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Kaio

 

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20 maio 2007

Six Different Ways

6 - Terminei de ler "O Idiota" na sexta-feira passada. Fiquei impressionado com a minha força de vontade, pois, em 9 dias, li as 470 páginas que faltavam! De certa maneira, o mérito pela leitura veloz é também do autor, visto que Dostoiévski escreve de uma maneira tão brilhante e envolvente que faltou pouco para que eu não sonhasse com alguma cena do livro, hehe.
Com isso, 18 de Maio foi o dia em que eu fechei mais uma etapa da minha vida - terminei a trilogia de obras-primas do escritor russo. "Crime e Castigo" foi o primeiro que eu li, em Agosto de 2005, sendo uma leitura que simbolizou o início de um, hã, "novo Kaio". Foi naquele mês que eu comecei uma série de ótimas leituras (por exemplo, "!984" e "Assim Falou Zaratustra", os quais eu li assim que terminei "Crime e Castigo"), uma sofisticação do meu gosto musical (comecei a ouvir Joy Division, Smiths, Cure, Sonic Youth, Placebo, Interpol, New Order etc.), uma revisão das minhas posturas ideológicas e filosóficas (como o afastamento do ideário da esquerda e a gradual aproximação de idéias politicamente libertárias e economicamente direitistas), uma progressiva melhora dos meus textos (nisso o Racio Símio me ajudou, visto que eu pude moldar melhor meus 'fluxos de consciência' para aprimorar meu estilo e técnica)... enfim, uma nova maneira de encarar o mundo.
Voltando ao Dostoiévski, o segundo da trilogia que eu li foi "Os Irmãos Karamazovi", entre Outubro e Novembro de 2005. Dos três, este foi o meu predileto, porque contém em seu enredo três personagens muito bem construídos e completamente compatíveis com o contexto da Rússia do século XIX e, quem sabe, válidos até pro mundo atual. Ivan era o ateu niilista, Aliócha era o cristão de moral elevada e Dmitri era o romântico porra-louca. Vale ressaltar também o incrível desenvolvimento e desfecho do livro em suas mais de 700 páginas, constituindo-se em um autêntico romance filosófico e, acima de tudo, uma obra-prima da literatura mundial.
"O Idiota" foi o que eu levei mais tempo para ler, talvez porque eu fiquei meio confuso com tantos personagens aparecendo na história de uma só vez. Parei a leitura há cerca de um ano, e resolvi voltar agora, em Maio/07, porque sentia-me preparado e maduro o suficiente para vencer, derrotar, triunfar sobre tal 'desafio literário'. E consegui, com menos dificuldades do que esperava.
Gostaria, aliás, de agradecer a várias pessoas por isso. Ao Príncipe Míchkin, por representar tão bem um idiota (tal alcunha é em razão de sua epilepsia) que encarna o espírito dos eslavistas cristãos. Sua exaltação ao falar, sua "sábia ingenuidade" ao lidar com as situações mais excêntricas (duas em especial: a que envolvemBurdóvskii - o suposto filho de Pavlíchtchev, que criou o príncipe - e um discurso exagerado de Ippólit que quase terminou muito mal), sua postura admirável perante as peripécias de Nastássia, Agláia e Rogójin... enfim, em tudo ele é um personagem inesquecível, um autêntico Dom Quixote russo.
Também pretendo agradecer justamente às outras três criaturas citadas no parágrafo anterior. Agláia, com sua instabilidade e inocência, levou o livro a ter várias situações impagáveis; Rogójin encarnou de maneira impecável o "típico" sujeito perigoso e perturbado, que sempre está disposto a cometer os atos mais cruéis, como se verificará em duas cenas do livro; e Nastássia (ou Natascha), uma mulher linda, promíscua, cínica e, acima de tudo, leviana. Menções honrosas também para o tuberculoso e exaltado Ippolít, o gaiato Liebediév, a brava e contundente Lizavéta Prokófievna e o inteligente e arrogante Evguénii Pávlovich.
Talvez essa seja a obra mais auto-biográfica de Fiodor, até mesmo porque não só os personagens, mas várias das situações relatadas em "O Idiota" ocorreram na vida do autor. Isso só aumenta ainda mais a mágica do livro. Imperdível para todos que queiram uma leitura densa e ímpar.

5 - Fui espancado, esmagado e destruído pelo 2º simulado Poliedro, que fiz ontem. Acertei apenas 55 das 90 questões da prova, 5 pontos a menos do que no 1º destes simulados. O exame era extremamente exaustivo, visando a vencer o aluno não pela dificuldade, mas sim pelo tempo.
Pela primeira vez na minha vida, entreguei uma prova às 19h10, faltando vinte minutos para estourar o horário.Para piorar, quando comecei a marcar no cartão de respostas, lá pelas 18h30, eu ainda não havia feito quase nenhuma das questões de Física e Química! Em razão da pressa e da pressão (péssimo trocadilho, hein?), acabei acertando apenas 20% dos exercícios desta e 30% daquela.
Felizmente, fui bem nas questões que eu pude fazer com maior cuidado. Fechei História e Inglês (que, aliás, tinha um texto sobre o Aqua Teen para ser interpretado! Adorei!), errei só uma de Geografia e tive 70% de aproveitamento em Biologia e em Matemática. Quanto a Português e Interdisciplinares, tive desempenho mediano - 7/16 e 5/9, respectivamente. Não foi por acaso, visto que já pelas 16h30 eu já estava estressado com a prova, e isso prejudicou a minha concentração.
O que me consola (bem, talvez nem tanto) é o fato de que minha nota e meu stress foram até pequenos perto dos outros alunos. Houve até quem errasse 25, 26 questões a mais do que no 1º simulado - e estou falando de bons estudantes; os ruins devem ter chutado quase tudo, hehe.

4 - Felizmente terminei "O Idiota", porque agora posso pegar obras mais curtas (entenda 'menos de 250 páginas') para otimizar o meu horário de estudos. Já li 12 livros em 2007
(na verdade 12 e meio, pois só li "A Montanha Mágica" até a pág. 506, já que tive de devolvê-lo para uma amiga que foi fazer faculdade em outro estado), marca ainda muito distante dos 40 lidos no ano passado, mas é um número até compreensível pelos seguintes motivos: I - Ainda estamos em Maio; II - Estou estudando bem mais do que no ano passado, por razões óbvias; III - Todos os doze livros eram excelentes e, por incrível que pareça, úteis; para a minha sorte, o professor de História cobrou na prova passada uma questão sobre a defesa do monge Las Casas quanto à natureza humana dos índios. Lembram-se que, mês passado, eu li "A Controvérsia", que por coincidência falava justamente sobre isso? Pois é, agora ninguém vai ter o direito de dizer que só leio obras inúteis! Hohohohoho!
Creio que, analisando esta dúzia, o pior dos ovos foi "Pornopolítica", de Arnaldo Jabor. Não que seja realmente ruim (pelo contrário, é muito bom, com crônicas bem reflexivas e interessantes), mas não vamos comparar o Jabor com um Frank Kafka ("O Processo"), um Max Weber ("Ciência e Política"), um Jack Kerouac ("Vagabundos Iluminados") ou mesmo um Cícero ("As Catilinárias") da vida, certo?

3 - No tópico 6, eu falei que "
18 de Maio foi o dia em que eu fechei mais uma etapa da minha vida". Sim, é verdade, mas também por outros motivos. Um deles é mais musical - há 27 anos, faleceu Ian Curtis, vocalista do Joy Division, uma das minhas bandas favoritas e que me marcou bastante nos últimos dois anos. É sempre bom relembrar isso; me ajuda a pensar no quanto foi bom ouvir JD nos bons e nos maus momentos dessa fase Ago/05 - Mai/07...
O motivo principal para que eu dissesse tal frase, no entanto, não se refere especificamente a Dostoiévski ou Ian Curtis. Começou em tal data o que eu considero o prefácio, o preâmbulo de algo novo e maior.
Em outras palavras, começaram os 8 meses de transição da minha adolescência para a minha fase adulta. Em Janeiro de 2008, caso eu tenha passado no vestibular, poderei iniciar um momento decisivo de minha existência, no ambiente universitário. A vida acadêmica será importantíssima para que eu exerça a individualidade que construí durante toda a minha infância e adolescência.
Não gosto nem de pensar na hipótese de eu não passar, mas se ela ocorrer, eu terei uma fase meio sombria - "os 6 meses de purgatório". Provavelmente estarei conciliando algum curso universitário de engodo; pretendo prestar para vestibulares menores, como o de Ciências Sociais na UFG e Relações Internacionais na UCG para não precisar fazer cursinho no 1º semestre e ao menos iniciar, mesmo que com o pé esquerdo, a vida na universidade. Conciliarei os estudos em um desses cursos com uma preparação metódica e sistemática para entrar na UnB no vestibular de meio de ano, em Junho/08.
Ok, independentemente do meu destino após esses próximos oito meses, uma coisa é certa - eu já serei um adulto. Com 17 anos e meio, já terei boa parte da autonomia tão desejada, e poderei guiar totalmente os rumos de minha vida. Até os 25 anos, terei um projeto a ser concluído - utilizar a juventude para acumular o máximo de conhecimento e intelecto possíveis. Ao completar o meu vigésimo quinto ano, tenho como certa a chegada à minha "idade da razão", ou seja, o momento em que deixarei de idealizar a liberdade e passar a praticá-la. Posso até começar a pensar em namorar, constituir família, ter um trabalho fixo e de boa remuneração e ser um cientista político com todas as idiossincrasias de um "literato pretensioso e 'burguesinho'".
O plano já está traçado, e amanhã será o início prático dessa, hã, Introdução à Vida Adulta. Que estes sejam os oito melhores meses da minha vida!

2 - Quanto à rotina desses próximos dias e semanas, uma coisa é certa - menos internet, livros não tão longos e, acima de tudo, mais estudos. Quero terminar 2007 como uma espécie de PhD em 'matérias que caem no vestibular'. Os conteúdos e diretrizes escolares não são patéticos, logo, eu não terei que acreditar que ficarei chateado por ter que estudá-los. Depois que descobri que podia muito bem me apaixonar pela Biologia e pela Física, nada mais me soa realmente difícil. Se for preciso ter pontuações altíssimas nas provas e simulados, farei de tudo para obtê-las.
Meu lema, a partir de agora, é o mesmo dos jovens franceses de 68 (tudo bem que eles eram esquerdistas e eu sou direitista, mas deixemos as picuinhas de lado, certo?): "Sejamos realistas: exijamos o impossível!". E o meu 'impossível', assim como o deles, é bem possível. Eles conseguiram mudar toda a cultura e comportamento da sociedade da época, assim como redefinaram várias questões político-ideológicas, mesmo não tendo chegado de fato ao poder. E eu vou ser o melhor que puder nos meus estudos, pois nada me desviará do meu sonho de iniciar bem a minha idade adulta! (Palmas para esse discurso, hehe)

1 - Eis um post longo, prolixo e exagerado! E nem pude falar sobre o PoliONU (aguardem pelo próximo post, hehe). Estas são 6 diferentes maneiras de eu exaltar meu pedantismo, inclusive esta, de apenas duas linhas, e que encerra aqui esse 'texto-jumbo'.

 

Comentários:

 

 

Igor says: Ok, está realmente um tanto quanto prolixo e exagerado... rsrsrs

Eu tb entrei agora numa onda de textos mais curtos. Infelizmente, não tenho tempo de ler tanto quanto gostaria e, minha média é de, 20 livros por ano, porque o tempo do livro ainda precisa ser dividido com o filme e com a música!

Vc é um cara de muitos planos. Boa sorte com eles. Mas toma cuidado que os parâmetros mudam ao longo das etapas, tenha sempre planos, mas nunca seja escravo dos seus planos, nem mesmo da sua liberdade (que vc tanto almeja). Tá, tá... Eu detesto parecer um livro de auto-ajuda. rsrsrs

www.soh_mais_um_blog.blogger.com.br

Ateh!


Oi Kaio...
Li seu texto jumbo e não me arrependi, cheguei mesmo a 'pensar vou ler isso tudo mesmo'? rs
E como valeu a pena, creio que mais do que justo que eu expresse minha opinião sobre o que li, ou sobre quem escreveu.
Primeiro gostaria de parabenizá-lo pelos planos, pela disciplina...e por ser um pouco do que eu planejei para mim. Quando fiz meu vestibular me parecia muito com você. Comecei uma leitura intensa e tinha uma sede absurda de conhecimento. Essa sede não passou e espero que nunca passe. Leio muito, mas perdi um pouco o meu ritmo, por motivos que não consigo especificar.
Achei o seu blog procurando a resenha de um livro que tenho muita vontade de ler: "O Idiota". Posso garantir que seus comentários só fizeram crescer a minha vontade de ler não somente este, mas os outros livros da obra de Dostoiévski.
Gostaria de continuar esse pretenso "diálogo", talves por email, se você quiser.
Mas antes também tenho que dizer que não concordo muito com alguns aspectos da sua personalidade, o que pode gerar um "choque" construtivo para ambos. rs*
Você já leu "Assim Falou Zaratustra", eu gosto muito de Nietzsche, creio que que deveria ler mais sobre ele, vai se identificar e já fico até receosa desse meu conselho. rs
E isso Kaio o meu nome é Paloma, sou estudante de jornalismo...só para você saber um pouco quem é esta que vos fala.
Meu emai paloma.as@gmail.com


Cara, guarda com muito carinho tudo que vc está a escrever; daqui a uns dois anos, ou antes, você vai dar boas risadas. Soa muito como a fase pseudointelectual que muitos aborrecentes vivem. Uma certa cara de quem já viveu e uma impressão de que se sabe sobre a vida. Nada que o tempo não cure.
Grande abraço.
Gustavo.


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