Trip
Há tanta coisa que eu poderia escrever hoje... mas, desde dia 22 a criatividade passou longe, e não criei nada a respeito do "quarteto de posts", tampouco quanto aos fatos legais que ocorreram no meu fim de semana (Polloween, visita familiar, "Grande Sertão" etc.). Logo, deixarei para falar sobre estas e outras coisas em meu próximo texto. Pode ser que eu consiga conectar-me à internet em Caxambu, cidade na qual estarei a partir de amanhã para participar da ANPOCS. Do contrário, no próximo fim de semana escreverei um resumão dos últimos dias, assim como começarei aquela série temática prometida. Porém, não quero deixar vocês sem nada para ler, então, fiquem com a parte que escrevi para o trabalho em grupo que tive de fazer para Política e Economia Mundial. Não cheguei a revisar (lack of time...), então se vocês encontrarem algum erro ortográfico, problema de coesão e coerência e/ou alguma informação imprecisa ou incorreta, não liguem (ou então avisem-me, caso forem comentar o post). Bem, eu vou nessa; daqui a 10 minutos irei à FA para encontrar o pessoal e esperar o ônibus que nos levará. Desejem-me boa viagem, hehe. O Pensamento Político e Econômico dos Novos Liberais e Libertários
Discutir-se-á a contribuição das teorias do liberalismo moderno, assim como de uma de suas vertentes em específico – o libertarianismo –, no sentido de elucidar o papel das idéias da chamada “nova direita” no sentido de moldar uma visão de mundo que não só explique e analise processos tais como a globalização e as crises econômicas, mas que também compreenda o que pode ser feito para melhorar e corrigir as ações de mercados e governos para gerar crescimento, desenvolvimento e promover a universalização dos benefícios e oportunidades trazidos pela modernização socioeconômica das últimas décadas.
Comecemos pela Escola Austríaca de Economia, também chamada de Marginalista. Ela é bastante conhecida no meio acadêmico pela sua opção pelo individualismo metodológico e a defesa de uma ciência econômica pautada mais pelo raciocínio lógico que pela matemática e a econometria. Entre tantos pensadores de destaque, tais como Carl Menger (1840-1921), Eugen von Böhm-Bawerk (1851-1914) e Israel Kirzner (1930), vamos nos concentrar na contribuição de dois mais expressivos deles: Mises e Hayek.
Ludwig von Mises (1881-1973), que entendia a economia como uma ciência da ação humana (praxeologia), possuía uma epistemologia de caráter racionalista, no sentido de acreditar que haveria uma lógica universal que comandava as ações de cada indivíduo, o que permitiria reconstruir dedutivamente a natureza da ação intencionada. A partir disso, ele procura investigar racionalmente o processo de decisão humano, assim como o que leva uma economia de livre mercado a funcionar melhor que uma baseada em forte planejamento governamental.
Um de seus conceitos mais importantes é o de cálculo econômico, segundo o qual há uma escolha racional dos meios que os indivíduos empregam para atingir seus objetivos pretendidos. Ou seja, Mises tem uma abordagem conseqüencialista, por colocar como melhores escolhas aquelas que permitem maior eficiência e resultados mais prósperos. Não por acaso, ele critica o socialismo pelo fato de ser impossível, em tal regime, fazer uso do cálculo econômico, em razão da inexistência de preços e outros referenciais indispensáveis para orientar a direção da atividade econômica.
Ele também foi o primeiro dos “austríacos” a trabalhar com a teoria dos ciclos econômicos, segundo a qual a expansão de crédito realizada pelo governo, através de redução artificial da taxa de juros pelo banco central – assim como a intervenção nos demais bancos, para acelerar tal política –, leva a uma situação de “boom econômico”, em que há alocação de recursos (inclusive mão-de-obra) para investimentos incompatíveis com o nível total de poupança real. Isso gera uma elevada inflação, e, quanto mais se demora a combatê-la, através de medidas que encerrem os maus investimentos e restabeleçam o equilíbrio, mais se segue em direção a um colapso total dos preços.
Depreende-se, daí, que Mises atribui um papel mínimo ao governo: basicamente combate à inflação (a qual ele próprio gera), austeridade orçamentária e estrita omissão nos demais assuntos, para não atrasar o processo de ajuste do mercado e não prejudicar a recuperação da economia. Em outras palavras, a expansão creditícia tem resultados temporários, deteriorando-se rapidamente em disparada dos preços, desequilíbrio da produção e consumo de capital.
Friedrich von Hayek (1899-1992), por sua vez, contribuiu não só para a ciência econômica, como também para a teoria política contemporânea. Verifica-se, em seu ideário, também uma filosofia da ciência ligada ao chamado subjetivismo evolucionista, segundo o qual o conhecimento subjetivo é o resultado da interação da ordem sensorial com as condições externas, o que permite transformações evolutivas concomitantes ao processo de aprendizagem pelo agente. É natural, portanto, que ele seja considerado um herdeiro do pensamento liberal clássico de David Hume e outros.
Um de seus principais conceitos é o de ordem espontânea, a partir do qual Hayek considerava que mecanismos como o sistema livre de preços não foi uma invenção consciente e deliberada, mas sim algo gradual e espontaneamente concebido pela ação humana. Com isso, é o conhecimento tácito e disperso que permite à sociedade fazer escolhas que sejam mais apuradas e exitosas.
Conseqüentemente, o autor entende a liberdade como ausência de coerção, em que a propriedade privada e o direito individual de escolha devem ser respeitados, sem interferência de uma força externa, tal como o Estado. Portanto, ele é mais favorável à liberdade negativa (de âmbito mais privado, ligada à permissão e à responsabilidade individual) do que à positiva (de âmbito mais público, ligada à autonomia e ao poder).
As implicações econômicas de tal linha de pensamento indicam que o autor é refratário a políticas de planejamento governamental (ou planificação), tais como o chamado Estado Previdenciário ou Welfare State. Leva-se em conta que esta centralização de decisões é incapaz de apreender toda a informação necessária para uma alocação eficiente. Com isso, ao invés da política monetária conseguir controlar o desemprego através da inflação, ou vice-versa (afinal, muitas correntes econômicas acreditam em um “tradeoff” inescapável das duas variáveis), leva-se a uma situação em que ambos disparam simultaneamente (“estagflação”, como diriam os economistas brasileiros), o que acaba virando justificativa para mais intervenção e mais autoritarismo do governo, mas nunca resolvendo o problema da ineficácia.
Hayek alerta para o crescente poder de certos grupos de pressão, que se tornaram capazes de coagir a sociedade a atender suas demandas e caprichos, em detrimento da liberdade individual e de concorrência. Como exemplo, temos os grandes sindicatos, que contribuem não só para a escalada inflacionária (elevação descontrolada dos salários nominais) e do desemprego (cerceamento de postos de trabalho aos sindicalizados, assim como imposição de custos maiores com salários e leis trabalhistas, que dificultam aos empregadores contratar mais mão-de-obra), como também para a queda da produtividade econômica.
Sobre Milton Friedman (1912-2006), principal expoente da Escola de Chicago, pode-se falar nas relações que ele estabeleceu entre liberdade econômica, monetarismo e políticas públicas. A partir de uma teoria quantitativa da moeda, este economista americano estabeleceu uma ligação direta entre inflação e oferta monetária; ou seja, a elevação ou queda generalizada do nível de preços estariam associadas à maior ou menor emissão de moeda fiduciária pelo banco central. Não por acaso, ele era favorável à abolicação do Fed (Federal Reserve System), pois, segundo ele, a sua atuação errônea em tantas situações de crise, principalmente na Grande Depressão, comprovam que a política monetária funcionaria melhor com um mecanismo governamental que aumentasse a quantidade de moeda com uma taxa fixa, deixando o poder de “reserva fracionária” para os bancos.
Friedman, ao invés do minarquismo característico da Escola Austríaca, defendia que o Estado provesse certos bens públicos, no caso dos serviços em que tivesse um melhor desempenho que o setor privado; mas, não como monopólio legal, e sim permitindo à iniciativa privada competir no suprimento destes bens; por exemplo, no sistema de Correios.
Por último, ele alinhou-se a teóricos que defendiam a idéia de expectativas racionais, ou seja, o uso eficiente de informações para gerar resultados previsíveis e facilitar o equilíbrio de oferta e demanda. É uma aplicação da teoria dos jogos à economia, e serve para explicar planos de estabilização e rearranjo previamente anunciados tanto no âmbito microeconômico quanto no nacional (no caso brasileiro, poder-se-ia afirmar que o Plano Real foi um exemplo prático disso).
O Libertarianismo surgiu como a faceta mais ambiciosa das novas teorias liberais, em razão de sua filosofia política amparada em um anarquismo individualista, em sua defesa do egoísmo racional (a moralidade intrínseca ao auto-interesse) e sua visão econômica que enfatiza ao máximo a liberdade do mercado e a restrição do Estado. Alguns até atuaram no campo da literatura, através de romances filosóficos, como Ayn Rand, famosa por obras como “Atlas Shrugged” (“Quem é John Galt?”, em português).
Além daqueles que defendem o Estado-mínimo como uma instituição que surge espontânea e consensualmente, como Robert Nozick, há libertários que se consideram anarco-capitalistas, pois defendem que mesmo funções costumeiramente atribuídas ao governo, como a justiça e a segurança, possam ser bem desempenhadas pelo setor privado.
Um destes teóricos é Robert P. Murphy (1976), que, em seu livro “Teoria do Caos”, especula sobre como seria uma sociedade em que os serviços de defesa e proteção fossem realizados por companhias de seguro, assim como os possíveis benefícios que seriam obtidos com este novo sistema judicial e a forte ênfase no consentimento voluntário.
Outra temática bastante discutida por Murphy nos últimos tempos é a crise financeira. Crítico dos planos de socorro promovidos pelo governo americano, ele afirma que a raiz dos problemas do “boom” imobiliário consiste nas distorções induzidas pelo Fed na estrutura do capital, ao conceder (e instigar os bancos privados a também fazê-lo) crédito artificialmente barato e com pouca ou nenhuma garantia, afinal eram empréstimos “subprime”. De quebra, uma taxa básica de juros praticamente negativa criou expectativas no mercado que tendiam para a forte especulação; em seguida, quando se descobrisse que a prosperidade inicial era ilusória, uma “corrida aos bancos” logo viria, levando a falências e recessão econômica generalizada.
Portanto, o autor não acredita que o governo, através de medidas como a injeção de liquidez para banqueiros à beira da bancarrota, possa promover a estabilidade, pois ocorre justamente o contrário: favorecimento daqueles que são politicamente bem relacionados, embora maus investidores, em prejuízo dos contribuintes, assim como disseminação dos malefícios da crise para toda a economia americana – e mundial, por tabela.
Murray Rothbard (1926-1995) foi o mais destacado expoente do Libertarianismo nos EUA nas últimas décadas. Tendo sido aluno de Mises na New York University, destacou-se por sua contribuição ao entendimento da causa e cura das depressões econômicas. Segundo ele, os ciclos tendem a ser recorrentes e contínuos porque, quando os bancos se recuperam, aumenta-se a confiança para empreender uma nova expansão creditícia, levando a um novo “boom” e, conseqüentemente, uma nova recessão.
Porém, é importante lembrar que quem encoraja e intervém no sentido de incentivar tal comportamento nos bancos é justamente o governo, através da posição monopolista do banco central. Afinal, em uma situação de livre mercado, bancos que expandissem o crédito acumulariam débitos com os bancos de seus competidores, que recorreriam a eles para fazer o resgate em dinheiro, o que possibilitaria um “auto-policiamento” e um novo equilíbrio.
Para ele, assim como para seus antecessores “austríacos”, não é possível afirmar que, através de gráficos e modelos computacionais avançados, os economistas poderiam prever o futuro. Há variáveis, como a preferência temporal e a escala de valores, que não podem ser determinadas matematicamente. O princípio do “ceteris paribus” pode ser útil para modelos teóricos, mas moldar a realidade segundo ele, esquecendo-se que é inviável construir uma situação de equilíbrio se as próprias premissas trabalham com um contexto de desequilíbrio, é um erro que deve ser evitado. Logo, ele faz coro à rejeição dos expedientes keynesianos de justificar, com equações mirabolantes e a intenção de gerar “pleno emprego”, gastos maiores, inflacionários e injustificados do governo.
Observa-se, portanto, que a gama de discussões teóricas trazidas pelas novas teorias liberais e libertárias foi e continua sendo fundamental para uma maior compreensão de vários fenômenos contemporâneos ligados à globalização – inclusive a crise financeira que está a ocorrer. Embora atualmente haja uma ligeira tendência à retomada de explicações de cunho mais keynesiano, ou pelo menos aquelas que enfatizam o papel do governo em detrimento dos mecanismos de mercado, ainda é imprescindível estudar o que o pensamento político e econômico dos marginalistas, dos Chicago Boys ou mesmo dos anarco-capitalistas tem a dizer sobre o comportamento e o processo de decisão que move os indivíduos e os mercados.
21 outubro 2008
Postagens to get along
Este post é uma introdução ao "Quarteto de Posts". Que diabos é isso? Oras, quatro textos, cada um sobre alguma temática que eu julgo interessante. Pode ser que eu decida mudar a ordem em que serão postados, mas, para fins didáticos, usaremos a seguinte sequência: 1. O primeiro será sobre "Atlas Shrugged", como já se anunciou na postagem passada. Já separei uns dez tópicos sobre os quais posso discorrer no decorrer do artigo. Há, no entanto, tanta coisa a se falar sobre este livro que eu não me surpreenderia se tivesse alguma idéia nova nas próximas horas e dias. 2. Ok, vamos estragar a surpresa. Queria ter feito este texto três semanas atrás, mas enrolei tanto que é tarde demais para continuar fazendo suspense. Pois é, vou resenhar o sétimo disco do Oasis, "Dig Out Your Soul". Adorei-o, e achei inclusive que, na resenha, poderia até contar um pouco da trajetória da banda até culminar neste ótimo álbum. Será a ocasião perfeita para reinaugurar o meu blog Sofisma Burlesco, que está parado há mais de um ano e meio. 3. Pensei em fazer mais uma daquelas digressões anacrônicas, no sentido de 'interpretar e moldar o passado de acordo com os olhos de presente'. Desta vez, a vítima seria minha evolução ideológico-partidária, começando em 1994 e indo até as eleições municipais desse ano. 4. Hoje, durante a aula de IMCS, voltou algo que já se anunciava ontem, durante minha 'ressaca pós-Ayn Rand': inspiração para retomar "(Des)construção Psíquica". No decorrer do dia - e com o perdão do trocadilho -, defini definitivamente a ordem temporal dos capítulos, assim como o assunto principal de cada um deles. Tentei ser o menos linear e monotemático possível; porém, o próprio ato de fazê-lo já tem um caráter sistemático e planejador, hehe. Também aproveitei para dar uns retoques na construção de cada um dos protagonistas, e ensaiar o tipo de narração que adotarei para cada um deles, respeitando suas idiossincrasias. Aliás, tudo isso é material que eu postarei tanto por aqui quanto no próprio diário virtual do livro. Sobre meu dia: bem, esqueci de colocar o alarme do celular para tocar pela segunda vez (a primeira foi 5h15, e eu ainda estava com sono), e acabei acordando só 7:45. Exatamente meia hora depois, depois de me arrumar e andar até a UnB em tempo recorde, cheguei na aula de TPClá. Felizmente, o professor fez a chamada apenas no fim da mesma. No mais, continuo a ler "Grande Sertão: Veredas", embora gaste boa parte do tempo noturno que poderia utilizar, com coisinhas tais como andar pela kit-net acumulando idéias para meu livro ou passar horas navegando na internet - inclusive escrevendo no blog. Porém, mesmo com um ritmo de leitura que já começa torto, estou gostando muito da obra. Será que, finalmente, poderei ter algum livro escrito por um brasileiro entre os meus favoritos? "Incidente em Antares" chegou perto, mas suspeito que a obra Guimarães Rosa tem chances reais de me cativar ainda mais. Ah, tudo confirmado: a reta final de Outubro será bem agitada para mim. Além da ANPOCS, entre os dias 27 e 31, sexta que vem tem Polloween, uma festa de dia das bruxas que o pessoal do meu curso está organizando. Pensei em gravar um CD com uma trilha sonora digna de um Halloween (é claro, um que fosse meio post-punk/indie, com Bauhaus, Cure, JD, Placebo, Siouxsie, Sisters of Mercy, Depeche etc.), mas não estou certo de que será compatível com o gosto musical da maioria de meus colegas, e não ando com paciência para recorrer ao 'autoritarismo musical' que me é característico. Outra coisa: ceteris paribus, usarei uma capa de vampiro (só a capa, sem dentinhos e o resto; se bem que queria ir de mago, mas minha mãe, quando procurou por uma fantasia para mim lá em Goiânia, não achou túnicas e chapéus adequados) e maquiagem dark - enfim, algo bem 'soturno', aos moldes kaionísticos. "Vai ficar esquisito e bobo?" Não tenha dúvida disso.
19 outubro 2008
We The Living
Post curtinho, só para dizer que, minutos atrás, terminei de ler "Quem é John Galt?" ("Atlas Shrugged"), de Ayn Rand. A propósito, adorei o livro do início ao fim, o que significa, em resposta à postagem "Profits?", que sim, foi uma leitura mais do que lucrativa e redentora. Certamente, o 2º melhor livro que já li, só ficando atrás da "Montanha Mágica" de Mann. Mais detalhes sobre o melhor romance para entender o libertarianismo, no meu próximo texto por aqui.
17 outubro 2008
Rand Put A Smile Upon My Face
14 outubro 2008
Profits?
12 outubro 2008
Oktober Lack-of-Fest
A seguir, um top 8 com Coisas que podem salvar meu Outubro:
8 - Saída do armário da direita, assumindo suas posições sem medo de ser feliz, e, quem sabe, conquistando mais prefeituras no Brasil, a Presidência dos EUA, as diretrizes da resposta à crise econômica mundial...
7 - Conversas realmente empolgantes com pessoas realmente agradáveis na universidade. O "realmente" não foi para dizer que não ando tendo 'nice chats', mas sim para exprimir a vontade de ter uma espécie de Bloomsday na UnB.
6 - Guimarães Rosa, afinal não passo o mês sem ler "Grande Sertão: Veredas" e, se possível, mais uma dessas duas outras obras: "Primeiras Estórias" e "Sagarana".
5 - Pokémon, embora os monstrengos também tenham potencial para destruir meu mês, afinal estou a jogar simultaneamente quatro versões (Diamond no emulador de DS e Blue, Fire Red e Emerald no meu GBA).
4 - ANPOCS, pois, caso os trâmites de inscrição dêem certo , poderei ir a meu 2º encontro de cientistas sociais em menos de três meses. Podem ser 5 dias bem produtivos em Caxambú (MG).
3 - Nightlife, ainda mais se houver alguma festinha alternativa ou mesmo mainstream (uma de Halloween, por que não?) interessante. Minha vida social precisa ressuscitar após mais de 4 semanas em stand-by.
2 - Alguma epifania que me motive a voltar a escrever vorazmente meu livro. "(Des)construção Psíquica" está congelado há um bom tempo.
1 - "Quem é John Galt?", afinal o livro de Rand expõe de maneira brilhante o código moral que guia os individualistas, traduzindo em palavras o que pessoas como eu pensam sobre si mesmas e o resto do mundo. Se continuar assim na 2ª metade de suas 900 páginas, pode tranquilamente ser um dos melhores livros que já li.
10 outubro 2008
Depois da procrastinação, a libertação... ou será que não?
Após a prosopopéia infame do título do post, já devo ter frustrado as expectativas de vocês. "Poxa, ele fica quatro dias sem postar e volta com um senso de humor tão furado assim? Humpf, perdi meu tempo... vou voltar a ler estatísticas de vendas de games no VG Chartz!" Acalmem-se, plebeus! Não saiam antes de ler mais alguns parágrafos de boa e velha cultura inútil. Antes de mais nada, nesta semana eu tinha basicamente uma obrigação: terminar o primeiro rascunho para o meu comitê da SINUS, o Conselho Econômico e Social. Pois bem, só fui começar... hoje. Fiz um pedaço lá pelas 17h, e terminei entre as 20h30 e as 21h50. Adiei várias coisas no decorrer dos últimos dias - inclusive a leitura de "Quem é John Galt?" - com a desculpa de que precisava escrever o tal rascunho. Pois bem, faltou motivação, e acabei dando dois passos para trás: li menos e enrolei até a última hora para redigir o texto. Passei boa parte do meu tempo livre nessa semana jogando, vendo pela RedeTV! (2ª a 6ª, 18h) e pesquisando curiosidades sobre o mesmo assunto: Pokémon. Descobri tanta coisa sobre a série e os games que poderia fazer um post à parte só sobre isso. Hum, boa idéia... Aguardem. De quebra, meu pai, que eu não via há quase 3 meses, veio me visitar, aproveitando que tinha trabalho para fazer em Brasília. Ele chegou na terça e voltou para Goiânia ontem à tarde. Isso também mudou minha organização do tempo, pois acabei passando horas conversando e assistindo à TV com ele. Então, como já disse, li pouco "Atlas Shrugged" nessa semana. Porém, as meras 140 páginas que li desde sábado (tinham sido 260 entre terça e sexta passadas!) valeram a pena, pois os diálogos continuam empolgantes e alguns personagens, como Francisco d'Anconia e Hank Rearden, começaram a fazer 'discursos' para expressar e defender seus altamente libertários e egoístas códigos de moral; estou muito satisifeito, pois é uma digressão mais genial do que a outra. Espero ler uma média diária de páginas mais elevada daqui em diante, para terminar o livro até dia 19; afinal, ainda nesse mês começo a ler Guimarães Rosa. Nem falei sobre meu último fim de semana. Então, passei uma noite e um dia em Goiânia. Reencontrei minha mãe, meus irmãos e minha avó materna. Fui ao shopping no sábado, e aproveitei para cortar o cabelo no domingo. Votei pela primeira vez, e bem cedinho, em torno das 8h40. Mal posso esperar pelo pleito de 2010! Que eu me lembre, era só isso que eu gostaria de dizer hoje. Fui.
06 outubro 2008
Mayor
Farei uma rapidinha hoje, afinal estou com sono, mesmo com tantas tarefas e responsabilidades para cumprir nos próximos dias. Também, quem mandou ficar a noite passada inteira no PC, conferindo a apuração do 1º turno das eleições municipais? Falando nisso, vamos a alguns destaques: 1. Parabéns para Gilberto Kassab (DEM), que avançou ao 2º turno com 33,6% dos votos, praticamente empatado com Marta Suplicy (PT), que ficou com 32,8%. Foi uma grata surpresa, pois, embora eu já esperasse que ele fosse passar para o '2nd round', não imaginaria que conseguisse fazê-lo já à frente da candidata petista. Felizmente, o atual prefeito de São Paulo é o favorito, se levarmos em conta o provável apoio do PSDB (que sai da eleição com um Alckmin queimado e, espera-se, menos petulante em relação a outros caciques tucanos) e a migração de eleitores de Maluf e, talvez, Soninha. 2. Na capital fluminense, Eduardo Paes (PMDB), 32%, e Fernando Gabeira (PV), 25,6%, passaram com louvor do primeiro teste. Fiquei satisfeito com o bom desempenho de Gabeira, o que prova que a classe média carioca já encontrou o candidato que corresponda aos seus anseios de uma pertinente e real alternativa política à morosidade peemedebista e ao oportunismo evangélico de Crivella. Não me surpreenderia se César Maia resolver apoiá-lo, até mesmo como parte de uma aliança anti-governista que une direita e esquerda comuns na oposição ao projeto político do PT. Paes tem chances de vitória maiores, no entanto. 3. Em Goiânia, não teve jeito: Iris Rezende (PMDB), 74 anos, foi reeleito com 3/4 do eleitorado. A vitória foi fácil, movida pelo asfalto, os viadutos, o estilo centralizador e, é claro, as trapalhadas e baixarias de seu principal adversário, Sandes Junior (PP) - o qual, aliás, teve pouco mais de 15%. O candidato em que votei, Gilvane Felipe (PPS), foi o terceiro, com 5,2%. Como um voto de confiança na possibilidade da agremiação renovar seu discurso e adotar bandeiras realmente liberais e não patrimonialistas e arcaicas, optei por um certo partido (DEM) no escrutínio para vereador. 4. Em BH, Márcio Lacerda (PSB) é a prova de que aliados fortes não são o bastante para transferir confiança do eleitorado e votos suficientes para faturar o pleito já em 1º turno. Porto Alegre viu um Fogaça (PMDB) com ampla distância em relação à segunda colocada, Maria do Rosário (PT), que teve uma vantagem maior que a esperada sobre a jovem Manuela (PC do B). Por último, ACM Neto (DEM) decepcionou em Salvador com seu terceiro lugar, mas será uma peça-chave para a definição do vencedor em 2º turno.
03 outubro 2008
Metal Rearden Solid
1. Poxa, "Quem é John Galt?" é ainda mais estupendo do que eu esperava! Ayn Rand consegue traduzir para o enorme romance (900 páginas, mesmo com uma letra miúda) toda a teoria política e econômica do libertarianismo e a filosofia do egoísmo racional. Os personagens são meros (?) representantes de idéias, algo que não é nem um pouco ruim, afinal autores como ela e Aldous Huxley fazem com que caracteres com nomes e atitudes supostamente artificiais demais consigam cativar seus leitores tanto quanto os mais 'realistas e verossímeis'. Aliás, como afirma a própria Ayn, "O fato de que este livro foi escrito - e publicado - para mim é prova de que eles [homens como esses que aparecem em minhas obras] existem".
Comecei a ler "Atlas Shrugged" (nome da versão em inglês) na terça-feira, e aproveito boa parte do meu tempo livre não-internético para lê-lo. Antes de começar a redigir este texto, tinha chegado até a página 239, e pretendo ler mais umas vinte hoje antes de dormir.
A trama é bem estilosa, juntando ação frenética em 3ª pessoa com 'invasões' na mente dos personagens e descrições precisas (algumas vezes cansativas, embora indispensáveis) com diálogos constantes e empolgantes. Pelo menos até a parte em que parei, posso colocar em destaque os, até o momento, protagonistas: Dagny Taggart, uma mulher corajosa e impetuosa, e Henry Rearden, um homem perfeccionista e esforçado. Há coadjuvantes que esporadicamente roubam a cena, como James, o ambíguo irmão de Dagny, e Lillian, a carente esposa de Henry. Outro ponto forte é a distinção forte, às vezes quase maniqueísta, entre libertários, individualistas e egoístas - quase todos empresários(as) dos mais batalhadores - e "social-democratas", coletivistas e altruístas - que abusam de uma retórica relativista e preocupada com 'responsabilidade social' e 'retorno para a sociedade'. Seria maldade ou sagacidade de minha parte associar isso a fatos recentes de minha vida, hehe?
Falando nisso, o livro de Rand está deixando cada vez mais claro para mim algo que eu já havia em parte descoberto com Thoreau: o libertarianismo não precisa ser aplicado de cima para baixo, pois quase todas as suas propostas e práticas podem ser feitas pelos próprios indivíduos em sua conduta e posição moral perante a humanidade. Trocando em miúdos, posso agir de acordo com meus preceitos teóricos sem me preocupar tanto em que mais pessoas (ou mesmo países) o sigam. Ok, não preciso chegar a morar em um bosque para me considerar um individualista bem-sucedido - se bem que sonegar impostos é tentador, rs.
Enfim, basta que eu paute minhas ações no meu interesse próprio, nas minhas idiossincrasias e escalas de valores, sem ficar me importando com o que a 'sociedade' vai pensar sobre isso, que já estarei sendo um egoísta racional. É claro que isso também implica que eu não posso ferir a esfera individual de outras pessoas, ou seja coagí-las a agir segundo meus caprichos. Isso vale tanto no âmbito micro quanto no macro - por exemplo, uma empresa que constrói seu sucesso não em função de seu mérito e riscos assumidos, mas por privilégios e proteção concedidos pelo governo. Ou seja, a igualdade/nivelamento de resultados, quando se disfarça de "oportunidades equânimes para todos", pode ser nociva e favorecer aqueles que merecem menos que outros mais capacitados.
O próprio romance explicita isso quando retrata as constantes regulações impostas para prejudicar as livres iniciativa e concorrência - algo inspirado em fatos reais, afinal na época em foi lançado (1957) o mundo ocidental, mesmo nos EUA, vivia uma sombria onda de intervencionismo e planejamento centralizado, embora em graus menos radicais e totalitários do que no bloco socialista.
Ah, não nos esqueçamos da pergunta que não quer calar - e que, até a parte em que li, não foi respondida: quem é John Galt?
2. Nem queria tocar nesse assunto, pois o vendaval já passou; mas, os absurdos cometidos pelas 'reinaldetes', 'azevedetes' ou seja lá o que forem, obrigam-me a dizer algumas palavras sobre um episódio lamentável.
Na segunda e terça passadas, Reinaldo Azevedo publicou em seu blog críticas e ofensas ao blog de um 'professorzinho' da UnB, que estaria fazendo doutrinamento ideológico esquerdista em seus alunos, e que inclusive tinha dado uma aula sobre o Tio Rei. Oras, o docente em questão não era ninguém menos que o de uma das minhas sete matérias nesse semestre: "Escrita e Sociedade na América Latina".
Reinaldo, como de praxe, foi boçal, e não argumentou, limitando-se a xingar e corrigir os erros de português do 'doutrinador'. De quebra, dezenas de leitores de seu blog, ovelhinhas obedientes que são, foram defendê-lo, e invadiram o blog com inúmeros comentários ofensivos e de precária argumentação ("vá ler, alineado", por exemplo. Afinal, como diria um colega meu, "Reinaldo Azevedo é meu pastor, e críticas infundadas não me faltarão!"
Meu professor, aliás, é um dos menos doutrinários que tive desde que entrei na UnB; ele consegue ser pluralista e transigente - muitas vezes, até concordando - com idéias liberais de uma maneira que eu não via nas minhas professoras das introduções à Sociologia e Ciência Política, ou, voltando mais no tempo, entre a maioria dos docentes de História e Geografia.
Na confusão, sobrou até para mim, pois disse no blog que "sou de direita, mas sinto em constatar que há pessoas do mesmo espectro político-ideológico e econômico que o meu que são capazes de comentários lamentáveis" e que Azevedo era "um caricato do 'denuncismo' e da injustificável agressividade (...) que adota nas discussões políticas". Resultado: um dos trolls (ou orcs, dá na mesma, rs) chegou a dizer que eu não podia ser de direita pelo 'pecado' de ter discordado do Azevedo e ter defendido meu professor. Ou seja, eles têm uma lógica bizarra, algo do tipo Ou você está do meu lado e critica todos que Tio Rei disser que são petralhas, marxistas, criptocomunistas etc., ou você está do lado deles, e não passa de um esquerdopata, um 'bobão patético' (como chamaram um colega meu).
Do jeito que andam as coisas, a direita brasileira, principalmente entre os polemistas e jornalistas, está pior a cada dia. Quando era de se esperar racionalidade e sensatez de alguém que (supostamente) defende a liberdade econômica e o governo limitado, o que se vê é justamente o contrário. Chego até a especular que gente como o Reinaldo Azevedo é direitista pelo mero fato de não serem socialistas ou petistas, afinal se ocupam muito mais de espinafrar a esquerda do que ter um pingo de honestidade intelectual e explicitarem o que diabos defendem. É quase desrespeitoso a conservadores e liberais colocar na mesma caixinha deles pessoas que apelam tanto para a baixaria.
É claro que não vou me poupar da autocrítica; tenho que admitir que, em alguns debates, acabo me excedendo e também não fundamento bem minhas críticas aos 'canhotos' - quem ler aquele famigerado textículo de Fev/2006 poderá ver claramente. Não é por isso, todavia, que eu quereria afundar no 'denuncismo'. Pretendo prosseguir corrigindo minhas falhas, em um gradual amadurecimento e evolução.
3. Ok, estou sem saco para falar sobre isso hoje. Porém, serei meio que obrigado a voltar ao assunto nos dias, afinal preciso entregar dia 20 a pesquisa para a matéria "Política e Economia Mundial", que será meio que um esboço do que pretendo escrever e preparar nos próximos meses e anos.
4. Ah, isso eu também falarei outro dia... porém, posso dizer que concordo muito com o que foi dito pelos autores dos seguintes artigos, publicados no site do Instituto Ludwig von Mises Brasil. Desejo uma boa leitura para os possíveis interessados.
Amanhã tenho prova de Francês, e ainda viajarei para Goiânia, pois domingo há eleição municipal. Já decidi o candidato a prefeito em que votarei (Gilvane Felipe, PPS, 23) e, por enquanto, acho que votarei em legenda/coligação para vereador (DEM, 25). Justificativas no próximo post. Até a próxima!