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Kaio

 

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01 junho 2008

"Prefiro um cão vivo a um leão morto"

A frase do título é do Thoreau, mas eu falarei sobre ele mais tarde.

Após a recomendação da profª Marisa e um lampejo de sensatez de minha parte, resolvi deixar a proposta de apresentação de ICP mais enxuta:

1. Os princípios do libertarianismo
a) Filosofia política: Estado-mínimo e liberdade individual
b) Economia: propriedade privada e livre mercado
c) Implicâncias políticas e econômicas: “governo de leis” e livre comércio

2. Os libertários nas Eleições 2008 nos EUA: ênfase em Ron Paul e Bob Barr

Agora que já resolvi esse problema da adequação ao tempo, resta-me outro: preparar aquele texto contendo todos os tópicos originalmente pretendidos. Não será fácil, mas buscarei aproveitar os dias que tenho até a apresentação - a qual, aliás, será no dia 19 - para concluí-lo. Farei o possível para que fique bom.

Sobre Bob Barr: poxa, eu fiquei surpreso quando li sobre a trajetória política dele. Já tinha visto muitos esquerdistas (inclusive Kaio Felipe e o ex-democrata Mike Gravel) que migraram para o libertarianismo, mas nunca tive notícia de um ultra-conservador que tivesse virado libertário!
Estamos falando de um político que foi um dos líderes do processo de impeachment contra Clinton (ou seja, protagonista de um dos momentos mais hipócritas dos anos 90), que era contra a maconha medicinal, o aborto e a união civil entre gays, que votou a favor do Patriot Act e da resolução pela intervenção no Iraque, e que chegou a sugerir ao Pentágono que a prática Wicca fosse abolida dos meios militares. Ou seja, tudo que é tipicamente conservador e reacionário na política americana.
O que fez um sujeito desses mudar da água para o vinho (ou melhor, para a Pepsi, para ser coerente com minha sobriedade)? Há quem diga que a humilhante derrota na tentativa de reeleição para o Congresso em 2002, para a qual foi decisiva a participação dos libertários que o desprezavam, foi quase que uma epifania na vida de Barr. Desde então, ele virou um dos maiores críticos da administração de Bush, tanto a respeito do belicismo quanto das severas restrições às liberdades civis. Além disso, fez publicamente várias autocríticas, reconhecendo que defendia causas deploráveis. Houve quem desconfiou desse revisionismo, mas, depois que em 2006 ele abandonou os republicanos e se filiou ao Partido Libertário e, no ano seguinte ligou-se ao lobby da maconha medicinal, percebeu-se que ele realmente era um novo homem.
De fato, Bob Barr passou a ser um 'quarto quadrante', unindo a sua convicção de longa data na liberdade econômica com as recém-adquiridas posições progressistas no âmbito social e político.
Muitos analistas dizem que ele pode arrancar votos preciosos de John McCain, pois seu nome atrai alas da direita republicana que defende o isolacionismo/não-intervencionismo. Obama (e também Hillary, que é cotada para ser a vice em sua chapa) teria muito a comemorar com isso, mas não nos esqueçamos que o 'verde' Ralph Nader voltará a disputar o pleito; a derrota de Al Gore em 2000, que perdeu uma fatia mínima, porém fundamental, de eleitores para ele nos "Undecided States" do interior do país.

Agora sim, "Walden".
Embora tenha enrolado na quinta e na sexta, acordei no sábado com uma sensação de "Hoje você não me escapa!" em relação ao livro. Felizmente, meu método de lê-lo em voz alta (ou seja, não só com os olhos - faço questão de ser redundante, hehe) funcionou, e li as últimas 110 das 259 páginas em um só dia.
Embora às vezes difícil de se ler por seu tom tão minucioso em relação à contemplação da natureza que Thoreau fez nos dois anos em que morou perto do Lago Walden, a obra é memorável. É raro ver um escritor que consegue encantar tanto o leitor com a celebração de seu estilo de vida. O Henry David Thoreau de "A Desobediência Civil" também está presente aqui, com todo o seu individualismo e misantropia - obviamente, no melhor sentido que tais posturas possam vir a ter.
O livro, embora alterne entre capítulos mais descritivos e outros mais analíticos, tem certas passagens que se sobressaem, seja pelo humor (como a do título) ou pela perspicácia em analisar o quanto a mesquinhez da vida urbana e o desprezo pela natureza podem apodrecer a alma do ser humano. Devo confessar que sou um dos alvos das constatações do autor, haja vista que sou um urbanóide. Mesmo assim, isso não me impede de reconhecer que, a despeito da distância histórica entre eu e ele - afinal, em 1847 eu talvez gostasse mais de viver em contato com a natureza -, ainda tenho algo a aprender com um sujeito que foi viver nos bosques e que, de tal solidão, retirou uma valiosa experiência de vida.

 

Comentários:

 

 

ralph nader! :D


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