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Kaio

 

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05 julho 2008

Correspondência do Condado

Segundo post da trilogia. Assim como nos outros, teremos preliminares sobre variedades.

I. Ontem houve o Arraiá dos CAs, que acabou tirando da Realize o posto de "última festa do meu 1º semestre de faculdade". Embora ela tivesse todos os ingredientes para ir de encontro com meus gostos, eu até me diverti. Acabei virando balconista e tesoureiro da barraca do CAPOL.
Foi uma experiência interessante, pois, além de me dar noções práticas de comércio, descobri que, por indiferença ou flexibilidade moral, eu não me sinto mal em contribuir para a embriagüez alheia; e olha que não estamos falando apenas de cerveja e chopp, como também xiboquinha. Como sempre, desta vez com a justificativa de "não consumirá sua própria mercadoria", permaneci sóbrio; preferi tomar chocolate quente proveniente da barraca do CACOM. De quebra, comi uns cookies muito bons do CADIN.

II. Assim que eu terminar essa série de posts, falarei sobre o autor que estou a ler. Amanhã, no ônibus para Goiânia, é provável que eu termine ou fique bem próximo de concluir o primeiro dos três livros dele que lerei em Julho. Mistério...

III. Falando na roça asfaltada, decidi que só vou passar oito dias das férias por lá: entre 6/7 e 10/7 e de 24/7 até 28/7. No resto de meu recesso, ficarei em Brasília mesmo. Sim, eu sei, inúmeras pessoas já me disseram que isso é estupidez. Porém, não vejo por que não aproveitar as férias sozinho, em minha kit-net. Posso aproveitar o tempo livre para ler, escrever, estudar (sim, até porque vou pegar 30 créditos no semestre que vem, então seria sensato já me preparar para matérias pesadas como Cálculo 1, Formação Econômica do Brasil e Teoria Política Clássica) e sair.
Já descobri dois eventos nos quais posso ir: os shows de Titãs + Paralamas (dia 19) e o Porão do Rock, com Muse entre as atrações (2/8). Quero ver se encontro mais alguns, afinal, por mais que eu confie na minha força de vontade, sei que é impossível aproveitar as próximas 5 semanas sem mais opções de 'night out'. Afinal, se é para largar Goiânia porque não quero passar o dia inteiro na frente da TV vendo VH1, sitcoms e desenhos animados ou jogando bola no quintal, preciso encontrar motivos razoáveis para escolher Brasília como meu sítio até a volta às aulas, não acham?

Ok, agora sim vamos para o tema do post.

Se considerarmos os livros que li durante o ano de 2007, foram cinqüenta e sete:
- "Pornopolítica" (Arnaldo Jabor)
- "Uivo" (Allen Ginsberg)
- "O Fantasma de Canterville e Outros Contos" (Oscar Wilde)
- "Os Vagabundos Iluminados" (Jack Kerouac)
- "A Dança do Universo" (Marcelo Gleiser)
- "As Catilinárias" (Cícero)
- "A Política" (Aristóteles)
- "Ciência e Política: Duas Vocações" (Max Weber)
- "O Processo" (Franz Kafka)
- "A Controvérsia" (Jean-Claude Carrière)
- "Um Sonho Americano" (Norman Mailer)
- "Nove Noites" (Bernardo Carvalho)
- "O Idiota" (Dostoiévski)
- "O Fantasma de Luis Buñuel" (Maria José Silveira)
- "Relações Internacionais" (Williams Gonçalves)
- "Uma Casa no Fim do Mundo" (Michael Cunningham)
- "Einstein e o Universo Relativístico" (J. C. Reis, Andréia Guerra, Marco Braga e Jairo Freitas)
- "Física Moderna para Iniciados, Interessados e Aficionados: vol. 1" (Ivan Oliveira)
- "Ciência Política: Introdução à Teoria de Estado" (Itami Campos)
- "As Seis Lições" (Ludwig von Mises)
- "Capitalismo e Liberdade" (Milton Friedman)
- "O Caminho da Servidão" (Friedrich von Hayek)
- "O Rei da Vela" (Oswald de Andrade)
- "Calabar" (Chico Buarque e Rui Guerra)
- "Trópico de Câncer" (Henry Miller)
- "No que Acredito" (Bertrand Russell)
- "Onde encontrar a Sabedoria?" (Harold Bloom)
- "Almanaque 02 Neurônio: Manual para Moças em Fúria" (Raq Affonso, Nina Lemos e Jo Hallack)
- "A Paixão segundo G.H." (Clarice Lispector)
- "A Genealogia da Moral" (Nietzsche)
- "Geração Beat" (Jack Kerouac)
- "O Povo Brasileiro" (Darcy Ribeiro)
- Biografia de Paulo Francis (não me lembro do nome do autor)
- "O Afeto que se Encerra" (Paulo Francis)
- "Incidente em Antares" (Érico Veríssimo)
- "Collor: A Cocaína dos Pobres" (Gilberto Vasconcellos)
- "O Beijo no Asfalto" (Nelson Rodrigues)
- "Brás, Bexiga e Barra Funda" (Alcântara Machado)
- "Raízes do Brasil" (Sérgio Buarque de Holanda)
- "Retrato do Brasil" (Paulo Prado)
- "Cem Anos de Solidão" (Gabriel Garcia Márquez)
- "História do Brasil" (Murilo Mendes)
- "A Náusea" (Jean-Paul Sartre)
- "A Queda" (Albert Camus)
- "Laços de Família" (Clarice Lispector)
- "Antologia Poética" (Mário Quintana)

- "Henry & June" (Anaïs Nin)
- "A Ditadura Envergonhada" (Elio Gaspari)
- "A Ditadura Escancarada" (Elio Gaspari)
- "A Desobediência Civil e Outros Escritos" (Thoreau)*
- "Carta sobre a Tolerância" (John Locke)
- "Poemas" (Fernando Pessoa)
- "O Jogador" (Dostoiévski)
- "Cultura e Psicanálise" (Herbert Marcuse)
- "O Futuro de uma Ilusão / O Mal-estar na Civilização / Dostoiévski e o Parricídio" (Freud)
- "Notas do Subterrâneo" (Dostoiévski)
- "A Sabedoria da Vida" (Schopenhauer)
Para compor a lista**, desconsiderei um livro paradidático que era uma minibiografia ilustrada do Chico Buarque. Além de ser muito curta para ser considerada como leitura, ela nem me convenceu a ter interesse pela música desse ícone (?) da MPB.

*Na verdade, eu já havia lido "A Desobediência Civil" em 2005, mas, como os 'outros escritos' somavam mais 90 páginas e eram relevantes, resolvi validá-los como leitura.
**Ah, sim, além de minha própria memória, a fonte da pesquisa foi o próprio blog, pois aqui resenhei várias destas obras.

Em 2008, até 5 de Julho, foram mais trinta e seis:
- "As Portas da Percepção / Céu e Inferno" (Aldous Huxley)
- "Laranja Mecânica" (Anthony Burgess)
- "O Contrato Social (Jean-Jacques Rousseau)
- "Discurso da Servidão Voluntária" (Étienne La Boétie)
- "Teoria do Caos" (Robert Murphy)
- "A Teoria dos Ciclos Econômicos" (Murray Rothbard, Friedrich Hayek, Gottfried Haberler e Ludwig von Mises)
- "A Lei" (Fréderic Bastiat)
- "Intervencionismo" (Ludwig von Mises)
- "A Utopia" (Thomas Morus)
- "Ensaio sobre a Liberdade" (Stuart Mill)
- "Uma Teoria sobre o Socialismo e Capitalismo" (Hans-Hermann Hoppe)
- "Política e Relações Internacionais" (Marcus Faro de Castro)
- "Esquerda e Direita: Perspectivas para a Liberdade" (Murray Rothbard)
- "Desemprego e Política Monetária" (Friedrich von Hayek)
- "O Mercado" (Ludwig Von Mises)
- "A Nova Economia Brasileira" (Mario Henrique Simonsen e Roberto Campos)
- "O Estrangeiro" (Albert Camus)
- "À Paz Perpétua" (Immanuel Kant)
- "Sociologia dos Partidos Políticos" (Robert Michels)
- "Entre os Cupins e os Homens" (Og Francisco Leme)
- "Sobre a Democracia" (Robert Dahl)
- "Liberalismo" (Ludwig von Mises)
- "As Conseqüências Econômicas da Paz" (Keynes)
- "Ideologias e Ciência Social" (Michael Löwy)
- "Os Fundamentos da Liberdade" (Friedrich von Hayek)
- "A Montanha Mágica" (Thomas Mann)
- "Economia Internacional (van Meerhaeghe)
- "Análise das Relações Internacionais" (Karl Deutsch)
- "Uma Crítica ao Intervencionismo (Ludwig von Mises)
- "A Virtude do Egoísmo" (Ayn Rand)
- "Walden" (Thoreau)
- "A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda" (Keynes)
- "O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel" (Tolkien)
- "O Senhor dos Anéis: As Duas Torres" (Tolkien)
- "O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei" (Tolkien)
- "Escola de Libertinagem" (Marquês de Sade)

Porém, como se sabe, sou egocêntrico a ponto de praticamente considerar que o ano começa mesmo em 29 de Junho. Logo, o primeiro livro que li aos 17 foi o de Ciência Política do Itami Campos e...

O ÚLTIMO LIVRO QUE LI ANTES DOS 18***: a trilogia "O Senhor dos Anéis", J. R. R. Tolkien

Já deve ser de conhecimento geral a minha demora para finalmente ler SdA, então, vamos falar logo sobre o livro em si.
A saga de Frodo e cia. é a prova definitiva do poder da imaginação. Tolkien, movido pela fantasia, criou, em todos os detalhes possíveis, um mundo extraordinário em que coexistem humanos, hobbits, elfos, anões, orcs, ents e várias outras criaturas. O interesse pela mitologia nórdica ajudou o autor a criar o divisor de águas na cultura nerd, pois daí em diante praticamente tudo, desde RPGs até as histórias sobre o fantástico na literatura, na música, no cinema etc., seriam de alguma forma influenciados por "O Senhor dos Anéis".
A primeira parte, "A Sociedade do Anel", é mais conversa do que ação. Isso significa que um dos pontos fortes da obra, os diálogos, são valorizados, tanto quanto as descrições. Entre os melhores momentos do 1º livro, ressalto a clareza e a gradação pela qual o leitor fica sabendo do poder do Anel e, conseqüentemente, do fardo que Frodo terá; além disso, as cenas que se passam em lugares como a casa de Tom Bombadil,
Pônei Saltitante, Valfenda, Minas Moria e Lothlórien são todas inesquecíveis. O súbito final, com Sam e seu Mestre pegando um barco em direção ao Leste, aumenta a vontade de imediatamente começar a ler a segunda parte.
Estamos falando de "As Duas Torres". Em comparação com o resto da trilogia, pode ser considerada a 'menos genial', mas isso não a impede de ter várias passagens incríveis. No livro III, temos o desenrolar da trama em Rohan, Fangorn e Isengard, com vários personagens que até então não tinham aparecido tanto (como Pippin e Merry) ganhando bastante - e merecido - espaço. A ressurreição de Gandalf, o Entebate e a queda de Saruman são três 'highlights'. Já no livro IV, bem mais descritivo, é exclusivamente sobre Frodo, Sam e os perigos que encontram no caminho para Mordor. Faramir é um dos coadjuvantes mais interessantes; Gollum é uma criatura assaz irritante; também vale dizer que fiquei muito surpreso quando Samwise revelou toda a sua coragem e determinação na reta final de "As Duas Torres", praticamente se equivalendo a Frodo no papel de protagonista.
Isto também é verificado em "O Retorno do Rei", a ponto de se poder falar em 'dois pequenos-grandes heróis'. Mesmo sendo mais curta que as outras duas, a parte final é a melhor da trilogia, alcançando os maiores níveis de tensão de toda a saga. A batalha sangrenta de Minas Tirith, a loucura de Denethor, a morte de Théoden, a bravura de Éowyn e Meriadoc, as mãos de Aragorn salvando vidas, a vitória parcial seguida de uma jornada até o Portão Negro delineiam o cenário que antecede o momento crucial. Enquanto isso, Frodo e Sam, após conseguirem escapar da Fortaleza Orc e chegarem em segurança (?) até a Montanha da Perdição, quase põem tudo a perder quando o primo de Bilbo é subitamente tomado pelo desejo de permanecer com o Anel. Porém, Sméagol resolve a situação com 'a mordida de dedo mais importante de toda a história da Terra-Média', e cai junto com seu Precioso.
A trama, no entanto, ainda não está encerrada, pois faltam 87 página para o verdadeiro fim. Antes do mesmo, temos como destaques a coroação de Aragorn, seu casamento com Arwen (e, ao contrário do filme, o pai dela, Elrond, não demonstra nenhum receio ou oposição a tal união), o companheirismo de Legolas e Gimli, a aproximação entre Faramir e Éowyn e, é claro, o que aguardava os hobbits no Condado. Aliás, este último ponto praticamente encerra o livro com chave de ouro (apesar de que ainda temos a misteriosa ida dos Portadores para os Portos Cinzentos), afinal é o momento em que os quatro usam de toda sua experiência em aventuras para botar ordem na casa. Quando se descobre que Saruman está por trás dos infortúnios na Vila dos Hobbits, o leitor fica pasmado e chocado - bem, pelo menos foi assim comigo. Tolkien realmente deu um show de coesão, coerência e reviravoltas, até mesmo depois do 'final cinematográfico'.
Enfim, creio ser desnecessário enfatizar o quanto "O Senhor dos Anéis" é brilhante. Posso ter enrolado seis anos para lê-lo, mas não foram em vão. Li a obra na hora certa, no lugar certo, e isso elevou a estima que cultivo por ela.
Até a próxima.

*** Esta segunda metade do post foi concluída em 6 de Julho, em meados de 8 de manhã.

 

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