The Dark Side of Sophia
Sou tão temeroso que, mesmo ouvindo quase todos os dias o curso de História da Filosofia de Olavo de Carvalho (em meu celular-mp3, no caminho para a UnB), sou bem cético quanto a algumas de suas afirmações. Sua exaltação da revelação do cristianismo, por exemplo, não me convenceu. Também não levo muito a sério o lado mais politizado de Olavo, que tende ao conspiracionismo, mesmo que vez ou outra acerte em suas delações (a existência do Foro de S. Paulo, por exemplo; aliás, Índio da Costa foi sensato ao associar o PT com as FARC). Porém, concordo com boa parte de suas críticas à filosofia (e sociedade) moderna (s), e admito que ele tem um estilo expositivo interessante.
Minha inspiração para esse texto foi a Nova Acrópole. Lembram-se que ontem eu estava bastante interessado pela "escola", e até pensava em fazer um curso por lá? Pois bem, hoje à tarde perguntei para um professor meu que tem muito interesse por Filosofia o que ele sabia ou achava da N.A. Um colega meu que estava ouvindo a conversa imediatamente disse: "Não vale a pena, Kaio! Já estudei lá, e posso lhe dizer: é uma seita! O discurso é humanista, mas pregam o relativismo religioso" Meu prof. corroborou, falando que eles têm fama de esotéricos.
Hoje à noite, resolvi pesquisar mais sobre eles na internet, e o que li não foi nada animador. Os podres do fundador, as ligações de Blavatsky (uma pensadora muito citada na palestra que vi ontem) com o ocultismo, relatos de "lavagem cerebral" e "táticas de guerrilha", símbolos suspeitos e por aí vai.
O mais curioso é que ontem mesmo eu tive alguns indícios de que a Nova Acrópole não cheirava bem. Na hora pensei que era apenas exagero de minha parte, mas hoje as peças se encaixaram. Não tomem isso como evidências, mas apenas impressões e desconfianças:
1 - A palestrante não parava de sorrir, de uma maneira assustadora, e falando em uma linguagem que, embora clara, era espalhafatosa. Além disso, no máximo 25% da fala dela foi sobre os Cavaleiros do Zodíaco, o resto foi propaganda da escola e pregação anti-cristã (sutil, diga-se de passagem), ode ao aperfeiçoamento humano e críticas ao materialismo. Quando eu fiz uma pergunta/comentário sobre a temática da depressão (Seiya, A Batalha de Abel), ela respondeu algo que tinha pouco a ver, sobre síntese do conhecimento e tal;
2 - A secretaria também era excessivamente sorridente, e tinha um discurso muito na ponta da língua para soar espontâneo;
3 - O imenso sucesso da organização pelo mundo inteiro, com uma disseminação veloz no próprio DF (já são 10 sedes!) me deixaram meio "encucado", pois é difícil de acreditar que tantas pessoas se interessam realmente por filosofia;
4 - A maioria dos temas que eles estudam, por mais que insistam em falar que é filosofia "à maneira clássica", pouco me pareciam ter a ver com os grandes debates filosóficos. Algumas coisas, como o próprio festival de desenhos animados em que fui, até que são interessantes, mas a maioria das discussões soam como "vamos enfiar filosofia oriental e auto-ajuda em tudo que der!" Procurem um encarte deles e vocês entenderão o que quero dizer.
5 - A ênfase em filosofia prática e trabalho voluntário causou-me estranhamento, na medida em que essa história de "aprender fazendo" não era o que eu esperava de uma genuína escola filosófica, por mais que isso seja um preconceito elitista da minha parte.
Depois de tudo isso, nem pretendo voltar lá nessa semana para conhecer o curso. Ganho mais lendo os textos para o GEH e o PET.
Em off: a campanha eleitoral já começou na UnB! Visite o Blog da Liberdade para conhecer mais sobre a chapa 5, a Aliança pela Liberdade.