De repente 18
Exceto no âmbito da lei, fazer 18 anos muda pouca coisa na minha vida. Apesar de eu adotar a tag 'pós-adolescente' com maior firmeza agora, sinto que, aos 17 anos, eu já tinha consolidado a minha personalidade, aparando arestas e amadurecendo nos aspectos que julgava imprescindíveis.
Sob o critério da 'experiência de vida', continuo incólume, tanto em amor e sexo quanto em álcool e demais drogas. "E não me arrependo!", como diria o padrinho mágico Cosmo; afinal, não acredito que eu seria mais feliz, satisfeito e autoconfiante se eu bebesse, fumasse e/ou namorasse. Além disso, o celibato e a sobriedade (ainda) não me transformaram em um velho rabugento, então não vejo problemas em me relacionar com outras pessoas a despeito de não compartilhar do estilo de vida da maioria delas.
As expectativas para os 5 anos que irão compor minha pós-adolescência são as melhores possíveis. Quero dedicar-me intensamente a meus estudos na universidade, publicar livros, ampliar meu leque cultural, conhecer pessoas interessantes, ir a festas em que se toque música boa... isso tudo "being myself, (...) like no one else", ou 'reflexões do oásis' adjacentes.
Como se sabe, sou bastante sistemático, e utilizo alusões, comparações, divisões e outros métodos anacrônicos para analisar e organizar o meu passado. Inúmeros posts no blog já se utilizaram de tais artifícios, e eu farei o mesmo aqui.
8 anos: ano de transição. Torna-se um pirralho mais calmo, e afasta-se definitivamente dos alunos boçais. Primeiros indícios de interesse por política, a ponto de fazer pesquisas eleitorais sobre quem seriam os próximos representante de sala e governador e senador de Goiás.
9 anos: início da Fase Nerd, que se estenderia pelos próximos quatro anos. Motivos para isso não faltam: consuma-se o vício por Pokémon; amigos são quase todos fanáticos por PCs, games e 'o lado cult do futebol'; oratória aprimora-se, com as devidas proporções; primeira (e, talvez, única) paixão, por uma garota que se sobressaía em relação às demais pela sua extroversão, inteligência e - por que não? - beleza.
10 anos: crescente interesse pelo Jornalismo (fato corroborado pela publicação de quatro edições do Jornal do Kaio). Primeiras conversas (e leituras, vide o hilário e didático livro "O Planeta Eu") sobre sexo, embora Kaio encarasse tal assunto sob um viés bem mais teórico do que, hã, digamos, prático. Continua apaixonado pela tal menina, embora cada vez mais ciente dos defeitos dela, além de suas próprias falhas que poderiam dificultar um possível namoro. No fim do ano, ele parece estar à beira de desistir da garota, até mesmo porque ela passa a estudar em um turno diferente. Outro poké-ano, diga-se de passagem.
11-12 anos: se, por um lado, Kaio ficou mais solitário, por outro manteve seu grupo de amigos. Dedicou um maior tempo a nerdices, desde criar enredos de RPGs (destaque para a trilogia futurista Genesis e um que até a professora de Literatura aprovou: o medieval A Jornada Sagrada) até comprar todo mês revistas de games e mangás dos Cavaleiros do Zodíaco. Além disso, criou reality shows (Adolescência) e seriados de TV imaginários (fanzines de CDZ, Pokémon e Dragon Ball), todos eles repletos de alteregos. Ah, isso sem falar no novo jornalzinho: Teen News.
13 anos: o fim de uma era, para bem e para mal. Há uma revolução vocacional (de jornalista para cientista político), ideológica (de "gosto de política, mas ainda não tenho um partido, uma bandeira" para esquerdista social-democrata), musical (de rock 'n' roll casual para beatlemaníaco), televisiva (de desenhos animados para sitcoms), de mentalidade estudantil (de "tenho que estudar para a prova de Ciências" para "mal posso esperar pelo Ensino Médio, e vou até pegar livros didáticos das próximas séries") etc.
14 anos: debates no Politizados Fórum, revistas Caros Amigos, vitória na simulação de júri em defesa do "socialismo democrático", descoberta de The Clash, aulas de História e Geografia, pretensões megalomaníacas... enfim, foi o ano mais 'canhoto' de Kaio. Não sabia ele que as sementes plantadas por "A Revolução dos Bichos" não vinham no sentido de torná-lo mais socialista, mas justamente o contrário...
15 anos: adeus, esquerda! Kaio endireita-se e começa a se identificar com as idéias libertárias. Também foi aos quinze que ele fundou o seu primeiro blog bem-sucedido (não em público ou crítica, mas em duração e dedicação). De quebra, entre Outubro e Novembro teve um curto interesse por uma garota três anos mais velha, que foi uma das influências que ele teve no desenvolvimento do livre pensamento e no gosto musical e literário mais apurado. Sim, foi aqui que ele começou a curtir Joy Division, Dostoiévski, Smiths, Nietzsche, Pixies, Huxley, Franz Ferdinand, Schopenhauer, Velvet Underground, Kerouac, entre outros. Foi um ano decisivo, pois suas decisões determinariam grande parte do resto de sua vida. Como era de se esperar, ele fez escolhas "conservadoras", e não se tornou um junkie. Como se verá em seu livro, é aqui que se distingüe um César de um Henrique, uma Júlia de uma Alice.
16 anos: deliberadamente, um ano mais dark e entediante, pelo menos até o fim de 2006. Em meio à parte cultural mais soturna, a paranóia criadora de "problemas imaginários", outro interesse-relâmpago-e-não-correspondido-por-uma-fêmea e uma patética incursão na poesia, Kaio Felipe ainda teve bons momentos, como o show do New Order em São Paulo, o salto qualitativo em sua produção textual (acredite, ela já foi pior) e um novo despertar para os estudos no início de 2007.
17 anos: como já foi insistentemente dito, o melhor ano da vida do garoto, por enquanto. Em doze meses, leu pouco mais de 90 livros, começou a escrever um (ok, pelo menos fez alguns rascunhos e bolou a maior parte da trama, mas... bem, isso é assunto para outro post), descobriu que não era tão anti-social quanto julgava ser, deu sua primeira palestra, passou no vestibular, cursou seu 1º semestre de Ciência Política, começou a morar sozinho...
18 anos: o que aguarda Kaio F. nos próximos dias, semanas e meses? Não perca os próximos capítulos da saga deste ser nefasto em Racio Símio!