#500!
Para comemorar, nada como falar do máximo de assuntos possíveis, e sempre pensando nas três dimensões: no ontem, no hoje e no amanhã.
Eu ouvia Hives no último trimestre de 2005. No ápice da minha 'fase indie', tudo o que fosse descolado e cool em matéria de rock alternativo iria parar no meu Media Player. Para me limitar às bandas da geração '00s (afinal, se eu fosse citar também as das décadas anteriores iria gastar mais três linhas) foi naquele ano que comecei a ouvir conjuntos como Franz Ferdinand*, Interpol, White Stripes, The Strokes**, Muse, The Killers e The Hives. Também curtia Magic Numbers, Keane, Editors e The Vines, mas nenhuma das quatro acabou permanecendo no meu gosto musical.
No caso específico dos 'colméias', eu conheci as, digamos, 4 faixas mais famosas deles ("Hate To Say I Told You So", "Main Offender", "Walk Idiot Walk" e "Two-Timing Touch And Broken Bones") e só. Não aprofundei-me muito, pois eram tantas bandas que eu comecei a adorar de uma só vez que um ou outro sacrifício injusto seria cometido. No fim do ano passado, eles lançaram o disco novo, e eu curti o clipe de "Tick Tick Boom", mas nem corri atrás. Porém, eis que, em Agosto, eu descubro que The Hives fará um show em Brasília!
Ótima ocasião para conhecer melhor o quinteto sueco e aproveitar mais o show, certo? Sim. Como detalhei no post anterior, segui alguns procedimentos para me antenar no rock hivesiano. Até imprimi as letras de 13 faixas para ajudar a decorá-las.
"E o show?" Ah, sim, vamos contar a historinha. Um amigo meu da universidade deu-me carona, e chegamos lá em torno da meia-noite. Quando eu estava entregando meu ingresso para entrar, eles tinham acabado de iniciar a performance, com "Hey Little World". Quando eu, meu amigo e outros/as colegas estávamos correndo para achar um lugar bom para assistir ao show, eles mandaram, para o meu delírio, "Main Offender". Durante o concerto outros hits e 'fan-favorites' marcaram presença, como "A Little More For Little You", "Die, All Right!", "Try It Again", "Walk Idiot Walk", "You Got It All... Wrong", "Two-Timing Touch And Broke Bones" e "A.K.A. I-D-I-O-T", sendo que esta última foi uma grata surpresa, pois eu torcia para que eles tocassem pelo menos uma faixa do debut deles, "Barely Legal" (1997). Entre as três executadas no bis, duas eram meio que obrigatórias (e, é claro, assaz empolgantes): "Hate To Say I Told You So" e "Tick Tick Boom" (última do show). Enfim, uma apresentação bombástica!
Das 13 que eu tinha tentado decorar, 10 marcaram presença (são todas as que eu citei no parágrafo anterior, com a exceção de 'also known as idiot'). Para um show de quinze faixas, minhas especulações tiveram um bom aproveitamento, não? Senti falta de duas das minhas prediletas ("T.H.E.H.I.V.E.S." e "Supply And Demand"), mas tudo bem; os Hives foram tão incríveis no palco que nem adianta botar defeitos. São extremamente divertidos e animados (com direito a paradinha, 'congelada'!), arrogantes no bom sentido (eles adoram instigar o público com constantes pedidos de palmas, gritos e"pare", além de auto-elogios) e competentes em fazer um rock and roll contagiante e de qualidade. Enfim, repito o que disse a respeito do Muse: que venha o quinto disco, e uma nova turnê no Brasil que passe por Brasília!
Para fechar, sabe aquelas '7 mais' do post passado? Adicionem "A Little More For Little You", "Try It Again" e "Die, All Right" para virar um top 10.
*Descobri "The Dark Of The Matinée" no fim de 2004, mas foi só no ano seguinte que fui à caça de outras canções do Franz.
**Eu ouvia "Last Nite" desde '02, mas a obra do Strokes como um todo, só em meu 15 d.M.
Antes de mais nada, sempre prezei pela transparência em meus posts. Às vezes isso até virou um defeito, pois eu não conseguia filtrar a carga de intimismo e subjetividade que contaminava alguns textos que até podiam ser mais sérios. Não nego que desperdicei muito do meu "potencial" (ok, sei o quanto esta palavra é brega e inadequada) com o formato de diário - quase sempre em forma de tópicos, of course - que adotei em muitos escritos.
Por outro lado, algo que eu devo a RS foi o notável desenvolvimento de minha capacidade para escrever. Modéstia à parte, eu já produzia bons textos antes do blog (sempre fui um aluno destacado nas redações), mas eles melhoraram bastante nesse triênio. Do ponto de vista técnico/gramatical, diminuí consideravelmente alguns probleminhas. Minha argumentação continua falha e excessivamente normativa (falarei mais sobre isso em 'Amanhã # 1'), mas certamente já consigo produzir textos mais convincentes e inteligentes. De quebra, minhas leituras aumentaram minha capacidade de utilizar intertextualidade e recursos estilísticos.
Falei sobre muita coisa nestes últimos 37 meses: além da minha vida, discorri sobre música, literatura, cinema, política, literatura, filosofia, games, educação, comportamento, e por aí vai. "Ok, mas todo blog faz isso." Sim, mas nenhum deles de um jeito tão idiossincrático (para bem e para mal) como o meu. Ao mesmo tempo em que não sou tão original quanto gostaria (quem mandou não ser um gênio inato e não ter nenhum distúrbio mental que aguçasse a criatividade?), mas, com as devidas proporções, ainda consigo demonstrar alguma autoria em meus textos. Se isso significa que vou ou não 'fazer escola', isso é algo que eu não poderei responder.
Por último, posso dizer que ainda olho de uma maneira bem positiva para o meu passado. Ainda persisto em superestimar situações ocorridas ou atribuir a elas um significado maior do que mereceriam. Quer exemplo maior disso do que justamente o período Agosto-Novembro de 2005 (primórdios de Racio Símio, inclusive)? Até hoje costumo defini-los como "o ponto mais decisivo da minha adolescência", o (já ter dito isso umas vinte vezes por aqui, mas não tem problema) momento em que preferi ser César a Henrique - ou, pensando nas personagens femininas do livro, Júlia ao invés de Alice. Porém, não creio que isso chegue a ser uma adulteração do meu passado. É só (re)ler os posts daquela época para constatar que ela foi, sim, fundamental para mim.
Acima de tudo, um ser que exala autoconfiança. Ou, segundo um colega meu, "um jovem demasiado seguro de sua genialidade*** e com igual ímpeto se dedica a convencer todos dessa sua característica distintiva." Porém, acabo sendo mais narcisista que realmente egocêntrico, afinal não consegui (e nem pretendo) a autossuficiência em vários aspectos; ainda confio na possibilidade de lidar e interagir com outras pessoas - ou, sendo mais direto, de cultivar colegas e amigos.
Falando nisso, precisarei aprender trabalhar em grupo com as duas possibilidades de produção acadêmica com que me deparo atualmente.
A primeira é o fato de ter sido escolhido como um dos três diretores assistentes do comitê Conselho Econômico e Social, da SINUS 2009. Foi meio inesperado, não só de um viés pessimista (afinal, era minha 3ª opção de comitê, pois minha prioridade era o Eco Fin) como também do otimista, pois não vou negar que fiquei super feliz e surpreso com a oportunidade que me é oferecida. O tema não é exatamente uma das minhas especialidades: crise mundial de alimentos e a erradicação da fome e da extrema pobreza como uma das metas do milênio (ODM, you know?). Porém, espero que meus conhecimentos de política e economia possam contribuir na preparação dos debates do comitê e também do próprio guia de estudos. Mal posso esperar pela reunião com os(as) outros(as) diretores.
A outra é ainda um processo seletivo. Estou falando do PET/POL, Programa de Educação Tutorial de Ciência Política. É uma ótima oportunidade para alunos - como eu, é claro - que têm vocação acadêmica, querem aprofundar seus conhecimentos sobre tópicos relevantes e se amparar no tripé ensino, pesquisa e extensão. Porém, alguns fatores vêm interferindo na minha maneira de encarar a possibilidade ser um dos 3 selecionados do semestre para o PET. Ok, vou ser sincero: o medo de rejeição anda pesando. Não só a 'before' (ou seja, não ser escolhido), como também a 'after', correspondente a um temor de ter minha individualidade minada pelo trabalho em grupo e/ou um tema pelo qual eu não me interesse - por exemplo, o próprio tópico de 2008 do PET/POL, Movimentos Sociais.
Sim, eu sei que isso é paranóia excessiva, até mesmo para os padrões kaionianos; contudo, preocupo-me com a hipótese de futuramente rejeitar ou debochar do Programa - sabem aquele papinho de "Tá bom, nem queria mesmo" ou "Ah, não me interesso por aquela panelinha escrota de nerds"? - por motivos tão fúteis e baixos. Oras, sob todos os pontos de vista, principalmente no que tange a teamwork e enriquecimento das minhas habilidades acadêmicas, entrar para o PET seria ótimo para mim. Por mais que eu queira ser um intelectual independente, um livre-pensador, eu não estarei só em meu trabalho futuro - think tank, professor universitário, palestras, seminários e conferências, tratados, ensaios e peças literárias etc. Sempre terei que lidar com outros seres humanos. A misantropia não me ajudaria a conseguir o que quero em minha breve existência. Logo, o primeiro passo seria tentar, desde já, ingressar nesse projeto.
Creio estar preparado para as conseqüências dessa decisão, tanto as - repetindo a brincadeirinha linguística - 'before' (estudar muito para a prova de seleção, preparar adequadamente o currículo e, caso seja pré-selecionado, procurar ir bem na entrevista) quanto as 'after' (dedicação intensa, sacrifício de parte de meu tempo livre e tentar não impor tanto meus interesses de pesquisa sobre os do resto do grupo).
Eu poderia falar sobre tantos outros assuntos em 'Hoje', mas usei o da SINUS + PET como uma espécie de alegoria das decisões que terei que tomar daqui para a frente. Meu futuro está a se delinear a cada instante, e as minhas valorações serão decisivas para a composição do mesmo.
A propósito: sim, estou tentando aplicar alguns conceitos que aprendi em "Ação Humana", hehe...
***Não sei se ele me superestimou ou se foi uma ironia que eu não captei... mas, de qualquer maneira, lembrem-se: é genialidade no sentido mais relativo e ameno possível. Infelizmente, hehe.
Não queria encerrar o post por aqui, mas ainda vou falar de tanta coisa em 'Amanhã #1' e 'Amanhã #2' que ficaria longo demais; acho melhor deixar o resto para o próximo post, cujo título será "Dando prosseguimento ao #500".
Ah, outra observação: comecei a redigir este texto ontem, às 19:42, parei umas duas horas depois e voltei a ele hoje, depois das 7 e quinze da noite.
Até a próxima!