When routine bites hard, and ambitions are low
Werther é, acima de tudo, uma autobiografia de Goethe. A edição que eu possuo, que é da L&PM Pocket, contém adendos (cuja finalidade é ajudar o leitor a compreender a obra), e entre estes estão várias cartas de Goethe e seus amigos, relatando episódios quase idênticos aos do romance. O autor realmente se apaixonou por uma Carlota, sofreu muito por ela, despertou a desconfiança do esposo de sua amada, e, assim como Werther na primeira parte do livro, viajou para outra cidade para tentar esquecê-la.
Já na 2ª parte e nos momentos finais, a obra é a imagem e semelhança do que ocorreu com Jerusalem, um amigo de Goethe, que também estava loucamente apaixonado por uma mulher, e vendo ser impossível a reciprocidade, optou pelo suicídio. Quando "Os Sofrimentos do jovem Werther" foi publicado, seu impacto foi tão grande que, além de revolucionaram a literatura alemã ao antecipar o romantismo de séc. XIX, vários jovens se suicidaram após lê-lo. E depois dizem que livros não mudam pessoas...
Eu senti algo especial lendo Werther, já que refleti quanto o amor faz as pessoas sofrerem. Eu mesmo já senti esse sentimento avassalador em duas oportunidades: uma aos 9 anos e outra no ano passado.
Dizem que criança apaixonada é pura besteira. Será mesmo? Em outro post eu contarei mais detalhadamente sobre minha 1ª desilusão amorosa, mas já adianto que foi tão intensa que mudou boa parte da minha personalidade. Desde minha pré-adolescência, tornei-me uma criatura fria, anti-social e quase sem emoções ou escrúpulos - um crápula, enfim, que em vez de se reabilitar, busca primeiramente nos videogames, e mais tarde na música e nos livros um "consolo".
Só tive uma uma "recaída" nos últimos 5 anos, que foi justamente no ano passado, entre 26/10 e 18/11 (pois é, me lembro até das datas), por uma garota que, apesar de três anos mais velha, tinha gostos parecidos com os meus, e era extremamente simpática.
Novamente, não resultou em nada, e eu continuo na minha solidão, que provavelmente se eternizará.
Aliás, com o livro senti outra coisa - perdi o medo de ficar revelando minha vida particular no blog. Pô, o Goethe não foi nem indireto no Werther, tanto que até depois de publicá-lo ainda teve a cara de pau de falar com o casal a quem ele tanto atormentou com seus flertes, e admitir a "inspiração" para seu escrito. E, como eu sempre uso os livros como uma forma de me libertar dos pré-conceitos e temores irracionais, declaro que, a partir de hoje, não ficarei arrependido de falar demais sobre a minha vida pessoal. Hahahahahaha.
É sério. Preparem-se, hehe...