Religião + capitalismo = progresso?
Em sua obra mais conhecida, "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", ele faz uma ótima análise, e constatou o papel fundamental que as seitas protestantes tiveram na riqueza de várias nações. Por exemplo, os puritanos dos EUA criaram um código moral bem sistemático - ao contrário do catolicismo, que pregava "boas ações para 'anular' pecados", para os calvinistas, toda a vida do cristão deveria ser regrada, e o trabalho era algo positivo. Portanto, uma maneira de lutar pelo paraíso pós-morte era negando o ócio na vida terrena, e acumulando capital.
Lutero não aprovava tanto essa idéia, mas João Calvino sim, e sua crença na conciliação entre fé e progresso material foi determinante para o sucesso dos países de maioria protestante, como os Estados Unidos, a Alemanha e o Reino Unido. Nações majoritariamente católicas, como Itália, Portugal e Espanha, não tiveram tanto sucesso econômico, e hoje têm um papel de menor destaque na Europa, além de terem passado por vários governos ditatoriais e instabilidade política no último século.
Ou seja, olhando por essa tese de Weber, podemos relacionar o catolicismo como um dos motivos do Brasil não ter tanta ambição em ser uma grande nação capitalista. Ainda somos um povo que valoriza o 'ócio negativo', pois nem uma produção intelectual é feita nele - queremos mesmo é folga, regada a futebol, diversão, libertinagem e álcool. E essa visão negativa do trabalho é prejudicial a qualquer tipo de desenvolvimento. Os brasileiros preferem trabalhar menos do que ganhar mais. É como se nós tivéssemos orgulho de sermos inferiores, ainda mais pela força que têm os esquerdistas hipócritas entre os formadores de opinião.
Voltando ao livro, o autor escreve em uma linguagem bem acadêmica, mas até acessível se você conseguir absorver as idéias básicas de "A Ética Protestante". Ele consegue provar que há muita filosofia e racionalismo por trás das religiões cristãs. Algumas discutem até como você deve se comportar na sua vida cotidiana - para isso, Weber citou um artigo de Benjamin Franklin, falando sobre como ser virtuoso até na hora de economizar.
Max Weber era um livre pensador, acima de tudo. Admirava o Partido Social Democrata, mas preferia o reformismo em vez da revolução; defendia o capitalismo que estava se desenvolvendo na Alemanha, mas queria mais liberdade e democracia. E soube analisar algo que Marx não viu - a burocracia estatal, que constituía o aparelho que fazia o Estado funcionar. Ler suas obras é fundamental para conhecer o sistema político-econômico que, há três séculos, é hegemônico, justamente por ser tão amplo e mutável.