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Kaio

 

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03 outubro 2008

Metal Rearden Solid

Após 3 dias, finalmente veio a vontade de escrever o bendito post. Vamos por partes mesmo.

1. Poxa, "Quem é John Galt?" é ainda mais estupendo do que eu esperava! Ayn Rand consegue traduzir para o enorme romance (900 páginas, mesmo com uma letra miúda) toda a teoria política e econômica do libertarianismo e a filosofia do egoísmo racional. Os personagens são meros (?) representantes de idéias, algo que não é nem um pouco ruim, afinal autores como ela e Aldous Huxley fazem com que caracteres com nomes e atitudes supostamente artificiais demais consigam cativar seus leitores tanto quanto os mais 'realistas e verossímeis'. Aliás, como afirma a própria Ayn, "O fato de que este livro foi escrito - e publicado - para mim é prova de que eles [homens como esses que aparecem em minhas obras] existem".
Comecei a ler "Atlas Shrugged" (nome da versão em inglês) na terça-feira, e aproveito boa parte do meu tempo livre não-internético para lê-lo. Antes de começar a redigir este texto, tinha chegado até a página 239, e pretendo ler mais umas vinte hoje antes de dormir.
A trama é bem estilosa, juntando ação frenética em 3ª pessoa com 'invasões' na mente dos personagens e descrições precisas (algumas vezes cansativas, embora indispensáveis) com diálogos constantes e empolgantes. Pelo menos até a parte em que parei, posso colocar em destaque os, até o momento, protagonistas: Dagny Taggart, uma mulher corajosa e impetuosa, e Henry Rearden, um homem perfeccionista e esforçado. Há coadjuvantes que esporadicamente roubam a cena, como James, o ambíguo irmão de Dagny, e Lillian, a carente esposa de Henry. Outro ponto forte é a distinção forte, às vezes quase maniqueísta, entre libertários, individualistas e egoístas - quase todos empresários(as) dos mais batalhadores - e "social-democratas", coletivistas e altruístas - que abusam de uma retórica relativista e preocupada com 'responsabilidade social' e 'retorno para a sociedade'. Seria maldade ou sagacidade de minha parte associar isso a fatos recentes de minha vida, hehe?
Falando nisso, o livro de Rand está deixando cada vez mais claro para mim algo que eu já havia em parte descoberto com Thoreau: o libertarianismo não precisa ser aplicado de cima para baixo, pois quase todas as suas propostas e práticas podem ser feitas pelos próprios indivíduos em sua conduta e posição moral perante a humanidade. Trocando em miúdos, posso agir de acordo com meus preceitos teóricos sem me preocupar tanto em que mais pessoas (ou mesmo países) o sigam. Ok, não preciso chegar a morar em um bosque para me considerar um individualista bem-sucedido - se bem que sonegar impostos é tentador, rs.
Enfim, basta que eu paute minhas ações no meu interesse próprio, nas minhas idiossincrasias e escalas de valores, sem ficar me importando com o que a 'sociedade' vai pensar sobre isso, que já estarei sendo um egoísta racional. É claro que isso também implica que eu não posso ferir a esfera individual de outras pessoas, ou seja coagí-las a agir segundo meus caprichos. Isso vale tanto no âmbito micro quanto no macro - por exemplo, uma empresa que constrói seu sucesso não em função de seu mérito e riscos assumidos, mas por privilégios e proteção concedidos pelo governo. Ou seja, a igualdade/nivelamento de resultados, quando se disfarça de "oportunidades equânimes para todos", pode ser nociva e favorecer aqueles que merecem menos que outros mais capacitados.
O próprio romance explicita isso quando retrata as constantes regulações impostas para prejudicar as livres iniciativa e concorrência - algo inspirado em fatos reais, afinal na época em foi lançado (1957) o mundo ocidental, mesmo nos EUA, vivia uma sombria onda de intervencionismo e planejamento centralizado, embora em graus menos radicais e totalitários do que no bloco socialista.
Ah, não nos esqueçamos da pergunta que não quer calar - e que, até a parte em que li, não foi respondida: quem é John Galt?

2. Nem queria tocar nesse assunto, pois o vendaval já passou; mas, os absurdos cometidos pelas 'reinaldetes', 'azevedetes' ou seja lá o que forem, obrigam-me a dizer algumas palavras sobre um episódio lamentável.
Na segunda e terça passadas, Reinaldo Azevedo publicou em seu blog críticas e ofensas ao blog de um 'professorzinho' da UnB, que estaria fazendo doutrinamento ideológico esquerdista em seus alunos, e que inclusive tinha dado uma aula sobre o Tio Rei. Oras, o docente em questão não era ninguém menos que o de uma das minhas sete matérias nesse semestre: "Escrita e Sociedade na América Latina".
Reinaldo, como de praxe, foi boçal, e não argumentou, limitando-se a xingar e corrigir os erros de português do 'doutrinador'. De quebra, dezenas de leitores de seu blog, ovelhinhas obedientes que são, foram defendê-lo, e invadiram o blog com inúmeros comentários ofensivos e de precária argumentação ("vá ler, alineado", por exemplo. Afinal, como diria um colega meu, "Reinaldo Azevedo é meu pastor, e críticas infundadas não me faltarão!"
Meu professor, aliás, é um dos menos doutrinários que tive desde que entrei na UnB; ele consegue ser pluralista e transigente - muitas vezes, até concordando - com idéias liberais de uma maneira que eu não via nas minhas professoras das introduções à Sociologia e Ciência Política, ou, voltando mais no tempo, entre a maioria dos docentes de História e Geografia.
Na confusão, sobrou até para mim, pois disse no blog que "sou de direita, mas sinto em constatar que há pessoas do mesmo espectro político-ideológico e econômico que o meu que são capazes de comentários lamentáveis" e que Azevedo era "um caricato do 'denuncismo' e da injustificável agressividade (...) que adota nas discussões políticas". Resultado: um dos trolls (ou orcs, dá na mesma, rs) chegou a dizer que eu não podia ser de direita pelo 'pecado' de ter discordado do Azevedo e ter defendido meu professor. Ou seja, eles têm uma lógica bizarra, algo do tipo Ou você está do meu lado e critica todos que Tio Rei disser que são petralhas, marxistas, criptocomunistas etc., ou você está do lado deles, e não passa de um esquerdopata, um 'bobão patético' (como chamaram um colega meu).
Do jeito que andam as coisas, a direita brasileira, principalmente entre os polemistas e jornalistas, está pior a cada dia. Quando era de se esperar racionalidade e sensatez de alguém que (supostamente) defende a liberdade econômica e o governo limitado, o que se vê é justamente o contrário. Chego até a especular que gente como o Reinaldo Azevedo é direitista pelo mero fato de não serem socialistas ou petistas, afinal se ocupam muito mais de espinafrar a esquerda do que ter um pingo de honestidade intelectual e explicitarem o que diabos defendem. É quase desrespeitoso a conservadores e liberais colocar na mesma caixinha deles pessoas que apelam tanto para a baixaria.
É claro que não vou me poupar da autocrítica; tenho que admitir que, em alguns debates, acabo me excedendo e também não fundamento bem minhas críticas aos 'canhotos' - quem ler aquele famigerado textículo de Fev/2006 poderá ver claramente. Não é por isso, todavia, que eu quereria afundar no 'denuncismo'. Pretendo prosseguir corrigindo minhas falhas, em um gradual amadurecimento e evolução.

3. Ok, estou sem saco para falar sobre isso hoje. Porém, serei meio que obrigado a voltar ao assunto nos dias, afinal preciso entregar dia 20 a pesquisa para a matéria "Política e Economia Mundial", que será meio que um esboço do que pretendo escrever e preparar nos próximos meses e anos.

4. Ah, isso eu também falarei outro dia... porém, posso dizer que concordo muito com o que foi dito pelos autores dos seguintes artigos, publicados no site do Instituto Ludwig von Mises Brasil. Desejo uma boa leitura para os possíveis interessados.
Amanhã tenho prova de Francês, e ainda viajarei para Goiânia, pois domingo há eleição municipal. Já decidi o candidato a prefeito em que votarei (Gilvane Felipe, PPS, 23) e, por enquanto, acho que votarei em legenda/coligação para vereador (DEM, 25). Justificativas no próximo post. Até a próxima!

 

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