[Meu Facebook] [Meu Last.FM] [Meu Twitter]


 

 

Kaio

 

Veja meu perfil completo

 

 

 

 

17 agosto 2008

"Existo, logo penso"

Acho que resolvi parte da "recessão existencial" em que estive durante os últimos dias. Foi mais rápido do que eu esperava, mas, tratando-se de uma pessoa tão pouco complexa(da) como eu, isso não é surpreendente.
No imenso post do dia 10, já dava para perceber que eu estava mais reflexivo - e prolixo - que de costume. Vários fatores consumaram tal situação no decorrer da semana, tais como:

1. A volta às aulas, que me fez lembrar que, acima de tudo, a universidade é um espaço para reinventar a si mesmo. A experiência de vida que comecei a ter há cinco meses, e que se encerrará no fim de 2011, continua a me pôr para pensar sobre o quero, o que almejo e o que posso. Ladainhas à parte, estou em situação análoga à dos jovens das séries teens americanas que entraram na faculdade - mas, é claro, no meu caso, sem fraternidades, sem pessoas genuninamente estranhas e 'cool' e sem bandas de rock universitário realmente boas.

2. As duas leituras que terminei no decorrer da semana ("Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano" e "A Volta do Idiota"), por um lado, deram-me várias ferramentas para que eu construísse o perfil psicológico (e ideológico) de um dos personagens do meu livro, o Henrique, jovem ligado à 'esquerda festiva' (porém, tentarei estereotipá-lo o mínimo possível); por outro, deixaram-me um pouco desiludido não só com a história de fracasso e persistência nos erros da América Latina, como também o cenário difícil que o liberalismo/libertarianismo encontra para (tentar) ser aplicado. Quando até a mentalidade de tantos latino-americanos, estejam eles nas massas ou no poder, é tão retrógrada, paranóica e escapista, as chances de mudar a realidade beiram o... utópico! Mesmo as boas intenções e o estilo mais modernizador da chamada 'esquerda vegetariana', com a exceção do caso chileno, não me convencem tanto.
De qualquer maneira, os dois livros são mesmo muito bons, e a resenha negativa a respeito de "A Volta de Idiota" que li dia desses em Mídia Sem Máscara estava totalmente equivocada, e seu autor não deve ter lido direito a obra (ou então o fez já com preconceitos), pois a crítica dele ao tom mais moderado de Plinio, Alvaro e Carlos não procede, pois em nenhum momento eles desvinculam o populismo, o caudilhismo e o nacionalismo de projetos socialistas e coletivistas, mesmo quando são aplicados pelos conservadores. Algo, aliás, que só prova o quanto os 'reaças' e a 'esquerda carnívora' estão próximos em nosso continente, ao menos quanto a um objetivo em comum: rechaçar a liberdade (seja ela econômica, individual ou ambas) e os benefícios do livre mercado e do respeito à propriedade privada.

3. Já nos primeiros dias, tive o que se pode chamar de 'conversas à la Dawson's Creek' com alguns colegas (aliás, os poucos 'cult' que encontrei na universidade até agora), especialmente na 4ª, quando ela começou em torno das 11h e, com um ou outro intervalo, prolongou-se até as 17h45.
Discutimos sobre tudo (literatura, música, matérias, cinema, economia, problemas internacionais, política...), e houve até contornos existencialistas quando falamos sobre nossos planos para o futuro.
13 de Agosto já estava previsto para entrar no meu livro (é o dia em que acontece algo importante na vida da personagem Alice), mas, depois do que aconteceu na quarta passada, não me restam dúvidas de que tal dia merece ser contemplado em "(Des)construção Psíquica".

4. Cansei-me do PDS. Não (apenas) do bar, como também dos indivíduos que o freqüentam. Sendo mais direto, estou ficando entediado com a conduta das pessoas de POL que vão para lá. Nada de anormal no que eles fazem, e é justamente esse o problema: eles são muito comuns e serelepes!
É patente que estou sendo narcisista (o desejo de que existissem mais seres como eu na turma de Ciência Política), mas também não me sinto confortável com aquela atmosfera etílica toda. Não só a 'low-minded talk', como também o fato de que eles bebem muito - e, mesmo que de brincadeira, pedem-me para que faça o mesmo, ainda que sabendo que continuarei a resistir sem titubear, e continuar a tomar Coca-Cola, Pepsi ou Fanta.
Até cheguei a rir um pouco quando eles estavam 'batizando' com vodka os neófitos (e também a todos os gerontos que estavam presentes - exceto Kaio, é claro), mas logo percebi que isso não era tão engraçado assim. Mais especificamente, o pessoal do meu semestre ficou bem bêbado, e passou a ter um comportamento agressivo, 'engraçadinho/cantorístico' ou lascivo, dependendo dos indivíduos. Moralismo meu? Muito provavelmente, mas sinto-me no direito de não gostar da companhia de pessoas em uma sintonia tão diferente da minha.
Profilaxia? Não ir ao Pôr do Sol por um bom tempo, oras. Se é para continuar nesta neura, e prosseguir na minha pedante e infrutífera jornada atrás de pessoas que, assim como eu, se levem a sério demais (ou seja, criaturas intelectualóides, 'sofisticadas', egocêntricas, literatas etc.), a solução é procurar novos ambientes e companhias. O problema é comigo, não com os outros. Simples assim.

Pronto, apresentei as ocorrências. Agora, é hora de des e re construir.
Já citei uma das medidas que tomarei: não ir mais ao bar com o povo de POL. Isso, porém, não é o bastante. Além disso, achei algo que, ao mesmo tempo que me ocupará nas manhãs de sábado, me permitirá aprender a língua de um povo tão irritante e normativo quanto eu. Sim, vou começar a estudar Francês!
Também já tracei um plano das próximas leituras que farei. Antes de mais nada, decidi que, ao invés de ler FEB inteiro, acho que farei com ele o mesmo que decidi para o livro de Fundamentos de Políticas Públicas ("Policy Analysis by Design"): ler só os capítulos que serão estudados na semana. Domingo é o dia ideal para antecipar tal empreitada, e eu já o fiz hoje com a obra do Furtado.
Com isso, antecipo para amanhã uma leitura que fará todo o sentido se nos lembrarmos do significado da próxima quarta-feira, dia 20 de Agosto. Em homenagem aos 40 anos da amarga Primavera de Praga, lerei "A Insustentável Leveza do Ser", de Milan Kundera. Nas semanas seguintes, pretendo ler "O Essencial von Mises" (Rothbard) como warm-up para a importantíssima leitura seguinte, "Ação Humana" (Mises). Depois, o colossal romance "Quem é John Galt?" (Ayn Rand), o libelo contra o totalitarismo "A Sociedade Aberta e Seus Inimigos" (Karl Popper) e canônico "A Democracia na América" (Tocqueville). Claro que esta lista está sujeita a alterações e inclusões, mas, tudo o mais constante, lerei todas estas seis obras até o início de Outubro.
Pronto, já tenho três sublimações. Falta mais alguma coisa? Sim, é claro. A quarta delas tem a ver com o próprio blog: escrever mais, muito mais. Sim, mesmo que seja no papel, antes ou depois de alguma aula em que eu tenha algum pretexto para jorrar palavras em uma folha em branco. Ando escrevendo bem menos do que costumava nos três últimos anos, que constituíram minha fase mais prolífica. Se quero mesmo aprimorar não só meu estilo, como também minha retórica e capacidade de argumentação (mesmo que, na maioria das vezes, a única pessoa que preciso convencer e persuadir sou eu mesmo), praticar é necessário.
Por último... bem, vejamos... Ah, é claro: aproveitar ao máximo a experiência universitária, nas duas principais frentes - afinco nos estudos e mente aberta para conhecer novas (e, tomara, interessantes) pessoas. Este é o semestre ideal para aprender muito com as matérias que peguei, tirar boas notas e descobrir seres cujas personalidades sejam mais compatíveis com a minha.

Veremos se, com esse receituário todo, alcançarei minhas metas. Tchau.

 

Comentários:

 

 

Conselhos do titio:
a) escreva sempre. Pra você e pro seu público.
b) dificilmente conhecerá muitas pessoas interessantes e compatívies na faculdade.

Abraço.


Este comentário foi removido pelo autor.


Discordo do seu Tio no item b. Vc vai sim conhecer pessoas legais na UnB, que vc vai adorar se relacionar. Esse lance de compatibilidade é lenda. Just have a good time.


Mesmo sendo um cara etilicamente bem desenvolvido e em outros aspectos bem diferente de vc, ja passei pela messa situação que vc comenta neste post. Tanto é que vc me viu poucas vezes no PDS. Por mais tosco que seja falar isso, acho q vc nao pode ser radical e simplesmente deixar de ir... Vá, sempre que te der vontade....
O pessoal as vez é chato, é idiota, sem graça mas no fim das contas acho que vale a pena...

Abraços e "escreva sempre"


Postar um comentário

[ << Home]