Lendo Freud e Schopenhauer
2. Eu terminei de ler A Arte de Escrever (antologia de textos a partir do livro Parerga e Paralipomena), de Schopenhauer. Não vou fazer um artigo porque o escritor me esmagou. Isso mesmo. Agora eu sei porque dizem que ele faz críticas contundentes e realistas (eu não digo pessimistas porque quem inventou essa história de Schopenhauer ser negativo e melancólico são os que não entenderam seus escritos). Aliás, ele escreve extremamente bem, e muita coisa que ele diz ainda soa bem atual, como, por exemplo: dizer que os professores só trabalham por dinheiro, não procuram o conhecimento, mas sim aparentar tê-lo; que os alunos se preocupam apenas com a informação e o superficial (o que, hoje, se traduz em uma coisa que chamamos de vestibular); que os eruditos são específicos demais, não têm um conhecimento amplo e floreiam demais sua escrita para parecerem ininteligíveis e geniais; e quanto à literatura de consumo, formada por obras descartáveis, que após grande alvoroço, são esquecidas com o tempo (o Código da Vinci ainda vai passar por isso, aguardem...); e por aí vai.
Nem vou me estender muito porque ele, metaforicamente, me esbofeteou. Mas foi uma pancada merecida. É a mesma coisa de ler Nietzsche: ele destrói tudo que você acredita, de ídolos a 'verdades absolutas', mas você se sente renovado após a leitura. Dá vontade de reconstruir tudo, mesmo que numa missão solitária. Contudo, não chega a ser um niilismo, mas sim um despertar, a tal da transvalorização. Uma revolução individual.