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Kaio

 

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26 junho 2021

Um balanço da fase de grupos da Euro 2020


Começam daqui a meia hora as oitavas-de-final da Euro 2020. A competição felizmente começou com o mesmo futebol “aberto e progressivo” (como disse Jonathan Wilson) que foi mostrado na Copa de 2018, o que explica a boa média de gols parcial (2,61). Apenas dois jogos terminaram em 0x0, e na última rodada mais da metade dos jogos tiveram 4 gols ou mais. O futebol apresentado pela maior parte das seleções foi bem satisfatório, com destaques para Itália, Holanda e Bélgica.

Eis uma análise de cada um dos grupos da 1ª fase:

- GRUPO A: A Itália vem jogando muito bem sob o comando de Roberto Mancini (que já ganhou títulos pela Internazionale e pelo Manchester City). Finalmente a Azzurra conseguiu combinar a defesa tradicionalmente segura com uma postura mais ofensiva, com pressão no campo do adversário. As vitórias por 3x0 sobre Turquia e Suíça foram tranqüilas, e mesmo o triunfo por apenas 1x0 contra Gales foi com um time repleto de reservas. Os galeses garantiram a classificação com uma boa atuação contra os turcos; Gareth Bale perdeu um pênalti, mas deu assistência para os dois gols. Os suíços só deslancharam na última rodada, em um jogo animado contra a Turquia.

- GRUPO B: A situação dramática envolvendo Eriksen acabou impactando todos os jogos do grupo – seja pelo jogo em si (que, quando reiniciado, teve uma surpreendente – mas compreensível – vitória da Finlândia), seja pelas homenagens ao jogador (inclusive de seu colega de Inter, Lukaku, que lhe dedicou o 1º gol da vitória por 3x0 sobre a Rússia em pleno estádio de São Petersburgo), seja principalmente pela redenção da Dinamarca sem seu principal jogador (ensaiada na derrota de virada para a Bélgica e consolidada com o sonoro 4x1 sobre a Rússia). Os dinamarqueses, os finlandeses e os russos empataram em 3 pontos cada, mas no saldo de gols a seleção escandinava ficou em 2º lugar.

- GRUPO C: O grupo teve o seu ápice em Holanda 3x2 Ucrânia, jogo no qual todos os gols (no caso de Yarmolenko, um golaço) saíram no 2º tempo. Os holandeses ganharam as duas partidas seguintes; os ucranianos superaram a Macedônia do Norte, mas quase ficaram de fora das oitavas após uma derrota para a Áustria, partida na qual jogaram abaixo do esperado. O técnico (e ídolo) Schevchenko parecia bem abatido ao fim do jogo enquanto agradecia à torcida com aquela salva de palmas à la Islândia, mas a equipe acabou sendo salva na repescagem graças ao saldo de gols não tão negativo quanto os de Finlândia e Eslováquia.

- GRUPO D: A Inglaterra costuma se sair melhor em competições que joga em casa (foi campeã do mundo em 1966 e 3ª colocada na Euro 96), e tem boas chances de repetir a dose nessa Euro 2020. Com Southgate os ingleses fizeram sua melhor campanha em Copas do Mundo desde 1990 e finalmente quebraram a maldição dos pênaltis que se arrastava desde 1996. O problema é que a equipe, apesar de terminar o Grupo D na liderança com 7 pontos e nenhum gol sofrido, vem rendendo menos do que poderia; marcou apenas 2 gols e só costuma jogar bem no 1º tempo. A Croácia vem dando sinais de que a geração vice-campeã mundial há 3 anos já está em declínio, mas o talento de Modrić (fez um gol de trivela e iniciou a jogada do tento de Perišić) os ajudou a superar a Escócia e garantir o 2º lugar do grupo. A República Tcheca começou bem com uma vitória contra a Escócia na casa do adversário (com direito a um golaço de meio-campo de Schick, cujo desfecho cômico é a foto que estampa este post), arrancou um empate dos croatas, mas não foi capaz de fazer frente à Inglaterra.

- GRUPO E: A Polônia mostrou que é cada vez mais dependente do craque Lewandowski, que fez 3 dos 4 gols da equipe na Euro. Até conseguiu empatar com a Espanha, mas perdeu duas partidas equilibradas contra Eslováquia e Suécia. Os suecos surpreenderam ao levar a liderança do Grupo E; praticam um futebol pouco inovador (o esquema 4-4-2 é bem anos 90), mas são uma equipe sólida que pode repetir o bom desempenho da Copa de 2018, na qual chegaram às quartas-de-final. Os espanhóis, sobre os quais havia grande expectativa desde que golearam a Alemanha por 6x0 na Liga das Nações, começaram sua campanha de forma decepcionante, com dois empates e muitos gols (inclusive em cobranças de pênalti) desperdiçados. A recuperação veio com uma goleada por 5x0 sobre a Eslováquia, para alívio da torcida que acompanhava o jogo em Sevilha. Resta saber se realmente “empolgaram” ou se a ineficiência ofensiva mostrada nas primeiras rodadas voltará a se manifestar.

- GRUPO F: Já se previa que este seria o “Grupo da Morte”, pois conta com três seleções que já foram campeãs européias (e duas delas também com títulos mundiais): França, Alemanha e Portugal. Mesmo assim, este grupo foi ainda mais emocionante do que se podia imaginar, pois a Hungria deu muito trabalho para as seleções favoritas. Portugal só conseguiu fazer o 1º gol neles aos 39 do 2º tempo; a França começou perdendo, e só teve forças para arrancar um empate; a Alemanha esteve atrás do placar desde os 11 minutos do 1º tempo, tomou o 2º gol no lance seguinte ao gol de empate e só conseguiram empatar novamente nos minutos finais, após várias substituições. A Nationalelf, aliás, continua com a mesma irregularidade exibida na Copa de 2018 e exacerbada nas duas Ligas das Nações. Apesar de uma ótima vitória por 4x2 contra Portugal, em todas as três partidas os alemães mostraram fragilidades na defesa e dificuldades na criação de jogadas. A derrota pela França foi pelo placar mínimo, mas os franceses tiveram 2 gols (corretamente) anulados. Portugal 2x2 França, a revanche da final da última Euro foi uma boa exibição de ambas as seleções, e poderia ter terminado com vitória de ambos os lados. Cristiano Ronaldo fez 5 dos 7 gols dos portugueses, mas, ao contrário da Polônia, a sua seleção tem uma equipe menos dependente de seu talento individual; Renato Sanches, por exemplo, vem sendo bastante elogiado. Já a França sobreviveu a um grupo difícil com alguns arranhões (em especial pelas dificuldades contra a Hungria), mas continua como uma das favoritas ao título.

Faço a seguir um prognóstico sobre cada partida das oitavas-de-final:

- País de Gales x Dinamarca: duas seleções que estão em nível técnico bem parecido. Embora os dinamarqueses ainda sintam a ausência de Eriksen e uma boa atuação de Bale possa fazer a diferença, acho que a Dinamarca ganhou ímpeto após a goleada sobre a Rússia e tem chances levemente maiores de vencer.

- Itália x Áustria: a Azzurra é a mais cotada, não só pelo bom futebol que vem exibindo (está invicta há 30 jogos), mas também por contar com um histórico amplamente favorável sobre os austríacos (venceu na semifinal da Copa do Mundo de 1934, na segunda fase da Copa de 1978 e na fase de grupos das Copas de 1990 e 1998).

- Holanda x República Tcheca: os holandeses estão em busca de redenção após terem ficado de fora da Euro 2016 e Copa de 2018. Recentemente foram vice-campeões da Liga das Nações, e pelo futebol que mostraram na 1ª fase podem ir longe nessa Euro. Os tchecos têm um bom histórico na Euro (campeões em 76, vice em 1996 e semifinalistas em 2004) e Schick vem jogando bem, mas não sei se podem fazer frente aos holandeses.

- Bélgica x Portugal: o 2º jogo mais aguardado dessa fase. Poderia até ter sido a semifinal da última Euro se os belgas não tivessem perdido de virada para Gales. Nesse meio tempo, contudo, a seleção treinada por Roberto Martínez fez uma ótima Copa do Mundo (eliminou o Brasil e ficou em 3º lugar) e é semifinalista da edição atual da Liga das Nações. A equipe em geral joga em um ofensivo 3-4-3, e seu esquema tático se popularizou entre várias outras seleções nessa Euro, inclusive a Alemanha. A geração de Lukaku, Courtois, De Bruyne e cia. só deve pegar pedreiras no caminho a uma eventual final, sendo a primeira delas a seleção portuguesa, nada menos que a atual campeã européia e da Liga das Nações. É uma equipe que, mesmo que não pratique um futebol muito vistoso, é bem competitiva – e, além de tudo, conta com o excepcional Cristiano Ronaldo. Acho que os belgas têm um time melhor, mas não será nada fácil.

- Croácia x Espanha: provavelmente será um dos jogos mais equilibrados das oitavas, contando com duas seleções que ficaram devendo na 1ª fase. Na última Euro ambas se enfrentaram e a Croácia venceu de virada; acho que os espanhóis têm boas chances de conseguirem a revanche, contanto que Morata e Moreno parem de perder tantos gols (inclusive pênaltis).

- França x Suíça: os franceses obviamente são os favoritos, até mesmo pelo histórico recente (venceram a última Copa do Mundo, foram vice-campeões da Euro 2016 e, ao lado de Itália, Espanha e Bélgica, estão nas semifinais da Liga das Nações), fruto de um técnico competente e uma geração relativamente jovem e repleta de craques, como Mbappé, Kanté, Griezmann e Pogba. Os suíços terão que fazer uma partida lendária para ter alguma chance contra Les Bleus.

- Inglaterra x Alemanha: o jogo mais aguardado dessa fase. Os ingleses ganharam a sua única Copa do Mundo numa final em casa contra os alemães, mas desde então foram fregueses da Nationalelf, com quatro derrotas: na prorrogação das quartas-de-final da Copa do Mundo de 1970; nos pênaltis de duas semifinais - na Copa de 90 e na Euro 96; e por 4x1 nas oitavas-de-final do Mundial de 2010. A seleção inglesa tem leve favoritismo, pois tem uma defesa melhor e vai jogar novamente em Londres; mesmo assim, nunca se pode subestimar a veia copeira da Alemanha.

- Suécia x Ucrânia: o duelo entre as seleções cujos uniformes são azuis e amarelos talvez seja o confronto menos badalado dessas oitavas. De um lado, a Suécia pode confirmar que tem uma geração de jogadores consistente; para a Ucrânia é a oportunidade de se reerguer após o mau desempenho contra a Áustria.

17 junho 2021

80 Anos de José Guilherme Merquior

Começa daqui a pouco o seminário 80 Anos de José Guilherme Merquior: Trajetória, Pensamento e DebatesO evento contará com a participação de diversos pesquisadores que investigam o pensamento cultural, político e filosófico de Merquior. A maior parte dos palestrantes já escreveu posfácios nos livros de JGM que vêm sendo reeditados pela É Realizações.

Eu sou um dos membros da comissão organizadora, e também serei um dos palestrantes.

Fiquei bem animado quando um amigo me chamou para ajudar a organizar este evento, afinal conheço a obra deste autor há 11 anos e pesquiso e escrevo sobre a obra dele há 7 anos - inclusive foi o tema de minha tese de doutorado, defendida em 2018.

Confiram a programação completa, assim como os links de cada mesa:


Mesa de abertura (hoje às 14h): A crise da cultura em José Guilherme Merquior relida em 2021

Palestrante: João Cezar de Castro Rocha (UERJ)

Moderação: eu 



Mesa 1 (hoje às 18h30): A Teoria da Cultura em Merquior

Palestrantes: Eduardo Cesar Maia (UFPE), Claudio Ribeiro (UFG) e Adriano Drumond (UESPI)

Moderação: Ronaldo Tadeu de Souza (USP)




Mesa 2 (amanhã às 15h): Merquior e o Liberalismo

Palestrantes: eu, Paulo Henrique Cassimiro (UERJ) e Antonio Carlos Dias Junior (Unicamp)

Moderação: Lidiane Vieira (IESP-UERJ)




Mesa 3 (amanhã às 18h30): Merquior e o Pensamento Crítico Moderno

Palestrantes: Andrea Almeida Campos (UNICAP), Alvaro Bianchi (Unicamp) e Ricardo Musse (USP)

Moderação: Felipe Freller (UFBA / CESPRA-EHESS)