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Kaio

 

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29 março 2006

Aforismos

1. "Ler não torna alguém inteligente, mas sim a capacidade de interpretar e analisar os livros" (Kaio Felipe).
2. Lendo "O Retrato de Dorian Gray". Olha, sou bem liberal quanto a questões de sexualidade, mas aquele livro é a coisa mais gay que eu já li até hoje. O Oscar Wilde fez uma metáfora descarada em relação à vida dele. Até temáticas apreciadas por homens afeminados, como narcisismo e discussões sobre arte, são uma constante na obra. Acho que conseguirei terminá-lo amanhã à noite. Aguardem um artigo sobre ele...
3. Dêem uma olhada nisso. Meus 15 parágrafos de fama!
4. Felizmente, o professor da aula (extracurricular) de leitura de clássicos resolveu escolher um livro bom para a turma analisar no segundo bimestre: "Os Irmãos Karamazov" (Dostoievski). Eu já o li, entre outubro e novembro do ano passado, e fiz até uma resenha sobre ele. E adorei.
5. Descobri uma ótima maneira de responder os professores quando eu estou fazendo outra coisa na aula, que não seja prestar atenção. Ontem, por exemplo, na aula de Português, estava copiando a matéria de Biologia, quando o professor falou:
- Kaio?
- Hã?
- O que você está fazendo?
- Estou fazendo anotações filosóficas sobre as obras de Nietzsche, Schopenhauer e Freud! =D

26 março 2006

Como filosofar a marteladas

Não é a primeira, e nem será a última vez que eu falarei sobre Nietzsche no blog. Talvez seja porque ele é o tipo de filósofo que eu mais respeito - aquele que não se vê como "verdade" ou "grandioso", mas sim como um "destruidor de ídolos" e "imoralista". Ele critica a todos (pessimistas, socialistas, cristãos, Wagner, Kant, nacionalistas, socráticos, Platão, alemães em geral, etc), mas não se coloca como a "resposta para todas as perguntas".
Nietzsche não pretendia substituir aqueles a quem tanto esculhambava. O próprio Zaratustra, síntese de seu pensamento, busca pelo super-homem como se fosse um cético moderado (ou relativista) - sabe que jamais encontrará uma verdade, uma essência, o homem evoluído, mas continua na busca, pois considera esse o seu papel.
Já li sete obras do bigodudo:
- Humano, Demasiado Humano e
A Gaia Ciência são os mais indicados para iniciantes em Nietzsche. Ambas não têm um tema central, se expressando em centenas de pensamentos supostamente desconexos - os aforismos. Eles, contudo, ganham coesão se suas idéias forem devidamente absorvidas. Aliás, é em A Gaia Ciência que ele fala pela 1ª vez sobre o "eterno retorno".
- Assim Falou Zaratustra é, para muitos, a obra-prima dele, pois, através de um estilo poético, o autor constrói o seu alter-ego, Zaratustra. O livro faz muitas referências aos pré-socráticos, devido à sua filosofia mais voltada para a natureza, a solidão, as metáforas, a mente aberta e, principalmente, para as críticas ácidas e sutis ao ser humano e suas fraquezas morais, como a humildade e a resignação à fé.
- Além do Bem e do Mal é o meu predileto. Mais afiado do que nunca, Nietzsche discorre brilhantemente sobre temas polêmicos, como os sistemas políticos, a decadência cultural da Alemanha, os eruditos, os aristocratas, o Estado e os erros da filosofia contemporânea. Ele chega a conclusões bem sensatas, como a de que o cristianismo é um platonismo para o povo e que o socialismo não passa de uma ideologia de rebanho.
- Crepúsculo dos Ídolos é o mais sarcástico de todos. O escritor não poupa alfinetadas nos (supostos) intelectuais do século XIX, e surpreende o leitor com trechos em que, por exemplo, conclui que Sócrates é feio, pois só valoriza o interior e o abstrato. O título é uma ironia à composição "Crepúsculo dos Deuses" de (surpresa!) Wagner.
- Ecce Homo é sua autobiografia. Nietzsche está no auge da sua dupla personalidade e de seus paradoxos - talvez seja o escrito dele que mais esbanja lucidez e loucura. Ele disseca completamente a sua vida e sua personalidade, indicando até as condições físicas e psicológicas mais adequadas para "se filosofar". O egocentrismo do autor é evidente em certos momentos, o que torna Ecce Homo ainda mais fascinante. Aliás, a melhor frase dele está nesse livro: "Derrubar ídolos - isso, sim, já faz parte do meu ofício".
- O Anticristo é o mais curto e direto, e também o mais polêmico dos seus textos. Mais de cem anos depois, continua a ser muito mal interpretado, fato que o próprio Friedrich Nietzsche já previa logo no prefácio, "Este livro destina-se aos homens mais raros". Seus argumentos contra o cristianismo são coerentes e sensatos. Portanto, o mito de que ele era apenas um "louco revoltadinho" deve ser retificado. O raciocínio dele para criticar Jesus e seus seguidores ("O Evangelho morreu na cruz") é bem válido para algo notório: toda e qualquer ideologia, seja ela política, filosófica ou religiosa, é distorcida e deturpada por seus seguidores.

Acho, entretanto, que chegou um momento da minha vida em que eu já não preciso mais de ler Nietzsche. Já "consegui" o que queria - um senso crítico mais apurado. Agora, vou me aprofundar em outros pensadores, para aí sim poder criar minhas próprias idéias. O Kaionismo está por vir, hohohohoho...

25 março 2006

Para refletir

Há 20 anos, o criador de Pac-man disse:
"Video-games não influenciam crianças. Quer dizer, se o Pac-man tivesse influenciando a nossa geração, estaríamos todos correndo em salas escuras, mastigando pílulas mágicas e escutando músicas eletrônicas repetitivas." (Toru Iwatani)

Seria isso uma profecia? Uma ironia do destino? Ou mesmo uma falta de criatividade de Kaio Felipe para atualizar o blog?

23 março 2006

"As idéias fascinam o homem, mas não o esclarecem"

Álvares de Azevedo foi, sem dúvidas, o maior expoente do ultra-romantismo no Brasil. Seus textos foram muito influenciados pelo hedonismo de Lord Byron e pela melancolia de Goethe.
Suas duas obras mais conhecidas, "Noite na Taverna" e "Macário", estão recheadas de morbidez, desesperança e pessimismo. Em ambas, os jovens se entregam à libertinagem e à vida devassa, e acontece de tudo: orgias, necrofilia, antropofagia, adultério, incesto, crimes passionais, etc.
O autor fez um retrato fiel da alta sociedade de meados do séc. XIX, que continha vários jovens intelectuais, que se entregavam à boemia, à promiscuidade e eram inconseqüentes. Quem sabe, não seria isso um Carpe Diem macabro? O lema deles devia ser algo como "Sexo, álcool e poesia". E eles não se sentiam pecadores. Macário, por exemplo, demonstra extremo ceticismo, assim como alguns personagens de "Noite na Taverna" apresentam uma tendência ao epicurismo e ao ateísmo.
Percebe-se nas obras vários paradoxos - incredulidade e idealismo, amor e descrença, pessimismo e otimismo, etc. Os questionamentos são quase hamletianos, sempre como uma conotação existencialista e filosófica, sempre vendo a vida de uma maneira triste, tendo o motivo principal para isso as desilusões amorosas. O padrão de vida autêntico e ousado (levando em conta que estamos falando da mesma época de romances recatados e hipócritas, como "Escrava Isaura" e "A Moreninha") é um reflexo da inspiração dada pelo romantismo que estava rolando na Europa (aliás, em várias cenas de ambos os textos, eles realmente vão para o velho continente), que apresentava várias características relatadas acima, seja pelo viés gótico ou pelo bucólico.
A edição da Martin Claret custa R$ 10,50 e vem com ambas as obras. Se vocês querem ler um grande clássico da literatura brasileira, e que não seja maçante como as Iracemas da vida, eu recomendo.

22 março 2006

Ócio criativo?

Poxa, que ânimo - estou lendo mais livros do que deveria nos últimos dias. Terminei as duas obras do Álvares de Azevedo que estava lendo: ontem, o "Noite na Taverna", e hoje o "Macário" (aguardem resenhas...), hoje já comecei dois do Nietzsche: "Crepúsculo dos ídolos" e "Humano, demasiado humano".
E já preparei a lista dos próximos: "O Idiota" (Dostoievski) - "Elogio da Loucura" (Erasmo) - "Três Contos" (Flaubert) - "Teoria da Sexualidade" (Freud) - "Triste Fim de Policarpo Quaresma" (Lima Barreto).

Ah, estou montando com uns amigos uma banda de rock. O nome será Catharina e os Lovecats. Motivos:
1. A banda só tem uma fêmea, que fará os vocais e as letras junto comigo (afinal, eu não sei tocar nenhum instrumento).
2. Gozação a duas bandas: Siouxsie and the Banshees e The Cure, sendo estes últimos autores da ótima canção "Lovecats".
3. O subtítulo da balinha Freegells é Lovecats. =D

Publiquei duas matérias no jornal do meu colégio. Retirei ambas do blog: uma delas é Política - destros, canhotos e amputados, e a outra é Soy loco por ti, América?
Kaio Felipe está invadindo a mídia impressa de seu próprio colégio! E isso é perigoso! Salve-se quem puder!

20 março 2006

When routine bites hard, and ambitions are low

Sábado, eu terminei a leitura de "Os sofrimentos do jovem Werther". A obra é incrível, provavelmente um dos melhores romances de todos os tempos.
Werther é, acima de tudo, uma autobiografia de Goethe. A edição que eu possuo, que é da L&PM Pocket, contém adendos (cuja finalidade é ajudar o leitor a compreender a obra), e entre estes estão várias cartas de Goethe e seus amigos, relatando episódios quase idênticos aos do romance. O autor realmente se apaixonou por uma Carlota, sofreu muito por ela, despertou a desconfiança do esposo de sua amada, e, assim como Werther na primeira parte do livro, viajou para outra cidade para tentar esquecê-la.
Já na 2ª parte e nos momentos finais, a obra é a imagem e semelhança do que ocorreu com Jerusalem, um amigo de Goethe, que também estava loucamente apaixonado por uma mulher, e vendo ser impossível a reciprocidade, optou pelo suicídio. Quando "Os Sofrimentos do jovem Werther" foi publicado, seu impacto foi tão grande que, além de revolucionaram a literatura alemã ao antecipar o romantismo de séc. XIX, vários jovens se suicidaram após lê-lo. E depois dizem que livros não mudam pessoas...
Eu senti algo especial lendo Werther, já que refleti quanto o amor faz as pessoas sofrerem. Eu mesmo já senti esse sentimento avassalador em duas oportunidades: uma aos 9 anos e outra no ano passado.
Dizem que criança apaixonada é pura besteira. Será mesmo? Em outro post eu contarei mais detalhadamente sobre minha 1ª desilusão amorosa, mas já adianto que foi tão intensa que mudou boa parte da minha personalidade. Desde minha pré-adolescência, tornei-me uma criatura fria, anti-social e quase sem emoções ou escrúpulos - um crápula, enfim, que em vez de se reabilitar, busca primeiramente nos videogames, e mais tarde na música e nos livros um "consolo".
Só tive uma uma "recaída" nos últimos 5 anos, que foi justamente no ano passado, entre 26/10 e 18/11 (pois é, me lembro até das datas), por uma garota que, apesar de três anos mais velha, tinha gostos parecidos com os meus, e era extremamente simpática.
Novamente, não resultou em nada, e eu continuo na minha solidão, que provavelmente se eternizará.
Aliás, com o livro senti outra coisa - perdi o medo de ficar revelando minha vida particular no blog. Pô, o Goethe não foi nem indireto no Werther, tanto que até depois de publicá-lo ainda teve a cara de pau de falar com o casal a quem ele tanto atormentou com seus flertes, e admitir a "inspiração" para seu escrito. E, como eu sempre uso os livros como uma forma de me libertar dos pré-conceitos e temores irracionais, declaro que, a partir de hoje, não ficarei arrependido de falar demais sobre a minha vida pessoal. Hahahahahaha.
É sério. Preparem-se, hehe...

17 março 2006

Boa safra

Segunda-feira terminei o Como me tornei estúpido, e já fiz o review.
Anteontem concluí o Brás Cubas e já estou quase no final do Werther. Meus próximos posts no Consternações serão sobre eles, e também vou tentar relacionar com Schopenhauer.
Vou aproveitar a minha fase 'livresca' pra terminar logo a primeira temporada do seriado. Acho que dá até para colocar um conflito ou algum drama na história, pra fugir um pouco do blasé.

Sobre música... estou com um monte de CDs para gravar. Acho que vou fazer um novo best of do New Order, do Depeche Mode, do Led Zeppelin e do Pink Floyd.

Na escola, tirei notas relativamente baixas em Língua Portuguesa e Biologia. Mas tudo bem, o importante é que eu entendi a matéria. Provas são apenas testes, não dizem nada sobre conhecimento ou não do assunto. Hoje terei a segunda prova do bimestre de ambas as matérias, acho que terei mais chances de obter um melhor resultado.

15 março 2006

Ser um nerd frustrado ou não ser, eis a questão!

Lembram-se do meu recorde de leitura mais rápida (8 horas - 160 pág.), que pertencia ao "Feriado de mim mesmo"? Pois bem, ele foi batido. Em menos de cinco horas, devorei "Como me tornei estúpido", do Martin Page. Amei o livro, não tenho palavras para descrever o quanto gostei dele.
Livros bons, para mim, são aqueles com os quais você se identifica com o personagem e pensa como o autor. Todos os meus escritos favoritos são de caras que têm pensamentos parecidos com os meus, de Nietzsche a Orwell. Eles não nos influenciam, mas te deixam empolgado (a) após a leitura, pois o autor expressa em palavras aquilo que ele e você acreditam.
E eu senti isso com essa obra, de uma das promessas da nova safra de escritores. "Como me tornei estúpido" é como um retrato fiel dos intelectuais, caras que são extremamente infelizes, justamente por usarem melhor seus neurônios do que "os outros". Como o protagonista Antoine, diz em certo trecho, "A inteligência é uma doença".
Podemos dividir a obra em quatro partes:
1. Antoine está disposto a tornar-se estúpido. Escreve até o seu "testamento" antes de se aventura pelo mundo das pessoas normais. Sua primeira tentativa é o alcoolismo. Ele deseja profundamente os sucedâneos de prazer dos bêbados, alternados por forte depressão e vários efeitos colaterais. Ele pesquisa tudo sobre bebidas alcóolicas e até consegue a ajuda de um "especialista em assuntos etílicos". Contudo, tudo vai por água abaixo (!) quando, após tomar meio copo da mais leve das cervejas, ele é internado. Com coma alcóolico!
2. Sua segunda opção é o suicídio. No hospital, enquanto estava enfermo, ele conhece uma mulher que já tentou de tudo para se matar, mas nunca consegue, graças a algo ou alguém. Antoine pega com ela o telefone de um curso de "como se suicidar". Ele, no entanto, se desanima a fazê-lo. Nisso há uma relação com o que propõem filósofos como Schopenhauer: somos masoquistas, gostamos de sofrer. Preferimos continua vivos, e estender nossa desgraça, do que morrermos, o que seria uma tranquilidade, o fim da agonia. Antoine deve ter sentido essa contradição, e por isso saiu do curso.
3. O protagonista quer alcançar seu objetivo a qualquer custo, e resolve optar por algo mais ousado: ser normal. Isso mesmo - ter um emprego banal e que dê muito dinheiro; ser consumista; vestir-se bem; só pensar em coisas comuns, como futebol, refutar qualquer discussão intelectualizada, etc. Seus amigos ficam perplexos com a decisão, mas Antoine não volta atrás, e compra Felizil, um antidepressivo poderoso, que lhe daria o ânimo necessário para aceitar ser uma anta. Ele passa a se interessar por política, assistir TV, comer no McDonalds, e até consegue um trampo em uma empresa de negócios e especulações, aonde futura uma grana preta. Só que ele continua pouco entusiasmado, bem menos do que gostaria. E seus amigos interviram (de maneira forçada, claro) para voltá-lo à sua vida de intelectual fracassado.
4. Nas últimas páginas, Antoine conhece uma garota ousada, sarcástica e espontânea, que logo se identifica com ele. O final, supostamente feliz, na verdade contém um significado bem interessante - a maior estupidez que existe é o amor. Nada traz tanta incostância e aventura como ele, experimentamos através dele os sentimentos mais variados, o suficiente para nos manter idiotas e alegres.

13 março 2006

I've lost control again

Quando eu disse no meu about me do orkut que tinha "dupla personalidade", muitos foram os que acharam que era só brincadeira. Eu também. Até o último fim de semana.
Tudo bem que adolescentes realmente têm um temperamento instável, mas acho que estou indo longe demais. Quem lê meu blog sabe muito bem que eu alterno meu humor em extrema felicidade e tristeza profunda - inclusive semana passada, como relatei no post "Violently happy?".
No meu último tópico, dei a impressão de estar bem alegre. E estava realmente. Contudo, o domingo não foi dos melhores. Fui proibido pelos meus pais de usar o PC por ter passado a madrugada inteira na internet em vez de dormir. Depois, na corrida de F1, o Barrichello foi mal (acreditem se quiserem, mas eu sou fã dele!). Em seguida, um almoço não tão irritante, mas no qual eu já não me sentia tão bem - acho que foi porque ouvi The Cure (o som deles, às vezes, é meio deprê, mais do que JD). Tanto que dormi das 17h às 22h, depois li um pouco e voltei a dormir uma hora depois.
Hoje, na escola, o dia foi terrível. Estava muito mal humorado, não prestei atenção em nenhuma aula, fiquei ouvindo discman (só tirei quando um dos professores veio falar comigo, mas de uma maneira mais serena e menos coerciva), depois li um pouco do Brás Cubas e comecei o Werther. Durante a aula de Biologia, a mais entediante de todas, escrevi um poema, que eu gostaria até que fosse uma das letras de música da minha futura banda, os Pseudo-Normais:

Lágrimas de Dor
Kaio Felipe

Já não tenho mais paz
Minha alegria, deixei pra trás
Não posso nem sorrir
Que motivo há para rir?
Essa batalha já perdi
E confesso que não vivi
São lágrima de dor
Será isso ódio, ou amor?

Se dissipou toda a esperança
Minha tristeza só avança
Por dentro estou a me perder
É tão melancólico viver
Cansei de ser hipócrita
O sofrimento é um déspota
São lágrimas de dor
Será isso ódio, ou amor?

A espécie superou o meu ego?
Por que esse mundo eu renego?
São lágrimas de dor
Será isso ódio, ou amor?

12 março 2006

Boys don't cry

Fórmula 1. Daqui a algumas horas, ocorrerá o GP do Bahrein. Schumacher na pole, Massa largando em 2º, Button em terceiro e Barrichello, em sexto. A corrida promete ser muito boa, espero que esse ano seja tão equilibrado quanto o ano passado. A Honda, a Ferraria, a Renault e a McLaren prometem boas disputas e muita emoção. E as equipes pequenas são garantia de diversão...

My life? Bem, será que eu cair novamente no clichê nesse assunto? Vou tentar uma nova perspectiva...
Solidão é bom, sim senhor. Eu sou meu melhor amigo, sempre posso contar comigo mesmo. Não é egocentrismo, não, é a realidade.
Ah, mas pra evitar a completa solidão existe o MSN Messenger. Tive ótimas conversas nas últimas horas, algumas fizeram meu dia valer a pena. Me sinto renovado. Quem diz que internet é deprê provavelmente não a soube usar.
Aproveitei pra gravar os 2 CDs da minha coletânea do The Cure. Foi dificíl selecionar a tracklist, mas me baseei bastante nas antologias oficiais - Staring at the sea (1976-1986) e Galore (1987-1997). Finalmente, tenho compilações definitivas da trilogia sacra do post-punk: Joy Division, The Smiths e The Cure.
"I'm alive / I'm dead / I'm the stranger / killing an arab!"

10 março 2006

(Re) analisando os presidenciáveis

Eleições 2006. Vamos analisar os pré-candidatos? Adaptado do post de 14/12, com as devidas atualizações.
- Lula: incompetente, analfabeto, imbecil e ingênuo. Se ele pode ser presidente do Brasil, eu também posso. Três anos atrás, caímos na conversa de que para ser presidente, não era necessária carreira política e nem diploma. Putz, eu e outros 52 milhões de brasileiros fomos inocentes demais. Se havia alguma esperança quanto à esquerda brasileira, ela se dissipou completamente com Luís Inácio. Assistencialista por essência, até mesmo porque ele era pobre e acha que o Estado deve algo aos 'seus semelhantes' e para isso deve intervir pesado na economia e travar ainda mais o nosso desenvolvimento. A prova concreta do quanto um governo da 'nova esquerda' mantém as mesmas falhas da 'velha'. Eu não sou outro ex-petista que largou o partido depois da crise política, me desiludi com o Lula já no fim de 2003. E não voto nele em hipótese alguma.
- Heloísa Helena: radicalzinha de merda. Socialista ferrenha, é tapada por achar que aquela coisa linda no papel vai virar realidade. Ela dá a impressão de ser democrática e progressista, mas seu governo seria um show de desastres políticos devido à sua intransigência e falta de realismo - isso sem falar no risco de golpe e ditadura. Infelizmente, assim como toda a trupa do P-SOL, o discurso dela se resume a criticar "o imperialismo ianque, o neoliberalismo e as elites conservadoras".
- José Serra: o vampiro anêmico é nota zero em carisma, isso é fato. Mas é preferível a sua social-democracia hesitante do que uma alternativa radical. Podemos esperar bons resultados na saúde, na economia e na educação, pelo menos. Talvez ele tenha alguma competência para o cargo de presidente. Mas, no momento, prefiro o...
- Geraldo Alckmin: seu único problema foi o descaso com a FEBEM. Tirando isso, foi um bom sucessor para o Covas em São Paulo, fez algo de interessante por lá - um governo bem pragmático e organizado, e parece ter um projeto interessante para mudar a política fiscal. Bem, pelo menos ainda não vi nenhum paulista reclamando da eficiência dele. Por enquanto, seria minha opção.
- Germano Rigotto: parte do PMDB quer mandar o atual governador do RS para o pleito. É outro que só tem recebido elogios. Tem poucas chances eleitorais, por não ter muita projeção nacional. Acho que ele seria uma boa opção para 2010, até mesmo porque a verticalização pode atrapalhar os planos de candidatura própria dos peemedebistas.
- Anthony Garotinho: detesto religiosos oportunistas como ele, que usam a fé de pessoas inocentes e burras para ganhar votos e o dinheiro delas. Ele manipula os evangélicos cariocas, sempre com muito assistencialismo e populismo, e é campeão de infidelidade partidária. Corrupto e demagogo, é o típico político brasileiro.
- Roberto Freire: o PPS não é tão néscio quanto a maior parte dos 'canhotos' nacionais, mas considero que Freire ainda é meio anacrônico para o nosso cenário atual. Os jargões e o discurso não me enganam.
- Nulo: anular meu voto e "ignorar meu poder de escolha que só a democracia proporciona" é meu último recurso. Me esforçarei ao máximo para encontrar qualidades nos candidatos. Do contrário, a tecla branca será apertada.

09 março 2006

Republicação da Resenha - Closer (Joy Division)

Publiquei ela em novembro do ano passado, mas como ninguém a leu, não custa nada um repost:

Existem discos que são ímpares, do tipo que, quando você ouve, pensa "cara, isso é coisa de outro mundo". O que dizer então de Closer, a obra-prima do Joy Division? É um dos álbuns mais fascinantes da história do Rock, do tipo que você ouve centenas de vezes e ainda há muito a descobrir em suas canções. Além disso, alguns psicólogos e especialistas em Rock já afirmaram que esse disco é o segundo numa lista dos 10 álbuns mais depressivos e tristes já feitos (só perdendo pra Sister Lovers, do Big Star). Ou seja, se você está "down", é melhor não ouvir, senão corre o risco de acabar tendo o mesmo fim do Ian Curtis. (Desculpem-me pelo humor negro...)
Gravado no mês de março de 1980, nas mesmas sessões que originaram o compacto "Love Will Tear Us Apart" / "These Days", o disco seria lançado em maio, mas alguns problemas de prensagem atrasaram o lançamento para julho. Infelizmente, nesse meio tempo, Ian, vocalista do Joy Division, cometeu suicídio, tornando Closer um álbum póstumo, o que, por incrível, que pareça, impulsionou as vendas - tanto que ele chegou a ser o sexto nas paradas britânicas.
O LP é aberto por "Atrocity Exhibition", uma das músicas mais excêntricas e sombrias que a banda já fez; destaque para o refrão grudento (This is the way, step inside!). Em seguida, a melhor faixa de Closer, "Isolation". Além dos vocais maravilhosos, da melodia contagiante e do teclado oportuno, a partir do meio da música, a bateria fica mais pesada e acelerada, levando a um final orgásmico. "Passover" é outra canção aonde a bateria novamente se destaca, e a técnica de fazer uma música "rápida, porém lenta" e "silenciosa, porém doída" funciona muito bem.
Já "Colony" é outra das 'obscuras' - a letra é quase bíblica (Dear God in his wisdom took you by the hand / God in his wisdom make you understand). "A Means to an End" reflete bem o som que o Joy seguiu em alguns compactos como "Transmission" - é um Rock alternativo/underground, mas acessível. Em "Heart and Soul", outro grande momento do álbum graças a ótimas performances e a um riff inesquecível, a banda começa a parte mais depressiva do disco, que corresponderia ao lado B do vinil.
A faixa 7 é "Twenty Four Hours", que em meio a suas acelerações e desacelerações de ritmo, é uma das mais auto-biográficas de Ian, fato comprovado em trechos como 'Gottas find some therapy, this treatment takes so long'.
"The Eternal", melancólica ao extremo, é conduzida pelo piano de Sumner, combinada aos efeitos eletrônicos feitos pelo produtor Martin Hannett, comprovando o quanto aquela parceria era frutífera. E fechando da melhor maneira possível o disco, "Decades", uma fantástica composição do quarteto de Manchester, unindo o vozeirão e as letras de Curtis com o instrumental impecável dos outros três: a bateria quase ritualística de Morris, o baixo melódico de Hook e a sublime performance de Sumner nos teclados.
Quando o disco acaba, você fica com a impressão de que, realmente, o Joy Division marcou uma geração e será, para sempre, um mito do Rock. Closer é um disco magnífico, e será lembrado eternamente. Enfim, uma união perfeita do dark, do pós-punk, do Rock alternativo, do lírico e até da música eletrônica. O legado de Ian será eterno, e o dos outros três continua até hoje, com o New Order.
This is the way - step inside!

07 março 2006

O homem-dinamite

Já li quatro livros do Nietzsche - O Anticristo, Para Além do Bem e do Mal, Assim Falou Zaratustra e A Gaia Ciência, e já estou providenciando o Ecce Homo. Esse é o legal do bigodudo - ele não é o autor de uma só obra, mas de vários livros fantásticos, é impossível se restringir a um único para tentar compreendê-lo.
Ah, eu vou usar esse tópico pra comentar um e-mail que eu recebi dia desses de uma garota. Acho que ela leu algum texto meu em algum lugar do submundo da internet e resolveu comentar algo sobre Nietzsche.

"Nietzsche trilhou o caminho do paradoxo para ficar conhecido. Pois devido a sua incapacidade de formular uma teoria filosofica, ele começou a criticar a tudo e a todos, principalmente o cristianismo. Pois se não fosse isso ele teria morrido obscuro. Mas ao em vez de morre obscuro, ele morreu doido, como a filosofia dele é."

Minha resposta: Pois é justamente nisso que ele era genial. Nietzsche queria ser exatamente aquela criancinha birrenta, apelona e que odeia a tudo e a todos.
Mas em vez de simplesmente chutar o balde, ele sabia argumentar. Ele não teve medo de romper com filósofos e pessoas a quem ele admirava, como Wagner e Schopenhauer, e soube fazer a auto-crítica.
Quanto ao cristianismo, é aquela coisa que ele disse certa vez. "Derrubar ídolos - isso, sim, já faz parte do meu ofício". Ele não tinha medo de questionar verdades absolutas e unanimidades - 'sobrou' até pra Kant, Sócrates e Voltaire. Afinal, a filosofia não se constrói pela idolatria, mas sim pelo questionamento, pela crítica.
Nietzsche soube ser realista, e fugiu do idealismo hegeliano que predominava nos círculos intelectuais da época, ao criticar o nacionalismo, o socialismo, os eruditos, as 'idéias modernas' e, acima de tudo, o falso moralismo.
Ele nunca se importou com a fama durante a vida. Se considerava um homem póstumo, que só seria reconhecido após morto. Mas acabou sendo distorcido pelos anti-semitas, como Hitler, que usaram o livro "Assim Falou Zaratustra" para defender a idéia de que ele, Adolf, era o super-homem.
O próprio Nietzsche dizia que não seria integralmente compreendido - ele escrevia algumas coisas que só ele entendia, porque só ele tinha vivenciado. Isso é normal, todo filósofo é no fundo um egocêntrico. Mas nem por isso muito do que ele diz continua acessível e atual, principalmente na obra "Para Além do Bem e do Mal".
Eu não colocaria Nietzsche como o maior filósofo de todos os tempos, mas sim como um dos meus preferidos, do meu gosto pessoal, pois eu me identifico com muitas idéias dele. Ele soube expressar no papel toda a raiva que ele tinha da humanidade. Sua reclusão e isolamento foram determinantes para isso. É o "egoísmo positivo".
Sobre morrer louco, acho que foi um argumento infeliz da sua parte. Você ignorou os problemas hereditários que ele tinha, como a sífilis, o uso de drogas (inclusive haxixe) e a opção dele pela solidão. Já ouvi dizer que até Freud se recusou a tratá-lo, pois considerava o estado mental dele acima de seus conhecimentos.

06 março 2006

Violently happy?

O ser humano é uma criatura muito complicada. Felicidade e tristeza parecem ser divididas por uma linha tênue. Experimentei várias alterações de humor nas últimas 48 horas.
Sábado á noite eu estava extremamente feliz, em um festival de rock no Martim Cererê, conversando com vários amigos. Rolaram até papos existencialistas. Sartre ficaria orgulhoso. Houve até um momento típico de filme cult, quando eu liguei meu discman, e botei a música "Marquee Moon", do Television, e comecei a observar uma árvore. Cheguei até a ter uma reflexão do tipo "a beleza está nas coisas simples".
Contudo, no domingo veio a decadência. Um almoço em família patético, no qual eu tive de recorrer ao isolamento social para não ter de aturar aquela gente.
Mais tarde, entrei na internet e fiquei até às 1h30. Não foi uma boa idéia, apesar dos papos bacanas que eu tive com alguns contatos. Do nada, tive a idéia de reler uns posts antigos do meu blog. E fiquei perplexo - como os meus textos eram horríveis. Não do ponto de vista gramatical ou de concordância, mas sim no conteúdo: egomania, paixões cegas, imbecilidades, surtos de arrogância, promessas não cumpridas. Me senti triste. Tanto que nem consegui dormir.
Eram três horas da manhã, quando eu decidi ouvir Joy Division no meu discman. Escutei alguns singles e o disco Closer. Dizem que ele é o segundo álbum mais triste da história (só perdendo pro Sister Lovers, do Big Star), e não é nem um pouco recomendado para momentos, digamos, deprê. Engraçado que comigo foi o contrário. Apesar da melancolia de canções como The Eternal, Love Will Tear Us Apart, Atmosphere e Twenty Four Hours, algumas músicas da banda até melhoraram meu humor, como Incubation, These Days, Decades e, claro, minha favorita - Isolation.
70 minutos depois, eu troquei de CD - coloquei uma coletânea que eu fiz da primeira fase dos Smiths, de 82 a 85. Com o som deles, eu consegui terminar de me acalmar. Tanto que até cochilei por uns trinta minutos, e acordei com tempo sobrando para me arrumar para a escola.
Nas aulas, o discman novamente foi útil, aliado a alguns livros que eu trouxe. Tudo para tentar esquecer a chatice das aulas de Química, Biologia e Física. Para minha surpresa, os professores foram até tolerantes. Talvez porque eu prestei um pouco de atenção na aula, e isso poderia ser um... álibi.
Hoje, no período vespertino, novamente recorri ao PC, fazendo as mesmas coisas de sempre: orkut, MSN, blog, eMule e leitura de textos de cunho político ou filosófico (falando nisso, acho que vou fazer um texto comentando o cenário para as eleições presidenciais). Mas o importante é que eu já me sinto melhor. Acho que amanhã vai ser um dia mais alegre, até porque eu vou ter algumas aulas de Humanas. Vou poder brigar com os professores marxistas, hehehe...

05 março 2006

O mundo é dos intolerantes

Muitos criticam os EUA por serem tão escarancaradamente preconceituosos. Parece que estas pessoas ignoram países como o Brasil, aonde o preconceito é camuflado e enrustido, o que denota falsidade e hipocrisia pela parte dos brasileiros.
O preconceito ataca em todos os cantos da Terra. Os emos conseguiram um índice de rejeição gigantesco entre os adolescentes metidos a 'roqueiros de verdade', só porque são "românticos" e "delicados". Os homossexuais não têm o direito de se casarem e de adotarem crianças, e ainda suportam discursos homofóbicos de que "homossexualismo é uma doença". Os padrões de beleza criaram protótipos de pessoas perfeitas - quase uma eugenia - , e quem não se encaixa nele é feio (a). Católicos e protestantes vivem brigando entre si - isso quando não resolvem atacar os espíritas, os ateus ou, principalmente, o islamismo, o que é motivo para um conflito permanente entre as culturas ocidental e oriental.
Os políticos tratam o povo como se fosse um bando de parasitas do Estado, ao criarem programas sociais ineficientes e que tratam de segregar as supostas "minorias", como sem-terras, negros e os pobres, criando assim o estereótipo do "brasileiro sofrido", que precisa de cotas para universidades, passe livre, bolsa-família e de confiscar terras produtivas de fazendeiros para ser um "exemplo de vida".
Há uma grande discriminação dos palestinos pela parte dos judeus (sim, aquele povo que sofreu tanto com o nazismo). Os norte-americanos, egocêntricos por essência, pregam a democracia pelo mundo, mesmo que à força, mas seu próprio presidente desrespeita a Constituição, tenta proibir o ensino da teoria darwinista nas escolas (em prol do anacrônico criacionismo), entre outras medidas "brilhantes". Já o governo chinês persegue os budistas do Tibet. Os conflitos étnicos na Europa são praticamente ignorados.
Intolerância, intransigência, hipocrisia. São três palavras que podem muito bem resumir os atos da humanidade durante a História. Como diriam os Titãs, "ninguém sabe falar esperanto". As pessoas estão cada vez mais longe do respeito ao próximo. Só se vê gente julgando os outros pelas aparências. O orkut mesmo está cheio de comunidades de ódio, por exemplo. Não cabe ao Estado resolver esse problema, mas sim às ações de cada indivíduo, por um mundo não tão horrível.

03 março 2006

Monstros e sabonetes

Estou perplexo com "O Médico e o Monstro". O autor, Stevenson, criou um thriller psicológico bem envolvente, no qual a trama vai se revelando aos poucos, sempre surpreendendo o leitor. Assim como eu disse na resenha do "Édipo Rei", você, a priori, pode até saber a história, mas é só lendo a obra integral que haverá uma plena compreensão, uma fuga desse senso comum.
E eu consegui ver, em um ponto crucial, uma relação entre esse livro e o filme "Clube da Luta": a questão da dupla personalidade.
Vamos recapitular. No filme de David Fincher, Jack sofre de insônia, e está entediado com sua rotina e é um escravo do consumismo. Ele adquire uma esquizofrenia, e cria Tyler, um cara completamente alheio ao padrão de vida de seu "criador" - vive em uma espelunca, transa com Marla (que é o grande, porém oculto interesse sexual de Jack), monta um clube de brigas, fabrica sabonetes explosivos e, acima de tudo, é autêntico.
Em "O Médico e o Monstro", Henry Jekyll é um respeitado médico, considerado por todos uma pessoa boa e generosa. Contudo, ele sempre manteve bem escondidos os seus "desejos mais primitivos", a sua indignação com o mundo. Para isso, ele faz uma poção e transforma-se em uma espécie de Darth Vader do século XIX - Edward Hyde, um ser inescrupuloso e cruel, mau por essência, que age sempre de maneira niilista e colérica, inclusive pisoteando uma criança com a menor indiferença.
E é nesse ponto que ambos se ligam. Em um momento inicial, Jack admira Tyler, e Jekyll está satisfeito por descarregar sua fúria encarnado como Hyde. Só que os métodos para adquirirem esses 'clones do mal' são distintos - o protagonista de "Clube da Luta", pela insônia; já o personagem de Stevenson, pelo uso de drogas.
Só que chega o momento em que a esquizofrenia é inconciliável. E eles têm de decidir por qual das duas caras optar. Jack quer, a todo custo, se livrar de Tyler, mas em seus momentos de inconsciência, faz de tudo para mantê-lo. Jekyll chega a ficar dois meses na 'abstinência', mas Hyde (ou seja, sua raiva) se acumula dentro dele, e quando desperta, chega a cometer um homicídio.
O destino deles, entretanto, é diferente. Jack consegue tornar-se um 'espírito livre', e "mata" seu alter ego. Mas Henry Jekyll enlouquece, e não consegue controlar suas duas faces, e, após relatar todo o caso para Utterson (em uma espécie de testamento), encontra no suicídio a solução para o seu conflito interno.
Stevenson e Fincher conseguem, em suas respectivas obras, desvendar, com perfeição, esse dualismo presente na mente do ser humano. O lado bom e fraco e um lado mau e poderoso. Um que ele não quer ser, mas mantém as aparências, e o outro que reflete o que ele idealiza, o seu imaginário. Seria o homem capaz de conseguir a coexistência desses dois egos, ou esta é uma esquizofrenia irreversível?

02 março 2006

Stuff

1. Atualizei o Consternações depois de deixá-lo um mês abandonado. O episódio 14 já está no ar, e o 15 e o 16 serão colocados até o próximo domingo, dia 5.
2. No próximo post aqui no Racio Símio, farei uma resenha bem, digamos, heterodoxa do livro "O Médico e o Monstro".
3. Depois de ler o (patético e pedante) "A História da Psicanálise", estou lendo outra obra do Freud: "Esboço de Psicanálise". Essa já é melhor, as teorias do velhinho são muito interessantes, principalmente quando ele fala do desenvolvimento da função sexual.
4. Ainda estou extremamente feliz por ter vencido aquele debate político. Me empolguei tanto que conversei até com meu cachorro sobre o assunto. Ele respondou algo do tipo "Ok, ok, parabéns, sua bicha. Agora, quero ração, porra!"
5. Ah, sim, alguém aí no fundo deve estar louquinho pra me questionar: "How you doin', Kaio?"
Bem, a vida continua o mesmo tédio gratificante de sempre. As provas, por enquanto, estão fáceis, as aulas entediantes (nas de Humanas, pregações marxistas; nas de Exatas, conteúdos patéticos), os colegas clichês (toda turma tem que ter os engraçadinhos, as patricinhas enojantes, os rejeitados, os futebolísticos, as arrogantes e, claro, eu, o clichê-mór de 'garoto mala'!), e por aí vai. E minha vida é realmente igual a uma música de alguma boa banda inglesa. "Coffee and TV", do Blur, muito provavelmente.