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Kaio

 

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26 fevereiro 2006

Religião + capitalismo = progresso?

Max Weber é o cara. Conseguiu acabar com a dicotomia que predominava na sociologia, dividida entre o determinismo positivista de Durkheim e a panfletagem e os jargões batidos de Marx. Só que ele foi mais do que uma terceira via. Weber conseguiu ver a cultura ligada ao desenvolvimento do capitalismo, acabando com a visão puramente economicista desse sistema.
Em sua obra mais conhecida, "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", ele faz uma ótima análise, e constatou o papel fundamental que as seitas protestantes tiveram na riqueza de várias nações. Por exemplo, os puritanos dos EUA criaram um código moral bem sistemático - ao contrário do catolicismo, que pregava "boas ações para 'anular' pecados", para os calvinistas, toda a vida do cristão deveria ser regrada, e o trabalho era algo positivo. Portanto, uma maneira de lutar pelo paraíso pós-morte era negando o ócio na vida terrena, e acumulando capital.
Lutero não aprovava tanto essa idéia, mas João Calvino sim, e sua crença na conciliação entre fé e progresso material foi determinante para o sucesso dos países de maioria protestante, como os Estados Unidos, a Alemanha e o Reino Unido. Nações majoritariamente católicas, como Itália, Portugal e Espanha, não tiveram tanto sucesso econômico, e hoje têm um papel de menor destaque na Europa, além de terem passado por vários governos ditatoriais e instabilidade política no último século.
Ou seja, olhando por essa tese de Weber, podemos relacionar o catolicismo como um dos motivos do Brasil não ter tanta ambição em ser uma grande nação capitalista. Ainda somos um povo que valoriza o 'ócio negativo', pois nem uma produção intelectual é feita nele - queremos mesmo é folga, regada a futebol, diversão, libertinagem e álcool. E essa visão negativa do trabalho é prejudicial a qualquer tipo de desenvolvimento. Os brasileiros preferem trabalhar menos do que ganhar mais. É como se nós tivéssemos orgulho de sermos inferiores, ainda mais pela força que têm os esquerdistas hipócritas entre os formadores de opinião.
Voltando ao livro, o autor escreve em uma linguagem bem acadêmica, mas até acessível se você conseguir absorver as idéias básicas de "A Ética Protestante". Ele consegue provar que há muita filosofia e racionalismo por trás das religiões cristãs. Algumas discutem até como você deve se comportar na sua vida cotidiana - para isso, Weber citou um artigo de Benjamin Franklin, falando sobre como ser virtuoso até na hora de economizar.
Max Weber era um livre pensador, acima de tudo. Admirava o Partido Social Democrata, mas preferia o reformismo em vez da revolução; defendia o capitalismo que estava se desenvolvendo na Alemanha, mas queria mais liberdade e democracia. E soube analisar algo que Marx não viu - a burocracia estatal, que constituía o aparelho que fazia o Estado funcionar. Ler suas obras é fundamental para conhecer o sistema político-econômico que, há três séculos, é hegemônico, justamente por ser tão amplo e mutável.

 

Comentários:

 

 

Se alguém tiver o livro "Economia e Sociedade", também do Weber, EU QUERO! =D


Fantastico !!
Eu não irei me pronunciar ao post, pois minhas salivas políticas foram gastas numa mesa do Bar no Martin cerere !! (é burrice mesmo). Concerteza um argumento será debatido ao vivo, e não pela internet (onde não existem exclamações que eu usaria)....


Sobre o comentário a cima, eu vou procurar por aqui!! Se tiver =] !!


Abraços


Eu diria que capitalismo - religião = progresso.
A ética protestante é uma forma preguiçosa de convencer as pessoas de que vale a pena respeitar propriedade privada.
Enquanto religião ajuda a manter as pessoas honestas e tolerantes (coisa que o puritanismo não faz), então ela é boa, a partir do momento que ela se torna uma aberração proibicionista, então ela se torna inimiga do progresso.
E religião também tem a inerente caracteristica de pregar amor aos irmãos e carnificina brutal aos hereges.


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