18 maio 2018
Após 2 dias e meio, terminei de ler Michel Foucault, ou O Niilismo de Cátedra, o último dos três livros do Merquior que peguei na BCE quando ainda estava no 6º semestre da graduação. Concluí a leitura de O Marxismo Ocidental em julho/2013; O Argumento Liberal, em dezembro/2015; e hoje o livro de José Guilherme sobre Foucault.
Naquela época só li alguns capítulos deles: o ensaio homônimo de O Argumento Liberal; a introdução de O Niilismo de Cátedra; o capítulo sobre Marcuse e o paralelo entre Lukács e o personagem Naphta (A Montanha Mágica, de Thomas Mann) em O Marxismo Ocidental.
Decidi que Merquior seria o tema da minha tese em 2015, embora já tivesse escrito 3 artigos sobre ele no ano anterior e as obras O Liberalismo: Antigo e Moderno e Saudades do Carnaval já tivessem sido inspiração teórica para minha monografia sobre A Montanha Mágica (pelo conceito de Bildung no liberalismo alemão) e dissertação sobre Doutor Fausto (pela crítica cultural da modernidade a partir de uma perspectiva humanista), respectivamente.
Não farei uma resenha do livro agora; vou guardar para o capítulo da tese sobre a crítica de Merquior aos pós-modernos. Deixo, contudo, como aperitivo um trecho da conclusão deste ensaio que, ironicamente, acaba sendo nietzschiano em sua demolição de um dos maiores ídolos intelectuais das últimas décadas:
"Tudo começa com a ironia de uma filosofia que, tendo sonoramente proclamado a morte do homem (uma questão epistemológica, decerto - mas com que implicações morais cuidadosamente orquestradas!), dedica-se aos mais excitantes problemas da humanidade (loucura, sexo, poder e punição...) sob a alegação de que a filosofia, como investigação de antigas abstrações como a realidade e a verdade, a subjetividade e a história, caducou. (...) Recusando todo debate crítico, [esses filósofos pós-filosóficos] parecem laborar no equívoco de que a ausência de método e o desdém pelo rigor argumentativo levem automaticamente a uma percepção virtuosa dos 'problemas reais'. Não se pejam de passar por escritores, e não por pensadores profissionais; mas o manto 'literário' mal encobre um imenso dogmatismo. (...) Leo Strauss costumava dizer que, nos tempos modernos, quanto mais cultivamos a razão, mais cultivamos o niilismo. Foucault demonstrou que não é absolutamente necessário fazer a primeira coisa a fim de alcança a segunda. Ele foi o fundador de nosso niilismo de cátedra." (MERQUIOR, 1985, pp. 246-247)