PS2: O título desse post se refere ao meu "renascimento" nessas últimas semanas. Após um primeiro semestre tão difícil, nada como dar a volta por cima. =)
Os sete dias que passei em Goiânia (24 a 31 de Julho) foram bem pacatos. Minha rotina consistiu basicamente de ficar na internet e assistir às Olimpíadas. Procrastinei bastante na escrita dos trabalhos acadêmicos.
No dia 25 chegou um livro do Thomas Mann, com ensaios sobre "Schopenhauer, Nietzsche, Freud". É em espanhol e em edição de bolso. ¿No es adorable?
A abertura das Olimpíadas só reforçou minha certeza que a melhor música do planeta é a britânica. Era uma banda boa atrás da outra: The Jam ( "Going Underground"), The Who ("My Generation"), The Rolling Stones ("I Can't Get No Satisfaction"), The Beatles ("She Loves You"), The Kinks ("All Day And All Of The Night"), Led Zeppelin ("Trampled Underfoot"), David Bowie ("Starman"), Queen ("Bohemian Rhapsody)", Sex Pistols ("Pretty Vacant"), New Order ("Blue Monday"), Frankie Goes To Hollywood ("Relax"), Happy Mondays ("Step On"), Eurythmics ("Sweet Dreams"), The Prodigy ("Firestarter"), Underworld ("Born Slippy"), Blur ("Song 2") e Muse ("Uprising").
No dia 28 meu irmão do meio fez um churrasco e chamou vários amigos/as da escola. Foi um dia bacana.
Na F1, uma grande corrida de Hamilton (1º) e Räikkönen (2º), que alcançaram Webber e Vettel na disputa pela vice-liderança. Enquanto isso, Alonso lidera tranquilo. No futebol masculino, o Brasil venceu os dois primeiros jogos (Egito e Bielorússia) com dificuldades. No vôlei feminino, o que parecia uma vitória fácil contra a Turquia foi parar no tie-break.
Acordei na segunda-feira com uma ótima notícia: adiaram o prazo para entregar o artigo para a SEPOCS-Rio (Seminário de Pós-Graduandos em Ciências Sociais) para 6 de Agosto! Minha procrastinação agradeceu.
Na viagem de volta ao Rio, tive que pagar por bagagem extra no aeroporto; quem mandou trazer tantos livros, né?
Mal cheguei no RJ e saí pela 1ª vez com a Jeniffer, uma amiga virtual que eu conhecera em 2006. Passeamos bastante por Botafogo: fomos em sebos, livrarias, Starbucks e KFC. Morri de rir das histórias que ela me contou sobre o povo de Letras da UFRJ.
Acordei cedo no dia seguinte, afinal iria viajar para Porto Alegre para em seguida pegar ônibus para Gramado, onde ocorreria o 8º Encontro da ABCP (Associação Brasileira de Ciência Política). Finalmente conheci o Aeroporto Internacional de Galeão.
Chegando em Gramado, fui direto para o hotel deixar as minhas malas, afinal dentro de poucos minutos começaria a cerimônia de abertura. Parece até que estou falando de novo sobre o Politéia, mas novamente reencontrei vários amigos(as) que eu não via há séculos. [Como fiquei pouco tempo em Brasília, não deu para ver todos, mas felizmente eram justamente os que eu encontraria na ABCP] O coquetel foi bem legal, e de lá eu e o pessoal fomos caçar um lugar na cidade para beber. Mission unnacomplished, pois em Gramado tudo é caro, e não havia nenhum boteco "pé sujo", hehe. Voltei para o hotel em torno das 23h.
2 de Agosto. Acordei às 6h30, arrumei-me, tomei café da manhã com um dos meus colegas de quarto (o Luiz, que também é mestrando no IESP) e fomos para as mesas-redondas matutinas. A MR 05, sobre os cursos de Ciência Política de graduação, foi bem interessante. Senti orgulho do curso de POL da UnB, pois em comparação com as demais graduações de C.P. no Brasil estamos até bem estruturados, rs.
Coloquei meu pôster ("Bildung e Liberdade em 'A Montanha Mágica'", que foi o tema da minha monografia) na área destinada aos painéis de Teoria Política. À tarde fui em uma das sessões dessa Área Temática, que era sobre Romantismo, Realismo e Ceticismo na Teoria Política Moderna. Vi apresentações orais muito boas, em especial a de uma professora de quem sou fã (sobre Tocqueville e Gobineau) e a de uma colega doutoranda do IESP sobre o pensamento político dos românticos alemães.
À noite saí com esta colega e outros amigos dela para um pub irlandês. Até a trilha sonora estava ótima, pois no telão estavam passando shows de The Killers e AC/DC.
August 3rd. Fui na mesa redonda cujo tema era Pensamento Político Brasileiro. Palestrantes de alto nível, diga-se de passagem. Eis alguns dos temas discutidos: a existência ou não de alternativas ao liberalismo; o anacronismo de Raymundo Faoro na discussão sobre pensamento político brasileiro; a difícil relação entre cultura política e democracia no Brasil; e, numa cena que adorei, Gramsci foi refutado por um dos palestrantes como fonte de pensamento democrático.
Depois do almoço fui no AT 12 (Teoria Política) ver a sessão sobre Liberdade, Republicanismo e Cidadania. A maioria das apresentações foi sobre temas corriqueiros nessa área, mas a última delas foi inusitada: uma crítica à teoria feminista radical da Andrea Dworkin, que era ferrenha opositora da pornografia, considerando-a uma ameaça à liberdade de expressão. Segundo ela, a pornografia é a quintessência da dominação masculina e, mais do que isso, "sexo heterossexual é necessariamente estupro". Mesmo quem era feminista na platéia não se conteve de rir dos argumentos da Dworkin.
No período noturno, após jantar numa pastelaria cool com o pessoal (comi um pastel chamado "Quatro Casamentos e um Funeral", que tinha quatro queijos e um presunto, rs), uma festinha não-oficial da ABCP no Bill Bar. Eu nem estava criando grandes expectativas sobre essa confraternização, mas acabou que foi excelente. O DJ tocou de tudo; nunca (ou)vi tanto ecletismo, pois rolou desde "Tchu Tchá" até New Order! E cheguei até a dançar com a profª de quem sou fã, haha. Ela é bem junkie; não parava de fumar e beber.
Apesar de ter chegado só às 5 da manhã no hotel, dormi pouco; acordei às 9h30. Tomei café, mas passei a manhã no quarto mesmo. No almoço vi o jogo de futebol do Brasil contra Honduras (3x2) com o Saulo, meu outro colega de quarto e também mestrando no IESP.
Na última sessão do AT de Teoria Política, uma boa apresentação oral sobre o papel da UDN na Campanha do Petróleo. O palestrante mostrou de forma convincente que as posições econômicas dos udenistas não eram tão liberais assim. Outro "insight" foi que, quanto mais popular ficou a UDN, mais conservadora ela ficou, na medida em que a ala progressista (simbolizada por Afonso Arinos) era "ruim de voto", e o segmento mais bem-sucedido eleitoralmente era justamente o dos ferrenhos anti-comunistas como Carlos Lacerda.
À noite saí com a galera do UnB. Conversamos bastante, e fui até o apartamento em que eles estavam hospedados. Arrumei-me no hotel e voltei a encontrá-los no apto., de onde partimos para jantar num restaurante alemão. Tive uma conversa profunda com a Marina sobre aproveitar mais a vida; sim, eu ainda estava naquela vibe do "Projeto X", só que de uma forma filosoficamente mais amadurecida, não se resumindo a mero carpe diem. A cidade estava repleta de neblina, mas continuamos o passeio. Eu e o Saulo nos despedimos deles em torno das 2h50, afinal alguns deles já estavam de partida para a rodoviária.
5/8, último dia de viagem. Eu e o Luiz acordamos em torno das 5h15, afinal nosso ônibus sairia para Porto Alegre às seis da manhã. Dormi durante todas as duas horas de viagem, assim como ocorrera na ida. Ao chegar no aeroporto, eu e o Igor (outro colega de mestrado, e que pegaria o mesmo vôo para o Galeão que eu) despachamos a bagagem, e depois fomos tomar café da manhã no McDonald's que havia no aeroporto.
Ao contrário do vôo da ida, o da volta foi pontual. Meu "colega de fila" era um professor da UNIRIO que estudara no IUPERJ; tivemos uma conversa bem legal sobre coisas acadêmicas.
Ao chegar no Rio, eu e o Igor pegamos um ônibus executivo, que obviamente saiu bem barato do que um táxi. No ônibus uma fotógrafa libanesa puxou conversa (é impressão minha ou esse povo do Oriente Médio é muito extrovertido, rs?), e combinamos de jantar pizza duas horas depois. Emprestei meu casaco a ela, afinal estava chovendo muito.
O dia seguinte foi dedicado inteiramente a terminar o artigo sobre "A Crítica ao Niilismo em Dostoiévski e Thomas Mann" que fiquei de enviar para a SEPOCS. Foi um trabalho árudo, mas consegui terminá-lo a tempo. Para lê-lo, cliquem
aqui. Uma coisa que me ajudou a entrar no clima para escrevê-lo foi ouvir muito post-punk (Joy Division, The Cure, Chameleons e Echo AND the Bunnymen), afinal para um tema tão tenso quanto o niilismo é preciso uma trilha sonora igualmente soturna, não é mesmo?
7/8. Fui almoçar perto do IESP, no Escritório. Encontrei dois amigos por lá, coom quem assisti ao emocionante jogo do vôlei feminino entre Brasil e Rússia. Após quebrarem seis match points das russas, as brasileiras venceram por 21-19 no tie-break. Às 14h15 fui ver a a aula magna do IESP: uma palestra do Wolfgang Merkel sobre democracias liberais e "defeituosas" (aliás, esta segunda categoria gerou muita polêmica). Uma hora e meia depois, voltei ao Escritório e assisti com o pessoal o jogo entre Brasil e Coréia do Sul. Apesar do susto no início, vitória fácil por 3x0. Às 18h, bati papo com uns colegas de mestrado e fui embora cerca de duas horas depois.
A quarta e a quinta foram dois dias de Olimpíadas, procrastinação e muito "How I Met Your Mother". E ainda recebi uma boa notícia: meu resumo foi aprovado para o GT de Sociologia das Histórias em Quadrinhos, que haverá no III Encontro Internacional de Ciências Sociais, em Pelotas, no mês de outubro! Agora vou me organizar para voltar, 2 meses depois da ABCP, ao Rio Grande do Sul!
O título é "A Representação de Dilemas Morais e Existenciais em 'Neon Genesis Evangelion'". Eis o resumo em questão:
"Este trabalho analisará as questões sociofilosóficas presentes no mangá Neon Genesis Evangelion, criado por Hideaki Anno e com desenho e roteiro de Yoshiyuki Sadamoto. Lançado em 1995, Evangelion possui um enredo apocalíptico (seres chamados Angels tentam destruir a Terra, cabendo aos humanóides Evangelions protegê-la do Terceiro Impacto), e se notabilizou pela exploração das psiques de seus personagens, que apresentam profundos conflitos psicológicos. Começaremos este artigo analisando o repertório filosófico deste mangá, o qual envolve pensadores como Schopenhauer (“dilema do ouriço”), Kierkegaard (desespero humano) e Hegel (instrumentalidade), e como este repertório é simbolizado em três dos personagens da série: Shinji Ikari, Asuka Soryu e Gendo Ikari. Em seguida, discutiremos o uso da biotecnologia pelas organizações SEELE e NERV como engenharia social para criar “uma nova humanidade”. Ambas têm como objetivo o Projeto de Instrumentalidade Humana, que transformaria todos os seres humanos, incompletos e inconstantes, numa única entidade perfeita. A terceira parte do artigo tratará dos dilemas existenciais propriamente ditos; a saber, a questão da identidade e do reconhecimento do “outro”. O próprio ato de pilotar o Evangelion representa grande desafio moral para os três pilotos: Shinji (auto-menosprezo), Asuka (ansiedade de separação) e Rei Ayanami (construção do “self”). Nesse sentido, faremos uma breve excursão sobre a dimensão sociocultural desta temática existencial, afinal na década de 1990 o Japão passava por uma aguda crise social, caracterizada pela anomia e a dificuldade em se estabelecer relacionamentos interpessoais. Por fim, concluiremos com um balanço crítico das discussões sociológicas e morais presentes em Evangelion."
É tão bom ter legitimidade acadêmica para ser nerd/otaku, rs!
10 de Agosto: fichei um livro do Goldman ("Politics, Death, and The Devil: Self and Power in Max Weber and Thomas Mann") que, de tão bom, será útil para os três trabalhos finais que tenho entregar até dia 17:
- Teoria Política 1 - "A Relação entre Liberdade e Bildung em Kant e Humboldt";
- Teoria Sociológica 1 - "A Crise da Bildung em Weber e Simmel";
- A Sociologia como Filosofia Prática - "Um Estudo Hermenêutico do 'Doutor Fausto' de Thomas Mann".
Almocei macarrão com a libanesa de domingo, que aproveitou para me devolver o casaco.
À noite saí com a Nathalia e um colega dela para uma festa no Albergue da Matriz. Continuei com o espírito mais jovial (adeus, velhice precoce!) e fiz um "esquenta" com eles antes da festa; tomei três doses de cachaça e, já no Albergue, bebi outra, além de um shot meio apimentado. Assim como na festa do Politéia, não cheguei a ficar bêbado, mas apenas "alegre". Se bem que dessa vez minha pele ficou mais sensível e eu tinha que me concentrar mais para não tropeçar nas pessoas, rs... Música boa não faltou: Strokes, Franz, Two Door Cinema Club, Arctic Monkeys, Queen etc.
Não sei se por sorte ou mérito, mas fiquei com uma garota. Foi até engraçado, pois segundos depois que eu tinha pedido para a DJ tocar "Song 2" (Blur), me virei e fiquei de frente para a menina em questão. Começamos a dançar e, poucos depois, já estávamos nos beijando, rs. Depois da festa fomos à Fornalha, uma lanchonete 24 horas lá em Botafogo. Tivemos um longo e divertido papo; quando nos despedimos já era um sábado ensolarado, rs. Ela é gente-boa e nerd; estuda Arquitetura, gosta de rock clássico, Sandman, filmes "mindfuck" (tipo Réquiem Para um Sonho) e RPGs.
Passei o Saturday no quarto, mais uma vez enrolando para escrever os trabalhos do mestrado e assistindo a "How I Met Your Mother". Porém, quando eu menos esperava, às 23h, um amigo me convidou no chat do FB para ir a uma festa chamada Arcade On Fire (temática videogame!) que haveria na Casa da Matriz. Não titubeei e em poucos minutos me arrumei. Tive a idéia de chamar a Carol (a garota da noite anterior) e, por incrível que pareça, ela topou! Nos encontramos na fila, e mais uma vez dançamos (aliás, outra noite de ótimas escolhas musicais dos DJs, que se focaram bastante nos anos 90) e ficamos. Depois que ela foi embora, em torno das 3h, eu e os dois amigos com quem fui para a festa permanecemos só mais um pouco na Casa, daí resolvemos pegar um táxi.
Domingo (12/8). Dormi pouco, pois acordei às 9h para ver a final do vôlei masculino. O Brasil chegou a estar com 2 sets a zero, com parcial de 22 x 19 no 3º, mas levou uma virada espetacular dos russos. Confesso que fiquei perplexo - e decepcionado, é claro. Esta derrota do vôlei masculino foi a última das muitas decepções brasileiras nessas Olimpíadas. Pode ter sido nosso recorde de medalhas (17), mas também foi um recorde de resultados aquém do esperado (futebol feminino e masculino, atletismo, natação, basquete...).
Porém, o dia foi salvo pelo encerramento das Olimpíadas, que foi ainda mais incrível que a abertura. Ray Davies (The Kinks) cantando a bela "Waterloo Sunset", homenagens a Bowie e Lennon, Russell Brand fazendo cover de "I Am The Walrus" (minha música favorita de todos os tempos! Senti-me homenagado, rs), Spice Girls (um dos meus guilty pleasures prediletos dos anos 90) arrasando em cima de táxis britânicos, Liam e metade do ex-Oasis tocando "Wonderwall", Eric Idle (um dos membros do Monty Python) aloprando, Muse cantando música nova, um raro momento ruim quando tiveram a BRILHANTE idéia de botar a Jessie J para contracenar com o Queen - e, fechando com chave de ouro, The Who!
Ainda teve a apresentação brasileira, muito bem definida por uma amiga minha como "farofada louca". Não que tenha sido ruim, mas não chegou aos pés da parte britânica da festa. Além disso, me dá calafrios só de pensar nas possibilidades de artistas/bandas que tocarão nas Olimpíadas do Rio, rs.
Hoje começa um novo semestre acadêmico. Daqui a pouco irei à UERJ (campus do Maracanã) pela primeira vez, para assistir à aula de uma matéria de Letras da pós-graduação; se eu gostar, matricular-me-ei nela, pois por enquanto só há duas do IESP que pretendo fazer: Teoria Política 2 e Teoria Sociológica 2.
That's all, folks!