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Kaio

 

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10 agosto 2008

Soulless is everywhere... - parte 2

Se pormos os últimos quatro posts em seu devido lugar, nota-se que, na prática, não escrevo para o blog há duas semanas. É hora de pôr um basta nisso.

Antes de mais nada, mudança de planos: 27/07/18 não será mais a data do 1º capítulo do livro. Acho que, por ter sido no dia 25 do mesmo mês que eu resolvi mudar tanta coisa em "(Des)construção Psíquica", aquele espaço de vinte e quatro horas merece uma dupla homenagem: não só abrirá meu primeiro romance, como também será o aniversário de 18 anos de um dos personagens, Henrique.

Voltemos à vida real. Ou ao menos um simulacro dela.
28 de Julho. Dia em que mais peguei ônibus: quatro, no total. O primeiro foi para vir de Goiânia até Brasília; o segundo, da Rodoferroviária até a Rodoviária do Plano Piloto; o terceiro, para chegar na minha quadra; já o último foi o da excursão do pessoal de Ciência Política/UnB (e um ou outro agregado de outros cursos e universidades) até Campinas, com o objetivo de ir ao encontro da Associação Brasileira de Ciência Política.
Seria exagero dizer que os 5 dias dessa viagem foram um divisor de águas em minha vida; por outro lado, é corretíssimo afirmar que ela foi um dos primeiros importantes acontecimentos de minha pós-adolescência. Antes que vocês pensem "Enfim, ele fez algo que fugisse das categorias de 'sóbrio' e 'nerd'", não se preocupem: voltei com os mesmos 88% de pureza que tinha quando cheguei, hehe.
A seguir, alguns dos 'highlights':
1 - As palestras que ocorriam pela manhã foram ótimas. Tive a oportunidade de ir a mesas-redondas em que acadêmicos como Carlos Pio, Bresser-Pereira e Francisco Weffort discutiam temáticas como Pensamento Político, Globalização e Democracia, Eleições 2008, Ordem Internacional etc.
2 - As áreas temáticas, vespertinas, também chamaram minha atenção. Descobri que as vertentes da C.P. que mais me atraem são Teoria Política e Política e Economia. Também fui em uma sobre Eleições 2006, mas o excesso de métodos quantitativos (isso quando não havia uma exposição qualitativa excessivamente enviesada) deixou-me entediado. No mais, aprendi muita coisa, inclusive que a Academia é muito rigorosa na hora de avaliar os trabalhos, e que observam e cutucam até nas minúcias.
3 - Jurava que todo mundo estaria vestido com roupas formais, então levei terno, camisas sociais e gravatas para o congresso. Qual foi a minha surpresa quando descobri que eu era praticamente o único (além, é claro, dos palestrantes e aqueles que apresentariam trabalhos) que se vestiu desse jeito para o encontro? Todos os meus colegas vestiram-se da maneira mais casual possível! O argumento deles ("Isso é um encontro de ciências sociais, não é nada tão formal assim!") é plausível, mas não deixei de achar adoravelmente estranho logo eu ser o estudante mais arrumadinho (para não dizer engomadinho) na ocasião, hehe.
4 - Dividi quarto com dois colegas do meu semestre. Eles são até legais; conversamos bastante nas noites passadas no hotel. Às vezes, tínhamos como agregadas as quatro garotas do 1º (agora 2º) e do 2º (agora 3º) semestres que também foram à ABCP. O dia em que fizemos testes (inclusive dois que eu indiquei: o Political Compass e o de personalidade do OkCupid!) e pedimos McDonald's pela internet foi um dos mais divertidos, hehe.
5 - Ainda sobre o hotel, na mesma noite relatada no tópico anterior, em que os níveis de nerdice do quarto extrapolaram: eu e um dos meninos fizemos a 'matrícula web' nas disciplinas assim que o site da UnB liberou, por volta da meia-noite. Planejei vários fluxos pelo Excel até me decidir por um. Resolvi não pegar nem matérias pesadas demais (Cálculo 1) nem picaretas em demasia (HSPG). Confirmei as três obrigatórias (FEB, IMCS e TPClá), adiantei duas do 3º período (TPM e FPP), pedi um tópico especial (Política e Economia Mundial) e uma matéria interessante da área de ciências econômicas (EVIES). Cinco dias depois, eu descobriria o resultado, mas isso é assunto para o fim do post.
6 - Ah, as pessoas. Poxa, minha vida social realmente mudou depois que entrei na universidade! Já falei sobre isso em um texto de Junho, mas voltei a refletir sobre como tanto eu, que fiquei mais aberto ao diálogo, assim como os outros seres humanos, que de fato são simpáticos e têm um papo bom, colaboramos para um Kaio bem menos anti-social. Nos intervalos das palestras, no ônibus, no hotel, no almoço... enfim, aquele verso de Coffee & TV ("Sociability is hard enough for me") começou a deixar de ser um lema para a minha vida.
7 - Na viagem de volta, quase me perdi do grupo. Apesar de ter vindo acompanhado ao Subway, resolvi voltar sozinho. O problema é que eu tinha me esquecido que o shopping de Campinas em que fomos era gigantesco, com inúmeras saídas! Fiquei meio desesperado, e até pensei que o ônibus já tinha saído e me deixado, mas, após algums minutos de tensão e correria, encontrei-o, só para descobrir que eu tinha sido um dos primeiros a voltar!
8 - Comi muito pouco na viagem, seja pela minha mania de economizar cada centavo ou simplesmente por não achar que estava com fome o bastante para comer à beça. No sábado, por exemplo, meu café da manhã resumiu-se a um pouco de chocolate amargo (sólido) e chocolate quente (líquido). Isso terá importância daqui a pouco.
9 - Mesmo faltando apenas 50 páginas para terminar "Ulisses", não cheguei a ler o livro durante a viagem. Em compensação, li até a pág. 55 de "Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano". Ah, isso é outra coisa que fará mais sentido daqui a algumas linhas.

Assim que cheguei a Brasília na volta (a propósito, da FA peguei carona com uns veteranos para chegar no meu bloco), o plano era me preparar para o Porão do Rock, que ocorreria apenas seis horas depois que eu desembarquei. Arrumei-me, cochilei, combinei com um amigo que me levaria de carro e pronto: eu acabava de sair de uma empreitada e já estava pronto para outra.
Nem o fato de meu colega (que, inclusive, foi um dos dos meus roommates lá em Campinas) ter meio que se perdido - sem querer, ele pegou a Estrutural, e somando o tempo que se gastou para achar um retorno e chegar até o Mané Garrincha, deu quase uma hora - desanimou-me. Encontrei pessoas de POL assim que cheguei na área VIP; a propósito, comprei ingresso do tipo camarote, para ficar mais perto do palco.
Assisti a shows de bandas gringas (a francesa Papier Tigre e a argentina The Tandooris) e tupiniquins (Autoramas e Supergalo), mas o que eu estava esperando mesmo era o Muse. Resolvi já procurar um local para me fixar uma hora e meia antes do show. Pitty estava tocando no outro palco (será que conto para vocês que cheguei a cantarolar "Máscara", "Semana Que Vem" e "Admirável Chip Novo"?), e minha expectativa só aumentava minuto após minuto.
Então, com um atraso mínimo (algo em torno de... 5 minutos), uma das melhores bandas inglesas da década entrou no palco. O Muse já abriu com uma de suas faixas mais épicas, "Knights Of Cydonia". Em seguida, mandaram a obrigatória "Hysteria". Dando prosseguimento, algumas surpresas (digo isso para não falar 'não esperava que fossem tocá-las, então nem decorei as letras delas'), como "Citizen Erased" o pot-pourri "Fury / Dead Star", e clássicos como a dançante "Supermassive Black Hole", "Map Of The Problematique" e "Butterflies And Hurricanes".

Pausa para momento dramático. Lembram que eu tinha comido pouco nos últimos dias, especialmente no sábado em que houve o Porão? Desculpas esfarrapadas podem ser dadas (por exemplo, que quase não se vendia comida lá; isso quando não eram sanduíches meia-boca de 7 reais), mas o fato é que minha irresponsabilidade teve um preço alto: passei mal durante o show. Quase desmaiei, estava sem forças e, segundo uma colega minha que estava perto, minha cara estava muito branca, pálida.
Tive que me sentar (sim, mesmo com toda aquela multidão à minha volta, e correndo o risco de ser esmagado, rs) pelo menos umas quatro vezes para me recompor, senão seria impossível aguentar ver a performance até o fim. Em canções tão marcantes como "Invincible", "Feeling Good" e "New Born", eu praticamente não conseguia ficar em pé e cantá-las.
Recompus-me na reta final, a ponto de curtir "Time Is Running Out" e "Plug In Baby". De quebra, ainda vi um excelente bis, com "Starlight", "Stockholm Syndrome" e "Take A Bow".
Enfim, o show foi impecável em todos os aspectos. A banda é realmente muito boa ao vivo, e toda a parafernália que trouxeram deu um toque especial; por exemplo, os vídeos, a fumaça e as bolas gigantescas. Senti falta de algumas das minhas favoritas, como "Space Dementia", "Bliss", "Muscle Museum", "Thoughts of a Dying Atheist", e "Sing for Absolution". De quebra, eles não tocaram nada do Showbiz. Mesmo assim, as 16 executadas no show eram todas maravilhosas, petardo seguido de petardo.
É claro que a apresentação do New Order tem toda uma conotação que a leva a ostentar o título de 'melhor show da minha vida'. Porém em uma análise mais objetiva, o Muse proporcionou uma experiência inigualável para mim em inúmeros aspectos: empenho da banda, técnica, equilíbrio no repertório, animação do público, solos, efeitos especiais... Foram meus 30 reais mais bem investidos em música em muito tempo.
É uma pena que, junto com tudo isso, vieram as seqüelas. Por ter ficado muito perto do palco, e a acústica estar muito boa (e barulhenta), meus ouvidos foram bem maltratados. Curiosamente, a orelha direita foi a única que continuou sofrendo: além do 'zunido' que voltava vez ou outra, entre domingo e segunda eu sequer consegui dormir de tanto que ela estava doendo. No decorrer da semana, a dor diminuiu, mas o sons continuam chegando abafados neste ouvido. Fiz de tudo que estava ao meu alcance, mas, até o momento em que estou a escrever este texto, a situação ainda não mudou: meu ouvido direito continua funcionando pior do que o esquerdo. Morro de medo de ficar parcialmente surdo ou coisa do gênero, mas simplesmente não sei o que fazer, a não ser esperar até que isso passe.

Já estou a escrever há quase duas horas, mas ainda preciso falar sobre a última semana. Vamos?
Então, apesar da dor em meu aparelho auricular externo (se alguém que for ler isso souber um pouco de Biologia, poderia me confirmar se esta expressão é correta ou não?), segunda-feira fui à aula inaugural dos neófitos de Ciência Política. Passei o dia seguinte inteiro na kit-net, aguardando o resultado da matrícula. Lá pelas 23h, saiu o resultado. Se, por um lado, fiquei feliz por ter conseguido 6 das 7 matérias que pedi (inclusive Teoria Política Moderna com o prof. Kramer), por outro fiquei chateado por não ter obtido vaga em Evolução das Idéias Econômicas e Sociais.
Para minimizar a frustração, terminei de ler "Ulisses" naquela madrugada. Sim, o livro é tão estupendo quanto dizem, e eu ainda pretendo fazer aquele, digamos, 'Bloompost' para resenhá-lo. Logo, desde quarta a minha leitura oficial era "Manual do Perfeito Idiota Latino-Americano" de Montaner, Mendoza e Llosa. Como o concluí hoje à tarde, falarei mais detalhadamente sobre ele em outra ocasião; mas, posso adiantar que, de alguma maneira, o "Manual" redespertou meu interesse pela América Latina. Isso se refletiu no dia seguinte, quando, na hora de decidir qual seria minha sétima matéria, escolhi uma chamada "Escrita e Sociedade na América Latina".

A propósito, uma retrospectiva sobre 7 de Agosto: acordei às 5 e meia da manhã, acreditando na hipótese de que seria preciso chegar bem cedo no Departamento de Economia para ter uma chance de conseguir EVIES. Após me arrumar, conscientizar-me de que perderia a estréia do futebol masculino do Brasil nas Olimpíadas e tudo o mais, cheguei no ECO às 6h40, vinte minutos antes da 2ª pessoa que apareceu por lá. Nem adiantou muito, pois a lista de espera tinha critérios de prioridade que em nada me favoreciam: matéria obrigatória > optativa e porcentagem de créditos restantes para se formar valiam mais do que o IRA. Logo, meu nome estava entre um dos últimos da lista, o que sepultou meus sonhos de pegar tal disciplina.
Ainda na fila, eu estava conversando com uma veterana, e ela me indicou uma matéria do departamento de Jornalismo que tratava sobre literatura, história e evolução do discurso dos intelectuais no continente latino-americano. Achei instigante o fato de que autores como Silvio Romero, Gilberto Freyre, Jorge Luis Borges, Euclides da Cunha e Guimarães Rosa serão lidos e discutidos em tal disciplina. De quebra, só 10 das 40 vagas estavam preenchidas, então eu não teria dificuldades para entrar na turma. Após titubear um pouco, decidi-me pouco antes das 11 da manhã que faria mesmo "Escrita e Sociedade na América Latina", e fui ao IPOL confirmar minha matrícula.
Em 07/08 eu ainda ajudei uma caloura a montar seu fluxo; infelizmente ela ainda não conseguiu IEH na turma presencial (e agora também reservada), mas acho que, se ela conversar com a profª de tal disciplina, o problema se resolverá. À tarde, saí com ela, outra neófita e um amigo das duas. Primeiro fomos a um bar do Pôr do Sol, depois a um McDonald's que ficava lá perto. Eu e ela chegamos a combinar de sair na sexta com o pessoal, mas não deu certo.

Anteontem foi meu primeiro dia como telespectador dos Jogos Olímpicos de 2008. Comecei a traçar meus planos sobre horários em que dormiria ou ficaria acordado.
No sábado, resolvi usufruir um trio, que inclusive estava exposto no meu nick do MSN: "Pizza + Pepsi + Olimpíadas = um sedentário fim de férias". Nem preciso explicar, certo?
O dia de hoje começou como um domingo razoável, com as vitórias do Brasil tanto no vôlei (3x0 Egito) quanto no futebol (5x0 Nova Zelândia) masculinos. Porém, meu dia foi estragado por uma pérola do meu descuido e falta de atenção: no caminho para o supermercado, onde eu faria algumas compras básicas e atrasadas (pipoca, pano de prato, leite, Miojo, bolacha, chocolate amargo), perdi uma nota de 50 reais. Não sei como isso ocorreu, mas suspeito que foi em uma das muitas mexidas no bolso para conferir a pequena lista de coisas para comprar ou mudar de música no MP3 Player. Fiquei extremamente chateado com o ocorrido, e não tinha outra opção senão ligar para minha mãe para avisá-la que eu havia perdido a cédula e tinha apenas dois reais restantes. Ela vai depositar mais dinheiro para mim, mas não perdeu a oportunidade para me dar uma bronca sobre minha desatenção e, principalmente, a avareza com comida (sim, ela adivinhou que minha despensa está vazia).
Enfim, foi um deslize nesse fim de férias, mas nem o incidente de hoje e (talvez, pois ele está abafado demais para ser ignorado) o problema com o ouvido direito atrapalharam o saldo extremamente positivo que tenho ao avaliar essas férias. ABCP, Muse, Titãs, Paralamas, James Joyce e a vida social são alguns dos argumentos que tenho para acreditar que, após um recesso tão bom, estou mais do que preparado para um fantástico 2º semestre. Que venham os próximos 28 créditos, 7 matérias e 4 meses!

 

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