso não me impede de reconhecer que, a despeito da distância histórica entre eu e ele - afinal, em 1847 eu talvez gostasse mais de viver em contato com a natureza -, ainda tenho algo a aprender com um sujeito que foi viver nos bosques e que, de tal solidão, retirou uma valiosa experiência de vida.