Perguntas e dúvidas
2. E-books podem valer nas estatísticas de "livros que já li"?
3. Por que a sensatez e a lucidez do pensamento econômico e político dos liberais e libertários ainda não foi plenamente reconhecida pela intelligentsia e pelas massas?
4. O público do BBB8 entenderá que a atitude de Marcelo foi válida, e que a máscara de Tathiana finalmente caiu?
5. Hillary Clinton renunciará à sua pré-candidatura se perder no Texas e em Ohio?
6. Por que, apesar de achar "O Abolicismo" uma boa obra, estou sendo meio lento e preguiçoso para lê-la?
7. E, finalmente: se estou com falta de inspiração e criatividade para escrever em Racio Símio, qual o sentido em fazer um post como este?
26 fevereiro 2008
Like an Elephant Stone
A seguir, um resumo dos últimos três dias.
Domingo: resolvi chamar alguns amigos para uma festinha/pré-despedida. A maioria não pôde vir, mas meus três colegas que vieram já foram suficientes para um ótimo dia, regado a pizza, Coca-Cola, Age of Mythology e discussões sobre política, escola, música etc. Valeu a pena.
Segunda: nova viagem para Brasília, desta vez para fazer a matrícula na UnB e ratificar o aluguel da kitnet. Estou extremamente ansioso para me mudar logo para lá. Fui à Siciliano do Brasília Shopping, e comprei um livro que há anos eu procurava: "Walden: A Vida nos Bosques", de Henry David Thoreau. A obra lida com diversos assuntos, como economia, solidão, meio ambiente, leituras e, é claro, a ideologia libertária de Thoreau, que inspiraria vários pensadores contemporâneos, desde liberais e anarco-capitalistas até ambientalistas.
Terça: hoje eu resolvi fazer uma visita ao Classe, colégio em que estudei no Ensino Médio. Foi ótimo; pude reencontrar vários colegas e professores, além de ver algumas das (boas) mudanças implementadas em 2008 na escola. Aproveitei para combinar o adiamento em uma semana da "palestra" que farei em um debate sobre Internacionalização da Amazônia. Terei de defender a minha tese favorável à internacionalização, e precisaria de mais tempo para poder pesquisar e me preparar, afinal não será nada fácil tomar um posicionamento oposto ao que a maioria esmagadora das pessoas (e dos sites listados pelo Google, rs) pensam sobre a questão amazônica. Além do mais, dia 11 seria meu segundo dia de aula, enquanto dia 18 cai na semana santa, o que facilitaria a minha viagem para Goiânia pelo possível recesso que a faculdade viria a ter.
Ah, terminei de ler "Teoria do Caos". O livro é tão bom que recomendei-o até para minha mãe.
Tentarei agora ler algum dos livros que citei no post passado. Tenho que cumprir meu objetivo de ler pelo menos mais quatro livros até o início das aulas.
O título do post não carrega nenhum simbolismo ou mensagem subliminar. Apenas reflete que ando ouvindo Stone Roses demais, rs.
Boa noite.
23 fevereiro 2008
It's Getting Better (Man!!)
I - Ok, já se passaram as "48 horas de euforia" subseqüentes à confirmação de minha aprovação. Prometo que este será o último post sobre tal assunto. Bem, pelo menos o último sobre o vestibular, pois a partir de agora só vou falar sobre universidade, hehe.
Então, a UnB divulgou ontem o boletim informativo. Como se esperava, as médias despencaram: as de Língua Estrangeira pela primeira vez foram quase as mesmas (12,9 Espanhol, 14,6 Inglês, 15,5 Francês), Humanas foi 48 e Exatas, 27,7.
Com essa queda das médias, diminuiu também o desvio padrão. Resultado? Os argumentos dispararam!
Para Ciência Política, por exemplo o arg. mínimo foi 184 e o máximo, 280.
Como eu tirei 251,2, isso só quer dizer uma coisa: eu muito provavelmente fiquei entre os cinco primeiros colocados para POL! Yay!
Além disso, fui conferir na calculadora de argumentos atualizada, e constatei que eu também passaria - e com folga - com a nota que tirei quando fui aprovado no meio do ano passado (24/95/48), cujo escore bruto é doze pontos inferior ao que obtive na prova 1/2008!
E não é só isso: como o argumento mínimo para Relações Internacionais, o quarto maior de todos (só perdendo para Medicina, Direito e Ciência da Computação), foi 257,3, isso quer dizer que eu precisaria de só mais 6 pontos no argumento (ou seja, uns 3 a mais no escore bruto) para passar até para REL!
Pronto, mais um motivo para ficar aliviado. Meu desempenho foi muito melhor do que eu precisaria para passar, o que definitivamente prova a eficiência de meus métodos. Aproveitar o segundo semestre para ler cerca de 40 livros (somando-os com os 17 do primeiro, totalizei 57), começar a escrever um livro e gastar várias horas diárias na internet realmente não atrapalhou meu estudos. Aliás, foi algo extremamente benéfico para mim, pois enriqueci muito os meus conhecimentos nos últimos seis meses de 2007.
II - Se algum dia lhes perguntarem o que é o Anfisismo, eis uma sugestão de resposta, bem verborrágica:
"Ah, é uma filosofia criada por Kaio Felipe. 'Anfi' significa duplicidade, que é uma palavra-chave para entender o Anfisismo, visto que é uma linha de pensamento que acredita na, digamos, coexistência de conceitos aparentemente paradoxais e contraditórios (por exemplo, idealismo e realismo, individualismo e altruísmo, liberdade e autoridade etc.).
Digamos que é uma filosofia meio cosmopolita, i.e., que prega não a oposição e a dialética, mas sim a compreensão e o respeito às idiossincrasias e particularidades."
Enfim, enquanto eu não escrevo um livro (ou mesmo um ensaio) mais detalhado sobre a minha filosofia, o jeito é dizer que ela existe, e explicar o básico.
III - Falando em "coisas que eu criei", vamos falar um pouco sobre "Megalomania Psíquica".
Como se sabe, o livro será um romance polifônico com toques autobiográficos (adoro essa definição, rs). Seu enredo buscará trabalhar com temáticas como amadurecimento, amizade, questões filosóficas, 'acerto de contas' com a própria adolescência do autor, individualidade etc.
Como eu havia dito há algumas semanas, se eu passasse no vestibular, os seis personagens também passariam. Ou seja, eles vão poder mudar de cidade, e abordarão os primeiros meses de faculdade em certos capítulos!
O desafio é terminar o livro até o fim de 2008, o ano que, enfim, começou para mim. Sim, é verdade que eu planejava concluí-lo até Junho, mas não acredito que conseguiria terminar um romance em tão pouco tempo. Creio que 10 meses seria um prazo mais realista.
IV - Agora, leituras. Já concluí cinco nos últimos dois meses ("As Portas da Percepção", "Laranja Mecânica", "Do Contrato Social", "Discurso da Servidão Voluntária" e "Depressões Econômicas: A Causa e a Cura Delas"), e estou lendo dois outros simultaneamente: "Teoria do Caos" e "Intervencionismo". Se eu conseguir terminá-los até amanhã, já tenho os dois próximos: "O Abolicionismo" e um e-book que descobri no Libertyzine: "Direito Natural; ou A Ciência da Justiça", de Lysander Spooner, um anarco-capitalista americano do século XIX.
É verdade que eu acho o anarco-capitalismo um pouco radical demais para ser a corrente de pensamento mais próxima da minha. Mesmo assim, procuro equilibrar as influências sobre minhas idéias políticas e econômicas entre ele, o liberalismo da Escola Austríaca e outras ideologias que estejam no quarto quadrante, ou seja o libertarianismo de direita.
Minha visão de mundo é esta há pouco mais de 2 anos, e estou me aprofundando cada vez mais, mas sem cair no sectarismo. Aceito bem as opiniões de conservadores, nacionalistas, social-democratas e socialistas, embora discorde deles em vários pontos. Por exemplo, como eu disse em posts sobre a eleição nos EUA, eu ainda estou em dúvida se devo apoiar republicanos ou democratas. Ambos têm prós e contras que precisam ser levados em conta.
Também tenho lá minhas preocupações com os pleitos no Brasil, até porque nenhum partido político chega sequer perto da minha linha de pensamento. Lembro-me que, na eleição passada, fiquei em dúvida até o último dia do segundo turno sobre quem gostaria de ver no poder: Alckmin ou Lula. Na última hora, eu estava ligeiramente inclinado a achar o PSDB um "mal menor", mas isso não muda a minha opinião de que tucanos e petistas estão bem próximos no espectro ideológico.
Enfim, talvez no próximo teste comentarei sobre os livros que estou a ler.
V - Para fechar por hoje, uma curta reflexão sobre algo em que eu pensei ontem: será a segunda vez em minha vida estudantil em que irei para uma nova etapa sozinho. Trocando em miúdos, eu irei para a UnB sem ter nenhum(a) amigo(a) que estudou comigo no Ensino Médio ou Fundamental (a exceção é um colega que estudou comigo no 3º ano, mas ele passou para História).
A primeira vez em que algo assim ocorreu foi quando, no 1º ano, comecei a estudar em uma escola sem nenhum colega meu de 8ª série ou qualquer uma das anteriores. Foi um tremendo recomeço, e não nego que demorei até fazer novos amigos. Em compensação, foi uma decisão mais do que sábia, pois pude reconstruir meu círculo de amizades e dedicar muito mais tempo a mim mesmo, seja com leituras, debates, estudos, e por aí vai.
Mudar de cidade é uma experiência que eu aguardava há tempos, e estou confiante de que não me decepcionarei com Brasília.
Por hoje é só.
21 fevereiro 2008
Politics go so good with... UnB!
A sensação de alívio foi imediata. Senti uma certa euforia, mas fiquei predominantemente aliviado. Criei muitas expectativas sobre a minha aprovação, e a confirmação da mesma tirou um peso enorme das minhas costas. Até aproveitei para tocar a trilha sonora da vitória: Oasis.
2. Pronto, posso usar o discurso que eu estava preparando. Se eu não passasse, criticaria meu método independente para estudar. Já que não foi este o caso, posso elogiá-lo, rs. Então, a minha estratégia de conciliar os estudos com várias atividades extracurriculares (como o Café Filósofico, as colunas em dois jornais e a leitura de toneladas de livros) deu certo. Os alunos mais conservadores (cof cof, robôs, cof cof) viviam dizendo que o melhor para mim seria fazer como eles, ou seja: estudar várias horas diárias em casa (para mim 1 hora já era bastante, hehe); resolver todas ou a maioria das listas (eu só fazia as que tinham exercícios da UnB, que eram escassas); abnegação (acho que o único sacrifício que eu fiz foi ir a menos shows de rock, mas isso não foi por causa do vestibular, mas sim em razão da falta de eventos interessantes); prestar em vários vestibulares para aumentas as chances de passar; "treinar" para as provas etc.
Enfim, se os "conservadores" passaram, que bom para eles. O importante é que a tática kaionista deu certo, e poderá servir como exemplo para as gerações futuras. O plano de dominação global está prestes a ser aplicado! [Risada diabólica]
3. Falando em megalomania, aproveitarei os 18 dias que ainda tenho antes do início das aulas para adquirir o máximo de conhecimento que me for possível. Já separei os seguintes livros para ler nos próximos dias:
- Teoria do Caos (Robert P. Murphy)
- O Abolicionismo (Joaquim Nabuco)
- Intervencionismo (Ludwig von Mises)
- O Espírito das Leis (Montesquieu)
- A Riqueza das Nações (Adam Smith)
- Ação Humana (Ludwig von Mises)
Os três primeiros são mais curtos, então tentarei "matá-los" antes. Agora, os outros são bem mais longos, mas buscarei concluir pelo menos um deles.
4. Mais detalhes da minha empolgação no próximo post, rs.
20 fevereiro 2008
... Today!
Oba, passei na UnB! =)
KAIO FELIPE MENDES DE OLIVEIRA SANTOS Ciência Política 90016319 5224127 GO
Ah, mais detalhes no meu espelho de desempenho, rs:
Nome: KAIO FELIPE MENDES DE OLIVEIRA SANTOS
Inscrição: 90016319
Curso: Ciência Política
Opção de Língua Estrangeira: Língua Inglesa
Nota na prova de Língua Estrangeira
30.00
Nota na prova de Linguagens e Códigos e Ciências Sociais
93.00
Nota na prova de Ciências da Natureza e Matemática
56.00
Escore Bruto
179.00
Argumento Final
251.20
Nota na Redação em Língua Portuguesa
8.92
Pois é, o sonho se torna realidade. Desde os 13 anos queria fazer Ciência Política, e agora, a UnB me aguarda!
19 fevereiro 2008
Tomorrow comes...
Vamos a uma retrospectiva dos meus últimos dias. Ou não, pois, excetuando-se a segunda-feira, todos poderiam ser resumidos em uma palavra: tédio.
Por que não a 2ª? Oras, porque ontem visitei Brasília! Eu e minha mãe fomos até lá para ver a "kit-net" em que provavelmente morarei. Felizmente, ela é tão boa quanto eu esperava, e ainda fica a cerca de 2,5 km da universidade.
A viagem foi ótima, e só me deixou com mais vontade ainda de passar e me mudar logo para a capital. De quebra, comprei queijo de trança na volta, rs.
Sábado li o e-book "Depressões Econômicas: A Causa e a Cura Delas", de Murray Rothbard, um dos mais importantes pensadores da Escola Austríaca. A obra é muito boa, e apresenta o ponto de vista dos libertários sobre as crises econômicas e os mitos e mentiras criados sobre elas. O trecho em que o autor refuta a idéia de que o Crash de 1929 teria sido causado pelo liberalismo é um dos ápices do livro.
Aliás, graças a sites como o libertyzine, estou a ler vários textos de autores que, assim como eu, são 'right-wing libertarians'. Nada como me munir de mais argumentos para enfrentar eventuais discussões políticas...
Ah, acho que já vou acabar o post por aqui. A falta do que fazer acabou também eliminando a minha inspiração, e não tive nenhuma idéia boa para um texto nos últimos dias. Até mais.
14 fevereiro 2008
Cabeça de Bagre
Nostalgia, porque estou ouvindo Mamonas Assassinas, hehe. Aliás, nos últimos dias já escutei um monte de coisas que me lembram de meu passado: Pato Fu (Goiânia Noise, 2007), Slowdive (shoegaze e a misantropia voluntária, 2006), Pixies (Kaio começa a ouvir rock alternativo, 2005), Legião Urbana (pré-adolescência e reta final da formação da personalidade, 2000), Titãs (a descoberta do Rock, 1996-1997), 4 Non Blondes (há tempos que eu queria descobrir a banda que tocava "What's Up", música de que eu gostava quando criança, 1993).
Há também uma banda que me inspira não só algo de nostálgico (descobri a dita cuja na época do primeiro PoliONU, 2006), como também inspiração para o livro (palavras-chave: Penélope, Mário, "Stand By Me", "Let There Be Love") e esperança unbista: Oasis. Ciente do otimismo e da auto-confiança transmitidas pelas faixas deles, eu estava ouvindo a banda dos Gallagher no carro antes de fazer as provas do vestibular 2/2007, no qual eu passei. Resolvi repetir a dose no 1/2008, e espero que volte a ser a trilha sonora da vitória, rs.
Cultura plebéia, pois estou gostando do BBB8. Poxa, até agora não fiz um post sobre ele! Então, que se faça aqui e agora um comentário sobre a oitava edição do reality show.
Como vocês sabem, as únicas edições do Big Brother Brasil que eu realmente curti foram 2, 3 e 7. O BBB8 está bem próximo de entrar nesse grupo, e as razões são várias: 1 - Meu tempo livre, bem maior do que em outros anos; 2 - Jogadores (ainda) mais dissimulados e 'atores'; 3 - Personagens esféricos, como Marcelo, que no início parecia um apenas um gay frustrado e chato, mas nos últimos dias se revelou um esperto e sagaz estrategista (a tática de usar o blog para criar personagens imaginários baseados no pessoal da casa foi genial); 4 - É a edição das 'culturas alternativas': tem emo (Rafinha), lésbica enrustida (Thatiana), gay gordinho (Marcelo), junkie gaúcha (Natália), cota para negros (Felipe)... Os outros são mais mainstream: festeiro hiperativo (Marcos), pitboy (Fernando), dançarina nordestina (Gyselle) e santinha vadia (Juliana).
Soei preconceituoso no último parágrafo? Que nada, são vocês que vêem tudo com pré-conceito, mesmo quando é apenas uma... sugestão, hehe.
A propósito, estou torcendo para Marcos e Marcelo.
O futuro da América, afinal meu nick no MSN (e os sites que freqüentemente visito) dizem tudo: "If Ron Paul won't be the next president of USA, who should I support: McCain or Obama?".
Hillary Clinton é uma hipótese que eu descarto, pois desprezo a velha guarda do Partido Democrata. Esse discursinho "esquerdista dos anos 90" (que, na prática, não passa de um neoconservadorismo enrustido) não cola mais, afinal os EUA precisam não de continuar algo que já ficou no passado (a Era Clinton), mas sim de mudanças, de renovação, quebra de paradigmas.
Infelizmente, eles - e a maior parte do resto do mundo - não estão prontos para um governo de tendência libertária; lembrem-se que o libertarianismo é muito mais uma filosofia de vida que uma posição político-econômica com pretensões de chegar ao poder. Logo, o mal menor é escolher entre um republicano moderado e um democrata moderno; enfim, os representantes das alas menos desprezíveis dos dois partidos (notaram que eu sequer comentei sobre o Huckabee, rs?).
McCain seria o mais indicado quando o assunto é economia, tanto na política interna quanto na externa. A gestão de Bush cometeu alguns erros em tal setor porque foi muito orientada por neocons, mas John McCain não tem tantos laços com os conservadores quanto George Walker Bush; confio em sua capacidade para resolver problemas como o da crise imobiliária. Além disso, assim como eu, ele é a favor de "vouchers" para escolas particulares. Porém, partilhando da mesma opinião de 99% dos republicanos (Ron Paul é uma das exceções), ele é a favor da Guerra do Iraque, e pretende até reforçar a ocupação da antiga Babilônia.
Obama seria o mais recomendado por ter uma postura mais progressista quanto a direitos civis (por exemplo, ele é a favor de casamento e adoção para homossexuais e aborto), saúde (influenciado pela "face boa" do populismo de John Edwards, é verdade), política energética (a favor das fontes alternativas, mas sem descartar totalmente a hipótese de utilizar a nuclear). Barack Obama, entretanto, é um político inexperiente, e muitos consideram que ele seria apenas uma promessa de retórica otimista, e não mais que isso. Será que ele teria a força política suficiente para empreender seus projetos?
Não há dicotomia esquerda-direita entre eles - embora McCain seja mais a favor do free-market que seu potencial adversário -, mas apenas diferentes estilos de governar. Isso sem falar que há assuntos em que ambos têm propostas interessantes, como imigração. Espero decidir em breve quem apoiarei.
Nerdice economicista, graças ao meu vício incontrolável pelas estatísticas de vendas do Videogame Chartz. Desde que eu descobri tal site, na virada de 2006 para 2007, gasto umas cinco horas toda semana conferindo os números e dados sobre o mercado de videogames. Eu sequer jogo muito (no máximo, um Pokémon para descontrair; SimCity e Age of Mythology estão mofando no meu PC), mas sou totalmente obcecado por visitar todo dia o VG Chartz! Agora, se me dão licença, vou ver se eles já conseguiram os números da NPD sobre as vendas de Janeiro nos EUA...
Sentimento de "I just don't know what to do with myself", em razão de minha completa falta do que fazer durante essa semana. Acho que o fim de semana foi tão bom que qualquer expectativa que eu teria sobre os dias seguintes viria a ser frustrada. Poxa, estou sem vontade até de ler bons livros e de voltar a estudar Latim!
Ando dormindo das 4 da manhã até o meio-dia, e passo o resto do dia ou no PC ou na TV. Isso cansa! Quero que estas férias acabem logo! Mas, para isso, há algo que precisa sair logo. Well, you know what I mean: CESPE, UnB, 20 de Fevereiro, lista de aprovados. Não por acaso, decidi sequer ir aos primeiros dias de aula de R.I. na UCG. Antes do resultado, acho que a agonia e a ansiedade vão continuar...
12 fevereiro 2008
Lapsos de extroversão
Sábado. 14h30. Reunião do jornalzinho virtual no qual escrevo. O principal motivo do encontro era justamente decidir qual seria o novo nome dele. Decidiu-se que o Pré-Fabricando será agora Outr'análise. Eu gostei do novo nome, embora tenha sugerido outro: (Des)construção. De qualquer maneira, utilizá-lo-ei quando for criar um novo blog, jornal ou mesmo livro. Enfim, a reunião foi muito boa, deu para trocar várias idéias com a equipe sobre os mais diversos assuntos.
18h30. Churrasco dos ex-alunos de terceiro ano no meu colégio. O pretexto era a aprovação de muitos deles para a UFG. Durante as primeiras horas, fiquei conversando mais com o pessoal do jornal (afinal, os três que vieram comigo, apesar de já estarem na faculdade, também são ex-alunos do Classe), mas também bati um bom e longo papo com meus ex-colegas de classe. Até decidi que convidarei alguns deles para a festa que farei aqui em casa se eu passar na UnB. Pois é, decidi que, caso eu seja aprovado, farei uma meio despedida, meio comemoração. Ah, a trilha sonora estava deplorável (axé, pagode e sertanejo), mas tudo bem, pois deixaram que eu tocasse meus cds (Titãs, Blur, Oasis e Beatles) durante uma meia hora, hehe.
Domingo. 17h. Confraternização entre calouros (cara, como essa palavra é feia e jocosa...) e veteranos (e esta é muito pretensiosa, não acham?) do curso de Relações Internacionais da UCG em um bar chamado Nas Nuvens. Apesar da música terrível (novamente, axé, pagode e sertanejo... argh), o encontro valeu a pena. Gostei do pessoal com quem conversei naquela tarde-noite. Fiquei por dentro de alguns aspectos do curso, e já tenho uma noção do que priorizar nos meus estudos.
É claro que eu só farei R.I. caso eu não passe agora para Ciência Política em Brasília, e estou pensando seriamente em faltar as aulas dessa primeira semana de tão preocupado e ansioso que estou com o resultado da UnB. Por outro lado, não vou deixar de reconhecer que os veteranos que vieram à confraternização (eram uns cinco; os calouros, contando comigo, eram quatro) estavam bem motivados, e demonstraram que estão bastante determinados para que o curso de Relações Internacionais continue melhorando. É inegável que a responsabilidade não é pequena, visto que a UCG é a única universidade em Goiás que disponibiliza tal curso.
Enfim, pela primeira vez em meses eu não sei o que farei na semana que estou a iniciar. Tudo depende de certas variáveis, e eu só espero que duas coisas se concretizem: 1 - Que não raspem meu cabelo; 2 - Que eu encontre algum livro bom para ler depois que acabar "A Utopia" (Thomas Morus).
11 fevereiro 2008
French fries
Minha cabeça está doendo um pouco (também, é nisso que dá passar o dia inteiro no computador), mas vamos lá.
Antes de mais nada, vamos falar um pouco sobre o terceiro e o quarto livro que li neste ano. No próximo post, falarei sobre meus últimos dias.
Comprei a edição da Martin Claret de "O Contrato Social" (Jean-Jacques Rousseau) em março de 2005. Tenho o livro, portanto, há praticamente três anos. Por que, então, até hoje eu ainda não havia concluído tal leitura? O motivo não poderia ser outro: Rousseau é irritante. Sinceramente, ele é muito chato e meloso até mesmo para os padrões do Romantismo, e suas idéias ou são muito utópicas ou já estão tão consolidadas nas democracias ocidentais a ponto de não soarem mais tão geniais. Pois é, não há meio-termo; Jean-Jacques não surpreende ou encanta o leitor.
O livro melhora um pouco na reta final, quando ele filosofa menos e dá um enfoque maior no aspecto histórico. A análise dos comícios romanos, por exemplo, é pertinente. Acredito que Rousseau teve contribuições enormes para a filosofia, a ciência política e a teoria liberal/idealista das Relações Internacionais, mas é um pensador superestimado. Talvez seja só implicância minha - e é provável que seja -, mas "O Contrato Social" é uma obra que perde na comparação com, por exemplo, "Segundo Tratado sobre o Governo" (Locke) e as 220 páginas que já li de "O Espírito das Leis" (Montesquieu; aliás, preciso voltar a lê-lo).
Felizmente, li entre a sexta e o sábado um texto que agradou-me bastante. Estou falando de "Discurso da Servidão Voluntária", escrita pelo filósofo francês Étienne de La Boétie (1530-1563). Ainda estou impressionado pelo fato de que ele, aos 18 anos e em pleno século XVI, escreveu um dos melhores tratados sobre a liberdade de todos os tempos. Poder-se-ia considerá-lo até mesmo um pai do libertarianismo, três séculos antes de Thoreau e quatro à frente da Escola Austríaca.
La Boétie faz um ataque feroz aos tiranos, e também não poupa a população que conduz os mesmos ao poder. Nisso ele pode também ser considerado um pioneiro, pois, de certa maneira, ele faz uma psicologia das massas.
"Digno de espanto, se bem que vulgaríssimo, e tão doloroso quanto impressionante, é ver milhões de homens a servir, miseravelmente curvados ao peso do jugo, esmagados não por uma força muito grande, mas aparentemente dominados e encantados apenas pelo nome de um só homem cujo poder não deveria assustá-los, visto que é um só, e cujas qualidades não deveriam prezar porque os trata desumana e cruelmente."
O autor, em pleno absolutismo, questiona claramente a autoridade dos reis, e os acusa (e com razão) de usar a religião para se promoverem e acumularem ainda mais poderes. De quebra, La Boétie vê a liberdade individual consideravelmente ameaçada pela passividade de quase todos perante ao fortalecimento do Estado, e apresenta uma visão relativamente otimista da natureza humana, mas é consciente de que a mesma é manipulável, e pode ser alienada por demagogos que utilizam o discurso do medo e da ordem para estabelecerem ditaduras. Nem preciso dizer o quanto tal constatação ainda soa amargamente atual...
Os exemplos históricos utilizados por ele são certeiros; destaque para a comparação entre Esparta e Atenas com a Pérsia e uma surpreendente reflexão sobre os últimos anos da República Romana. Étienne considera Júlio César como um inimigo da liberdade e das leis, e até compreende a conspiração do Senado contra aquele que pretendia ser um ditador vitalício. Se César não concluiu seus planos, os imperadores romanos o fizeram, e os abusos dos mesmos (e sempre iludindo a plebe com espetáculos e a satisfação da luxúria e da gula) não são perdoados por La Boétie; o mesmo se pode dizer daqueles que apóiam as tiranias nos bastidores.
Enfim, é uma obra imperdível não só para libertários, mas também para qualquer um que dê o mínimo de valor para a sua liberdade.
"Se fosse difícil recuperar a liberdade perdida, eu não insistiria mais; haverá coisa que o homem deva desejar com mais ardor do que o retorno à sua condição natural, deixar, digamos, a condição de alimária e voltar a ser homem?
Mas não é essa ousadia o que eu exijo dele; limito-me a não lhe permitir que ele prefira não sei que segurança a uma vida livre.
Que mais é preciso para possuir a liberdade do que simplesmente desejá-la?
Se basta um ato de vontade, se basta desejá-la, que nação há que a considere assim tão difícil?"
Obs.: Se quiser ler o livro direto pela internet, clique aqui para acessar a versão disponibilizada pelo libertyzine.
06 fevereiro 2008
"Então, o que é que vai ser, hein?"
Passaram-se dois anos desde que assisti ao filme de Stanley Kubrick, e enfim eu li o livro que o inspirou. Para a minha surpresa, o romance sci-fi consegue ser ainda melhor do que a brilhante película. O principal motivo para isso, é claro, reside no fato de que o final do livro é diferente - e melhor. Enquanto no filme de Kubrick o desfecho passa a sensação de auto-indulgência e cinismo, o texto de Burgess se encerra com uma bela reflexão sobre amadurecimento. Alex DeLarge, nas 10 páginas finais, começa a enxergar a realidade sem o egoísmo niilista de sua adolescência, e isso sim seria sua verdadeira cura, e não apenas voltar a sonhar normalmente com o bom e velho entra-e-sai com devotchkas krikando.
A trama de "Laranja Mecânica", tanto no cenários quanto nos personagens, é praticamente um sinônimo da palavra "estiloso". Anthony Burgess elaborou uma ficção científica que, apesar de ter suas distopias sociopolíticas, investe muito em problemáticas concretas, cotidianas. É justamente nisso que o livro se diferencia de "1984" e "Admirável Mundo Novo", pois a sociedade apresentada soa muito mais verossímil, visto que discutir violência, delinqüência juvenil, drogas e a condição das prisões é algo bem próximo do dia-a-dia de um leitor de 1962 (ano de publicação da obra) ou um de 2008.
Outro aspecto a se ressaltar é o genial vocabulário elaborado por Burgess para satirizar as gírias das tribos urbanas. As expressões nadsat, que combinam russo com pseudo-elizabetano e o linguajar das massas britânicas dos anos 60, tornam a narrativa em 1ª pessoa de Alex mais envolvente e excêntrica. Mesmo o leitor mais ambientado no universo "Laranja Mecânica" vez ou outra acaba tendo que dar uma olhada no glossário para conferir se entendeu ou não o significado das gírias. Imaginem então os glupis (digo isso mesmo sabendo que eu já fui um deles, como vocês descobrirão no próximo parágrafo)...
Também preciso dizer que revi muitos dos conceitos que construí sobre o enredo depois que li o livro. Se, em meados de 2006, eu achava engraçado e "digno de gargalhadas" o sofrimento de Alex DeLarge durante o Tratamento Ludovico, agora já consigo entender a crueldade transmitida por tal passagem da obra. Em outras palavras, deixei o tolo sadismo que cultivava quando percebi que o verdadeiro sádico da história era o Estado, os bratchnis que fizeram uma lavagem cerebral no protagonista em troca de menos tempo na prisão. Ele foi cobaia de uma técnica que lhe retirou uma liberdade, invalidando outra: valeria a pena ter saído da cadeia se o indivíduo não pode mais pensar ou fazer as coisas de que gosta, visto que seu corpo e sua mente foram condicionados a não pensá-las e/ou fazê-las? Até que ponto as autoridades têm o direito de manipular até os pensamentos de cada um? Definitivamente, isso não é algo para se rir, e eu fui estúpido ao não ter entendido essa mensagem há dois anos. Bem, antes tarde do que nunca.
Enfim, "Laranja Mecânica" é uma experiência literária fora de série. Seja nos aspectos temáticos ou estruturais, eis um livro que consegue ser subversivo, libertário, contundente e perturbador. "Ó, meus irmãos, lembrai-vos de quando em vez deste que era vosso pequeno Alex. Amém. E aquela kal total."
01 fevereiro 2008
"Turn off your mind, relax and float down stream..."
Ufa, é um alívio: finalmente estou desligado do Ensino Médio. Resolvi comemorar esse adeus tão esperado com o início de uma nova leitura: "Laranja Mecânica", de Anthony Burgess. Porém, não é sobre ele que falarei neste post, mas sim sobre os ensaios de Aldous Huxley que li durante os últimos dias.
"As Portas da Percepção" mostra um Huxley um pouco diferente daquele que conhecemos através de "Admirável Mundo Novo", mas sem perder a sua essência. Com isso quero dizer que, a despeito do caráter mais técnico-científico de seu lado ensaísta, algumas características de seu mais famoso romance continuaram intactas, como as descrições precisas, a coerência argumentativa e, é claro, as inúmeras referências e intertextualidades.
Se, em "Admirável Mundo Novo", Aldous faz alusões a Shakespeare e homenageia intelectuais e celebridades nos nomes dos personagens (Bernard Marx, Lenina Crowne, Benito Hoover, Henry Foster...), em "As Portas da Percepção" ele cita várias obras de arte e seus respectivos autores (Botticelli, Van Gogh, Vermeer, Rembrandt...). Em certos momentos, fica a impressão de que estamos a ler um tratado sobre arte e não um ensaio sobre os efeitos dos alucinógenos. Isso não chega a ser um problema; pelo contrário, só enriquece a obra.
Huxley aceitou ser cobaia de experiências científicas sobre a mescalina e as alterações que a mesma poderia causar na mente. Os resultados não poderiam ser mais surpreendentes: além de causar uma sensação de auto-suficiência (talvez por isso o certo desinteresse por relações humanas desenvolvidas pelo usuário quando sob efeito da droga), os psicodélicos, por diminuírem a glicose que vai para o cérebro (e, conseqüentemente, inibirem a transmissão de "pensamentos utilitários", ou seja, voltados para atividades "primárias", ligados à sobrevivência), possibilitam que o indivíduo tenha seus sentidos amplificados, possibilitando uma percepção mais intensa da realidade. É como se tudo existisse por si só, e você se despersonalizasse naquilo que vê, ouve, sente...
A frase que inspirou o nome do livro passa a fazer sentido quando observamos os efeitos da mescalina. "If the doors of perception were cleansed everything would appear to man as it is, infinite" - dita por William Blake - sintetiza a idéia de que, seja através de uma droga ou por hipnose, o ser humano poderia ver o mundo de uma maneira bem mais ampla e nítida, visto que conseguiria minimizar o poder do cérebro em canalizar e restringir pensamentos relativos a questões "secundárias". Aldous Huxley, a respeito disso, afirma que é como se a memória fosse muito mais destrutiva do que construtiva, impossibilitando-nos de relembrar fatos considerados desimportantes para a sobrevivência.
Nas páginas finais, "As Portas da Percepção" chega ao seu ápice. O autor resolve fazer uma análise mais sociológica, e constata que, realmente, todas as sociedades utilizaram algum tipo de droga, seja para mera recreação ou associando-se a algum ritual religioso. Não por acaso, é possível identificar as visões que os ascéticos tiveram com experiências ligadas a psicodélicos e/ou atividades que causam o mesmo efeito que eles (por exemplo, passar dias sem comer para deixar o nível de glicose cair e as alucinações começarem). Portanto, a nossa noção de Deus, do Onisciente está diretamente associada a essas portas na muralha de nossa mente! Com isso, a hipocrisia de alguns ao afirmar que a humanidade poderia algum dia ficar livre das substâncias psicotrópicas é visível.
Mesmo assim, Huxley não deixa de se preocupar com um certo detalhe: a necessidade de uma droga que não cause tantos efeitos colaterais a médio e longo prazo. Obviamente, o álcool e o tabaco estariam longe de tal ideal, e mesmo a mescalina poderia ser perigosa para usuários que tivessem predisposição a certos distúrbios psíquicos. Seria ele, sob certo prisma, um dos idealizadores/profetas de sintéticos como o LSD ou o ecstasy? Ou, como diria a gíria nadsat de "Laranja Mecânica", o sintemesc? De qualquer maneira, o raciocínio dele não deixa de ser extremamente lúcido e avançado para a sua época (a propósito, o livro foi escrito nos anos 50).
O outro ensaio, "Céu e Inferno", é um pouco menos interessante, talvez porque seja mais prolixo. Huxley passa páginas e mais páginas falando sobre obras de artes e outros tipos de representações do "Outro Mundo" na vida terrena. Por exemplo, em certo momento ele constata que até o interesse humano por pedras preciosas e luzes aparece na idealização do universo formado pelos "antípodas da mente". O destaque fica para as cinco páginas em que ele fala sobre o lado infernal que as alucinações podem adquirir. Condições mentais desfavoráveis são o fator fundamental para isso, e os esquizofrênicos estão entre os que mais sofrem com a face mais soturna das experiências visionárias.
Gostaria de ter sido mais profundo nessa resenha, mas já estou meio cansado. Quem sabe eu faço algumas notas e apêndices em outra postagem?
Obs.: Estou adorando o livro "Laranja Mecânica"!