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Kaio

 

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30 setembro 2008

Script para próxima postagem

Queria postar algo hoje, mas acabei de ler dezenas de páginas de "Quem é John Galt?", então estou meio cansado. Inclusive vou ter que deixar para amanhã à noite alguns compromissos, como preparar o rascunho sobre minha parte no EcoSoc da SINUS e resenhar um certo disco (surpresa...).

Portanto, eis a pauta do texto de amanhã - ou outra data, tudo depende de minha disponibilidade e inspiração:
1. Primeiras impressões sobre o, por assim dizer, romance libertário chamado "Quem é John Galt?", escrito por Ayn Rand. Preciso dizer como e por que, embora (ou justamente por ser) denso, estou adorando lê-lo.
2. Um comentário sobre a invasão de 'azevedetes' no blog de uma matéria que faço na UnB, chamada "Escrita e Sociedade na América Latina", depois que Reinaldo Azevedo ficou irado quando descobriu que lemos e comentamos um texto dele.
3. Algo mais sobre minhas últimas leituras e pretensões de pesquisa.
4. E, é claro, o que penso sobre a crise financeira nos EUA.

29 setembro 2008

Bag It Up

Cinco dias sem postar. Por quê?
Quinta e sexta eu estava muito ocupado com assuntos relativos à universidade: eleições, (infelizmente, ganhou o José Geraldo, mas com mais dificuldade do que eu imaginava: 51,6% dos votos), entrevista para o PET (pois é, passei na prova, e fui convocado para a 2ª fase do processo seletivo), textos e aulas, para ser mais exato.
Sábado eu resolvi fazer um agrado para mim mesmo, e, depois da aula de Francês, almocei no McDonald's. Além disso, li as quase cem páginas que me faltavam para terminar "Liberdade de Escolher", e ainda li o comecinho de outro livro do casal Friedman, "Tirania do Status Quo"; aproveitei também para esbanjar o fato de ter conseguido configurar o emulador de DS, e joguei horas de "Pokémon Diamond".
Domingo teve Fórmula 1 (sem comentários, exceto inevitáveis alusões à absurda incompetência da Ferrari no pit stop de Felipe Massa e à primeira - e, provavelmente, única - vitória de Alonso no ano), Campeonato Brasileiro (Palmeiras, quatro anos depois, volta a terminar uma rodada como líder, embora tenha jogado mal contra o Náutico; tudo graças ao Gre-nal, que resultou em uma esmagadora vitória de 4 a 1 do Colorado), mais Pokémon e outra centenas de páginas lidas, dando prosseguimento à leitura do segundo livro da minha 'Friedman week'.
Hoje não tenho escapatória, portanto, vamos ao post.

Acordei cedo, e antes das 12h já tinha acontecido muita coisa: aula (e controle de leitura) de FEB, conclusão de "Tirania do Status Quo" (faltavam só 70 páginas; a propósito, gostei muito do livro, e pretendo fazer um post sobre o principal expoente da Escola de Chicago em breve), descoberta de que Kaio não havia sido selecionado para o PET e almoço.
À tarde, aula de POL ECO MUN, conversa com uma petiana em que ela discorreu sobre o processo de seleção e o porquê de Kaio não ter sido escolhido (juro que não fui eu quem puxou o assunto, mas sim ela), leitura e escrita do resumo de minha parte no seminário roleta-russa de Rousseau (a propósito, meu grupo nem foi sorteado, hehe), aula de TPM, notícia na Globo de que o Congresso americano não aprovou o pacote e as bolsas despencaram (em outra postagem exponho minha visão sobre a crise imobiliária) e volta para casa.

Vamos aos tópicos a serem discutidos no resto do post:
1 - A Questão PET/POL: Pois é, fui rejeitado pelo Programa de Educação Tutorial em Ciência Política. Os três selecionados eram de semestres mais avançados (ok, 3º e 4º, mas ainda assim meus 'gerontos') e tinham mais "bagagem" e experiência que eu (como participação em atividades de extensão, militância em movimento estudantil e, ingresso em pesquisa de professores da linha temática contemporânea do PET).
Fiquei chateado? Indubitavelmente. Porém, depois de uma reflexão no resto do dia, concluí que foi ótimo eu não ter sido aprovado. "Por quê?" Oras, porque eu estaria compromissado com uma empreitada que teria grandes chances de me frustrar.
Em primeiro lugar: a garota petiana disse que, embora ela mesma tivesse sido a favor de minha seleção, os outros membros estavam céticos quanto à possibilidade de eu ter "perfil de membro do PET" e conseguir trabalhar bem em grupo - afinal, eu mesmo confessei na entrevista que sou "egoísta".
Segundo, quem disse que eu gostaria de sacrificar tantas horas do meu tempo livre - ou inclusive aquele dedicado a matérias que estou a cursar - para ir às reuniões e outras atividades? Não que eu seja uma pessoa ocupada, mas não estou certo de que eu me devotaria para valer a um grupo que, atualmente, está estudando temas que eu não conheço tanto (embora até gostaria de saber mais sobre eles), tampouco tenho tanto interesse assim: movimentos sociais e ação coletiva transnacional, por exemplo.
Terceiro, por mais que isso soe como preconceito de minha parte, o fato é que a maioria do pessoal do PET - inclusive a tutora e uma das professoras que corrigiu a prova e estava na banca da entrevista - tem posições políticas bem distintas das minhas. Ou, sendo mais explícito, são de esquerda. Logo, eu minei minhas chances já na prova, ao falar o seguinte:
"Se, por um lado, a relativização dos valores e a crença de que as leis não são imutáveis - podendo assim os homens ter menos impedimentos para discursar e praticar aquilo “que a maioria quisesse” -, favoreceu o fortalecimento da democracia moderna, por outro foi responsável por doutrinas que foram atrocidades totalitárias, tais como o nazismo, o fascismo e, no meu entender, o socialismo. (...) O caso brasileiro demonstra com nitidez tais problemas. O populismo predominou durante grande do século passado, e suas implicações nem sempre foram das melhores; (...) o autoritarismo foi crescente, assim como a margem para os políticos manipularem seus eleitores com demagogia e promessas mirabolantes, e como a superestimação dos poderes do Estado para garantir o bem-estar social e o desenvolvimento econômico."
Entre a sinceridade e a firmeza na defesa de meus pontos de vista ou a hipocrisia e o 'puxa-saquismo' com a, digamos, linha editorial dos petianos, é óbvio que eu escolheria a primeira alternativa.
Quarto, na própria entrevista eu fui muito kaionista: falei rápido (óbvio que eu ia ficar tenso, embora tal condição nem seja necessária para que eu dialogue em 'velocidade 5', rs), disse que sou meio misantrópico e um pouco intransigente e que não fazia trabalhos em grupo no ensino médio por culpa minha mesmo (ainda disse que não conseguia achar pessoas com interesses parecidos com os meus naquela época, o que não é mentira). E não foi só isso, pois confessei que sou "uma pessoa excessivamente teórica" e pouco "pés-no-chão", e ainda relatei minha "transição ideológica", contando como migrei da esquerda para a direita, e, quando questionado, defendi minhas críticas ao populismo feitas na prova. Quando perguntado a respeito de meus gostos sobre cinema, musica e literatura, citei as predileções que me vieram em mente: "Cidadão Kane", Joy Division, James Joyce, Thomas Mann, 'economistas austríacos', Blur etc. A despeito do nervosismo, adorei meu desempenho na entrevista, mas certamente não era o que eles estavam procurando em um candidato, então, whatever.
Por último, eu me sinto bem mais livre e aliviado agora que tudo passou. Até me lembrei de uma leitura feita no final de 2006: "A Idade da Razão", de Sartre. Senti-me um Mathieu hoje, como se tivesse me separado de uma Marcelle (ou, sendo sincero, 'largado' por ela), mas depois constatando que isso era a melhor coisa que poderia ter me acontecido, pois teria me livrado de um compromisso sem um futuro promissor, podendo me desgastar se continuasse.
Ok, explicando melhor essa metáfora: agora estou com plena liberdade para conduzir os próximos anos de minha vida acadêmica, pelos caminhos que eu mesmo escolherei. Haveria até a possibilidade de concorrer ao PET/POL de novo no ano que vem, mas, tudo o mais constante, acho que eu não quero reatar um namoro com grandes chances de fracasso. Eles estão mais preocupados com extensão, 'retorno para a sociedade' e 'responsabilidade social', enquanto minhas prioridades contemporâneas são ensino, pesquisa (a sobre libertarianismo ainda está de pé) e responsabilidade individual. Logo, como diriam os Hives, "I'm on my way, can't settle down".

2 - Comentários sobre "Pokémon Diamond": se eu fosse um gay estereotipado, diria que achei o game M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O. Se fosse um machão desbocado, falaria "Cacete! Puta que pariu, brother, esse jogo é do caralho!" Como eu sou Kaio Felipe, apenas um heterossexual ordinário, posso tranquilamente afirmar que considerei "Diamond" como um game que corresponde aos seus propósitos, estando dotado das mesmas qualidades que fizeram dos jogos anteriores tão gabaritados. Além disso, conta com novidades e sutis mudanças que aumentar consideravelmente o "fator replay", especialmente entre jogadores 'hardcore' e mais familiarizados com a franquia. A quantidade de cidades e eventos destraváveis é sinal de que o game pode render pelo menos quarenta horas de muito o que se fazer. Os gráficos estão bons, mesclando estética 3D cel-shaded com cenários desenhados em 2D. A parte sonora, a despeito da voz dos pokémons continuar simplória e irritante, é bem superior à trilogia "Ruby"/"Sapphire"/"Emerald" quando o assunto são as músicas-tema das cidades e mesmo rotas.
Já estou com quase 6 horas de jogo e 2 insígnias, além de cinco monstrinhos no time: Prinplup, Staravia, Luxio, Machop e Ponyta.

Este post deveria ser mais longo, mas estou cansado e preciso estudar para a prova de IMCS de amanhã. Boa noite.

24 setembro 2008

Civilização ou Barbárie? Perhaps...

A pergunta do título do tópico foi tirada de uma frase do meu professor de Teoria Política Moderna, o liberal-conservador Paulo Kramer - e, obviamente, foi inspirada por uma das discussões clássicas da Antropologia.
Qual o contexto dessa dicotomia, pelo menos no caso que eu tratarei no post de hoje? Oras, as eleições para reitor da UnB. Claro que maniqueísmos tendem a ser simplistas e perigosos, e eu mesmo não estou de profundo acordo em opor as duas chapas de maneira tão intensa. Porém, há algum sentido em estabelecer tal dicotomia.
Tentarei não comentar muito sobre o perfil dos candidatos, afinal, se o meu voto nessa eleição (Pimentel em ambos os turnos) não foi em pessoas e si em idéias, vamos a elas.

Direita e esquerda seria outro confrontamento fácil, mas, sinceramente, José Geraldo (chapa 76), por mais que goste de besteiras como o "direito achado na rua" e simpatize com movimentos sociais, o MST e vários setores da esquerda estudantil, é responsável o suficiente para não desconsiderar a importância de mecanismos como as fundações privadas, as empresas juniores e o mercado. Em contrapartida, Márcio Pimentel (73) está longe de ser um liberal de carteirinha, embora defenda coisas imprescindíveis como meritocracia, eficiência administrativa, autonomia universitária, captação de recursos, liberdade de cátedra e mais incentivos e investimentos em pesquisas.
Progresso e estagnação é outra oposição interessante, mas, posso sincero? Nenhum dos dois candidatos, ao meu ver, de fato combaterá vários dos problemas recorrentes em universidades públicas, como o peleguismo, a concentração de poderes do grupo da situação (o que é o primeiro passo para desmandos e corrupção), os problemas de infra-estrutura, os entraves para a contratação de professores (obviamente, não estou falando de mestrandos substitutos) a falta de planejamento administrativo e orçamentário, a falta de suporte e integração dos alunos recém-chegados, entre outros pontos. Logo, é simplesmente uma escolha de quem é menos demagogo e populista, quem é menos simpático às idéias da ala radical do movimento estudantil, quem vai desviar menos das finalidades e objetivos da universidade (como, acima de tudo, a excelência no ensino e a produção de conhecimento capaz de contribuir para a sociedade), quem vai prometer menos 'mundos e fundos' etc.
Pensei em ordem ou baderna, mas o risco de novas invasões à reitoria ou tolices do tipo é alto em ambos os casos; um, porque desagrada aos comunistinhas por ser do grupo político genericamente chamado de 'timothista', e o outro porque se sustenta em brechas para a instabilidade como as idéias de 'controle social', orçamento participativo e 'gestão compartilhada'. Outras questões que poderiam entrar no âmbito da estabilidade institucional (não quero soar schumpeteriano, mas todos nós sabemos como isso é indispensável) também não têm grandes chances de ser consolidadas pelos dois lados, seja pelo jeito clientelista de fazer política do 73 ou das pretensões 'superdemocráticas' de seu oponente - as quais, ainda por cima, podem subitamente ser substituídas por um estilo de gestão mais oligárquico ou mesmo personalista.
Usando a teoria política contemporânea, poderia ser elitismo x marxismo, mas a chapa de Pimentel parece estar mais disposta a não violar a liberdade de expressão que seus adversários, o que não é algo tão coerente com a "lei de ferro da oligarquia" de Robert Michels. José Geraldo, por sua vez, não aparentar cair (tanto) na conversa fiada dos jargões, esquemas e limitações teóricas e práticas da esquerda mais convencional.
Voltamos ao civilização x barbárie. Porém, após tudo isso, concluímos que, sob várias perspectivas, não há tanto dualismo assim. Um Kaio otimista diria que ambos são moderados, e não vão comprometer seriamente o gradual desenvolvimento da Universidade de Brasília. Já uma versão pessimista de mim acredita que, para início de conversa, nem deveria haver eleição para reitor, e que as falcatruas, abusos de poder e a falta de transparência e compromisso com a instituição continuarão com as duas chapas. E o realista? Diria certamente: "Quem mandou estudar em uma universidade pública? Você sabia muito bem que teria que aturar tais problemas intrínsecos a (praticamente) tudo em que o Estado põe seus dedos. Agora, faça o mínimo que lhe cabe; na medida do possível, defenda e divulgue idéias que combatam a mentalidade estatólatra, relativista, conformista, antiliberal e retrógrada que domina o seu meio."

Por último, lembre-se, Kaio: uma de suas metas nesses próximos semestres é justamente acumular o arcabouço teórico indispensável para formular teorias aptas a analisar e compreender a sua realidade e a propor melhorias e profilaxias. Por mais que tal estilo ambicioso seja típico da pós-adolescência (afinal, depois dos 25 anos corre-se o risco de se perder todo esse idealismo), aproveite ao máximo a fase da vida em que você ainda jura que pode colaborar para uma universidade e um mundo melhores.

22 setembro 2008

Your Choice

Estou muito empolgado com as discussões levantadas pelos teóricos da Public Choice, graças ao livro que terminei minutos atrás. Trata-se de "Falhas de Governo: Uma Teoria da Escolha Pública", escrito por Gordon Tullock (um dos fundadores da Public Choice, e que ficou com a parte mais teórica do livro), Gordon Brady (responsável pelo estudo do caso americano) e Arthur Seldon (que utilizou a "teoria econômica da política" para discutir os problemas de governo no Reino Unido).
Foi uma leitura bem enriquecedora, pois aprendi e/ou aprofundei-me em vários conceitos, tais como: rent seeking (busca de privilégios especiais), logrolling (troca de votos), "evisão" fiscal (evitação + evasão), o paradoxo da votação, a desconstrução da idéia de que algum político ou burocrata realmente toma decisões baseado no "interesse público", o "votar com o pé" etc.

Estou com sono, então nem vou me estender muito hoje. Amanhã não tenho aula de IMCS, mas tenho que concluir leituras para TPClá e Escrita e Sociedade na América Latina. Além disso, até que enfim começarei a ler "Liberdade de Escolher", de Milton Friedman.
Bonne nuit.

20 setembro 2008

Uma semana para esquecer... ou não

Prefácio.
Sábado à noite. Torneira Mecânica (1). Shows bons, principalmente os de Lucy and the PopSonics e Wander Wildner (2). Discotecagem terrível, paradoxalmente eclética e repetitiva (3). Fórmula 1 no domingo de manhã (4). Reunião da SINUS.

(1) Peguei carona com dois colegas de Ciência Política.
(2) Virei fã dele e de seu estilo tão debochado e intimista de escrever e cantar. Já conhecia algumas músicas antes do show, e praticamente todas elas foram tocadas ao vivo. Destaque para as clássicas "Bebendo Vinho", "Eu tenho uma Camiseta escrita Eu Te Amo" e "Eu não consigo ser Alegre o Tempo Inteiro", além das hilárias "Empregada" e "Lugar do Caralho". Não por acaso, foi o campeão da semana passada - e será um dos três primeiros na atual - no meu top de artistas mais ouvidos no Last.FM.
(3) Houve, no entanto, lampejos de bom gosto, como quando tocaram "Helter Skelter".
(4) Corrida bem tensa, em razão da chuva. Massa poderia ter ido melhor, mas saiu no lucro ao diminuir a diferença em relação a Hamilton para 1 ponto. Com o novo fiasco de Kimi, seu colega de equipe, a Ferrari praticamente já definiu o brasileiro como prioridade para as quatro corridas finais. Mal posso esperar pelo GP noturno de Cingapura!
(5) Foi no domingo à tarde. Gostei bastante, e estou bem ansioso em relação à SINUS 2009, embora ainda não tenha começado a procurar fontes e escrever o rascunho da minha parte do guia de estudos.

O post em si.
Ação Humana (6). Minhas desventuras quanto ao processo seletivo do PET/POL (7). Ensaio de Política e Economia Mundial (8). Prova de FPP (9). Sonhos malucos e curiosos (10).

(6) Entre sábado e domingo, dei uma pausa na masterpiece de Mises para ler outro escrito dele, o curto, ácido e interessantíssimo "A Mentalidade Anticapitalista". Na segunda-feira de manhã, retomei "Ação Humana" e, após 210 páginas lidas em três dias, terminei-o no dia 17 de Setembro. O que tenho a dizer dele? Oras, imagine uns dez elogios. Então, todos eles se aplicam a esse tratado de economia. Preciso dizer mais? Ah, sim: ele esclareceu várias dúvidas teóricas que eu tinha sobre ciclos econômicos, crédito e moeda, os problemas inerentes a intervencionismo e socialismo, cálculo econômico, o papel do economista, as vantagens de um mercado não obstruído, utilidade marginal, preferência temporal, metodologia e epistemologia da ciência econômica, em que consiste a praxeologia etc. Indubitavelmente, um dos cinco melhores livros que já li; possivelmente, o #1 dentre os de política e economia.
(7) Foi uma cruzada infernal. Estava tão ansioso e preocupado com a falta de tempo que eu teria para responder às questões da prova de seleção, elaborar meu currículo e escrever a carta de intenções que acabei tendo bloqueio criativo justamente nas poucas horas disponíveis. Só às 9h da manhã de ontem veio o 'insight' que me inspirou! Porém, mesmo com meu esforço para escrever bem e cumprir a 'dead line' (17h de sexta), tive o azar de as impressoras tanto da xerox da FA quanto da secretaria do IPOL falharem insistentemente. Até imprimir tudo e tirar todas as xerox necessárias, acabei entregando os documentos com alguns minutos de atraso (algo entre 30 e 45). Resultado: a tutora (professora-orientadora) disse que ainda vai discutir com os outros membros do grupo a possibilidade de, mesmo se eu passar na prova, ser ou não eliminado da próxima etapa do processo seletivo. Quando contei isso para os meus veteranos que estavam no CAPOL na hora em que eu corria contra o tempo para terminar a prova, eles duvidaram da hipótese de eu não ser selecionado. Queria eu ser tão otimista assim...
(8) Porém, já tenho um plano B caso eu não seja escolhido para o PET: montar minha própria pesquisa e procurar um professor-orientador para encampar o projeto e, quem sabe, transformá-lo em PIBIC/PIC. Como tive essa idéia? Justamente graças ao ensaio - o qual, aliás, também escrevi na atribulada sexta-feira 19. A propósito, se vocês não sacaram ainda, ele é o texto que publiquei ontem, sobre Mises, Hayek e suas contribuições teóricas para o liberalismo (e libertarianismo) contemporâneo. O professor de Política e Economia Mundial também pediu que os alunos preparassem um seminário, e eu escolhi o tema do meu grupo: "Globalização e Liberdade". Minha parte será justamente sobre teoria política e econômica, então tenho mais um pretexto para aprofundar-me no assunto e ver se isso é ou não válido como tema para algo mais ambicioso. A propósito, acabei de me lembrar que, na aula de depois de amanhã, tenho que entregar uma versão preliminar da pesquisa, com algo entre 3 e 5 páginas. Espero que amanhã eu tenha a inspiração necessária para tal tarefa, rs.
(9) Outra atividade que me deixou totalmente atribulado nesse semana foi a prova de Fundamentos de Políticas Públicas, realizada na quinta-feira. Demorei para admitir isso para mim mesmo, mas o fato é que o professor não explicou direito o conteúdo, e o que eu respondi na avaliação foi muito mais fruto de estudo "por fora" do que as aulas expositivas (nas quais prestei bastante atenção, aliás). Espero que eu tenha ido bem...
(10) Um dos melhores momentos da semana foi meu retorno a uma carga horária de sono adequada - ou seja, 8 horas diárias ou mais. Os benefícios logo vieram, como a maior disposição no decorrer do dia e alguns sonhos bem excêntricos que andei tendo. Há tempos que eu não tinha historinhas tão peculiares durante minha soneca! Algumas delas tinham até participação especial de pessoas que conheci entre 2005 e 2008 (principalmente as mais, hã, "indies", no bom sentido), festas estranhas com gente esquisita (mas sem birita, é claro), conversas histriônicas durante a carona (sim, as pessoas são solícitas até nos meus sonhos), garotas com quem desenvolvo diálogos divertidos e assexuados, situações não tão inverossímeis (bom, pelo menos demorei para notar depois de acordar que "it was just a dream"), e por aí vai. Se dormir às 21 ou 22h e acordar às 6 da manhã tiver tais consequências, vou parar mesmo de dormir só cinco ou seis horas diárias!

Pois é, talvez esta foi a semana mais cansativa do ano. Se será recompensadora ou não, é algo que descobrirei nos próximos dias. À bientôt.

Posfácio.
Pergunta do dia (11).

(11) Será que o fato de eu estar ouvindo Madonna, Santana e Bon Jovi com frequência nos últimos dias tem alguma conotação de contra-ataque à guinada 'alternativa' das semanas anteriores - ou seja, Hives, Breeders, Neutral Milk Hotel, o próprio Wander Wildner etc.?

19 setembro 2008

A teoria política e econômica do Liberalismo em Mises e Hayek

Essa foi uma semana bem intensa, e não por acaso estou por demais cansado para relatá-la. Fá-lo-ei amanhã. Por enquanto, fiquem com um artigo que escrevi hoje:

Este ensaio se focará em dois pensadores do século XX em cujas discussões ainda possuem grande atualidade. Eles contribuíram e influenciaram de maneira decisiva o pensamento político e econômico tanto do neoliberalismo quanto do libertarianismo. Ambos são expoentes da Escola Marginalista (ou Austríaca) de Economia, um dos mais importantes redutos de intelectuais que, através do individualismo metodológico e de teorias como a utilidade marginal e a preferência temporal, pensaram o mundo de uma maneira que sempre enfatizou a importância do respeito à liberdade, do governo limitado por leis, da propriedade privada e da necessidade de um mercado não obstruído por interferências arbitrárias.

Comecemos por Ludwig von Mises (1881-1973). Foi discípulo de Eugen von Böhm-Bawerk e Carl Menger, os dois primeiros marginalistas. Em sua vida, foi praticamente um “exército de um homem só” em um mundo dominado pelas doutrinas socialistas e intervencionistas e o desprezo pela economia de mercado e os valores liberais. Apesar de tudo isso, foi inovador e contundente em várias de suas teses, tais como:
- A impossibilidade do cálculo econômico em uma sociedade socialista, em razão da inexistência de preços para orientar a direção da atividade econômica, não permitindo assim a escolha racional de meios que tenham em vista atingir os objetivos desejados pelos indivíduos;
- A teoria dos ciclos econômicos, que demonstrou como se opera o surgimento e desenvolvimento de crises e depressões, assim como os problemas gerados por políticas governamentais de expansão de crédito e redução da taxa de juros bruta;
- O estudo da economia como parte da praxeologia, a ciência da ação humana, priorizando um enfoque dedutivo e lógico, o que o levou a uma crítica aos economistas matemáticos, os quais se preocupavam excessivamente com a obtenção de um estado hipotético de equilíbrio com base no conhecimento de situações que envolviam um estado de não equilíbrio;
- A curiosa mentalidade anticapitalista de vários setores da sociedade, principalmente entre intelectuais, artistas e setores da classe média, que, movidos pelo ressentimento e a dificuldade em se adaptar a um regime de livre concorrência, direcionaram ódio e críticas incoerentes ao modelo capitalista, sem sequer possuírem um conhecimento concreto de teoria econômica para perceberem que as demais alternativas ao livre mercado são indesejáveis;
- As limitações do intervencionismo, pois as interferências no mercado “não só deixam de alcançar os objetivos almejados como também provocam um estado de coisas que o próprio autor da intervenção (...) considera pior do que a situação que pretendia alterar.” (“Ação Humana”, p. 864).
Entre suas principais obras, estão: “Liberalismo” (1927), “Uma Crítica ao Intervencionismo” (1929), “Ação Humana” (1949) e “A Mentalidade Anticapitalista” (1956).

Friedrich von Hayek (1899-1992) foi outro destacado pensador austríaco. Por muitos anos foi ofuscado pela figura de seu amigo (e rival, no âmbito ideológico) John Maynard Keynes (1883-1946), que adquiriu grande popularidade com sua obra “A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda” (1936). Ao recomendar uma forte presença do Estado na economia e injeções fiscais anticíclicas para diminuir o desemprego e aumentar o poder de compra, suas idéias foram muito bem acolhidas por governos de pretensões “estatólatras”, fossem eles democráticos (o “New Deal” de Roosevelt e a social-democracia européia), autoritários (as ditaduras latino-americanas) ou totalitários (os regimes nazi-fascistas).
Hayek criticou o keynesianismo e doutrinas coincidentes em vários de seus escritos. O mais famoso deles, “O Caminho da Servidão” (1944), aponta para os riscos de políticas de planejamento econômico terem como conseqüências o coletivismo, a centralização do poder nas mãos de poucos (ou de um só) e mesmo a destruição das bases da sociedade capitalista. Ele também mostrou algo que poucos queriam ver: as raízes socialistas do nazismo, e como duas ideologias tradicionalmente consideradas como diâmetros opostos eram mais próximas do que se poderia imaginar.
“Os Fundamentos da Liberdade” (1960) foca-se no resgate do cânone liberal para discutir o conceito de liberdade, os riscos de conceder ao Estado poderes arbitrários para formular leis, o excessivo poder do sindicalismo, os problemas trazidos pelo Estado previdenciário e os problemas em encarar a democracia simplesmente como “o governo da maioria”. No posfácio, ele ainda estabelece as diferenças entre liberalismo e conservadorismo, visto que estes não oferecem uma real alternativa ideológica e, assim como os socialistas, freqüentemente procuram desacreditar a livre iniciativa.
Há outros livros interessantes da autoria de Hayek, como “Direito, Legislação e Liberdade” (1973) e “Desestatização do Dinheiro” (1976).

A influência de Mises e Hayek pode ser verificada tanto no meio acadêmico quanto na prática da política. No primeiro, eles tiveram seguidores e aliados liberais, como Karl Popper (1902-1994), e até libertários, como Murray Rothbard (1926-1995) e várias think tanks como o Mises Institute. No segundo, governos de orientação neoliberal, como os de Margareth Thatcher (1925) no Reino Unido, Ronald Reagan (1911-2004) nos Estados Unidos e Helmut Kohl (1930) na Alemanha, tiveram confessa inspiração nas teses de ambos os pensadores, principalmente quanto à defesa dos direitos de propriedade privada, a abertura econômica, o papel das instituições e, acima de tudo, a defesa da liberdade individual.

14 setembro 2008

Fechando as comemorações do #500

AMANHÃ #2 - Política e economia são métodos; o objetivo é mudar corações e mentes

Pois é, após uma semana de atraso - afinal, meu plano inicial era colocar os cinco 'capítulos' em um só post - finalmente estou a escrever o quinto tópico ao qual a 500º postagem me levou a refletir.
Antes de mais nada, uma rápida recapitulação. Em Ontem #1, discorri sobre um fato de meu passado recente (o show do Hives) como pretexto para retomar um dos assuntos mais recorrentes no blog: música. Não, aquele show não mudou minha vida, sendo apenas uma boa consequência das preferências tanto artísticas quanto de 'nightlife' que defini para a minha vida.
Ontem #2 tratou sucintamente de um tema mais abrangente: a importância que atribuo ao blog como representação sintomática dos meus últimos três anos. Claro que eu poderia passar mais 5 textos só com esse exercício metalinguístico, mas preferi resumir em cinco parágrafos o quanto eu amo Racio Símio.
Hoje utilizou duas situações contemporâneas (SINUS 2009 e PET/POL) como metonímia de minhas pretensões acadêmicas e até mesmo profissionais. De quebra, deixei vazar algum remorso pelos meus sentimentos tão mesquinhos quanto ao fato tão óbvio de a realidade não ser sempre como eu acho que deveria ser.
Amanhã #1 foi um espaço para discutir o que diabos eu penso e quero com/do Anfisismo, assim como explicitar alguns de seus pressupostos teóricos. É até mesmo o prenúncio de uma arquitetada volta aos posts filosóficos - afinal, até mesmo eu já estou cansado de gastar tantas linhas falando simplesmente da minha "rotina idiossincrática".

O ensaio (?) que vocês estão a ler, Amanhã #2, continuará seguindo a mescla de intimismo e temas 'macro'. Desta vez, falaremos de dois dos meus maiores interesses: política e economia. Para começar, nada mais adequado do que uma adaptação de uma frase de uma dos maiores representantes da política britânica e mundial no século passado: Margareth Thatcher ("Economics are the method; the object is to change heart and soul").

Pensei em várias maneiras de iniciar este post, e decidi pela seguinte: comecemos por uma prolixa exposição de estudos de caso para depois entrar na parte mais teórica:

I) Go for it, GOP!
Pois é, quatro anos mudam muita coisa na vida da pessoa... Nos últimos meses de 2004, eu torci para John Kerry ser o presidente dos EUA. Não exatamente pelo candidato em si, mas por outros motivos, como minha simpatia pelo discurso mais carismático, pop e "voltado para o social" dos democratas, repúdio a George W. Bush (quem diria, até eu segui a modinha de ódio a Bush!) e meu desejo sincero de que acabasse logo a Guerra do Iraque e outras "investidas do imperialismo ianque". Não nego que fiquei frustrado quando os republicanos ganharam aquela eleição, e nem liguei muito para manifestações da imprensa que, outrora, eu acharia ridículas (como a capa da Carta Capital com uma foto de Bush e a manchete "Dane-se o mundo").
Antes mesmo do pleito, eu estava ligeiramente sintonizado com as observações da Caros Amigos de que nenhum dos dois maiores partidos dos EUA prestava, afinal foram logo os democratas que estavam no poder quando se iniciaram certas investidas bélicas (Wilson e a 1ª Guerra Mundial, Roosevelt e a 2ª Guerra, Truman e a Guerra Fria, Kennedy e a Guerra do Vietnã etc.). Ou seja, estive muito próximo do anti-americanismo - até parei de comer no McDonald's durante alguns meses de '04, hehe. Porém, não cheguei a tal absurdo: a despeito de ter continuado a me referir a eles como "estadunidenses" ou "ianques", mantive grande respeito pela história sociopolítica e as grandes personalidades que surgiram nos Estados Unidos.
Como vocês bem sabem, no ano seguinte rompi com os ideais de esquerda que cultivava e comecei uma transição rápida, porém cadenciada, para o libertarianismo de direita. 'Nowadays', já estou mais do que bem assentado no quarto quadrante do espectro político-ideológico.
E então, o que o Kaio de 2008 pensa sobre a política americana? Oras, de uma maneira mais sensata, pois ele já não cai no conto do vigário de que o Partido Democrata é "do bem", ao contrário do que insistem tantos formadores de opinião do planeta inteiro. Aliás, uma análise mais fria dos próprios fundamentos e propostas dos mesmos revelando um claro "populismo" (no que diz respeito a políticos mais "populare(sco)s", com discursos voltados diretamente para as camadas mais pobres, com promessas mirabolantes e demagógicas que constituem o que eles chamam de 'estado previdenciário'). De quebra, tornou-se mais compreensivo, e não é mais intolerante com as posições conservadoras dos republicanos em questões polêmicas, por mais que lamente que eles não sejam "pro-choice" quanto ao aborto, a favor da união civil e da adoção de crianças por casais homossexuais, tolerantes quanto à descriminalização (responsável) de certas drogas e não-intervencionistas na política externa.
Aliás, no caso desta última até vê algum sentido, afinal a agressividade de sua política externa é um mal menor perante a tantos problemas, como o terrorismo internacional e a necessidade de reconstrução de governos e trazer democracia e liberdade econômica para países subdesenvolvidos. Os métodos são questionáveis? Sem dúvidas, mas quando se vê que a situação do Iraque poderia ser muito pior se eles resolvessem 'largar' a intervenção abruptamente, até se vê algum sentido na manutenção da intervenção, defendida por John McCain, com a inegável vantagem de que este parece ser bem menos unilateral e 'mente fechada' que Bush.
Enfim, disse tudo isso para comunicar a seguinte decisão: embora eu seja libertário e discorde de algumas propostas do Partido Republicano (inclusive na economia, pois, embora direitistas, eles encampam certas idéias intervencionistas que podem mais atrapalhar do que ajudar em crises como a do setor imobiliário), estarei do lado deles por um dia: em 4 de Novembro, "I'm with McCain-Palin". Outro dia falo mais sobre como o estilo moderado do maverick, a surpreendente Sarah Palin, e o programa de governo do GOP (Grand Old Party, apelido do PR) faz deles bem mais aceitáveis que a farsa chamada Barack Obama, mas este post já está ficando longo demais e eu ainda não falei nem metade do que pretendia.

II) Eleição sui generis na roça asfaltada
Desde 1988 as eleições para prefeito em Goiânia costumam ser bem equilibradas. Naquela ocasião, Nion Albernaz (PMDB) venceu Pedro Wilson (PT) por 30 a 27%. Quatro anos depois, começa uma sequência de quatro eleições decididas no segundo turno: Darci Accorsi (PT) bate Sandro Mabel (PMDB) por uma margem de dez pontos; em 96, Nion, desta vez pelo PSDB, volta ao poder após superar Luis Bittencourt (outro peemedebista) por 56 a 44%; oito anos atrás, Pedro Wilson derrota Accorsi (agora pelo PTB), com 55% dos votos válidos; Iris Rezende (PMDB), em '04, supera o petista com quase 57%.
Iris, aliás, vinha de duas derrotas históricas: para governador, em 1998 (foi surpreendentemente batido pelo tucano Marconi Perillo, atualmente senador por Goiás), e para senador, em 2002 (por menos de dez mil votos foi superado por Lúcia Vânia). Já setentão, um pouco mais modesto e com vontade de recomeçar seu domínio no estado, ele tentou voltar à prefeitura da capital, três décadas e meia após a primeira experiência no cargo (eleito em 65 e deposto quatro anos depois pelos poderes do AI-5). Foi uma vitória relativamente tranquila, facilitada pela fraca divulgação de Wilson em relação às suas obras durante seus quatro anos de mandato. Com o mesmo apelo populista e personalista de sempre, Rezende entrou no pleito deste ano como franco favorito. A oposição ajudou, com uma base aliada completamente fragmentada que não conseguia chegar em um consenso sobre o candidato. O apoio do PT, que em troca ganhou a vaga de vice na chapa peemedebista foi mais uma ótima notícia para Iris, afinal sabe-se muito bem que o eleitorado petista em Goiânia é relativamente forte, tendo obtido pelo menos 1/4 do eleitorado no 1º turno em todas as eleições desde a supracitada de 88.
Quem concorre contra o 'irismo', então? Os governistas (no âmbito estadual, afinal o governador Alcides Rodrigues é do PP) definiram-se pelo também pepista Sandes Junior, deputado federal e radialista popular. A esquerda mais exaltada lançou Martiniano Cavalcante (PSOL). O 'candidato a último colocado' (mas, bem mais interessante do que o termo possa sugerir) é Gilvane Felipe (PPS), apoiado também pelo PV.
As pesquisas colocam Iris Rezende com cerca de 70% das intenções de voto, contra 15% de Sandes, 2% de Cavalcante e 1% de Gilvane. Ou seja, ceteris paribus, teremos um prefeito reeleito - e com pique para, quem sabe, abandonar o cargo daqui a 2 anos e concorrer ao governo estadual. Infelizmente, minha cidade natal provavelmente terá que continuar a engolir mais do mesmo paternalismo, com a desagradável novidade de que dessa vez em uma duplinha: PMDB-PT; ou seja, se o velhinho tentar ser governador de novo, o vice petista assumirá. Credo.
"Em quem você pretendo votar, KF?" No candidato do PPS, por incrível que pareça. Sim, uma ironia monstruosa está prestes a acontecer: em minha 1ª vez como eleitor, votarei justamente no ex-Partidão! Acho que preciso justificar bem essa decisão extemporânea, não acham? Pois bem, em primeiro lugar Gilvane está em sintonia com o ex-governador Marconi Perillo, que pode ser tudo, menos esquerdista. O próprio Felipe tem uma plataforma bem centrista - não é um liberal, mas está longe do populismo e do planejamento econômico-social (no sentido em que tal expressão é utilizada por Hayek, ou seja, 'no mau sentido') visado pelos seus três adversários. Isso sem falar que, pelo menos pelas entrevistas dele que eu li, ele parece ser alguém confiável. Além de ser professor universitário, ter como público-alvo o eleitorado de classe média, ele foi bem direto ao ponto em algumas considerações. Destaque para três, sendo a primeira uma síntese de seu programa de governo e as outras duas, críticas pertinentes a seus oponentes:

"Mapeei seis grandes temas para que priorizemos: trânsito, transporte coletivo, educação, saúde, cultura e meio ambiente. O caminho da transformação deles em ações concretas é: planejamento, tecnologia e participação. São questões urgentes."

"O fato dele [Iris] não ter se afastado da administração durante uma hora, e veja que ele fez uma cirurgia séria, demonstra o velho centralismo de UDN e PSD. Ele tentou se cercar de pessoas novas, isso é o que ele fez de novo, do ponto de vista político. Mas em termos de inovação mesmo o que Iris fez? Asfalto? Asfalto é inovação desde quando? Isso não é novo."

"A classe média [de Goiânia] hoje se vê no seguinte dilema: votar no pai dos pobres, [Iris Rezende] no rei das empregadas domésticas [Sandes Júnior] ou no líder máximo do proletariado revolucionário [Martiniano]."

Eu sei que ele terá dificuldades para sequer chegar em terceiro lugar, tampouco parece difícil Rezende não faturar a reeleição já no primeiro round. Porém, 'voto pragmático e útil' (neste caso, por exemplo, em Sandes) não é algo que eu irei levar em conta em meu debut como eleitor. Prefiro dar um 'voto ideológico', por mais que ele seja para um candidato que não está exatamente no mesmo espectro de pensamento político que o meu. Ou isso, ou votar nulo. What d'you think?

III) Todos querem ser rei-tor
Já estou muito cansado (afinal, comecei este texto duas horas e meia atrás e até agora não terminei!), então buscarei ser mais sucinto. As eleições para reitor da UnB estão aí, e o cenário não é nada animador. Assim como nas eleições para presidente dos EUA (em que não voto, mas, hã, torço) e prefeito de Goiânia (em que voto), mais uma vez não há candidatos libertários ou pelo menos liberais; logo, novamente tenho que fazer sacríficios e concessões, e escolher o melhor entre os piores.
Quando cinco das seis chapas são esquerdistas, é óbvio que eu escolheria a sexta, por mais que ela seja, segundo seus detratores, 'timothista' (ou seja, interessada em dar continuidade ao estilo administrativo do ex-reitor, Timothy Mulholland, pivô da crise que resultou na invasão da reitoria). Márcio Pimentel, chapa 73, têm propostas que enfatizam pontos que eu também defendo, como meritocracia, ênfase na eficiência administrativa, na estabilidade institucional e em uma universidade ágil e dinâmica, captação de recursos (afinal, qualquer um com um pingo de bom senso sabe que universidades públicas não conseguem sobreviver só com a verba estatal, e é até melhor que seja assim), preocupação com a infra-estrutura, liberdade acadêmica (fundamental!), compromisso com a ligação entre pesquisa, ensino e extensão etc.
Michelângelo, da 72, o único realmente desvinculado de partidos políticos e/ou dos 'governistas', é a minha segunda opção; é 'principista', simultaneamente seu ponto forte e fraco. Jorge Antunes, 74, além de muito parecido com o Mendonça (personagem de Tonico Pereira em "A Grande Família), é extremamente caricato com suas propostas radicais de descredenciamento das fundações, combate à 'mercantilização' e ao 'REUNI neoliberal' (?). Isso sem falar que ele é apoiado explicitamente (a ponto de parecer 'fabricado') pelos comunistinhas do DCE e do Conlutas; ou seja, coisa boa não pode ser. Também temos José Geraldo, 76, professor de Direito que banca o bonzinho, mas é ligado ao PT e ao MST, além de insistir em falar de "ruptura" quando o que a universidade mais precisa é de união. A chapa 71, capitaneada por Maria Ortiz, é a mais inexpressiva de todas, ainda mais quando cai em uma retórica feminista bem rasa. Por último, Volnei Garrafa, 75, é demagogia elevada à enésima potência. Além de contraditório e mal educado, já disse pérolas como "A UnB precisa de um reitor sindicalista." Vade retro!
'Timothista' e reacionário ou não, o fato é que Pimentel é o candidato em quem votarei no dia 17.


E então, gastei estas dezenas de linhas para chegar a que conclusão? De alguma utilidade foram estes exemplos para elucidar minha idéia?
Em primeiro lugar, como não se cansam de salientar há tempos alguns colegas e amigos meus, eu preciso ficar menos preso ao 'mundo das idéias'. Creio que um dos passos para me livrar deste apego excessivo ao idealismo seja justamente votar em políticos não-libertários, mesmo que sejam eles conservadores ou centro-esquerdistas. Não é flexibilidade moral, mas sim capacidade de exercer aquilo de melhor que ação humana proporciona: a liberdade de escolha entre as alternativas - escassas e nem sempre maravilhosas, é verdade - possíveis.
Segundo, é uma maneira de mostrar para mim mesmo que me sinto tão bem com as linhas de pensamento nas quais acredito, a ponto de não cair na ortodoxia, no dogmatismo. Claro que não pretendo abrir mão de princípios como propriedade privada, livre mercado, livre comércio, individualismo ético (ou egoísmo racional) liberdade de expressão, estado-mínimo, democracia representativa e governo limitado por leis. Porém, na medida em que eu encontrar pessoas que discordem, desprezem o mínimo possível tais pontos, posso começar a acreditar que elas estão do meu lado na luta por um mundo melhor.
Terceiro, eu amo demais política e economia, e preciso constantemente relembrar-me que, como diria Max Weber em "A Política como Vocação", só a paixão não é o bastante pois o senso de responsabilidade e proporção é fundamental, também. Logo, um pingo de distanciamento e frieza (no bom sentido) é imprescindível para que eu aproveite a minha vida (não só acadêmica e profissional, como também no 'resto') da melhor forma possível.
Quarto, minha própria produção literária depende de um maior esclarecimento meu em relação à minha realidade. "O quê? Este post não era sobre política e economia? Pipocas! Cadê o pretexto para falar de "(Des)construção Psíquica, hein?" Oras, caro interlocutor, não é porque escreverei um romance que ele não pode ter elementos mais filosóficos e de conotação política. Afinal, meus personagens representam idéias, utopias, maneiras de pensar o mundo. Logo, posso utilizar muito do que aprendi em tais áreas para enriquecê-los - por mais que, por enquanto, eu ainda não tenha descoberto uma boa maneira de fazê-lo... Não por acaso, algumas de minhas leituras neste ano vêm em tal direção: assim que eu terminar "Ação Humana", "A Mentalidade Anticapitalista" (ambos do Mises) e "Falhas de Governo" (Tullock, Seldon e Brady), lá pelo dia 22 ou 23, começarei a ler a gigantesca (900 páginas) obra-prima de Ayn Rand: "Quem é John Galt?" ("Atlas Shrugged", no original). Ela fez um romance panfletário com vários personagens que expressam ideais libertários/objetivistas, e eu acredito que posso aprender muito sobre como encaixar este tipo de caracteres em uma obra de ficção para que ela não fique maçante e pedante.
Por último, algumas palavrinhas antes de me despedir. Continuo consciente de meu "destino manifesto", de minha missão de fazer tudo que me for possível para ajudar o mundo, nem que seja "só" com idéias ou, porventura, também através de práticas. Logo, por mais exagerado que seja o papel que estou a atribuir a mim mesmo, continuo com a confiança de que posso, sim, contribuir para que o século XXI seja realmente tão bom quanto se possa desejar. Boa noite.

12 setembro 2008

Dando prosseguimento ao #500

AMANHÃ #1 - A.N.F.I.S.I.S.M.O.

Faltaram-me tempo e inspiração no decorrer da semana, então só venho postar a continuação do post passado justamente no dia do 'aniversário' de 2 anos de minha corrente filosófica.
Um leitor mais espertinho poderia, logo de cara, questionar-me em dois pontos: "1 - Desde quando filosofia faz aniversário? 2 - Você já não se cansou dessa tolice de se gabar de ter sua própria linha de pensamento, por mais que, por enquanto, você seja o único adepto dela?"
Em primeiro lugar, acho digno valorizar minha produção intelectual, por mais duvidosa que ela seja; logo, não vejo problemas em lembrar-me das datas em que tive insights importantes. Segundo, um filósofo - ainda mais os autoproclamados, como eu - pouco se importa com detalhes sórdidos como a quantidade de pessoas que acreditam em suas idéias. Relaxem, um dia ainda hão de acontecer três coisas: amadurecimento e aprofundamento de minhas teorias, recepção positiva e calorosa das pessoas em relação a elas (ainda que depois de minha morte, o que seria muito cristzscheano, hahahaha) e, é claro, a paz mundial.
Ok, voltemos ao Anfisismo. Sendo ele uma altamente idiossincrática expressão do 'Kaio way of thought', contém certas características bem óbvias, tais como:
- A simultânea rejeição ao relativismo e ao monismo, não supondo, portanto, que verdade seja uma coisa assaz 'líquida' ou que lhe seja possível criar dogmas impecáveis e irrefutáveis;
- Seu caráter individualista, mas que não é a favor de uma filosofia isolacionista e misantrópica, e sim uma que busque recolocar o indivíduo em seu lugar merecido, o do autoconhecimento como ponto de partida para o esclarecimento;
- Enfatiza-se o tripé individualidade-liberdade-responsabilidade, assim como o questionamento constante de autoridades baseadas na coerção e não no consentimento voluntário, estando assim aproximando-se de uma corrente de filosofia política e econômica, o Libertarianismo;
- Por se fundamentar na duplicidade (anfi), acredita na possibilidade de aproximar os pólos, de não pensar somente a partir de contradição e dialética, como também a partir de pontos de convergência, resgatando assim a tradição anterior à era clássica/racionalista (Descartes a Kant), o que nos leva a falar de...
- ... Seu viés cosmopolita, que procura a coexistência (mesmo que, frequentemente, de difícil harmonização) entre várias perspectivas diferentes, como idealismo e realismo, subjetivismo e objetivismo, cinismo/estoicismo e o humanismo de feição otimista. Ou, fazendo analogias com a literatura, é como colocar no mesmo caldeirão Settembrini, Naphta e Peeperkorn ou o casal Bloom e Dedalus, sempre mediando os conflitos e aparando as arestas para que isso não vire uma mera 'salada filosófica'.
Após expor brevemente meu ideário, acredito que devo responder àquela velha perguntinha: "Afinal, o que você quer com o Anfisismo?" Oras, (tentar) levar as pessoas - inclusive eu mesmo - a pensar o mundo e a si próprias de uma maneira mais autoconsciente, independente e desimpedida por velhos esquemas. O que proponho não é um 'meio-termo' (afinal, sabe-se muito bem que tentativas de terceira via costumam dar muito errado), mas sim uma adesão escancarada ao time daqueles que acreditam no criticismo sem patrulha ideológica, no 'normativismo' auto-indulgente e sem autoritarismo e no imensurárel poder da criatividade e dos ideais que cada um carrega consigo. Enfim, a busca por um pensamento filosófico livre, refinado e em mudança e evolução constantes.

(Completarei o post dia 13 ou 14, com o 'Amanhã #2', que será sobre política, economia e meu futuro profissional. Boa noite para vocês.)

07 setembro 2008

#500!

Sim, este é o 500º post de Racio Símio. Pouco mais de um mês depois do previsto (ou seja, se eu não tivesse notado os rascunhos), finalmente o blog alcança essa marca histórica!
Para comemorar, nada como falar do máximo de assuntos possíveis, e sempre pensando nas três dimensões: no ontem, no hoje e no amanhã.

ONTEM #1 - O explosivo show de The Hives

Se há uma coisa que o rock tem como diferencial, é a possibilidade constante de redescobrir bandas. Meu estudo de caso pode dar uma demonstração dessa teoria.
Eu ouvia Hives no último trimestre de 2005. No ápice da minha 'fase indie', tudo o que fosse descolado e cool em matéria de rock alternativo iria parar no meu Media Player. Para me limitar às bandas da geração '00s (afinal, se eu fosse citar também as das décadas anteriores iria gastar mais três linhas) foi naquele ano que comecei a ouvir conjuntos como Franz Ferdinand*, Interpol, White Stripes, The Strokes**, Muse, The Killers e The Hives. Também curtia Magic Numbers, Keane, Editors e The Vines, mas nenhuma das quatro acabou permanecendo no meu gosto musical.
No caso específico dos 'colméias', eu conheci as, digamos, 4 faixas mais famosas deles ("Hate To Say I Told You So", "Main Offender", "Walk Idiot Walk" e "Two-Timing Touch And Broken Bones") e só. Não aprofundei-me muito, pois eram tantas bandas que eu comecei a adorar de uma só vez que um ou outro sacrifício injusto seria cometido. No fim do ano passado, eles lançaram o disco novo, e eu curti o clipe de "Tick Tick Boom", mas nem corri atrás. Porém, eis que, em Agosto, eu descubro que The Hives fará um show em Brasília!
Ótima ocasião para conhecer melhor o quinteto sueco e aproveitar mais o show, certo? Sim. Como detalhei no post anterior, segui alguns procedimentos para me antenar no rock hivesiano. Até imprimi as letras de 13 faixas para ajudar a decorá-las.
"E o show?" Ah, sim, vamos contar a historinha. Um amigo meu da universidade deu-me carona, e chegamos lá em torno da meia-noite. Quando eu estava entregando meu ingresso para entrar, eles tinham acabado de iniciar a performance, com "Hey Little World". Quando eu, meu amigo e outros/as colegas estávamos correndo para achar um lugar bom para assistir ao show, eles mandaram, para o meu delírio, "Main Offender". Durante o concerto outros hits e 'fan-favorites' marcaram presença, como "A Little More For Little You", "Die, All Right!", "Try It Again", "Walk Idiot Walk", "You Got It All... Wrong", "Two-Timing Touch And Broke Bones" e "A.K.A. I-D-I-O-T", sendo que esta última foi uma grata surpresa, pois eu torcia para que eles tocassem pelo menos uma faixa do debut deles, "Barely Legal" (1997). Entre as três executadas no bis, duas eram meio que obrigatórias (e, é claro, assaz empolgantes): "Hate To Say I Told You So" e "Tick Tick Boom" (última do show). Enfim, uma apresentação bombástica!
Das 13 que eu tinha tentado decorar, 10 marcaram presença (são todas as que eu citei no parágrafo anterior, com a exceção de 'also known as idiot'). Para um show de quinze faixas, minhas especulações tiveram um bom aproveitamento, não? Senti falta de duas das minhas prediletas ("T.H.E.H.I.V.E.S." e "Supply And Demand"), mas tudo bem; os Hives foram tão incríveis no palco que nem adianta botar defeitos. São extremamente divertidos e animados (com direito a paradinha, 'congelada'!), arrogantes no bom sentido (eles adoram instigar o público com constantes pedidos de palmas, gritos e"pare", além de auto-elogios) e competentes em fazer um rock and roll contagiante e de qualidade. Enfim, repito o que disse a respeito do Muse: que venha o quinto disco, e uma nova turnê no Brasil que passe por Brasília!
Para fechar, sabe aquelas '7 mais' do post passado? Adicionem "A Little More For Little You", "Try It Again" e "Die, All Right" para virar um top 10.

*Descobri "The Dark Of The Matinée" no fim de 2004, mas foi só no ano seguinte que fui à caça de outras canções do Franz.
**Eu ouvia "Last Nite" desde '02, mas a obra do Strokes como um todo, só em meu 15 d.M.

ONTEM #2 - All these things that I've done

Como resumir a saga de Racio Símio, após três anos (e algumas semanas) de um blog que foi um retrato bem fiel de minha adolescência? Não sei ao certo. Mesmo assim, vamos tentar.
Antes de mais nada, sempre prezei pela transparência em meus posts. Às vezes isso até virou um defeito, pois eu não conseguia filtrar a carga de intimismo e subjetividade que contaminava alguns textos que até podiam ser mais sérios. Não nego que desperdicei muito do meu "potencial" (ok, sei o quanto esta palavra é brega e inadequada) com o formato de diário - quase sempre em forma de tópicos, of course - que adotei em muitos escritos.
Por outro lado, algo que eu devo a RS foi o notável desenvolvimento de minha capacidade para escrever. Modéstia à parte, eu já produzia bons textos antes do blog (sempre fui um aluno destacado nas redações), mas eles melhoraram bastante nesse triênio. Do ponto de vista técnico/gramatical, diminuí consideravelmente alguns probleminhas. Minha argumentação continua falha e excessivamente normativa (falarei mais sobre isso em 'Amanhã # 1'), mas certamente já consigo produzir textos mais convincentes e inteligentes. De quebra, minhas leituras aumentaram minha capacidade de utilizar intertextualidade e recursos estilísticos.
Falei sobre muita coisa nestes últimos 37 meses: além da minha vida, discorri sobre música, literatura, cinema, política, literatura, filosofia, games, educação, comportamento, e por aí vai. "Ok, mas todo blog faz isso." Sim, mas nenhum deles de um jeito tão idiossincrático (para bem e para mal) como o meu. Ao mesmo tempo em que não sou tão original quanto gostaria (quem mandou não ser um gênio inato e não ter nenhum distúrbio mental que aguçasse a criatividade?), mas, com as devidas proporções, ainda consigo demonstrar alguma autoria em meus textos. Se isso significa que vou ou não 'fazer escola', isso é algo que eu não poderei responder.
Por último, posso dizer que ainda olho de uma maneira bem positiva para o meu passado. Ainda persisto em superestimar situações ocorridas ou atribuir a elas um significado maior do que mereceriam. Quer exemplo maior disso do que justamente o período Agosto-Novembro de 2005 (primórdios de Racio Símio, inclusive)? Até hoje costumo defini-los como "o ponto mais decisivo da minha adolescência", o (já ter dito isso umas vinte vezes por aqui, mas não tem problema) momento em que preferi ser César a Henrique - ou, pensando nas personagens femininas do livro, Júlia ao invés de Alice. Porém, não creio que isso chegue a ser uma adulteração do meu passado. É só (re)ler os posts daquela época para constatar que ela foi, sim, fundamental para mim.

HOJE - A sustentável leveza de meu ser

E então, quem é o Kaio Felipe de 18 d.M.?
Acima de tudo, um ser que exala autoconfiança. Ou, segundo um colega meu, "um jovem demasiado seguro de sua genialidade*** e com igual ímpeto se dedica a convencer todos dessa sua característica distintiva." Porém, acabo sendo mais narcisista que realmente egocêntrico, afinal não consegui (e nem pretendo) a autossuficiência em vários aspectos; ainda confio na possibilidade de lidar e interagir com outras pessoas - ou, sendo mais direto, de cultivar colegas e amigos.
Falando nisso, precisarei aprender trabalhar em grupo com as duas possibilidades de produção acadêmica com que me deparo atualmente.
A primeira é o fato de ter sido escolhido como um dos três diretores assistentes do comitê Conselho Econômico e Social, da SINUS 2009. Foi meio inesperado, não só de um viés pessimista (afinal, era minha 3ª opção de comitê, pois minha prioridade era o Eco Fin) como também do otimista, pois não vou negar que fiquei super feliz e surpreso com a oportunidade que me é oferecida. O tema não é exatamente uma das minhas especialidades: crise mundial de alimentos e a erradicação da fome e da extrema pobreza como uma das metas do milênio (ODM, you know?). Porém, espero que meus conhecimentos de política e economia possam contribuir na preparação dos debates do comitê e também do próprio guia de estudos. Mal posso esperar pela reunião com os(as) outros(as) diretores.
A outra é ainda um processo seletivo. Estou falando do PET/POL, Programa de Educação Tutorial de Ciência Política. É uma ótima oportunidade para alunos - como eu, é claro - que têm vocação acadêmica, querem aprofundar seus conhecimentos sobre tópicos relevantes e se amparar no tripé ensino, pesquisa e extensão. Porém, alguns fatores vêm interferindo na minha maneira de encarar a possibilidade ser um dos 3 selecionados do semestre para o PET. Ok, vou ser sincero: o medo de rejeição anda pesando. Não só a 'before' (ou seja, não ser escolhido), como também a 'after', correspondente a um temor de ter minha individualidade minada pelo trabalho em grupo e/ou um tema pelo qual eu não me interesse - por exemplo, o próprio tópico de 2008 do PET/POL, Movimentos Sociais.
Sim, eu sei que isso é paranóia excessiva, até mesmo para os padrões kaionianos; contudo, preocupo-me com a hipótese de futuramente rejeitar ou debochar do Programa - sabem aquele papinho de "Tá bom, nem queria mesmo" ou "Ah, não me interesso por aquela panelinha escrota de nerds"? - por motivos tão fúteis e baixos. Oras, sob todos os pontos de vista, principalmente no que tange a teamwork e enriquecimento das minhas habilidades acadêmicas, entrar para o PET seria ótimo para mim. Por mais que eu queira ser um intelectual independente, um livre-pensador, eu não estarei só em meu trabalho futuro - think tank, professor universitário, palestras, seminários e conferências, tratados, ensaios e peças literárias etc. Sempre terei que lidar com outros seres humanos. A misantropia não me ajudaria a conseguir o que quero em minha breve existência. Logo, o primeiro passo seria tentar, desde já, ingressar nesse projeto.
Creio estar preparado para as conseqüências dessa decisão, tanto as - repetindo a brincadeirinha linguística - 'before' (estudar muito para a prova de seleção, preparar adequadamente o currículo e, caso seja pré-selecionado, procurar ir bem na entrevista) quanto as 'after' (dedicação intensa, sacrifício de parte de meu tempo livre e tentar não impor tanto meus interesses de pesquisa sobre os do resto do grupo).
Eu poderia falar sobre tantos outros assuntos em 'Hoje', mas usei o da SINUS + PET como uma espécie de alegoria das decisões que terei que tomar daqui para a frente. Meu futuro está a se delinear a cada instante, e as minhas valorações serão decisivas para a composição do mesmo.
A propósito: sim, estou tentando aplicar alguns conceitos que aprendi em "Ação Humana", hehe...

***Não sei se ele me superestimou ou se foi uma ironia que eu não captei... mas, de qualquer maneira, lembrem-se: é genialidade no sentido mais relativo e ameno possível. Infelizmente, hehe.

Não queria encerrar o post por aqui, mas ainda vou falar de tanta coisa em 'Amanhã #1' e 'Amanhã #2' que ficaria longo demais; acho melhor deixar o resto para o próximo post, cujo título será "Dando prosseguimento ao #500".
Ah, outra observação: comecei a redigir este texto ontem, às 19:42, parei umas duas horas depois e voltei a ele hoje, depois das 7 e quinze da noite.
Até a próxima!

04 setembro 2008

Write Idiot Write

Amanhã tem show do Hives! Comprei meu ingresso no fim de semana passado. Aliás, tinha me esquecido de mencionar aqui o quanto o sábado 30 e o domingo 31 foram movimentados: primeira aula de Francês, (muito boa, por sinal) Mc Dia Feliz no shopping (há tempos que eu não comia Big Mac tampouco ia a tal evento mcdonaldesco), pegar um ônibus até a 306 Norte só para comprar o ingresso do Hives na Pizzaria Dom Bosco (o plano inicial era adquirí-lo no Conjunto Nacional mesmo, mas os tíquetes já haviam se esgotado na Chili Beans), terminar de ler dois livros ("O Imbecil Coletivo", do Olavo de Carvalho, e "O Essencial von Mises", do Murray Rothbard), estudar para FEB, TPM e TPClá, usar a internet à beça, ver o Palmeiras vencer o Atlético-PR e, é claro, comer e dormir.

Ops, desviei do assunto. Então, estou muito ansioso em relação ao show desta banda sueca de indie rock. Ouvia-os bastante nos meses finais de 2005, mas nunca fui um fã inveterado. A ocasião do show permitiu-me fazer uma tática picareta que eu já havia utilizado em outras duas ocasiões (os shows de Los Hermanos, em Novembro de 06, e Pato Fu, exatos doze meses depois): aproveitar um leve interesse nutrido pela banda em questão para aprofundar-me nela. Isso inclui decorar letras, escutar incessantemente faixas deles, descobrir um monte de coisas sobre a biografia e discografia etc.
Sim, vocês têm todo o direito de dizer que isso é a coisa mais pseudo-intelectual que vocês já viram/leram. Porém, não me sinto nem um pouco mal por estar cinicamente fazendo a equação "banda interessante + show imperdível + disposição para conhecer o som deles melhor = 'virar' um interessado e conhecedor da banda". Com Hives não foi diferente. Como diria Cosmo, "e não me arrependo!", pois realmente eles são competentes. Letras adoravelmente arrogantes e auto-referenciais, bom humor, guitarras furiosas, baixo e bateria arrasadores e, é claro, os vocais furiosos de Howlin' Pelle Almqvist.
Minhas favoritas são: "T.H.E.H.I.V.E.S." (estilosa e egocêntrica até não poder mais), "Hate To Say I Told You So" (óbvio ululante, pois foi a primeira deles que eu ouvi, três anos atrás), "Supply and Demand" (é raro uma banda usar um conceito econômico como título de canção, ainda mais em uma tão satírica), "Main Offender" (outra básica e clássica), "Walk Idiot Walk" (riff contagiante e muito deboche), "Two-Timing Touch And Broken Bones" (curtinha e grudenta) e "Tick Tick Boom" (não podia haver melhor escolha para 1º single do quarto disco deles).
É uma pena que uma amiga minha de Goiânia, que eu havia convidado para ver o show aqui em Brasília, não poderá vir. Mesmo assim, tenho certeza que a noite de amanhã será bem divertida e agradável. Cinco semanas depois do Porão do Rock, é o meu retorno aos eventos roqueiros! "Alright!"

Mudando de assunto, foi mesmo uma ótima sacada ler a curta (quase 50 páginas) e muito bem escrita biografia que Rothbard preparou sobre seu mestre Mises. Não haveria melhor maneira de aquecer-me para o colossal "Ação Humana" (até o momento em que comecei a redigir este post, tinha parado na pág. 212).
Continuo bem entusiasmado com meu atual livro de cabeceira. Nunca vi ou li alguém que conseguisse explicar economia, tanto em sua metodologia e epistemologia quanto nas aplicações da teoria, de maneira tão elegante! Dando prosseguimento ao que fiz no post anterior, destaque para outros dois capítulos: o oitavo, "A Sociedade Humana" (especialmente no subcapítulo "Uma crítica da visão holística e metafísica da sociedade") e o nono, "O Poder das Idéias" (nem preciso dizer que adorei a parte sobre "Visão de mundo e Ideologia", certo?).

Pronto, era isso o que eu tinha para falar hoje. Até a próxima.

02 setembro 2008

Just the basic facts

Houve debate entre os 6 "reitoráveis" hoje. Cinco deles eram de esquerda, e muitos com propostas mirabolantes e demagógicas (destaque para Jorge Antunes, da Música, o mais comunistinha e caricato de todos). O único que se salvou foi Márcio Pimentel. Moderado, com propostas concretas e lúcidas, compromisso com a excelência no ensino, valorização do mérito e de uma universidade ágil, dinâmica e com gestão eficiente. Como eu acredito que o cargo de reitor é muito mais técnico que político, pelo fato de a universidade ter certos objetivos, fins definidos (a qualidade no tripé ensino, pesquisa e extensão, por exemplo), é o candidato que mais se aproxima da minha linha de pensamento.

Ontem, finalmente comecei a ler "Ação Humana", obra-prima de Ludwig von Mises. 100 páginas depois (são quase 900, no total), já posso dizer que é uma leitura prazerosa, sempre com raciocínio claro e bem sustentado. O segundo capítulo, "A Economia e a Revolta contra a Razão", já é um dos meus prediletos, com uma crítica inteligente e devastadora ao polilogismo e à inconsistência argumentativa de pensadores como Comte, Marx, as duas tendências hegelianas e os teóricos racistas.

Para fechar, um desejo: que Setembro desse ano corresponda à tradição iniciada em 2003 de tal mês ser um dos mais importantes do ano em acontecimentos da minha vida. Ok, isso foi bobo. Boa noite.