The Future is Mine (ou Aceitando o meu Destino Manifesto)
Gracejos à parte, não vou negar que quero mesmo ir tão longe quanto minha "megalomania psíquica" (não virou nome de livro, mas nem por isso deixará de ser incorporada ao meu vocabulário!) almeja. Tudo bem que é muito provável que meus melhores livros, discursos e atitudes estejam reservados para minha maturidade - quem sabe, só depois dos 40, 50 anos de idade. Isso, no entanto, não me impede de, já os 18, tentar trilhar o caminho que me levará à consecução de meus objetivos.
Sendo otimista, pode ser que, em 2038, quando eu for presidente da mais importante think tank libertária do Brasil e da América Latina, e tiver contribuído com idéias (veja bem, não estou partindo do pressuposto de que serão adotadas imediatamente) para políticas inteligentes de liberalização econômica e respeito aos direitos individuais, e estiver relendo o blog que redigia em minha juventude ("Hum, Racio Símio... pois é, sempre tive sagacidade para escolher os nomes de meus projetos!"), eu venha a rir bastante de meus textos. Porém, ao mesmo tempo constatarei que foi por ter pensado grande desde minha infância intelectual que terei conseguido chegar tão longe.
Ok, faltam trinta anos para que isso aconteça, então... mãos à obra!
E então, por onde começar?
Ah, sim, atacando três bons e velhos alvos: política, filosofia e literatura. Tangenciar economia, música e cinema também vale, mas, por enquanto, os três são atores coadjuvantes no roteiro do filme de minha vida.
Comecemos por aquela que, sob um viés meramente academicista, eu estaria mais legimitado a discutir. Nos próximos posts, falo sobre o que, jocosamente, poderia chamar 'amor ao saber' e 'belas letras'.
Por mais que tenha passado por isso desde que aderi a tal corrente ideológica, ainda não estou farto de ouvir as pessoas dizerem que o libertarianismo, por melhor que seja, é "inútil para o mundo atual", "sem aplicabilidade", "utópico", "um conceito que pode ser aplicado da pior maneira possível", "não traz soluções para os problemas sociais", "exigiria uma sociedade evoluída demais" etc.
Como não sou tão profundo quanto gostaria de ser, farei o seguinte: tentarei refutar de maneira bem rasa cada um destes argumentos, ao mesmo tempo que elucidarei a teoria libertária - bem, pelo menos a versão kaionista dela:
1. Inútil não é; afinal, se fôssemos descartar todas as idéias a partir de uma concepção meramente utilitarista da realidade, o ser humano sequer se prestaria a pensar. Sendo menos dramático: qualquer teoria pode contribuir para o mundo, e o verdadeiro desafio, ao meu ver, é muito mais ter consistência lógica e, para que não se abra margem para totalitários (afinal, as ditaduras socialistas e fascistas tinham um corpo teórico consistente, embora doentio), um mínimo de 'humanismo e humanidade' faz bem.
2. Sem aplicabilidade? Oras, não é equivocado dizer que há um pouco de ótica (e ética) libertária em países prósperos e bem-sucedidos como Cingapura, Hong Kong, Irlanda, Austrália, Nova Zelândia, Reino Unido e, é claro, Estados Unidos. "Como assim? Tais países tiveram governos e polítiicas liberais!" Oras, a filosofia de vida que guia o liberalismo mais sofisticado é, na minha opinião, bem libertária, justamente por ir além do liberalismo clássico em suas ambições. Entram nisso as crenças em liberdade econômica e individual, respeito aos direitos civis constitucionalmente estabelecidos, propriedade privada, democracia como meio e não como fim em si mesma e, é claro, estado-mínimo*.
3. Utópico? Impossível não é, porque não há nada nele que exigiria situações sobrehumanas ou sobrenaturais. Tudo é bem adequado ao que a humanidade pode alcançar, mesmo que a longo prazo. Além do mais, por mais que haja um teor bem idealista, não é um 'pecado' que tantas outras linhas de pensamento já não tenham cometido. Novamente: desconsiderar algo por motivações tão materialistas soa niilista.
4. Quanto aos temores relativos à aplicação, preciso novamente diferenciar liberdade positiva e negativa? Pelo visto, sim. Vejam o que distingue nosso objeto de estudo do anarquismo vulgar e do próprio marxismo e derivados:
"Ausência de coerção (controle exercido sobre uma pessoa em circunstâncias tais que, para evitar maiores danos, aquela seja forçada a agir a serviço da vontade desta, e não de acordo com seus próprios objetivos), e não de restrição.
Ou seja, é uma liberdade negativa (permissão), e não positiva (poder): “Liberdade não é o poder de fazer o que gostaríamos, mas o direito de fazer o que necessitamos.” (Lord Acton)" (post de 19/06/08)
Além disso, venhamos e convenhamos: é muito pessimismo duvidar tanto da capacidade dos seres humanos, a ponto até de desconfiar de qualquer projeto que os deixe mais livres e bem mais responsáveis pelos seus próprios atos. É até desnecessário dizer até onde tal concepção tão negativista pode levar...
5. Sinto-me tentado a resolver esta questão dos problemas sociais de uma maneira bem (vejam só, o conservadorismo tem semelhanças conosco) thatcheriana: "Sociedade? Não existe essa coisa de sociedade; existem homens e mulheres, e existem famílias. Governo algum nada pode fazer exceto por intermédio das pessoas, e as pessoas devem cuidar primeiramente de si mesmas. É nosso dever cuidar de nós mesmos para, então, cuidar do nosso vizinho.", diria a ex-primeira ministra britânica.
Porém, discursos tão geniais não são o bastante para resolver empecilhos que assolam todos os mais de 6 bilhões de terráqueos. O que fazer, então? Para início de conversa, a teoria libertária preocupa-se, sim, com 'social issues'. A diferença entre nós e os setores mais estatistas (notalvemente, quase toda a esquerda) é que não trocamos as causas pelas conseqüências, assim como não acreditamos que será possível mudar o quadro de extrema pobreza se a própria mentalidade dos indíviduos (e o espaço que lhes é dado para isso pelo estado) não mudar. Sim, é um pouco daquela história de "Ensinar a pescar ao invés de dar o peixe", mas é mais do que isso: verbas e boa vontade política - tampouco o lamentavelmente vaga discurso pela educação - não bastam para salvar o planeta se as pessoas continuarem a seguir um altruísmo destrutivo (tanto 'auto' quanto 'alter') ou, pior, o relativismo cultural. Porém, ficarei devendo uma resposta mais objetiva para este problema.
6. Por último, vamos falar um pouco sobre evolução. Não acredito inteiramente na tese judaico-cristã, consolidada na Modernidade, de progresso linear e ininterrupto, mas também não confio na visão cíclica dos greco-romanos, que Nietzsche chamaria de "eterno retorno". Porém, tenho certeza de algo: a despeito de tantas tragédias, infortúnios e desgraças, e do ritmo lento e cadenciado, a humanidade continua melhorando a cada dia. Tal processo não dá sinais de recessão, e é por isso que deposito tanta confiança no Século XXI: depois de tantas realizações (coloque aqui o marco temporal que quiser, o raciocínio continuará valendo), só posso crer que ainda teremos muitos motivos para confiar na capacidade de nossa espécie em adquirir feitos notáveis e memoráveis. E, quem sabe, uma conquista mais firme da liberdade e da individualidade não poderiam estar nesta lista?
Encerro por aqui, com mais uma citação da Maggie Thatcher, que já utilizei em dois posts de quatro meses atrás: "This is what WE believe!" (não vou colocar 'I', porque seria muita presunção dizer que apenas eu acredito no projeto libertário. Torço para que você, querido(a) leitor(a), mesmo que daqui a muitos anos, compartilhe de minha posição. Boa noite.)
*Assim como Hans-Hermann Hoppe e outros pensadores, resolvi utilizar a palavra 'Estado' com letra minúscula. Isso pode soar muito "1984", mas, para encarar o 'monstro' é preciso não superestimá-lo na própria maneira de denominá-lo, não acham?
29 agosto 2008
Uma Missão
Sim, quero salvar a intelectualidade brasileira do século XXI, e ser um dos melhores expoentes dela nas próximas décadas.
Perdi o medo de me autoproclamar 'intelectual', assim como tive a inspiração que faltava para a decisão pelo meu empreendimento, através da minha atual leitura: "O Imbecil Coletivo: Atualidades Inculturais Brasileiras", de Olavo de Carvalho.
Descobri que não há nada de grandioso ou pretensioso em se considerar um 'intelectual', ainda mais em um país em que tal grupo não honra o ócio criativo de que dispõe. Assim como Stephen Dedalus (ou, quem sabe, o próprio Joyce) queria moldar, em sua própria alma, a consciência ainda não criada de seu povo, também estou disposto a seguir tal trilha.
É claro que obstáculos não me faltam. Para início de conversa, minha linha de pensamento na política é utópica perante a realidade brasileira. O libertarianismo exigiria uma sociedade muito mais complexa, sofisticada e auto-consciente do que a nossa (e a de vários outros países, aliás). Sei muito bem que sou uma pessoa excessivamente teórica, idealista e pouquíssimo pragmática, mas isso não é desculpa para deixar de lado a busca por tornar meus objetivos político-ideológicos e econômicos mais próximos do mundo real.
O mesmo pode ser dito da minha corrente filosófica (anfisismo), que ainda está incompleta e soa mais como uma compilação simplória de meu pensamento contemporâneo que algo realmente sistematizado e lógico. Além disso, há tempos que não produzo artigos nos quais me ponha a filosofar.
E o que dizer de minha escola literária, o egoperspectivismo, que ainda não consegue produzir textos instigantes? Continuo derrapando na capacidade de fazer minhas histórias terem um significado mais 'universal', assim como persisto em valorizar excessivamente a técnica e o uso de ferramentas narrativas, como se isso fosse o bastante. Aliás, li o comentário anônimo no post passado, e concordo com ele; até editei uns trechos daquela historinha, mas pelo visto não melhorou muita coisa...
Ou seja, em três vertentes (política, filosofia e literatura) apresento problemas. Pois bem, tanto pelo meio acadêmico (estudo e pesquisa na universidade, oras) quanto pelo autodidatismo preciso corrigir tais falhas. Time is running out, and I can't push it underground...
Voltando ao livro do Olavo, estou gostando bastante dele. Quebrei vários preconceitos que eu tinha em relação ao autor: ele não é o fanático cristão, homofóbico, reacionário, boçal etc. que seus desafetos propagam. "O Imbecil Coletivo" mostra um pensador sensato, 'escolástico' (ele utiliza muito bem a lógica em sua construção argumentativa), com grande bagagem cultural, sem medo de polemizar unanimidades e, é claro, com uma capacidade notável de juntar ironia com contundência sem cair no erro de alguns dos polemistas de direita desta década (Mainardi e Azevedo, principalmente), que é o de mais ofender que argumentar.
Não pensei que fosse concordar tanto com um conservador, mas o fato é que tal palavra causa uma impressão errada, afinal tal segmento ideológico pode desejar tantas mudanças e ser tão perspicaz em sua análise quanto os demais. Aliás, no Brasil, a maior parte da esquerda é bem menos reformista e ousada que seus oponentes ideológicos; enquanto estes querem modernização e evolução, aqueles querem sustentar privilégios e perpetuar o estatismo.
Claro que continuo mais próximo do libertarianismo que do liberalismo e do conservadorismo, justamente por querer ir além na defesa da liberdade individual, ter valores morais diferentes e ser menos 'realpolitik' que eles. Porém, em termos econômicos, os três segmentos estão bem próximos.
Comento mais sobre o livro em outra ocasião, mas posso adiantar que Olavo de Carvalho (pelo menos o dos anos 90, afinal o contemporâneo realmente anda meio perdido em 'teorias da conspiração') é mesmo um pensador brilhante.
Por último, publicarei aqui minha carta de intenções para concorrer ao cargo de assistente acadêmico da SINUS 2009. Minha primeira opção de comitê é a 5ª Assembléia Geral das Nações Unidas - Econômico e Financeiro" que discutirá "Políticas Macroeconômicas e Desenvolvimento". A segunda, a Corte Internacional de Justiça, sobre "Uruguai vs. Argentina: Papeleras". Por último, coloquei o Conselho Econômico e Social, que tratará de "Erradicação da Pobreza Extrema e da Fome: desafios no contexto da crise mundial de alimentos".
Como eles pediram para fosse um texto de cerca de 200 palavras, tentei ser conciso. Leiam:
"A SINUS 2009 poderá ser a minha terceira participação em simulações.
Na 1ª ocasião, em Junho de 2006, fui como delegado no PoliONU, realizado pelo Poliedro (São José dos Campos, SP). Representei a Alemanha na Organização Mundial do Comércio, cujo tema era Biopirataria.
No ano seguinte, fui novamente ao PoliONU, desta vez como professor conselheiro. Procurei priorizar minha análise na OMC, em que se discutiam Subsídios Agrícolas.
Tenho grande interesse pelas áreas de teoria política, economia política internacional e pensamento econômico. Durante o Ensino Médio, escrevi artigos em que tratava de tais tópicos, e alguns foram publicados em jornais de pequena circulação como o Correio Classe. Em Março de 2008, já na universidade, dei uma palestra sobre Internacionalização da Amazônia no Colégio Classe.
Sobre minha 1ª opção de comitê, devo dizer que fiquei interessado com a possibilidade de trabalhar com temáticas como Políticas Macroeconômicas. Questões como: a importância do combate à inflação e/ou ao desemprego estrutural, as práticas de austeridade e responsabilidade fiscal como garantias de estabilidade, o dilema entre abrir os mercados e buscar a eqüidade, assim como debates de pensamento econômico, como as diferenças doutrinárias das propostas liberais / monetaristas e keynesianas / intervencionistas, podem ser relevantes para o que se propõe no comitê. É, inclusive, uma boa ocasião para que eu lide com aspectos mais práticos de um assunto que pretendo pesquisar bastante em minha carreira acadêmica.
A Corte Internacional também me parece instigante, pois trata de mais um exemplo sul-americano de questões econômicas que tiveram conotação de desavenças político-ideológicas. Quanto ao Eco Soc, a crise de alimentos é um tema que promete discussões bem produtivas."
24 agosto 2008
Grow Up and Blow Away
Os seis reuníram-se no café (ok, na verdade em uma padaria) para discutir as boas e velhas banalidades.
Henrique e Mário, sem renegar seu passado (e presente) nerdístico, não paravam de pensar em Olimpíadas. Este, nacionalista como sempre, elogiava a campanha brasileira; enaltecia certas surpresas, como o ouro de Cielo e Maggi, a prata de Scheidt ("Afinal, para alguém que mudou de categoria há tão pouco tempo, o resultado foi muito bom, a despeito do lance de sorte na última regata") e o crescimento em outras modalidades, como a ginástica artística e o taekwondo. Isso sem falar no total de 15 medalhas, repetindo o recorde de Atenas, e, finalmente, à frente de Cuba no nº de ouros.
Seu amigo logo o rebateu, lembrando-se dos inúmeros fracassos da delegação tupiniquim em Pequim. Para ele, três das quatro medalhas de prata poderiam tranqüilamente ter sido ouro; Henrique afirma que tanto o vôlei de praia masculino ("No 3º set, devem ter se esquecido que estavam em uma final") quanto o futebol feminino ("Faltou trabalho em equipe; excesso de arrancadas individuais e escassez de cuidado com a defesa") e o vôlei 'de quadra' masculino ("Talvez os americanos perderam o primeiro set de propósito, só para conhecer melhor o jogo deles e arrasá-los nos sets seguintes. Isso sem falar na colaboração do escrete canarinho, que errou muito mais do que o normal nos saques e na recepção") amarelaram na hora decisiva.
Além disso, não via sentido em comemorar derrotas que não podiam ser minimizadas: salto em distância masculino, futebol masculino ("Para os argentinos, vencer aquele jogo foi como chutar cachorro morto"), judô, hipismo, basquete feminino ("Especialista em derrotas nos últimos segundos") e na própria ginástica ("Encheram tanto a bola do Diego e da Daiane que eu já pressentia um fracasso").
Júlia riu do tom trágico que ele adotou em suas reflexões. Disse que ficar lamentando fracassos esportivos era excesso de ócio não-criativo. Estava mais interessada nos filmes e bandas que havia descoberto no início de Agosto. Por exemplo, (re)descobrir a carreira solo de artistas de conjuntos que ela adorava - The Breeders e Morrissey podiam ser melhores do que um fã xiita de Pixies e Smiths (como ela própria) imaginavam.
César, embora tenha torcido mais do que imaginava nos jogos a que assistiu, logo esqueceu as Olimpíadas, afinal tinha coisas mais interessantes com que se ocupar (bons livros, por exemplo). Agora que havia terminado "A Insustentável Leveza do Ser" ("Aliás, que final belo e melancólico teve a obra... qualquer dia desses farei uma resenha"), está a pensar no próximo. "Ação Humana" seria uma boa pedida, mas que tal algo mais cáustico como "O Imbecil Coletivo" (Olavo de Carvalho)?
Giovana, após ter solucionado mais um período de dilemas e inconstâncias, nem tivera tempo disponível para ver os Jogos. Além disso, já estava muito atribulada com as matérias da universidade, cujos estudos lhe ocupavam até nos fins de semana. Ainda bem que havia janelas em seu horário para respirar um pouco.
Já Alice... bem, não surpreendentemente ela estava semi-acordada, afinal havia ido a uma balada na noite anterior. Nem sabia por que tinha topado o convite dos amigos para sair naquela manhã, mas, de qualquer maneira, sua tolerância à sociabilização não estava abaixo do normal naquele domingo.
Como uma pequena vingança, não deixava de pensar na vidinha besta que desenvolvia com seus 5 melhores amigos. Conhecera-os em circunstâncias diferentes, embora, com a exceção de Giovana, em um espaço temporal curtíssimo. Henrique ainda era aquele por quem mais se simpatizava, embora não conseguisse parar de falar de política e futebol com um viés 'Eu faria melhor que eles'. Mário deixava-se encantar pelas suas idealizações: pátria, videogames, amor, matemática... não adiantava pedí-lo para voltar à realidade. Júlia bancava a arrogante, sempre destilando desprezo e sarcasmo, talvez para negar sua "essência" gentil ou fingir ser uma garota independente e auto-suficiente. César sempre desviava o assunto da conversa para comentar o último livro que havia lido ou sobre como tinha idéias brilhantes que poderiam mudar o mundo - ou, pelo menos, gerar um livro razoável. Tsc, tsc. E Giovana? Ah, nem faria sentido criticá-la, pois ela mesma já o fazia em seus, digamos, lapsos freqüentes de negativismo (ou, quem sabe, realismo).
Pronto, já havia despejado mentalmente (e verbalmente, afinal deliberadamente pensava alto) o que achava daquela conversa. Todos riram, um ou outro ficou magoado e as digressões continuaram.
(Incrementações realizadas em torno das 18:40, depois de um cochilo)
21 agosto 2008
Czech
Há vários fatores: por exemplo, o caso sui generis que eram os tchecos dentre os países da Cortina de Ferro; haviam sido o único a experimentar uma relativamente sólida democracia pluripartidária no Entreguerras. Além disso, leve-se em conta a mentalidade mais liberal que lhe é característica; isso seria inclusive um dos motivos para a divisão do país em 93, considerando-se que a República Tcheca era mais 'independente e subversiva' que a Eslováquia em relação ao regime soviético.
É claro, também, que o fato de ter ocorrido no ano de 1968 colaborou para formar o mito que há por trás da Primavera de Praga. Enquanto, nos países capitalistas, a esquerda estava incendiária e querendo revolução, na Tchecoslováquia a luta era justamente para tentar "humanizar" o socialismo. É verdade, no entanto, que, em ambos os casos, há uma rejeição ao dogmatismo e às atrocidades do modelo propagado pela URSS.
No Ocidente buscava-se em Mao, Fidel ou outro socialista 'alternativo' um novo ícone e paradigma para os "canhotos políticos" - e, como se sabe, anos depois descobriu-se que todos esses ídolos terceiro-mundistas eram tão sanguinários quanto um Stálin da vida. A 'esquerda festiva', que estava em seu apogeu, regia a orquestra das barricadas, frases de efeito e protestos.
Enquanto isso, no Leste Europeu, a tônica era outra: percebia-se claramente que o socialismo soviético era uma cilada, promovendo a igualdade socioeconômica (em termos, afinal a burocracia do PC era uma verdadeira oligarquia) a custo de violência, perseguição, terrorismo de Estado e supressão da liberdade individual. Aquilo que Dubcek e outros reformistas queriam era justamente aplicar mecanismos que promovessem uma gradual abertura em tal sistema: liberdade de expressão, de circulação e de imprensa, pluripartidarismo e o retorno do investimento em bens de consumo. Porém, o sonho teria de ser adiado até 1989 (ano da Revolução de Veludo), pois aquilo era muito ousado para uma época em que a União Soviética, no auge da Guerra Fria, sentia-se na necessidade de reprimir qualquer agitação em seus países-satélite que prenunciasse instabilidade e os tais valores burgueses.
Milan Kundera retrata muito bem esses tempos tão soturnos em sua obra "A Insustentável Leveza do Ser", a qual estou a ler. Predomina a sutileza, mas às vezes o autor explicita o totalitarismo que tomava contava de seu país natal:
"Aqueles que pensam que os regimes comunistas da Europa Central são obra exclusiva de criminosos deixam na sombra uma verdade fundamental: os regimes criminosos não foram feitos por criminosos, mas por entusiastas convencidos de ter descoberto o único caminho para o paraíso. Defendiam corajosamente esse caminho, executando para isso centenas de pessoas. Mais tarde ficou claro como o dia que o paraíso não existia e que, portanto, os entusiastas eram assassinos. (...)
Tomas acompanhava esse debate (como dez milhões de tchecos) e dizia consigo mesmo que haveria certamente entre os comunistas alguns que não eram assim tão ignorantes. (...) Mas é provável que a maior parte deles não soubesse mesmo de nada. (...) Mas: alguém é inocente apenas por não saber?" (pág. 202)
Mais uma vez, acomete-me o ponto lançado naquela discussão sobre o idiota latino-americano: é muito fácil culpar os outros pelo infortúnio, mas o mais difícil - assumir seus erros e falácias - é exatamente o primeiro passo para readquirir a honestidade intelectual.
Pois bem, é isto que quero começar a fazer. Desejo voltar a ser um livre-pensador. Já que não tenho mais dúvidas (tampouco meus colegas de universidade, que já devem ter se cansado de ouvir minhas pregações) de que o libertarianismo é a teoria em que mais acredito, sendo portanto próxima daquilo que constitui minha visão de mundo, por que não abrir minha mente para novas possibilidades e idéias?
Eu transitava mais desimpedidamente por várias linhas de pensamento entre 2005 e 2006. Até o Anfisismo é um reflexo disso. Acredito que é o momento adequado para retomar essa livre circulação - sem, é claro, renegar minhas idiossincrasias. Posso até usar as metáforas sobre amor de Tomas para que meu ato não vire uma espécie de infidelidade, promiscuidade ideológica, mas apenas experiências despretensiosas.
Enfim, antes que eu continue com trocadilhos infames, boa noite.
19 agosto 2008
Revisão metodológica
Comecei a ler "A Insustentável Leveza do Ser" ontem. O livro é ainda melhor do que eu esperava, e a linguagem fluida do autor permitiu-me parar ontem quando já estava na pág. 115. Amanhã é 20/08, e, por assim dizer, prestarei minha 'homenagem' aos tchecos pela bárbara invasão dos russos em 1968. Sim, eu precisava arranjar um pretexto para ler logo o clássico de Kundera! Mais comentários sobre a obra em breve.
Mudei de idéia quanto às pessoas de POL. Não só percebi que eu estava sendo precipitado em meu julgamento, como também notei que o problema da equação indivíduos + bar é realmente o segundo item. Ou seja, continuarei sem ir ao PDS, mas não vejo problemas em socializar-me com eles em outros ambientes. Como cheguei a essa decisão? Oras, graças a uma série de acasos:
I - Esqueci de ajustar o alarme do meu celular, e acabei acordando só 8 da manhã. Obviamente, não chegaria a tempo para a aula de TPClá, então faltei. Terminei de ler os textos para Escrita e Sociedade na América Latina, arrumei-me, tomei leite, comi queijo quente e, às 9:18, fui para a faculdade.
II - Cheguei lá aproximadamente às 9h40, ao som de Arcade Fire. Quando já estava cruzando a rua da FA, e tendo como destino o PJC (aula de IMCS, que seria às 10h), passou um carro com cinco colegas do meu semestre. Eles convidaram-me para ver o jogo do Brasil. Fiz a escolher mais "kerouaquiana": às favas para a aula, let's go!
III - Se eu não tivesse acordado atrasado e tivesse ido à aula de Teoria Política Clássica, provavelmente não quebraria o ritmo, e teria assistido à aula seguinte. Mesmo saindo às 9 e pouco, as coisas não iriam acontecer se eu tivesse feito o outro caminho a pé para chegar na UnB, que era alguns minutos mais longo. Ou seja, parece que tudo conspirou para que não só eu faltasse em duas aulas, como também fosse ver Brasil x Argentina.
Irresponsabilidade? A melhor e mais 'eu sou jovem, poxa!' decisão dos meus últimos dias? Um pouco das duas coisas. O fato é que, junto a outros 15 meninos e meninas do meu semestre, assisti ao jogo na casa de uma colega. Teve até pipoca, yay!
Como vocês sabem, os argentinos ganharam por 3 a 0, em um jogo em que a seleção comandada por Dunga conseguiu ter um desempenho ainda pior do que aquele que vinha apresentando, com raríssimas exceções, nos últimos... 2 anos. Além de gols perdidos (e o pior, foram poucos, pois a equipe arriscou parcamente), dois cartões vermelhos e um desânimo total, o Brasil facilitou a tarefa para a Argentina vingar-se de três derrotas consecutivas em jogos decisivos (Copa América, 2004 e 2007, e Copa das Confederações, 2005). Agora, só resta tentar repetir o bronze de Atlanta '96 e - é claro - torcer para o Dunga ser demitido. Ele já fez a parte dele: perdeu as Olimpíadas. Tsc.
Mesmo assim, constatar que assistir a um jogo de futebol com pessoas da minha idade pode ser algo divertido já fez meu dia valer a pena.
No mais, vou tomar cuidado para não me atrasar mais, continuar a ler Kundera (sem, é claro, deixar de ler os textos para as matérias, que não são poucos), escrever à beça e cumprir o 5º 'mandamento' da minha lista: dar uma chance para as pessoas demonstrarem que são legais e interessantes, mesmo que não sejam exatamente como eu (o que, no fundo, é uma vantagem, hehe).
17 agosto 2008
"Existo, logo penso"
No imenso post do dia 10, já dava para perceber que eu estava mais reflexivo - e prolixo - que de costume. Vários fatores consumaram tal situação no decorrer da semana, tais como:
1. A volta às aulas, que me fez lembrar que, acima de tudo, a universidade é um espaço para reinventar a si mesmo. A experiência de vida que comecei a ter há cinco meses, e que se encerrará no fim de 2011, continua a me pôr para pensar sobre o quero, o que almejo e o que posso. Ladainhas à parte, estou em situação análoga à dos jovens das séries teens americanas que entraram na faculdade - mas, é claro, no meu caso, sem fraternidades, sem pessoas genuninamente estranhas e 'cool' e sem bandas de rock universitário realmente boas.
2. As duas leituras que terminei no decorrer da semana ("Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano" e "A Volta do Idiota"), por um lado, deram-me várias ferramentas para que eu construísse o perfil psicológico (e ideológico) de um dos personagens do meu livro, o Henrique, jovem ligado à 'esquerda festiva' (porém, tentarei estereotipá-lo o mínimo possível); por outro, deixaram-me um pouco desiludido não só com a história de fracasso e persistência nos erros da América Latina, como também o cenário difícil que o liberalismo/libertarianismo encontra para (tentar) ser aplicado. Quando até a mentalidade de tantos latino-americanos, estejam eles nas massas ou no poder, é tão retrógrada, paranóica e escapista, as chances de mudar a realidade beiram o... utópico! Mesmo as boas intenções e o estilo mais modernizador da chamada 'esquerda vegetariana', com a exceção do caso chileno, não me convencem tanto.
De qualquer maneira, os dois livros são mesmo muito bons, e a resenha negativa a respeito de "A Volta de Idiota" que li dia desses em Mídia Sem Máscara estava totalmente equivocada, e seu autor não deve ter lido direito a obra (ou então o fez já com preconceitos), pois a crítica dele ao tom mais moderado de Plinio, Alvaro e Carlos não procede, pois em nenhum momento eles desvinculam o populismo, o caudilhismo e o nacionalismo de projetos socialistas e coletivistas, mesmo quando são aplicados pelos conservadores. Algo, aliás, que só prova o quanto os 'reaças' e a 'esquerda carnívora' estão próximos em nosso continente, ao menos quanto a um objetivo em comum: rechaçar a liberdade (seja ela econômica, individual ou ambas) e os benefícios do livre mercado e do respeito à propriedade privada.
3. Já nos primeiros dias, tive o que se pode chamar de 'conversas à la Dawson's Creek' com alguns colegas (aliás, os poucos 'cult' que encontrei na universidade até agora), especialmente na 4ª, quando ela começou em torno das 11h e, com um ou outro intervalo, prolongou-se até as 17h45.
Discutimos sobre tudo (literatura, música, matérias, cinema, economia, problemas internacionais, política...), e houve até contornos existencialistas quando falamos sobre nossos planos para o futuro.
13 de Agosto já estava previsto para entrar no meu livro (é o dia em que acontece algo importante na vida da personagem Alice), mas, depois do que aconteceu na quarta passada, não me restam dúvidas de que tal dia merece ser contemplado em "(Des)construção Psíquica".
4. Cansei-me do PDS. Não (apenas) do bar, como também dos indivíduos que o freqüentam. Sendo mais direto, estou ficando entediado com a conduta das pessoas de POL que vão para lá. Nada de anormal no que eles fazem, e é justamente esse o problema: eles são muito comuns e serelepes!
É patente que estou sendo narcisista (o desejo de que existissem mais seres como eu na turma de Ciência Política), mas também não me sinto confortável com aquela atmosfera etílica toda. Não só a 'low-minded talk', como também o fato de que eles bebem muito - e, mesmo que de brincadeira, pedem-me para que faça o mesmo, ainda que sabendo que continuarei a resistir sem titubear, e continuar a tomar Coca-Cola, Pepsi ou Fanta.
Até cheguei a rir um pouco quando eles estavam 'batizando' com vodka os neófitos (e também a todos os gerontos que estavam presentes - exceto Kaio, é claro), mas logo percebi que isso não era tão engraçado assim. Mais especificamente, o pessoal do meu semestre ficou bem bêbado, e passou a ter um comportamento agressivo, 'engraçadinho/cantorístico' ou lascivo, dependendo dos indivíduos. Moralismo meu? Muito provavelmente, mas sinto-me no direito de não gostar da companhia de pessoas em uma sintonia tão diferente da minha.
Profilaxia? Não ir ao Pôr do Sol por um bom tempo, oras. Se é para continuar nesta neura, e prosseguir na minha pedante e infrutífera jornada atrás de pessoas que, assim como eu, se levem a sério demais (ou seja, criaturas intelectualóides, 'sofisticadas', egocêntricas, literatas etc.), a solução é procurar novos ambientes e companhias. O problema é comigo, não com os outros. Simples assim.
Pronto, apresentei as ocorrências. Agora, é hora de des e re construir.
Já citei uma das medidas que tomarei: não ir mais ao bar com o povo de POL. Isso, porém, não é o bastante. Além disso, achei algo que, ao mesmo tempo que me ocupará nas manhãs de sábado, me permitirá aprender a língua de um povo tão irritante e normativo quanto eu. Sim, vou começar a estudar Francês!
Também já tracei um plano das próximas leituras que farei. Antes de mais nada, decidi que, ao invés de ler FEB inteiro, acho que farei com ele o mesmo que decidi para o livro de Fundamentos de Políticas Públicas ("Policy Analysis by Design"): ler só os capítulos que serão estudados na semana. Domingo é o dia ideal para antecipar tal empreitada, e eu já o fiz hoje com a obra do Furtado.
Com isso, antecipo para amanhã uma leitura que fará todo o sentido se nos lembrarmos do significado da próxima quarta-feira, dia 20 de Agosto. Em homenagem aos 40 anos da amarga Primavera de Praga, lerei "A Insustentável Leveza do Ser", de Milan Kundera. Nas semanas seguintes, pretendo ler "O Essencial von Mises" (Rothbard) como warm-up para a importantíssima leitura seguinte, "Ação Humana" (Mises). Depois, o colossal romance "Quem é John Galt?" (Ayn Rand), o libelo contra o totalitarismo "A Sociedade Aberta e Seus Inimigos" (Karl Popper) e canônico "A Democracia na América" (Tocqueville). Claro que esta lista está sujeita a alterações e inclusões, mas, tudo o mais constante, lerei todas estas seis obras até o início de Outubro.
Pronto, já tenho três sublimações. Falta mais alguma coisa? Sim, é claro. A quarta delas tem a ver com o próprio blog: escrever mais, muito mais. Sim, mesmo que seja no papel, antes ou depois de alguma aula em que eu tenha algum pretexto para jorrar palavras em uma folha em branco. Ando escrevendo bem menos do que costumava nos três últimos anos, que constituíram minha fase mais prolífica. Se quero mesmo aprimorar não só meu estilo, como também minha retórica e capacidade de argumentação (mesmo que, na maioria das vezes, a única pessoa que preciso convencer e persuadir sou eu mesmo), praticar é necessário.
Por último... bem, vejamos... Ah, é claro: aproveitar ao máximo a experiência universitária, nas duas principais frentes - afinco nos estudos e mente aberta para conhecer novas (e, tomara, interessantes) pessoas. Este é o semestre ideal para aprender muito com as matérias que peguei, tirar boas notas e descobrir seres cujas personalidades sejam mais compatíveis com a minha.
Veremos se, com esse receituário todo, alcançarei minhas metas. Tchau.
14 agosto 2008
Augustus
Amanhã parece ser um bom dia para tentar acertar contas com minha psiquê, hehe.
12 agosto 2008
Full
Não que isso seja ruim. Pelo contrário, adorei a possibilidade de estar legitimado a ler ótimos textos e livros. Só que isso significa que terei menos tempo livre do que no semestre passado. Ainda bem que só tenho aula em todos os horários às terças e quintas, pois posso aproveitar as várias 'janelas' dos outros dias (duas na segunda, três na quarta e a sexta inteira, exceto das 12 às 14h) para descansar, pôr a matéria em dia e ler meus livros 'extracurriculares'.
Primeiras impressões?
> Formação Econômica do Brasil: segunda matéria que pego cujo professor é Flávio Versiani. É provável que eu vá gostar de FEB; enriquecer-me-á em vários pontos que estudei pouco até hoje. Ler Celso Furtado pode ser interessante, embora ele seja estruturalista, nacional-desenvolvimentista, ligado à CEPAL e todas as coisas ruins que um economista latino-americano poderia ser no século passado. Ok, eu sei: Kaio e seus pressupostos terão de dar uma chance a ele antes de execrá-lo... É até mesmo um exercício de honestidade intelecutal.
> Política e Economia Mundial: esta tem grandes chances de ser uma das melhores do semestre. Só a ementa e a discussão inicial lançadas pelo professor já me consolaram totalmente por não ter conseguido EVIES. De quebra, parte da nota se constituirá de um ensaio e um seminário. Será minha única aula às sextas (o outro dia dela é segunda), mais exatamente às 12h.
> Teoria Política Moderna: dizem que o Kramer sempre falta na primeira aula. Bem, com minha turma não foi diferente. Amanhã será o meu debut como aluno de TPM. Trocadilho infame, hein?
> Teoria Política Clássica: outra que certamente adorarei. O Nascimento parece ser um professor competentíssmo, e a disciplina tem de tudo para ser instigante. Será meu retorno aos tempos de Grécia e Roma, Platão e Aristóteles, Heráclito e Parmênides, Atenas e Esparta e outras duplinhas sagazes.
> Introdução à Metodologia das Ciências Sociais: não me surpreenderia se esta fosse uma das mais difíceis do semestre. O prof. Gusmão foi muito indicado pelos meus colegas de semestres avançados, e em menos de uma hora de aula pude notar que ele realmente deve ser tão inteligente quanto dizem. IMCS, como ele bem definiu, está imbuída de fornecer ferramentas para a produção científica e teórica do cientista social (afinal, venhamos e convenhamos, a Ciência Política é filha fujona das Sociais).
> Escrita e Sociedade na América Latina: só pela empolgação do docente, prevejo que também gostarei desta aqui. Se ele trabalhar com pelo menos 50% dos autores que citou, já será a melhor oportunidade que eu já tive para me aprofundar em literatura latino-americana. O legado iniciado por IEH (ou seja, o da sétima matéria e estepe que sai melhor do que o esperado) continuará?
> Fundamentos de Políticas Públicas: apenas um livro ("Policy Analysis by Design"), que o professor afirma ser tão completo a ponto de ser suficiente para o semestre inteiro. SimCity 2000 indicado como fonte para entender melhor o conteúdo. Uma proposta ambiciosa, que envolve até a investigação concreta dos problemas de políticas públicas em cidades do entorno. Enfim, FPP é outra que promete... Em um semestre em que terei 4 das 7 disciplinas ligadas a POL, esta não parece dever em nada às outras.
Para terminar, uma boa notícia (principalmente para o meu medidor de sanidade): desisti daquele fluxo paralelo de Economia. Sim, aquele em que eu teria de fazer Cálculo 1, Economia Quantitativa e Contabilidade Nacional para conseguir Micro e Macroeconomia e, talvez, Economia Internacional e História do Pensamento Econômico.
Por quê? O esforço não valeria a pena. Seria absurdo ter de estudar tanta matemática só para pegar matérias que não necessariamente seriam tão sensacionais. Além do mais, já vou pegar muitas matérias de ciências econômicas (sejam as 'puras' ou as de POL, REL ou Administração voltadas para Economia) que não precisam de tantos pré-requisitos enfadonhos. Por exemplo: a própria EVIES, além de Política e Economia, Economia Política 1 (e, talvez, 2), Comércio Internacional, Economia Política Internacional 1 e 2, Sistema Financeiro Internacional e Teoria Geral de Empreendimentos 1 (and, maybe, 2).
Isso sem falar que desistir daquele fluxo me dará liberdade e espaço para pegar matérias de outras áreas, como Introdução à Teoria Literária, Crítica Literária, Introdução ao Jornalismo, Teoria Geral do Estado e Teoria Sociológica 1. Óbvio que já estou admitindo os tópicos especiais em Ciência Política que pegarei - e não são poucos, felizmente.
Então, vou dormir porque já passou da meia-noite, e quero acordar às 4h30 para ver um pouco de Olimpíadas antes de ir à universidade. Até.
Obs.: Dois problemas resolvidos. O ouvido abafado já está quase curado (só foi eu sair mais ao ar livre que diminuiu; sabia que havia alguma relação com o fato de eu estar muito recluso na semana passada...), e minha mãe já depositou o dinheiro e eu 'desesvaziei' a despesa - comprei até chocolate amargo, rs.
10 agosto 2008
Soulless is everywhere... - parte 2
Antes de mais nada, mudança de planos: 27/07/18 não será mais a data do 1º capítulo do livro. Acho que, por ter sido no dia 25 do mesmo mês que eu resolvi mudar tanta coisa em "(Des)construção Psíquica", aquele espaço de vinte e quatro horas merece uma dupla homenagem: não só abrirá meu primeiro romance, como também será o aniversário de 18 anos de um dos personagens, Henrique.
Voltemos à vida real. Ou ao menos um simulacro dela.
28 de Julho. Dia em que mais peguei ônibus: quatro, no total. O primeiro foi para vir de Goiânia até Brasília; o segundo, da Rodoferroviária até a Rodoviária do Plano Piloto; o terceiro, para chegar na minha quadra; já o último foi o da excursão do pessoal de Ciência Política/UnB (e um ou outro agregado de outros cursos e universidades) até Campinas, com o objetivo de ir ao encontro da Associação Brasileira de Ciência Política.
Seria exagero dizer que os 5 dias dessa viagem foram um divisor de águas em minha vida; por outro lado, é corretíssimo afirmar que ela foi um dos primeiros importantes acontecimentos de minha pós-adolescência. Antes que vocês pensem "Enfim, ele fez algo que fugisse das categorias de 'sóbrio' e 'nerd'", não se preocupem: voltei com os mesmos 88% de pureza que tinha quando cheguei, hehe.
A seguir, alguns dos 'highlights':
1 - As palestras que ocorriam pela manhã foram ótimas. Tive a oportunidade de ir a mesas-redondas em que acadêmicos como Carlos Pio, Bresser-Pereira e Francisco Weffort discutiam temáticas como Pensamento Político, Globalização e Democracia, Eleições 2008, Ordem Internacional etc.
2 - As áreas temáticas, vespertinas, também chamaram minha atenção. Descobri que as vertentes da C.P. que mais me atraem são Teoria Política e Política e Economia. Também fui em uma sobre Eleições 2006, mas o excesso de métodos quantitativos (isso quando não havia uma exposição qualitativa excessivamente enviesada) deixou-me entediado. No mais, aprendi muita coisa, inclusive que a Academia é muito rigorosa na hora de avaliar os trabalhos, e que observam e cutucam até nas minúcias.
3 - Jurava que todo mundo estaria vestido com roupas formais, então levei terno, camisas sociais e gravatas para o congresso. Qual foi a minha surpresa quando descobri que eu era praticamente o único (além, é claro, dos palestrantes e aqueles que apresentariam trabalhos) que se vestiu desse jeito para o encontro? Todos os meus colegas vestiram-se da maneira mais casual possível! O argumento deles ("Isso é um encontro de ciências sociais, não é nada tão formal assim!") é plausível, mas não deixei de achar adoravelmente estranho logo eu ser o estudante mais arrumadinho (para não dizer engomadinho) na ocasião, hehe.
4 - Dividi quarto com dois colegas do meu semestre. Eles são até legais; conversamos bastante nas noites passadas no hotel. Às vezes, tínhamos como agregadas as quatro garotas do 1º (agora 2º) e do 2º (agora 3º) semestres que também foram à ABCP. O dia em que fizemos testes (inclusive dois que eu indiquei: o Political Compass e o de personalidade do OkCupid!) e pedimos McDonald's pela internet foi um dos mais divertidos, hehe.
5 - Ainda sobre o hotel, na mesma noite relatada no tópico anterior, em que os níveis de nerdice do quarto extrapolaram: eu e um dos meninos fizemos a 'matrícula web' nas disciplinas assim que o site da UnB liberou, por volta da meia-noite. Planejei vários fluxos pelo Excel até me decidir por um. Resolvi não pegar nem matérias pesadas demais (Cálculo 1) nem picaretas em demasia (HSPG). Confirmei as três obrigatórias (FEB, IMCS e TPClá), adiantei duas do 3º período (TPM e FPP), pedi um tópico especial (Política e Economia Mundial) e uma matéria interessante da área de ciências econômicas (EVIES). Cinco dias depois, eu descobriria o resultado, mas isso é assunto para o fim do post.
6 - Ah, as pessoas. Poxa, minha vida social realmente mudou depois que entrei na universidade! Já falei sobre isso em um texto de Junho, mas voltei a refletir sobre como tanto eu, que fiquei mais aberto ao diálogo, assim como os outros seres humanos, que de fato são simpáticos e têm um papo bom, colaboramos para um Kaio bem menos anti-social. Nos intervalos das palestras, no ônibus, no hotel, no almoço... enfim, aquele verso de Coffee & TV ("Sociability is hard enough for me") começou a deixar de ser um lema para a minha vida.
7 - Na viagem de volta, quase me perdi do grupo. Apesar de ter vindo acompanhado ao Subway, resolvi voltar sozinho. O problema é que eu tinha me esquecido que o shopping de Campinas em que fomos era gigantesco, com inúmeras saídas! Fiquei meio desesperado, e até pensei que o ônibus já tinha saído e me deixado, mas, após algums minutos de tensão e correria, encontrei-o, só para descobrir que eu tinha sido um dos primeiros a voltar!
8 - Comi muito pouco na viagem, seja pela minha mania de economizar cada centavo ou simplesmente por não achar que estava com fome o bastante para comer à beça. No sábado, por exemplo, meu café da manhã resumiu-se a um pouco de chocolate amargo (sólido) e chocolate quente (líquido). Isso terá importância daqui a pouco.
9 - Mesmo faltando apenas 50 páginas para terminar "Ulisses", não cheguei a ler o livro durante a viagem. Em compensação, li até a pág. 55 de "Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano". Ah, isso é outra coisa que fará mais sentido daqui a algumas linhas.
Assim que cheguei a Brasília na volta (a propósito, da FA peguei carona com uns veteranos para chegar no meu bloco), o plano era me preparar para o Porão do Rock, que ocorreria apenas seis horas depois que eu desembarquei. Arrumei-me, cochilei, combinei com um amigo que me levaria de carro e pronto: eu acabava de sair de uma empreitada e já estava pronto para outra.
Nem o fato de meu colega (que, inclusive, foi um dos dos meus roommates lá em Campinas) ter meio que se perdido - sem querer, ele pegou a Estrutural, e somando o tempo que se gastou para achar um retorno e chegar até o Mané Garrincha, deu quase uma hora - desanimou-me. Encontrei pessoas de POL assim que cheguei na área VIP; a propósito, comprei ingresso do tipo camarote, para ficar mais perto do palco.
Assisti a shows de bandas gringas (a francesa Papier Tigre e a argentina The Tandooris) e tupiniquins (Autoramas e Supergalo), mas o que eu estava esperando mesmo era o Muse. Resolvi já procurar um local para me fixar uma hora e meia antes do show. Pitty estava tocando no outro palco (será que conto para vocês que cheguei a cantarolar "Máscara", "Semana Que Vem" e "Admirável Chip Novo"?), e minha expectativa só aumentava minuto após minuto.
Então, com um atraso mínimo (algo em torno de... 5 minutos), uma das melhores bandas inglesas da década entrou no palco. O Muse já abriu com uma de suas faixas mais épicas, "Knights Of Cydonia". Em seguida, mandaram a obrigatória "Hysteria". Dando prosseguimento, algumas surpresas (digo isso para não falar 'não esperava que fossem tocá-las, então nem decorei as letras delas'), como "Citizen Erased" o pot-pourri "Fury / Dead Star", e clássicos como a dançante "Supermassive Black Hole", "Map Of The Problematique" e "Butterflies And Hurricanes".
Pausa para momento dramático. Lembram que eu tinha comido pouco nos últimos dias, especialmente no sábado em que houve o Porão? Desculpas esfarrapadas podem ser dadas (por exemplo, que quase não se vendia comida lá; isso quando não eram sanduíches meia-boca de 7 reais), mas o fato é que minha irresponsabilidade teve um preço alto: passei mal durante o show. Quase desmaiei, estava sem forças e, segundo uma colega minha que estava perto, minha cara estava muito branca, pálida.
Tive que me sentar (sim, mesmo com toda aquela multidão à minha volta, e correndo o risco de ser esmagado, rs) pelo menos umas quatro vezes para me recompor, senão seria impossível aguentar ver a performance até o fim. Em canções tão marcantes como "Invincible", "Feeling Good" e "New Born", eu praticamente não conseguia ficar em pé e cantá-las.
Recompus-me na reta final, a ponto de curtir "Time Is Running Out" e "Plug In Baby". De quebra, ainda vi um excelente bis, com "Starlight", "Stockholm Syndrome" e "Take A Bow".
Enfim, o show foi impecável em todos os aspectos. A banda é realmente muito boa ao vivo, e toda a parafernália que trouxeram deu um toque especial; por exemplo, os vídeos, a fumaça e as bolas gigantescas. Senti falta de algumas das minhas favoritas, como "Space Dementia", "Bliss", "Muscle Museum", "Thoughts of a Dying Atheist", e "Sing for Absolution". De quebra, eles não tocaram nada do Showbiz. Mesmo assim, as 16 executadas no show eram todas maravilhosas, petardo seguido de petardo.
É claro que a apresentação do New Order tem toda uma conotação que a leva a ostentar o título de 'melhor show da minha vida'. Porém em uma análise mais objetiva, o Muse proporcionou uma experiência inigualável para mim em inúmeros aspectos: empenho da banda, técnica, equilíbrio no repertório, animação do público, solos, efeitos especiais... Foram meus 30 reais mais bem investidos em música em muito tempo.
É uma pena que, junto com tudo isso, vieram as seqüelas. Por ter ficado muito perto do palco, e a acústica estar muito boa (e barulhenta), meus ouvidos foram bem maltratados. Curiosamente, a orelha direita foi a única que continuou sofrendo: além do 'zunido' que voltava vez ou outra, entre domingo e segunda eu sequer consegui dormir de tanto que ela estava doendo. No decorrer da semana, a dor diminuiu, mas o sons continuam chegando abafados neste ouvido. Fiz de tudo que estava ao meu alcance, mas, até o momento em que estou a escrever este texto, a situação ainda não mudou: meu ouvido direito continua funcionando pior do que o esquerdo. Morro de medo de ficar parcialmente surdo ou coisa do gênero, mas simplesmente não sei o que fazer, a não ser esperar até que isso passe.
Já estou a escrever há quase duas horas, mas ainda preciso falar sobre a última semana. Vamos?
Então, apesar da dor em meu aparelho auricular externo (se alguém que for ler isso souber um pouco de Biologia, poderia me confirmar se esta expressão é correta ou não?), segunda-feira fui à aula inaugural dos neófitos de Ciência Política. Passei o dia seguinte inteiro na kit-net, aguardando o resultado da matrícula. Lá pelas 23h, saiu o resultado. Se, por um lado, fiquei feliz por ter conseguido 6 das 7 matérias que pedi (inclusive Teoria Política Moderna com o prof. Kramer), por outro fiquei chateado por não ter obtido vaga em Evolução das Idéias Econômicas e Sociais.
Para minimizar a frustração, terminei de ler "Ulisses" naquela madrugada. Sim, o livro é tão estupendo quanto dizem, e eu ainda pretendo fazer aquele, digamos, 'Bloompost' para resenhá-lo. Logo, desde quarta a minha leitura oficial era "Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano" de Montaner, Mendoza e Llosa. Como o concluí hoje à tarde, falarei mais detalhadamente sobre ele em outra ocasião; mas, posso adiantar que, de alguma maneira, o "Manual" redespertou meu interesse pela América Latina. Isso se refletiu no dia seguinte, quando, na hora de decidir qual seria minha sétima matéria, escolhi uma chamada "Escrita e Sociedade na América Latina".
A propósito, uma retrospectiva sobre 7 de Agosto: acordei às 5 e meia da manhã, acreditando na hipótese de que seria preciso chegar bem cedo no Departamento de Economia para ter uma chance de conseguir EVIES. Após me arrumar, conscientizar-me de que perderia a estréia do futebol masculino do Brasil nas Olimpíadas e tudo o mais, cheguei no ECO às 6h40, vinte minutos antes da 2ª pessoa que apareceu por lá. Nem adiantou muito, pois a lista de espera tinha critérios de prioridade que em nada me favoreciam: matéria obrigatória > optativa e porcentagem de créditos restantes para se formar valiam mais do que o IRA. Logo, meu nome estava entre um dos últimos da lista, o que sepultou meus sonhos de pegar tal disciplina.
Ainda na fila, eu estava conversando com uma veterana, e ela me indicou uma matéria do departamento de Jornalismo que tratava sobre literatura, história e evolução do discurso dos intelectuais no continente latino-americano. Achei instigante o fato de que autores como Silvio Romero, Gilberto Freyre, Jorge Luis Borges, Euclides da Cunha e Guimarães Rosa serão lidos e discutidos em tal disciplina. De quebra, só 10 das 40 vagas estavam preenchidas, então eu não teria dificuldades para entrar na turma. Após titubear um pouco, decidi-me pouco antes das 11 da manhã que faria mesmo "Escrita e Sociedade na América Latina", e fui ao IPOL confirmar minha matrícula.
Em 07/08 eu ainda ajudei uma caloura a montar seu fluxo; infelizmente ela ainda não conseguiu IEH na turma presencial (e agora também reservada), mas acho que, se ela conversar com a profª de tal disciplina, o problema se resolverá. À tarde, saí com ela, outra neófita e um amigo das duas. Primeiro fomos a um bar do Pôr do Sol, depois a um McDonald's que ficava lá perto. Eu e ela chegamos a combinar de sair na sexta com o pessoal, mas não deu certo.
Anteontem foi meu primeiro dia como telespectador dos Jogos Olímpicos de 2008. Comecei a traçar meus planos sobre horários em que dormiria ou ficaria acordado.
No sábado, resolvi usufruir um trio, que inclusive estava exposto no meu nick do MSN: "Pizza + Pepsi + Olimpíadas = um sedentário fim de férias". Nem preciso explicar, certo?
O dia de hoje começou como um domingo razoável, com as vitórias do Brasil tanto no vôlei (3x0 Egito) quanto no futebol (5x0 Nova Zelândia) masculinos. Porém, meu dia foi estragado por uma pérola do meu descuido e falta de atenção: no caminho para o supermercado, onde eu faria algumas compras básicas e atrasadas (pipoca, pano de prato, leite, Miojo, bolacha, chocolate amargo), perdi uma nota de 50 reais. Não sei como isso ocorreu, mas suspeito que foi em uma das muitas mexidas no bolso para conferir a pequena lista de coisas para comprar ou mudar de música no MP3 Player. Fiquei extremamente chateado com o ocorrido, e não tinha outra opção senão ligar para minha mãe para avisá-la que eu havia perdido a cédula e tinha apenas dois reais restantes. Ela vai depositar mais dinheiro para mim, mas não perdeu a oportunidade para me dar uma bronca sobre minha desatenção e, principalmente, a avareza com comida (sim, ela adivinhou que minha despensa está vazia).
Enfim, foi um deslize nesse fim de férias, mas nem o incidente de hoje e (talvez, pois ele está abafado demais para ser ignorado) o problema com o ouvido direito atrapalharam o saldo extremamente positivo que tenho ao avaliar essas férias. ABCP, Muse, Titãs, Paralamas, James Joyce e a vida social são alguns dos argumentos que tenho para acreditar que, após um recesso tão bom, estou mais do que preparado para um fantástico 2º semestre. Que venham os próximos 28 créditos, 7 matérias e 4 meses!
07 agosto 2008
Intervalo entre os "Soulless"
Sim, eu sei o quanto é chato eu ficar dando essas desculpinhas para não postar 'para valer', mas é que eu não consigo ficar tanto tempo sem atualizar o blog sem dar alguma justificativa - nem que seja para mim mesmo.
Trocando em miúdos: esta é uma postagem 'enche lingüiça', hehe. Adiós.
03 agosto 2008
Soulless is everywhere... - parte 1
Duas palavras que poderiam resumir os meus últimos seis dias.
Porém, ainda estou muito cansado (ao menos mentalmente, pois fisicamente estou perto de me livrar do zum-zum no ouvido e as dores nas costas) para elaborar um post. Neste caso, despeço-me com outra(s) letra(s) de música e a garantia de que falarei mais sobre a semana passada no próximo texto.
A seguir, uma seleção de versos das quatro canções do show que mais me marcaram. Estejam certos de que todas estão no meu top 10 de prediletas do Muse:
Link it to yourself
Stretch it like a birth squeeze
For love for what you hide
For bitterness inside
Is growing like the new born
(...) Soulless is everywhere
(...) Destroy the spineless
Show me it's real
Wasting our last chance
To come away
Just break the silence
'Cause I'm drifting away
Away from you"
Everything you are
And everything you were
Your number has been called
Fights, battles have begun
Revenge will surely come
Your hard times are ahead
Best
You've got to be the best
You've got to change the world
And you use this chance to be heard
Your time is now (...)"
The ship is taking me far away
Far away from the memories
Of the people who care if I live or die
Starlight
I will be chasing the starlight
Until the end of my life
I don't know if it's worth it anymore
(...) Let's conspire to ignite
All the souls that would die just to feel alive
But I'll never let you go
If you promise not to fade away
Never fade away
Our hopes and expectations
Black holes and revelations"
Make our dreams come true
Don't give up the fight
You will be alright
'Cause there's no one like you
In the universe
Don't be afraid
What you're mind conceals
You should make a stand
Stand up for what you believe
And tonight we can truly say
Together we're invincible
And during the struggle
They will pull us down
But please, please let's use this chance to
Turn things around
And tonight we can truly say
Together we're invincible
Do it on your own
Makes no difference to me
What you leave behind
What you choose to be
And whatever they say
Your soul's unbreakable"
*Esta eu tive que colocar na íntegra mesmo, hehe.