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Kaio

 

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30 abril 2008

"This is what we believe" - parte 1

Terminei duas leituras hoje: "Ideologias e Ciência Social", de Michael Löwy, e "Os Fundamentos da Liberdade", de Friedrich Hayek.
O primeiro era para a aula de Introdução ao Estudo da História. Gostei dele, pois ajudou-me a esclarecer algumas dúvidas e perder alguns preconceitos a respeito do historicismo e do marxismo.
Já o segundo já pode se considerar dentro da lista de melhores livros de 'não-ficção' que já li. Jamais pensei que conseguiria cumprir minha meta de ler as últimas 280 páginas em apenas três dias (pretendia terminá-lo hoje, para que eu encerrasse o mês em grande estilo), mas o fato é que consegui encerrá-lo, e até sobrou tempo para fazer muitas outras coisas nesses dias. Hoje, por exemplo, antes da aula de IEH, assisti ao filme "Loucademia de Polícia II" junto com alguns colegas no CAPOL.

"Os Fundamentos da Liberdade" é provavelmente uma das obras escritas no século passado que mais contribuíram para 'manter acesa a tocha da liberdade'. Mesmo segmentos tradicionalmente opostos ao liberalismo (que o digam Thatcher e os tories na Grã-Bretanha; aliás, foi ela quem proferiu a frase do título do post) acabaram aderindo a vários ideais de Hayek.
Pretendo falar sobre o livro na continuação desta postagem, pois hoje foi um dia ótimo, porém exaustivo, então não acredito que eu esteja em condições de escrever um bom texto no momento. Então, boa noite para vocês.

Obs.: Com a conclusão destas duas leituras, já completei 25 nesse ano. Amanhã pretendo começar uma que há tempos espero a oportunidade para retomar: "A Montanha Mágica", de Thomas Mann. Parei na metade dele em fevereiro do ano passado. Será que dessa vez conseguirei terminar de lê-lo?

27 abril 2008

Tédio, Esportes e TV

Fim de semana entediante para Kaio Felipe.
Tive uma certa ressaca literária, pois não fiquei com disposição para ler sequer Hayek. Espero que as coisas voltem ao normal amanhã.
O sábado foi mais chato que o domingo, ainda mais depois que, após todo o trabalho que tive pra abrir o pote de sorvete (inclusive me cortando, como podem testemunhar dois 'lugares' da minha mão direita), descobri que o mesmo estava derretido. Frustrante, não?
O dia de hoje foi em parte salvo pela internet e, principalmente, pela combinação TV + esportes. Teve Fórmula 1 (dobradinha impecável da Ferrari e infortúnios para Piquet, Barrichello e, principalmente, para Kovalainen), Campeonato Italiano (felizmente, a Inter está cada vez mais perto do título), Campeonato Paulista (outra alegria para mim, devido à vitória do Palmeiras) e Fórmula Indy (enquanto escrevo este post, a corrida ainda está sendo realizado, com Kanaan e Castroneves entre os quatro primeiros).

Enfim, este foi o preço que eu tive que pagar por uma ótima noite de sexta-feira, com a Biovinil. Imaginem então se eu não fosse sóbrio, e tivesse bebido álcool naquela festa? Digamos que minha ressaca não seria apenas literária, hehe!

Obs.: De qualquer maneira, o desânimo teve uma vantagem: aproveitei para ouvir o disco novo do Portishead na noite de sábado. Que coisa mais deprê, não? =D

26 abril 2008

Let's dance!

5 meses depois do Goiânia Noise, voltei a ir a uma balada/festa/evento. E o retorno não poderia ser melhor: a Biovinil foi ótima! Além de ter conhecido muitas pessoas legais, dancei bastante a (espetacular) trilha sonora. Tocou de tudo de que eu gosto, desde New Order, Blondie, Soft Cell e Bee Gees até Franz Ferdinand, Chemical Brothers, Strokes e The Clash. De quebra, descobri que até Guns N' Roses é bom para se dançar!
Como sempre, eu fui 'psicotropicamente' movido por cafeína: muita Coca-Cola e Suflair. A propósito, tive um lampejo de altruísmo, e até dividi um pouco do chocolate com umas colegas minhas.
Cheguei lá pelas 21h, bem antes da festa começar (oras, eu não tinha nada melhor para fazer em casa), mas às 22h já encontrei alguns/mas conhecidos/as, com quem fiquei conversando. Fui embora (de carona, yay!) lá pelas 4h. Aliás, acabei de acordar; levantei-me às 11h30.

Enfim, falo mais sobre a Biovinil ou outro assunto relevante - para mim, é claro - no próximo post, que provavelmente ainda farei neste fim de semana.

24 abril 2008

Ponto e vírgula

Para começar, expresso minha imensa vontade de escrever um ensaio ou artigo sobre algum tema interessante; por exemplo, ideologias políticas e economia internacional. Espero que a inspiração para tal empreitada surja o mais rápido possível. Estou cansado de só falar sobre minha rotina no blog: livros que eu leio, aulas que eu freqüento, novidades na minha rotina etc. Cadê aquele Kaio que realmente escrevia sobre algo? Seinfeldianismo tem limite, não acham?

Azar na produção escrita, sorte nas leituras. "Os Fundamentos da Liberdade" (Hayek) é realmente uma obra fascinante, que consegue mesclar elementos de direito, economia, filosofia política e até sociologia e antropologia. Enfim, é um daqueles livros que eu adoraria ter escrito. Mas, como F. A. Hayek já o fez (48 anos) antes de mim, o jeito é buscar novas abordagens, perspectivas e temáticas para elaborar, quem sabe, uma obra tão poderosa quanto a que estou a ler.
Aliás, é mais um dos ótimos livros que estou a ler em 2008, e promete ser um ótimo sucessor para os últimos três: o didático "Sobre a Democracia" (Robert Dahl), o lúcido "Liberalismo" (Mises) e o elegante "As Conseqüências Econômicas da Paz" (Keynes).

Fui razoavelmente bem na prova de Introdução à Economia: 8,45. Para quem estudou muito pouco para o exame e esperava tirar menos de 7, a nota foi um certo alívio. Porém, ainda há tempo para obter resultados ainda melhores, e é um dever de minha parte estudar (bem) mais para a próxima prova, que provavelmente será mais complicada. Além do mais, já que eu gosto da matéria, por que não me dedicar mais ao 'estudo formal' da mesma?
Hoje fiz a prova de Introdução à Ciência Política. Acredito que eu tenha ido bem, mas sabe-se lá se a correção da professora será rígida e meticulosa ou não.
Tenho prova de Antropologia dia 29, Direito no dia 6 de Maio e História no dia 7, e nenhuma das três promete ser fácil. Logo, seria interessante se eu conciliasse minhas 'leituras e atividades extracurriculares' com o já citado 'estudo formal'.

Os dias se passam, e eu fico cada vez mais a favor de John McCain quando o assunto é Eleições 2008 nos EUA. Os democratas correm o risco de perder uma eleição ganha, pois o cisma entre os pró-Hillary e os pró-Obama é cada vez mais perigoso para o partido. Além do mais, os ataques pessoais e as propostas socioeconomicamente intervencionistas (diria até neokeynesianas, mesmo que eu ainda não tenha lido "A Teoria Geral" para corroborar tal argumento) que ambos vêm expondo são patéticas.
McCain e os republicanos moderados paulatinamente vêm me convencendo que a principal polêmica de seu programa de governo - a manutenção da Guerra no Iraque - não é tão indesejável quanto eu pensava. Poderei explicar minha 'revisão de conceitos' em outro post, mas, em linhas gerais, as resistências que eu tinha à ala branda do Partido Republicano foram se dissipando. Além do mais, eles defendem a liberdade econômica de maneira mais intensa que os democratas, e o desgaste dos neoconservadores gera esperanças quanto a um certo enfraquecimento dos fundamentalistas e (falsos) moralistas que tiveram voz na Era W. Bush.

Por último, uma pitada de marketing pessoal. É que eu apareci em uma matéria do site Vírgula. Como ontem (23/04) era o Dia Internacional do Livro, e eles queriam escrever um trecho sobre a popularização dos livros de bolso, entraram em contato comigo por e-mail, haja vista que eu sou dono de uma comunidade do assunto no orkut. Respondi algumas perguntas e... bem, lá estou eu no artigo, hehe. Para quem quiser ler, clique aqui e também aqui.

21 abril 2008

As conseqüências psicológicas de morar sozinho

Passei o feriado em Goiânia. Foram três dias relativamente legais. Não senti saudade nem indiferença; foi algo como um meio-termo, uma sensação de "é bom estar de volta a meu antigo lar, como uma lembrança do passado, e só." Ao que parece estou gostando mesmo de morar sozinho, certo? Não tenha dúvidas disso. O título do post foi só um pedantismo; não pretendo divagar exaustivamente sobre o assunto, até porque quero dizer mais do que adjetivações e obviedades.

Voltei hoje à tarde, e cheguei em um dia e horário impróprios: a Rodoviário do Plano Piloto estava movimentadíssima às 17h. Como hoje é aniversário de Brasília, o GDF organizou vários eventos, e obviamente as massas não perderiam a chance de ver vários shows e outras atrações de graça. Não critico essa política 'pão e circo'; é bom ver a alegria na cara do povo, hehe. Só mesmo os esquerdistas, tão tolinhos, para achar que a plebe quer revolução, igualdade social e outras besteiras. Não sei quanto a vocês, mas eu nunca vi um pobre que fosse socialista.
Ok, provocações infantis à parte, o fato é que é fácil agradar as massas, e seria estranho se não o fosse. A única reclamação que muitos farão será em relação aos ônibus, que obviamente ficaram todos lotados e lentos em razão do engarrafamento, mas, era de se esperar: dizem que mais de 500 mil pessoas compareceram ao evento no Plano Piloto.
De qualquer maneira, eu vi que seria inviável pegar um ônibus para chegar até a minha kit-net. Um táxi sairia caro demais. Logo, restava a mim apenas uma alternativa: ir a pé. E foi o que eu fiz: 1 hora e 20 minutos depois, após uma atípica peregrinação (leve-se em conta que eu estava carregando a minha pasta-mochila e uma mala pesada), cheguei ao meu recinto.

"As Conseqüências Econômicas da Paz" (Keynes) surpreende por cativar mesmo com um tema não necessariamente atraente. Só mesmo o mais amado e odiado economista do Século XX para tornar interessante uma discussão sobre reparações de guerra, erros e exageros nas reinvidicações dos vencedores do conflito, a impossibilidade da Alemanha de pagar as dívidas e imposições, o decepcionante desempenho de Wilson nos debates de Versalhes, o nefasto revanchismo que assolava a Europa, a traição aos Quatorze Pontos e às promessas feitas durante o armistício etc. Mal posso esperar para ler a "Teoria Geral". O problema é que há pelo menos uns três livros que eu quero ler antes: "Fundamentos da Liberdade", "Direito, Legislação e Liberdade" (ambos de Hayek) e "Anarquia, Estado e Utopia" (Robert Nozick). Isso sem falar que preciso ler para a aula de Antropologia o longo ensaio "Baloma: os espíritos dos mortos nas Ilhas Trobriand".

E não é que o Portishead, onze anos depois, lançou disco novo? Pretendo baixar "Third" neste fim de semana. É o primeiro lançamento realmente bacana de 2008. Mal posso esperar por vários outros, especialmente pelo terceiro álbum do Franz Ferdinand, que só chega em outubro...

18 abril 2008

Radicalizações, tanto de canhotos quanto de destros

Leiam Outr'análise; uma das matérias da edição dessa quinzena foi escrita por mim.
O link desse webjornal está na barra à esquerda. Sobre o texto, eis uma reprodução do mesmo:


A invasão/ocupação da reitoria: uma outra análise


Qual a melhor maneira de conduzir uma reivindicação: pela racionalidade e os meios institucionais ou por ações diretas e levadas pela emoção? O movimento estudantil da Universidade de Brasília optou pela segunda alternativa. Se, por um lado, a morosidade dos últimos anos deu lugar à intensa participação e engajamento de muitos estudantes, por outro os métodos utilizados não poderiam ser mais questionáveis: a invasão da reitoria.
É claro que a ocupação traria (e, de fato, trouxe) maior visibilidade na imprensa, assim como também é certo que as denúncias de improbidade administrativa e falta de ética na gestão do reitor Timothy Mulholland criaram uma situação insustentável na UnB. Porém, invadir (e residir em) um patrimônio público como ato de protesto é tão válido assim? Será que a arbitrariedade da ocupação não iria de encontro com o Estado de Direito, constituindo-se em uma imposição, em uma atitude autoritária?
Desde o primeiro dia (3 de Abril), posicionei-me contra a invasão. Motivos não me faltavam: a falta de planejamento do movimento, visto que a intenção inicial era resumir-se a uma passeata pacífica; a ausência de identificação dos alunos com o mesmo, visto que a grande maioria – silenciosa, infelizmente – não se sentia representada pela retórica sectária e anacrônica do DCE e adjacências; o desprezo pelos procedimentos legais, pois já estava marcada para o dia seguinte uma reunião do CONSUNI (Conselho Universitário), assim como já estavam tramitando denúncias e acusações contra Mulholland no Ministério Público e no MPDFT.
Na (famigerada) assembléia da segunda-feira 7, ganhei mais motivos para a minha (o)posição. Meus temores de partidarismo no seio do movimento foram concretizados quando eu me deparei com discursos, bandeiras e manifestos de representantes do Conlute/PSTU, da UNE, da CUT, entre outros. Logo, a alegação de ser uma frente plural e apartidária era substituída por uma visível inclinação à esquerda e um evidente oportunismo político de muitos dos envolvidos. Nem preciso falar na "tirania democrática" que predominou, lembrando muito os tempos greco-romanos de assembléias em que demagogos e agitadores manipulavam massas de manobra e incitavam o repúdio e a vaia a seus opositores.
Como se não bastasse, os estudantes reafirmaram seu desprezo teórico e prático pelos meios legais, com a progressiva exaltação dos discursos e a subseqüente expansão da invasão. Pancadaria não faltou entre universitários e seguranças, e nenhum dos dois lados poderá afirmar que foi pacífico. Até visitei a reitoria na noite daquele dia, e a suposta atmosfera de cooperação em meio à luz e água cortadas não escondia a radicalização de uma (pretensa) desobediência civil.

Entre as quase vinte pautas do movimento, algumas são pertinentes (a abertura das contas das fundações, as reformas na Casa do Estudante e a construção de um Restaurante Universitário no campus de Planaltina, por exemplo), mas outras são bem controversas, como a paridade. Venhamos e convenhamos: os estudantes não são tão comprometidos com a universidade como julgam ser, não só pela heterogeneidade de interesses e idéias e o fato de que a maioria fica por menos de meia década na faculdade, como também pelo conhecimento limitado que têm do funcionamento e da administração da mesma. Além disso, isso nem é a prioridade da maioria esmagadora dos universitários, excetuando-se aqueles que a usam como "laboratório político". Logo, seria dar um poder excessivo e perigoso para um segmento mais suscetível e instável que os professores e funcionários.
Verificou-se que, apesar de todas as reivindicações, a principal - e denominador comum entre os estudantes - era a renúncia coletiva do reitor e de seu vice e decanos. Após tanta pressão por parte de alunos, professores e da mídia, era inevitável o afastamento e a exoneração de Timothy Mulholland e sua "equipe". É inegável que o movimento estudantil da UnB obteve uma vitória, ainda mais com a rápida escolha do reitor interino, Roberto Aguiar, que se demonstrou aberto a negociações e favorável a certas pautas. Logo, a decisão pela desocupação viria mais cedo ou mais tarde, concretizando-se em 17 de Abril, exatamente duas semanas depois de seu início.
Mesmo que à custa de métodos polêmicos e desrespeito aos bens públicos, o fato é que, finalmente, houve lampejos de maturidade dos dois lados, e um período de mudanças e reformas está a se iniciar na UnB. Se o movimento estudantil fará a opção pela sensatez e pela legalidade (que lhe traria legitimidade) ou por uma nova onda de demagogia, não se sabe, mas ao menos ele deu mostras de que tem condições de se engajar e lutar por boas causas. Contanto que ele se mantenha afastado de nostalgias e megalomanias, a universidade só tem a ganhar com isso.

Mudando de assunto, fiquei um pouco chateado com certos capítulos de "Liberalismo", de Ludwig von Mises. Por exemplo, é visível o preconceito e o repúdio que ele tem em relação à Rússia (ele chega a acusar russos como Dostoiévski e Tolstoi e seus respectivos entusiastas e leitores de neuróticos), assim como a sua tentação de vislumbrar um mundo em que o liberalismo seja o 'pensamento único'. Em um livro tão bom, estes lampejos de frieza e ira causam estranheza no leitor. É claro que tal extremismo é reflexo de um contexto histórico tumultuadíssimo (a segunda metade da década de 20), em uma Europa cada vez mais dominada pelas ideologias socialistas e nacionalistas.
Mises, como um dos poucos liberais remanescentes, tinha lá seus motivos para tanta fúria em certos momentos da obra. Felizmente, seu tom foi se apurando com o tempo, e já em "Intervencionismo" e "O Mercado" (lembrem-se que eu ainda não li a opus magnum "Ação Humana") pude notar um Ludwig mais sereno e com uma campo de atuação mais definido. Ele deixa a psicologia social de lado e concentra-se na economia e suas implicações políticas; a "especialização" não poderia ter sido mais benéfica para a sua produção intelectual.
Aliás, fazendo uma analogia com outro dos mais influentes pensadores do liberalismo do século XX, Friedrich Hayek passou por uma situação semelhante. Verifica-se em "O Caminho da Servidão" um profundo repúdio aos alemães da parte dele. Lembrem-se, no entanto, que é uma obra de 1944, época em que o nazismo era uma ameaça que inspirava indignação por parte dos defensores da liberdade. De quebra, o país em que ele residia (Inglaterra) e muitos dos Aliados se aproximavam ideologicamente dos soviéticos, o que poderia levar à 'troca' de um totalitarismo por outro. O próprio Hayek reconheceu seus excessos no prefácio que fez para as novas edições da obra, em 1974 e 1975.
Há vários outros exemplos de exageros e imprecisões que certos liberais e libertários cometeram - no meu caso, então, isso é extremamente comum, rs -, como o de Rothbard contra a direita nos anos 60, mas isso é algo que continuarei a discutir em um outro texto/ensaio/artigo, que estou a elaborar.

15 abril 2008

Mises, Professor Mises

Que Ludwig von Mises foi um dos maiores economistas do século XX não há dúvidas. Ainda estou esperando uma encomenda que fiz no site do Instituto Liberal ("Ação Humana", a obra-prima dele), mas, enquanto isso, estou a ler "Liberalismo", e comprei ontem "Uma Crítica ao Intervencionismo" em um sebo. Além disso, já li "As Seis Lições" (foi o primeiro, em julho de 2007), "Intervencionismo: Uma Análise Econômica" e "O Mercado" (que é, na verdade, um excerto de "Ação Humana", contendo o que dizem ser um dos melhores capítulos de tal obra).
Mises é dotado de uma capacidade argumentativa notável, capaz de encantar o leitor com seu raciocínio preciso. Fecharei o post de hoje com um trecho de "Liberalismo" que, se associado a certos fatos que cercam meu cotidiano, mostra que, afinal, a realidade de 1927 não é tão distante assim de 2008:
"Uma ação racional se distingue de uma ação irracional pelo fato de envolver sacrifícios provisórios. Tais sacrifícios são apenas aparentes, uma vez que são contrabalançados pelos resultados favoráveis que surgem mais tarde. A pessoa que evita uma comida saborosa, mas prejudical faz, simplesmente, um sacrifício provisório e aparente. O resultado - a não ocorrência de males à sua saúde - demonstra que ela não perdeu coisa alguma: ao contrário, ganhou.
Agir desse modo, entretanto, exige que se vislumbrem as conseqüências da ação de alguém. O demagogo se aproveita desse fato. Opõe-se ao liberal, que aconselha sacrifícios provisórios e simplesmente aparentes, e o denuncia como um frio inimigo do povo, ao mesmo tempo em que se coloca como um amigo da humanidade. Em socorro às medidas que advoga, o demagogo sabe muito bem como tocar o coração dos que o ouvem e levá-los às lágrimas, com alusões à necessidade e à miséria."

13 abril 2008

Rocks Off

Tive três visitantes em minha kit-net neste fim de semana: minha mãe, minha avó e meu irmão caçula. Desde a Páscoa eu não os via. Foi até legal, apesar de alguns inconvenientes (por exemplo, as birras do meu irmão por qualquer motivo). Mas, tive uma nova evidência de que eu já me habituei a morar sozinho. Minha atitude perante a família já é condizente com o clichê "universitário misantrópico de araque que vai morar em outra cidade". Como provavelmente passarei o fim de semana que vem em Goiânia, terei um novo teste para saber se a 'mudança de comportamento' cristalizou-se.

Então, o Palmeiras, como eu temia, perdeu para o São Paulo. Essa história de "equipe em crise" é sempre anúncio de reviravolta em um clássico, com o favorito perdendo para o time que está numa situação "ou vai ou racha". Desta vez, houve um agravante: gol de mão do Adriano. Eu não sou do tipo que fica resmungando sobre a arbitragem, mas o fato é que a bandeirinha e o juiz acabaram deixando a desejar. Espero que, no jogo de semana que vem, o qual ocorrerá no Parque Antártica, o Palmeiras vença e minimize esses detalhes inconvenientes.
Em compensação, a Internazionale venceu, e continua com 4 pontos de vantagem para a Roma. Após aquela série de resultados ruins (inclusive eliminação na Liga dos Campeões), parece que a Inter voltou a encontrar seu caminho.

Terminei de ler "Entre os cupins e os homens" mais rápido do que eu esperava; foi ainda na noite de sexta. O livro é ótimo, e apresenta as idéias fundamentais do liberalismo, da economia de mercado e do individualismo de maneira agradável e lúcida. Será que algum dia as editoras mainstream resolverão republicar o catálogo de obras interessantíssimas que o Instituto Liberal lançou na década de 80? Existem livros que não foram feitos apenas para ler, mas também para ter, e os textos de Mises, Hayek, Rothbard, Friedman, Bastiat e outros mereciam voltar às livrarias.

Estou viciado em Rolling Stones. Arrependo-me profundamente de ter sido um beatlemaníaco tão xiita a ponto de subestimar os Stones nos últimos 5 anos. Sempre ouvi, digamos, os 20 maiores sucessos deles (aliás, "Gimme Shelter" está há séculos entre minhas canções prediletas), mas nunca havia me aprofundado. Compensei esse erro baixando o Forty Licks inteiro, além de músicas avulsas de Hot Rocks 1964-1971, Beggars Banquet, Let It Bleed, Sticky Fingers, Exile On Main Street e A Bigger Bang.
Nem preciso dizer qual a banda que ouvirei no meu mp3 player amanhã, no caminho para a universidade, certo?

11 abril 2008

Praxeologia

Amanhã tenho prova de Economia. Formalmente, estudei muito pouco, e sei do risco disso. Logo, nada de previsões tão otimistas, por mais que eu goste de tal matéria. Uma coisa não necessariamente leva à outra. De qualquer maneira, tentarei dar o melhor de mim no exame.

Livro que estou a ler: "Entre os cupins e os homens", de Og Francisco Leme. Ótima leitura, provavelmente conseguirei terminá-lo já amanhã.

10 abril 2008

Algo a acrescentar, nada a acrescentar

Para começar, um levantamento dos últimos oito livros que eu li nesse ano, ou seja, todos que eu concluí desde o post de 20 de Março:
- "Política e Relações Internacionais" (Marcus Faro de Castro)
- "Esquerda e Direita: Perspectivas para a Liberdade" (Murray Rothbard)
- "Desemprego e Política Monetária" (Friedrich Hayek)
- "O Mercado" (Ludwig Von Mises)
- "A Nova Economia Brasileira" (Mario Henrique Simonsen e Roberto Campos)
- "O Estrangeiro" (Albert Camus)
- "À Paz Perpétua" (Immanuel Kant)
- "Sociologia dos Partidos Políticos" (Robert Michels)

Há outros que eu comecei e não terminei, como "As Conseqüências Econômicas da Paz" (John Maynard Keynes), mas pretendo 'encerrá-los' nos próximos dias.
Eu até pensei em fazer uma resenha sobre estas obras, mas, infelizmente, terei de insistir no tema retratado nos dois posts anteriores. Prometi que não retomaria tal assunto, mas a assembléia dos alunos de Ciência Política que tive hoje exigiu que eu insistisse nele.
A ladainha extendeu-se das 18h às 20h20, e, como eu esperava, a maioria esmagadora dos mais de 40 alunos presentes apoiou a radicalização do movimento. Nem o afastamento do reitor (tática bem à la Renan Calheiros, é verdade) diminuiu a efervescência e o apoio à baderna, por mais que a questão tenha ido parar nas instâncias do Ministério Público e que haja a necessidade de reintegração de posse.
Eles querem, por exemplo, paridade, renúncia do tripé (reitor, vice-reitor e decanos), manutenção da invasão e até uma paralização dos estudantes amanhã. Só consegui uma ou outra vitória, mas em assuntos que beiravam o nonsense, como a possibilidade de greve ou o apoio à idéia do dia nacional da ocupação. Felizmente, ambos foram refutados. No mais, minha tentativa de moderação foi esmagada à exaltação dos meus colegas de curso. Leiam a seguir uma transcrição que fiz do meu curto discurso - o qual, obviamente, não interessou ao pessoal:
"Continuo sendo contra a invasão, mas acredito que minha posição já é irrelevante diante do consenso que há quanto à questão da ocupação. Não por acaso, desde terça eu resolvi me ausentar de quase todas as discussões e assembléias, pois julgo que não há sentido em banca o profeta no deserto. Nem falarei do partidarismo e do oportunismo político, tão evidentes e tão hipocritamente negados.
Portanto, apenas reitero que sou a favor de certas pautas, como a abertura das contas das fundações, mas permaneço contra aquelas que julgo utópicas, como a paridade, e aquelas que julgo desproporcionais,como a paralização de amanhã e uma hipotética greve.
De qualquer maneira, limito-me a alertar para o binômio "laboratório político + massa de manobra" que parece progressivamente tomar conta do movimento. Acredito que nada mais tenho a acrescentar."

09 abril 2008

Para (tentar) encerrar o assunto

Um movimento que fala em 'dia nacional da ocupação', greve dos estudantes, paralização e tomada dos institutos pode ser levado a sério?
Nem fui à assembléia de hoje, e fiz bem. Pelo que me disseram, as pautas votadas pelos 1,6 mil "estudantes" que compareceram à reitoria foram tão ou mais absurdas do que as quatro que citei no primeiro parágrafo. Os invasores parecem a cada dia se desmoralizar ainda mais. Afinal, deve ser realmente um complexo de imbecilidade, pois partidos patéticos como o PSOL e o PSTU só têm força na universidade, que supostamente seria um recinto de produção intelectual. Vai entender...
Só não torço para a polícia arrebentar os invasores porque minha raiva não é tão grande a ponto de deturpar meus princípios. Confio nos lampejos de lucidez de que cada ser humano é capaz, e torço para que, agora que o MP já levou a questão do reitor para o âmbito da Justiça, os pseudorebeldes resolvam sair da reitoria. Claro que será difícil, pois a maioria usa o movimento como desculpa para faltar às aulas, dizer "mamãe, estou na TV" e manter pretensões ridículas (acreditem se quiser, mas já vi cartazes do tipo "Abril 2008, Maio 1968"). Isso sem falar no binômio laboratório político + massa de manobra, já alertado por outros opositores da invasão.
Não nego que me sinto profundamente chateado e decepcionado com tudo isso. Em um mês de faculdade, já constatei que há muito mais pessoas energúmenas do que eu esperava. O jeito é contar com algumas das 23 mil que não participaram da palhaçada na reitoria, rs.

Ah, terminei de ler hoje "Sociologia dos Partidos Políticos" (Robert Michels), um dos clássicos da Teoria das Elites. Apesar de irritante, pessimista e maçante em certos momentos, a obra ajuda consideravelmente a entender movimentos políticos dos últimos anos, assim como desmascara táticas demagógicas e, é claro, serve para entender o autoritarismo do movimento estudantil e de partidos políticos esquerdistas pretensamente democráticos. Foi a 19ª leitura que concluí em 2008. Amanhã, se possível, falarei sobre algumas das outras dezoito. Até mais.

08 abril 2008

De volta à rede

Um mês: foi exatamente este o tempo que eu fiquei oficialmente sem Internet. Até postei no blog uma ou outra vez desde dia 8 de Março, mas foi só hoje que chegou a rede na minha kit-net.
Há tanto a se dizer sobre os últimos dias que eu resolvi adiar algumas pautas. Hoje só falarei de um assunto bem recorrente, e que envolve a universidade em que estudo.

Pois é, sou contra a invasão da reitoria da UnB. Motivos não me faltam, mas vou citar só cinco: 1. 'Tirania democrática' na conduta do movimento estudantil; 2. Falta de identificação e representatividade em relação à grande maioria dos estudantes (inclusive eu); 3. Desrespeito ao Estado de Direito e desprezo pelos procedimentos legais; 4. Partidarismo, pois até a CUT e o Conlute se pronunciaram a favor da invasão; 5. O maquiavelismo de achar que a conduta do reitor (que realmente é condenável; também sou favorável ao afastamento dele) é justificativa para ocupar um patrimônio público e ter uma postura irredutível e intransigente.

Amanhã eu falo um pouco mais sobre esse assunto e vários outros, como, por exemplo, os últimos livros que eu li e minha rotina nas últimas semanas.