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Kaio

 

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31 dezembro 2009

Listen Up!

A seguir, quatro listas musicais!

TOP 5: CANÇÕES DE 2009

5. "The Fear" - Lily Allen
Embora seja muito fácil associar "The Fear" ao simpático clipe ou à trilha sonora do beijo de Naomi e Emily na 3ª temporada de Skins, a faixa, em si, é muito boa. Versos como "I'm a weapon of massive consumption" são de um sarcasmo adorável.
4. "I'm Throwing My Arms Around Paris" - Morrissey
Morrissey continua melodramático ("Only stone and steel accept my love"), mas ainda com o tom mais firme e menos auto-piedoso que sua música vem adotando desde 2004, com o CD "You are the Quarry". Nesta curta canção, os vocais e a melodia são irresistíveis. Moz, portanto, chega aos 50 anos ainda em forma.
3. "Magnificent" - U2
O U2 encerra a década com uma canção cujo título é auto-explicativo. "Magnificent" é, desde já, um clássico. Ao juntar uma letra mais romântica ("Justified till we die, you and I will magnify") com um ritmo empolgante, ela funciona como uma bela síntese dos rocks e baladas que o conjunto irlandês emplacou nessa década.
2. "Lucid Dreams" - Franz Ferdinand
A versão curta, com seus versos matadores ("I no longer cared if there is some great truth or not (...) There is no nation of you, there is no nation of me") já era fantástica. Porém, a "Lucid Dreams" de 8 minutos do álbum é ainda mais sublime. Com um ritmo menos linear do que o padrão do Franz, temos até paradinhas antes do refrão, e na segunda metade, uma viagem dançante, cheia de sintetizadores. Enfim, um épico, que indica os rumos promissores do britpop e do indie rock para os próximos anos.
1. "Black Hearted Love" - PJ Harvey
Se a 2ª colocada aponta tendências, a minha #1 resgata influências. A guitarra lembra Television (e, em suas distorções, um pouco de grunge), e PJ Harvey, retomando a parceria com John Parish, faz sua melhor canção na década. Vocais sexy, letra mais ainda - o clipe, então, com seu slow-motion de Polly Jean em uma cama elástica numa noite chuvosa, mostra que, além de ficar mais bonita com os anos, ela continua sendo uma das artistas mais expressivas do rock alternativo. "I'd like to take you to a place I know, my black hearted".

TOP 5: DISCOS DE 2009

5. "Fantasies" - Metric
Após um disco razoável ("Live it Out"), o Metric finalmente supera "Old World Underground, Where Are You Now?", e lança aquela que é sua melhor obra, até agora. "Fantasies" é redondinho, com produção bem limpa e faixas que viciam nas primeiras audições. Destaque para "Sick Muse", "Help I'm Alive", "Stadium Love" e "Gimme Sympathy".
4. "It's Not Me, It's You" - Lily Allen
Depois de um debut repleto de ska e deboche, esta musa britânica mantém o 2º elemento ("Not Fair" não deixa sombra de dúvida), mas com uma sonoridade bem mais eletrônica. Há canções de zombaria política ("Fuck You"), desabafo ("Everyone's at It") e lamentação com tons de crise de consciência (a supracitada "The Fear"). Lily Allen, portanto, continua adoravelmente junkie, só que desta vez com um disco mais maduro.
3. "The Resistance" - Muse
A cada disco, eles ficam mais progressivos, mais megalomaníacos, mais politizados, mais apocalípticos... enfim, mais art-rock. O quinto CD do Muse mantém e aprofunda os êxitos de "Black Holes and Revelations", gerando grandes momentos como a ópera à la Queen "United States of Eurasia", o electropop "Undisclosed Desires", a revolta de "Uprising" e o ótimo refrão de "Resistance".
2. "The Pains of Being Pure at Heart" - The Pains of Being Pure at Heart
NYC, como veremos daqui a pouco, vem sendo um celeiro de bandas interessantes nos últimos anos. A última novidade é o Pains of Being Pure at Heart, com seu rock de vocais fofos, riffs contagiantes e guitarras distorcidas. Em muitos momentos, lembra o dream-pop da fase 1987-88 do My Bloody Valentine. Porém, funciona mais como inspiração que como 'revival'. As mais imperdíveis do disco de estréia deles são "Come Saturday", "This Love is Fucking Right!", "Young Adult Friction" e "Everything with You".
1. "Tonight: Franz Ferdinand" - Franz Ferdinand
Após anos de espera, finalmente temos em mãos o 3º disco do Franz. Felizmente, a banda continua demonstrando excelência musical, desta vez com um álbum conceitual, que conta a história de uma noite agitada e inesquecível. O pontapé com "Ulysses", a euforia de "No You Girls", a tensão palpável de "What She Came For", a delicadeza de "Katherine Kiss Me" e o clímax "Lucid Dreams" fazem de "Tonight" o CD de 2009. Mais detalhes no meu review.

TOP 10: BANDAS/ARTISTAS DA DÉCADA

10. Amy Winehouse
Várias foram as cantoras que se sobressaíram nos últimos anos (Kate Nash, Lily Allen, Joss Stone, Lady GaGa...), mas nenhuma delas conseguiu juntar atitude com talento tão bem quanto Amy. Ela lançou apenas dois discos na década, mas ambos são tão repletos de momentos sublimes ("In My Bed", "Stronger Than Me", "Rehab", "You Know I'm No Good", "Tears Dry On Their Own") que até perdoamos (quase) todos os excessos, porra-louquices e baixarias dessa britânica. E que venham mais trabalhos de qualidade da Winehouse!
9. Interpol
Americanos fazendo rock à moda inglesa. Sim, provavelmente você ouviu pelo menos 20 bandas que fizeram isso. Porém, poucas absorveram tão bem o post-punk de Joy Division, Echo & the Bunnymen e outros quanto o Interpol. Em seus 3 CDs, esse conjunto de Nova York alternou momentos soturnos com outros mais vibrantes, mas sempre produzindo músicas de respeito: "Not Even Jail", "Evil", "No I in Threesome", "Obstacle 1", "The Heinrich Maneuver" e "The New", por exemplo.
8. The Strokes
Provavelmente a banda mais superestimada da primeira metade dos anos 2000. Chegou-se até a falar em "salvadores do rock". Mesmo não merecendo todos os elogios que lhes foram dados, os Strokes, que surgiram de NY (!), lançaram um disco muito bom ("Is This It"), e outros dois razoáveis. Em um aspecto, no entanto, são impecáveis: singles. Dançamos muito as animadas "Last Nite", "Reptilia", "Juicebox", "New York City Cops" e outras nas baladas indies. Não lançam um disco novo há quatro anos, mas não ficaram parados; Little Joy e o solo de Julian Casablancas, por exemplo, são trabalhos de bom nível, e só aumentam a expectativa pelo 4º dos Strokes.
7. Los Hermanos
Com as devidas proporções, eles foram como um Weezer brasileiro: primeiro disco bem-sucedido, mas com reputação de one-hit wonder; segundo disco mais hermético, sendo amado pela crítica e ignorado pelas rádios; terceiro disco com redenção comercial e manutenção dos êxitos de seu antecessor. Foi assim com este quarteto carioca, que experimentou dois picos de popularidade: o primeiro em 2000, com o hit "Anna Julia"; o segundo, entre 2004 e 2006, com a reputação (re)construída pelo boca-a-boca e a guinada musical finalmente celebrada. O "Bloco do Eu Sozinho" foi um dos melhores CDs brasileiros dos últimos dez anos, mas os outros três discos dos Los Hermanos também merecem louvores. Antes do 'hiato por tempo indefinido' de dois anos atrás, eles produziram pérolas como "Fingi na Hora Rir", "A Flor", "Casa Pré-Fabricada", "Além do que se Vê" e "O Vento".
6. The Killers
Eis uma banda prolífica. Desde 2004, tornou-se uma tradição encerrar o ano com pelo menos alguma novidade dessa banda de Las Vegas. Eles tiveram uma 'fase inglesa' em "Hot Fuss", outra 'americana' em "Sam's Town" e, em "Day & Age" (e em "Sawdust" também, pode-se dizer) procuraram fazer a síntese. A marca registrada dos Killers é o pop-rock carregado pelos vocais dramáticos de Brandon Flowers e os sintetizadores, mas também por guitarras proeminentes. "Mr. Brightside", "Glamorous Indie Rock & Roll", "This River Is Wild" e "Human" foram alguns dos melhores momentos musicais da década.
5. Gorillaz
Outro ato musical que precisou de apenas 2 CDs (em 2001 e 2005) para impressionar público e crítica. De férias do Blur, Damon Albarn resolveu fazer um experimento que mesclasse tudo aquilo que ele ainda não havia testado no conjunto-símbolo do britpop. O resultado foi uma 'banda virtual', recheada de clipes criativos e uma salada musical de hip-hop, eletrônica, rock e black music. O Blur, já sem o guitar-hero Graham Coxon, até incorporou algumas dessas combinações em "Think Tank" (2003), mas podemos encontrá-las em sua forma mais, digamos, simiesca em faixas como "Clint Eastwood", "Dare", "19-2000", "Dirty Harry" e "Rock The House".
4. Arctic Monkeys
Se Strokes foi o hype da América, os macaquinhos árticos foram os queridinhos da mídia britânica. Neste caso, porém, temos uma banda que apresentou álbuns realmente consistententes, mesmo com uma leve queda de qualidade em "Humbug" (talvez uma consequência do próprio objetivo experimental do disco, que aponta um futuro menos óbvio para os Monkeys). Com seu tom sarcástico e despretensioso, estes jovens fizeram várias canções divertidas como "I Bet You Look Good on the Dancefloor", "Brianstorm" e "Dancing Shoes", mas também outras mais intimistas como "Cornerstone", "Fluorescent Adolescent" e "A Certain Romance".
3. The White Stripes
Eis um exemplo de banda que não se acomodou depois de fazer sua obra-prima, "White Blood Cells" (2001). Desde então, Jack e Meg White continuaram a gravar canções muito boas, sempre repletas do jeito cru e insano que lhes é característico. "Elephant" (2003) trouxe o reconhecimento do mainstream, "Get Behind me Satan" (2005) apontou novos caminhos e "Icky Thump" (2007) une peso com contundência, encerrando dignamente a década dos Stripes, uma banda que sabe conciliar irreverência e minimalismo com a qualidade de poucos.
2. Muse
Extravagância é a palavra-chave para definir este trio britânico. A cada álbum, eles ficam mais ambiciosos. Começaram o século XXi com "New Born" e "Space Dementia"; atingiram o topo com singles do calibre de "Time is Running Out" e "Hysteria"; explodiram em popularidade com "Starlight", "Supermassive Black Hole" e "Knights of Cydonia". A alguns meses do fim da década, consolidam de vez sua identidade musical e lançam "The Resistance", que mantém a proeza do Muse: agradar desde metaleiros até indies. E pensar que, dez anos atrás, muitos juravam que eles eram apenas mais um clone do Radiohead...
1. Franz Ferdinand
"Oh, não! Franz de novo no topo? Isso me cheira a parcialidade/puxa-saquismo/hype..." Não, caro leitor. O Franz fez por merecer o primeiro lugar. Surgiram no fim de 2003 com a orgástica "Darts of Pleasure". Alguns meses depois, em seu estupendo álbum homônimo, explodiram com "Take Me Out" e fizeram obras-primas como "The Dark of the Matinée". Um ano se passou, e eles voltam com força total; "Do You Want To" e "Walk Away" capitaneiam o retorno. E, já em 2009, encerram a década com chave de ouro, com um disco que pode ser um antecipador de tendências do rock alternativo dos próximos dez anos: álbuns conceituais (mas, não tão complexos como os do rock progressivo), batidas eletrônicas coexistindo perfeitamente com riffs grudentos, músicas feitas para se ouvir tanto sozinho quanto nas pistas de dança, produção caprichada (adeus ao pretenso 'garage rock'?) e, é claro, um clima de pop-art (inteligente e acessível).

TOP 10: BANDAS QUE DESCOBRI EM 2009

10. Os Cascavelletes
"Deixa eu andar na sua moto... mas quem vai na frente é você - vou sempre na carona!" O que pensar de uma banda que se vangloria de ter criado o 'porn-rock'? Pois é, os Cascavelletes são uma das bandas brasileiras mais divertidas a surgir na eferverscência do rock gaúcho (fim dos anos 80). Além disso, os geniais Frank Jorge e Flávio Basso (a.k.a. Júpiter Maçã) foram alguns dos integrantes deste conjunto. Descobri-os em Maio, por meio de um amigo, mas só comecei a ouvir com mais frequências semanas atrás. Adoro o jeito burlesco com que eles lidam com os mais diversos assuntos, desde a menstruação até a homossexualidade feminina.
9. MGMT
No Reveillon, enquanto preparava a tracklist da Skins Party, achei esta banda americana. De cara, adorei "Kids" e "Time to Pretend", mas com o tempo também comecei a gostar de outras faixas do 1º CD deles, como "Pieces of What", "Electric Feel" e "Weekend Wars". Das bandas atuais, é uma das com maior capacidade de exalar juventude. Talvez sejam os vocais, ou o ritmo dançante. De fato, o MGMT, após esse início bem-sucedido, é uma das promessas para a próxima década.
8. The Pains of Being Pure at Heart
Outra banda jovem, e com um belo futuro pela frente. 2009 já estava em sua última semana quando entrei em contato com as músicas deles (valeu pela dica, Pitchfork!). Foi amor à primeira audição. Eles resgatam elementos do shoegaze (MBV, em especial) de uma maneira eficaz, ressaltando o que há de animado em um gênero que tem estereótipo de deprê. "Now that you feel, you say it’s not real".
7. Manic Street Preachers
Que blasfêmia: só fui passar a ouvir um dos pilares do britpop há dois meses! Mais politizados que seus contemporâneos musicais, os Manic Street Preachers conseguem ser esquerdistas (ninguém é perfeito...) e, simultaneamente, fazer músicas cativantes e de imenso sucesso comercial. "Australia", "Send Away the Tigers", "Suicide Is Painless" e "You Stole The Sun From My Heart" são alguns dos melhores momentos da trajetória deles.
6. Roxy Music
Quando a esta, foi graças ao VH1 e seu especial sobre a história do Rock. No episódio sobre o "Art-Rock", falaram muito de uma banda que reuniu talentos como Bryan Ferry e Brian Eno. Procurei por eles no Torrent, e não me decepcionei. Roxy Music foi uma das bandas que mais ouvi nesse ano, aliás. Encantei-me com faixas brilhantes como "Out Of The Blue", "Re-Make/Re-Model", "Virginia Plain", "Do The Strand", "2HB" e "Love Is The Drug". Vida longa ao glam rock e às escolas de arte!
5. XTC
"One, two, three, four, five! Senses working overtime..." Foi com rimas simples e efetivas como esta que o XTC construiu algumas das músicas mais simpáticas e espertas do pop inglês. Andy Partridge e Colin Moulding foram a dupla que nos trouxe discos excepcionais como "Drums & Wires", "Skylarking", "English Settlement" e "Black Sea". Além disso, o XTC merece o título de uma das bandas mais injustamente subestimadas de todos os tempos, não tendo jamais desfrutado do sucesso comercial que mereceu; pelo menos a crítica sempre foi atenta ao talento deles...
4. The Jam
Mods por excelência, o Jam é o caso contrário do XTC: uma das bandas mais merecidamente estimadas. É até difícil de acreditar que uma banda tão boa tenha conseguido tantos hits nas paradas britânicas. Chegou-se ao ponto de os singles importados deles chegarem ao top 20! Embora só tenham tocados juntos por apenas 5 anos, este foi um tempo suficiente para gravarem as ótimas "Start!", "That's Entertainment", "Smithers-Jones", "In The City", "Town Called Malice", "Down in the Tube Station at Midnight", entre outras. Já tinha ouvido um pouco no ano passado, mas foi em 2009 que eles despontaram na minha preferência.
3. The Fall
Manchester é mesmo uma cidade abençoada. Além de um dos melhores times de futebol do planeta e uma economia industrial próspera, é a terra natal de várias das melhores bandas inglesas: Joy Division, New Order, Smiths, Stone Roses, Chemical Brothers, Oasis... e The Fall. Mark E. Smith é (literalmente) o dono de um dos projetos musicais mais criativos das últimas três décadas. Clássicos como "Totally Wired", "Hit the North", "How I Wrote Elastic Man", "Cruiser's Creek" e "The Classical" explicitam meu argumento. Além disso, faz covers tão bem que quase se apropria das faixas; vide "Victoria" e "Mr. Pharmacist". Ah, e foi o mesmo caso do Jam: comecei a ouvi-los no fim do ano passado, mas a grande ascensão do Fall (que paradoxo!) no meu Last.FM foi entre Janeiro e Fevereiro de 2009. Além do mais, lembrem-se que, recentemente, meus anos começaram entre o fim de Outubro e o início de Novembro...
2. PJ Harvey
"You're not rid of me. I'll make you lick my injuries (...) till you say don't you wish you never, never met her". O que sentir a respeito de uma letra que lhe diz isso? PJ Harvey consegue colocar amargura, sarcasmo, sensualidade, fúria e desejo de vingança em suas canções de uma forma idiossincrática. Tinha ouvido falar dela há 4 anos, mas foi só em Dezembro que resolvi escutá-la. Não me arrependi. A cada música que eu ouvia, queria baixar outras. Se eu fosse separar minhas cinco prediletas da Polly Jean, seriam: "Rid of Me", "Legs", "O Stella", "Down By The Water" e "Black Hearted Love".
1. The Kinks
Os Kinks, além de cânone fundamental para as melodias do rock britânico, também fizeram escola com suas letras fantásticas. Dissertavam sobre a grandeza da Inglaterra vitoriana ("Victoria"), ressentimento nostálgico ("Picture Book") pastoralismo ("Waterloo Sunset"), diversão descompromissada ("Till The End of The Day", "All Day and All of the Night", "You Really Got Me"), tédio ("Sunny Afternoon") e até ambigüidade sexual ("Lola', "David Watts"). Foi nas férias de verão passadas que descobri os Kinks, para nunca mais deixar de levar minha coletânea deles no meu porta-CDs.

29 dezembro 2009

Down By The Water

Nossa, há tempos que eu não escrevia aqui no blog. Já estava até com saudades.
Dia desses, "autoperguntei-me" por que eu não publicava mais em Racio Símio. Além do fato óbvio (falta de inspiração), percebi que havia um outro motivo: ainda não soube como encaixar o blog na minha nova realidade.
No ano passado, o 1º na universidade, eu ainda consegui, com certas dificuldades (vide os dois meses sem publicar, no final do ano), manter o blog ativo. Em 2009, no entanto, não obtive os mesmos resultados. RS experimentou longos períodos de paralisação - isso quando não havia espasmos, em que eu escrevia textos literários (mas nem por isso menos autobiográficos, obviamente) para interromper temporariamente a escassez.
Muitos foram os motivos, mas acho que o principal reside na própria característica que marcou meu último ano (Outubro/08 a Outubro/09): a intensidade. Foi ano mais efervescente da minha vida, aquele em que mais amadureci. Foram tantos bons e maus momentos que eu precisarei de mais uns 3 posts para contar tudo. Ou não. Pensando melhor, minha existência nunca foi das mais agitadas; portanto, um ano turbulento para Kaio F. pode muito bem ser uma dupla de semestres tranquila e morosa para a maioria das pessoas...
De qualquer maneira, eu passei por tanta coisa (principalmente a partir de Abril) que ficou mais difícil parar para organizar os pensamentos e elaborar um texto. Não que eu tenha usado menos a internet nos últimos meses. Acho até que ando viciado demais em Twitter, Last.FM, VGChartz, Orkut, GMail, Yahoo! Groups, Facebook etc. Porém, com o Blogger não tive a mesma dedicação. Eis algo que pretendo redimir no ano que se iniciou em Novembro. Ah, sim, continuo acreditando que meus anos nunca começam em Janeiro; antes eram em Agosto, mas desde 2008 o mês de Outubro parece ser o divisor de águas...

Tudo começou com uma ANPOCS, e terminou com outra. A primeira simbolizou o fim de uma fase mais intransigente e egocêntrica da minha vida. Utilizando uma linguagem político-ideológica, foi quando meu lado 'direita-liberal' parou de esmagar minha faceta 'anarco-libertária'. A última, como veremos mais adiante, sepultou algumas confusões e ilusões que Kaio havia acumulado nos meses anteriores.
Embora os primeiros meses desse período tenham sido, em geral, entediantes, ainda assim fiz coisas que não costumava. Saí bastante em Brasília (Novembro), fiz uma festa na minha casa em Goiânia quando minha família estava viajando (Janeiro) e fui a um churrasco universitário (Março). Porém, uma das marcas dessa fase já estava presente: li pouco, em termos de "livros por conta própria", sem contar os textos da universidade (que até li mais do que costumava). Se, por um lado, isso trouxe bons resultados a médio prazo (dedicando-me mais às disciplinas, consegui SS em matérias importantes no 3º semestre, e em todas as que fiz no 4º), por outro demonstrou uma lamentável ressaca literária, mais ou menos como aquela que tive no outono e no inverno de 2006.

- Saí muito com o pessoal da ANPOCS: pizzaria, festa de aniversário, Chili Pepper, "festinha com comes e bebes" em um sábado... E, também fui em uns shows de rock alternativo com amigos.
- A Skins Party (3/1/9) reuniu umas dez pessoas, o que foi um sucesso levando em conta a divulgação tardia e precária. No geral, foi boa, pelas conversas e as partidas de Pokémon Stadium 2. E sim, o fato de não ter contado para minha mãe e irmãos fez-me sentir um pouquinho como um personagem de comédia teen genérica.
- O CHUCAPOL foi menos terrível do que eu imaginava; afinal, vocês devem imaginar o quanto nerds-que-se-acham-autistas como eu têm uma imagem apocalíptica dos churrascos universitários. Porém, horas e horas de funk, assim como pessoas alcoolizadas e em estado de natureza, podem ser engraçadas durante alguns minutos, mas com o tempo enchem a paciência. Porém, foi lá que se iniciou a 1ª das duas crushes que tive nesse ano. Mas, falaremos disso daqui a pouco...
- Dentre os livros que li naqueles cinco meses, destaque para a angústia de "Lavoura Arcaica" (R. Nassar), a rebeldia de "O Lobo da Estepe" (H. Hesse) e o desespero de "Christiane F." (K. Hermann e H. Rieck).

Chegamos a Abril. Kaio está gostando muito de algumas matérias (TPC, Partidos), fingindo que está curtindo outras (PB2), decepcionando-se com algumas (TRI1) e acertando suas expectativas sobre duas delas (Literatura Polonesa e HSPG). Porém, sente-se insatisfeito com a vida previsível e calculada que leva, e o medo de nunca sair do marasmo o leva a tentar curtir mais a vida.
Sair todo fim de semana - enfim, uma promessa cumprida! Além do cinema (Watchmen, Gran Torino e Pagando Bem, Que Mal Tem?), fui ao Móveis Convida, à Calourada (foram nestas festas que se consolidou a paixão por aquela que "César" chama de "Flor"), ao COPOL (o fim da 1ª crush, seguido de uma maluca night-out), à Biovinil (início da 2ª paixão, mas com caráter menos platônico e mais 'ei, isso pode dar certo'), ao café Balaio, ao aniversário de uma amiga e, finalmente, ao McDonald's no domingo 17/5/9.

Sobre os três últimos parênteses:
- Pois é, após mais de 2 anos sem me apaixonar por ninguém, o S2 voltou ao ar para mim em 2009 - e, em dose dupla. A primeira vez seguiu uma trama mais tradicional, com a diferença de que eu já conhecia a garota há pelo menos oito meses. Não que eu tenha começado a gostar dela "do nada", mas os sentimentos que nutria por ela mudaram bastante em um curtíssimo intervalo de tempo. Foram cinco semanas de agonia e ansiedade. Gravei um CD para ela com o maior cuidado, selecionando 19 faixas de que ela realmente gostasse. No MSN, eu fazia de tudo para, ao mesmo tempo, não contar para ela e ainda assim dar pistas. Para piorar, ela quase não foi à universidade naqueles dias, o que só aumentava minha expectativa. Eu já sabia que ela não namoraria comigo, mas sei lá, insisti na paixão até que eu tivesse provas cabais de um "definitely not".
- Foi aí que, como vocês leram em um texto de 3/5/9 - que foi mais auto-biográfico do que deveria ter sido -, aconteceu aquilo. Ainda me sinto mal por ter escrito aquele texto. Ele não foi movido por vingança ou ressentimento, mas por uma mistura de auto-piedade e desabafo. Isso, é claro, não o torna mais louvável.
- Só que, inesperadamente, apenas uma semana depois, eu estava às voltas com outra crush. Só que, era uma bem diferente da anterior. Não que não houvesse pedestaltismo (a "perfect situation" que criei sobre o 17 de Maio - leiam o post de 23/6, é uma prova disso), mas, sei lá, houve um toque de vida real que eu nunca havia experimentado antes nas minhas paixões. Tanto é que virou namoro, oras. Como já mencionei, tudo começou na noite de domingo em que fomos ao Mac, e nos beijamos pela 1ª vez (no meu caso, ainda por cima foi perda de BV). Cinco meses e meio depois, no entanto, o relacionamento"César e Cristine" acabou, após altos e baixos, e um desgaste emocional insustentável.

Falaremos mais sobre isso, e outras desventuras da minha vida desde o fim de Maio, no próximo post. Até mais!

28 dezembro 2009

Insatisfação Crônica - partes IV e V (final)

IV

Querido espelho! Eu sei que você não irá me levar a um Teatro Mágico (afinal, não somos personagens de “O Lobo da Estepe”), mas você é o palco pelo qual eu me represento.

Aqui, sou um ator em um monólogo, mas também um jovem nos seus desabafos mais crus. Sou um artista frustrado, é verdade, mas não a ponto de lamentar totalmente a vida que levo. Poderia ser melhor? Claro. Mas, hoje me ocorreu que não é tão ruim assim levar uma existência em que você não precisa constantemente superar expectativas – as suas e a dos outros. Digo-lhe há algo de bom na mediocridade. O problema é que, quando eu me canso dela, logo entro em desespero, e faço qualquer coisa para voltar a me sentir, de alguma maneira, satisfeito e confortável com minha vida.

Ironia do destino é a pauta do dia. Lembra-se que anteontem eu estava falando sobre Steven? Pois é, hoje eu descobri que ele está na Inglaterra! Quer dizer, não tenho evidências irrefutáveis para lhe confirmar isso, mas o sujeito sobre o qual falaram no noticiário é tão parecido com ele, que não cogito outra possibilidade. O rosto fino, os cabelos curtos, os trejeitos delicados, o comportamento histriônico... E, como não poderia deixar de ser, é um pianista com habilidades sobre-humanas!

Só um instante! Já parou para pensar que é o segundo dia consecutivo em que revejo pessoas que fizeram parte do meu passado? Porém, ao contrário da minha reação quanto a Paola, eu fiquei mais impressionado com esse ressurgimento de Steven. O motivo? Oras, não o vejo há três anos! E, sempre senti que nossa despedida não foi completa.

Naquele fatídico dia, nem devo ter deixado a ele a impressão de que estava me mudando de país; fui muito breve e direto naquela conversa. Minha rispidez partiu de uma mágoa que senti: ele ainda não tinha pedido desculpas pela série de atitudes agressivas que demonstrara nas semanas anteriores. Tomei aquilo como um “Ele não se importa, então que se dane”, e fui embora antes que ele pudesse falar qualquer coisa. Só me lembro de ter visto, de relance, um semblante meio confuso e contrariado.

Voltemos a falar do reaparecimento. Descobri a notícia por meio de um jornal que eu estava folheando hoje, no café da manhã. Parece que já faz três semanas desde que o encontraram. Parece que Steven estava andando ensopado, em uma cidadezinha. Carregava algumas partituras, e sequer tinha etiquetas na roupa! Ele está sendo cuidado por um assistente social em um hospital de uma cidade pequena. Chorava copiosamente, e não dizia uma só palavra quando interrogado. Puxa vida, espelho, nem consegui me concentrar totalmente na minha apresentação hoje, de tão surpreso que fiquei com essa possibilidade de reaparecimento do meu velho companheiro.

O mais legal de tudo é que deram um piano para ele tocar, e provavelmente experimentaram as mesmas sensações que eu quando ouviram aquela combinação tão maluca de música erudita com melodias pop. É um prazer estético que, sei lá, não dá para definir, espelho. Posso tentar? É perturbador, mas tranqüilizante. Delicado, porém cheio de cadências. Ah, só escutando para entender o que é aquilo...

Hoje me vieram em mente várias histórias sobre a época em que éramos amigos em Nice, mas uma delas em especial. Acho que comecei a falar dela antes de ontem, mas não entrei em detalhes. Pois bem. Foi no início de 2001. Eu estava triste e meio amargo, em razão de minha “seca criativa”. Falei-lhe que não sentia mais vontade de tocar violão, que já havia perdido o prazer em fazê-lo. Também disse que só não tinha parado ainda em consideração a ele. Steven, com a testa franzida, após alguns minutos em silêncio, de repente apresentou um olhar decidido, e começou a falar. Discursava com tamanha desenvoltura que cheguei a me assustar.

Ele disse que estava pronto, havia chegado a hora de compartilhar uma idéia que tinha já há algum tempo. “Mímica, por que não? Acho que sou um bom ator, ainda mais em um papel em que minhas expressões corporais valem muito mais do que falas e discursos. Posso representar coisas das mais variadas; desde um jovem idealista até um deficiente mental! Estou certo disso! E você também sempre aparentou vontade de fazer algo mais dramático, Dedalus. Não queria mais ver essa sua cara de decepção e frustração. Repito: mímica, por que não?”

Nem pensei duas vezes, e logo concordei com ele. Outro solavanco, não acha? Pela primeira vez em muitos dias, dormi tranqüilo, contente com aquilo que viria a fazer na manhã seguinte.

Steven e eu já sabíamos algumas técnicas de expressão. Mesmo assim, peguei umas “aulas” com ele para poder fazer gesticulações melhores. Eu adoro aquelas que passam ao espectador a sensação de claustrofobia, como se o mímico estivesse preso em uma caixa. Não é uma das coisas mais lindas e tristes que nós podemos transmitir, caro espelho?

Nunca vou me esquecer desses gestos mais gentis dele. Justamente porque não eram muito comuns, é que eu os valorizava mais. Quer saber? Estou pensando em reencontrá-lo. É sério! Ou, pelo menos, tentar fornecer alguma informação que ajude os investigadores. Devo ter documentos que auxiliariam na investigação. Eles – e o mundo – precisam saber que esse virtuose não é ninguém mais, ninguém menos que Steven Von Meek!

Estou muito empolgado, não acha? Há séculos que não me sentia assim! Acho que vou dormir para me apaziguar. Tenho muito a fazer amanhã, e preciso estar o mais concentrado possível. Até a próxima, meu espelho.

V

De hoje, meu caro, eu posso dizer que tive duas conversas telefônicas importantes. A primeira, pela contribuição que imagino ter prestado; a segunda, pela perplexidade que me causou.

Lá pelas duas da tarde, criei coragem e liguei para o serviço de utilidade pública, que poderia repassar à polícia internacional as informações que tenho sobre meu antigo amigo, que muito provavelmente é o “homem do piano”. Foi algo assim:

- Boa tarde. Meu nome é Dedalus Slowacki. Moro em Roma, e tenho... Tenho informações sobre um indivíduo que a polícia inglesa localizou três semanas atrás. Costumam chamá-lo de “o homem do piano”. Pois bem, acredito que ele é um amigo meu. O nome dele é Steven. Steven Von Meek. Ele tem mais ou menos a mesma idade que eu, seu cabelo é curto e castanho, é descendente de franceses e de nórdicos, e razoavelmente alto. Tem um comportamento tímido, introvertido e excessivamente sensível e, é claro, uma aptidão musical fora do comum. Eu me disponibilizo a enviar, à polícia, fotos dele que eu tirei, ou mesmo algum tipo de documento que possa facilitar a investigação. Tenham uma boa tarde. Arrivederci.

Horas mais tarde, ainda estava com uma empolgação incontida. O que fiz? Liguei para a irmã de Steven! Em parte, queria restabelecer contato, mas também senti vontade de avisá-la da boa nova. Porém, a reação dela não foi nem de longe a que eu esperava:

- Boa noite. Tudo bem, Julie? Lembra de mim? Sou o Dedalus. Dedalus Slowacki. Um amigo do seu irmão, o Steven! Pois bem, é sobre ele que quero falar. Você viu? Ele está na Inglaterra, está até na capa dos jornais! Estão chamando-o de “homem do piano”! Estranho, não? Como assim? Ele está em Nice? Não, mas... Foi ele que apareceu nos noticiários, tenho certeza! Você não leu nada sobre esse caso? Hein, você o viu anteontem? Mas, não é possível. Tem certeza? Você pode ter se equivocado. Que... Ah, tudo bem. Desculpe-me, então. Au revoir.

Ela está enganada. É ele mesmo, poxa! Não tenho a menor dúvida. Como se pode esquecer de alguém com quem se tenha atuado e convivido tantas vezes? E mais: o que deu na cabeça da Julie para ser tão vaga e fria no telefone?

Pensando bem, não é a primeira vez que vejo Steven envolvido numa situação estranha. Teve, por exemplo, aquela vez em que ele sumiu por dois dias depois que um pedestre disse que ele não sabia tocar Tchaikovsky direito. E, três anos atrás, nos tempos de mímica, o colapso nervoso – aquele mesmo que foi o início do fim de nossa amizade, e minha ida para Roma. Mas, essa história de “homem do piano” já passou dos limites!

É verdade que a relação com ele nunca foi das mais fáceis, mas a amizade dele era inestimável. Afinal, ele era um sujeito fascinante, dotado de uma sensibilidade única e de um talento enorme. Mesmo assim, para as coisas chegarem a esse ponto, em que Steven é encontrado maltrapilho, na Inglaterra... É mais um sinal de que eu não conseguiria viver sequer um mês a mais em Nice.

Algo, no entanto, está me perturbando. Sobre a Julie, para ser mais específico. Por que ela está negando tão veementemente o sumiço do próprio irmão? Lembro-me que a relação dos dois era complicada, mas não me parecia tão delicada assim. Que absurdo! Ela mente sobre o paradeiro do irmão!

Sim, ouso afirmar que ela está mentindo! Aquele que vi nos jornais é o Steven, o mesmo com quem convivi durante quase cinco anos! E que não me falem em coincidência; o “homem do piano”, tanto física quanto psicologicamente, só pode ser ele. Julie está despejando suas neuras em relação ao irmão nessa história. Aposto que ela não quer mais lidar com ele, então simplesmente nega, pois julga poder viver sem ele – e, que os outros cuidem de Steven, não é mais problema dela!

Amanhã mesmo vou procurar as fotos e documentos, e enviarei para a polícia. Enfim, só mesmo o Steven para se envolver em uma confusão dessas...

Quer saber? Fico muito chateado com o que está acontecendo. Eu considerava Julie uma boa pessoa; confiável, embora pouco paciente. É, parece que estou em uma fase de “revisão de conceitos” sobre as pessoas que eu conhecia: Steven mais perturbado do que nunca, sua irmã em negação compulsiva, Paola menos ressentida...

E eu, mudei? Sou uma pessoa diferente? Acho que não. Minha vida continua no mesmo marasmo em que sempre estive, e tenho uma culpa enorme nesse processo. Fiz escolhas erradas, que conservaram as coisas do jeito costumeiro. Agora, estou mais uma vez pagando pela minha opção pelo conformismo. Eu simplesmente não sei o que fazer comigo mesmo.

Francamente... Não sei o que acontecerá daqui pra frente. Se o “homem do piano” não for Steven, minha vida continuará a mesma. Mesmo se for, não vai mudar alguma coisa – até porque eu não vou visitá-lo na Inglaterra, ou coisa do gênero. Pois é, mudei de idéia. Seria uma loucura gastar dinheiro para ir até lá só para vê-lo. Não acho que ele poderia dar valor ao meu gesto, portanto seria um esforço inútil.

Como você vê, espelho, eu mal voltei a me sentir melhor, e já voltei à perturbação. Não consigo me concentrar em nada, estou andando em círculos pelo quarto há horas, e nem sei se amanhã terei disposição para acordar cedo e ficar brincando de “Oi, estou preso em um cubículo!” no meio da rua.

Não existem coincidências; apenas simetrias. Espelho, é como se tudo fosse um eterno retorno, em que aquilo que se faz há, sei lá, sete anos voltasse a se repetir. E assim por diante. As pessoas dizem acreditar no acaso, mas eu acho que é tudo uma questão de reflexos. Convergências e divergências. O côncavo e o convexo, em um combate no qual um tenta distorcer ao outro, impedindo-se mutuamente de encontrar a “justa medida”. Afinal, é preferível se iludir com uma imagem agradável que retornar o olhar, de volta para aquilo que está sendo refletido.

Se já estou pensando na próxima fuga? Não... Por enquanto. Sei que não vai demorar muito para eu me frustrar com Roma. Tentarei, contudo, adiar aquilo que é inevitável. Até mesmo porque envolve algo que eu já perdi a esperança de controlar. Preciso dizer o que é? O tédio inescapável. Que horrível é constatar que, como sempre, sou o nômade que sofre de insatisfação crônica...

Acabou-se a hora de (mais) uma conversa séria, meu espelho, espelho!