Bebida é agua, comida é pasto
Los Hermanos é legalzinho, mas acho que eles se preocupam demais em mostrarem nas letras como são melancólicos, tristes e cults. Isso sem falar na voz de bêbado do Camelo.
Skank é uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo que fizeram ótimas canções como Três Lados, Dois Rios, Jackie Tequila e Pacato Cidadão, também foram responsáveis por porcarias radiofônicas como Garota Nacional, Vou Deixar, É uma Partida de Futebol e o cover de Vamos Fugir.
A quantidade de bandas sofríveis é gigantesca, temos a revoltadinha da Pitty (que faz letras pretensiosas, mas nem sempre geniais, e até hoje só acertou em cheio com Admirável Chip Novo), o descartável Jota Quest, o emo insuportável do Fresno, o pseudo-indie Cachorro Grande, os jurássicos do Capital Inicial, entre outros.
"E quem presta (ou prestou) no Rock nacional na sua opinião, Kaio?"
Muitos conjuntos vida afora fizeram um trabalho muito bom, como o Violeta de Outono, o Secos e Molhados e o Nação Zumbi, mas as três que eu considero mais importantes foram:
-> Mutantes - os pais do BRock. Letras hilárias, como as de 2001, Balada do Louco, Panis Et Circenses, Senhor F e El Justiciero. Clássicos da música brasileira, como Top Top, Ando Meio Desligado, Baby e Vida de Cachorro. Misturas brilhantes de diversos estilos com o rock, desde o pagode em Bat Macumba até a guinada para o progressivo, resultando em clássicos como Ainda Vou Transar Com Você e O A e o Z. Um trio extremamente criativo - Sérgio, Arnaldo e Rita. Boas influências, passando por Tropicália, Beatles e Yes. Uma banda inigualável. Nem seus ex-integrantes conseguiram repetir a qualidade musical dos Mutantes em suas carreiras solo.
-> Titãs: De 1985 a 1995, uma das melhores, senão a melhor banda de Rock brasileira. Depois disso, uma lembrança pálida do passado. Vamos nos concentrar, então, na época em que eles eram os fodões... a crítica social de Televisão, Homem Primata, Igreja e Desordem; os experimentos com a música eletrônica bem-sucedidos em Diversão, Comida, Deus e o Diabo e Miséria; porradas sonoras como Bichos Escrotos, Lugar Nenhum, Clitóris e Hereditário; ironias em relação à fama como Qualquer Negócio, Eu Não Vou Dizer Nada, Será Que É Isso O Que Eu Necessito? e Eu Não Sei Fazer Música. Isso sem falar em hinos como Marvin, O Pulso, Flores e Polícia. Precisa dizer mais? A banda perdeu muito de sua criatividade com a saída de Arnaldo, mas a decadência de vez começou com o Acústico, em 97. Uma pena. Deveriam ter se separado antes dessa queda.
-> Legião Urbana: dispensa apresentações. Foram a banda que absorveu melhor o pós-punk que rolava no resto do mundo. Joy Division, Smiths e U2 são algumas das ótimas influências dos caras. Não tinham muita técnica, mas as letras e a criatividade melódica compensava isso. A cada disco, a Legião se reinventava. Os três melhores foram: o psicodélico V, com obras-primas como Metal Contra As Nuvens, A Montanha Mágica e O Teatro Dos Vampiros; o lírico Dois, que contava com "Índios", Tempo Perdido e Quase Sem Querer; e o equilibrado As Quatro Estações, recheado de sucessos como Há Tempos, Pais E Filhos e Monte Castelo. Os outros álbuns não ficam devendo em nada, e também continham músicas que marcaram a música brasileira nos últimos 20 anos: Será, Faroeste Caboclo, Ainda É Cedo, Perfeição, Dezesseis...
"E quanto ao underground? Alguma banda alternativa tem algo a oferecer?"
Bem, o Réu e Condenado fez um debut cheio de músicas sarcásticas. A Valv caprichou no primeiro disco. O Cansei de Ser Sexy parece não estar nem aí para nada, e prova isso em músicas simpáticas como Alala, Meeting Paris Hilton e Superafim. O The Ugly e o Valentina precisam lançar logo um LP, mas ao vivo eles já demonstraram que têm potencial. E por aí vai.
O Rock nacional não morreu. Mas as últimas esperanças de algo decente vêm justamente da cena alternativa. Se vocês esperam alguma coisa do mainstream, é melhor ouvirem a música Um Minuto Para O Fim do Mundo (CPM 22) e concluírem que este virou um lixo sem tamanho.
EDIT: - Ira: era uma banda sincera e muito boa, principalmente no álbum Psicoacústica. Mas parece que perderam o rumo nos últimos anos. O Nazi parece um Wolverine decadente.
- Kid Abelha: nunca gostei deles. Salvo raras exceções, como Fixação e Conspiração Internacional.
- Engenheiros: odeio. O Gessinger é um poser que se acha o maior intelectual. Mais até do que eu (e isso é muito, me superar em pseudo-intelectualismo é foda). As letras parecem inteligentes, mas não me agradam.
- Pato Fu: poxa, me esqueci deles. Gosto muito. Músicas como Made In Japan, Anormal, Eu (adoro essa), os covers de Ando Meio Desligado e Eu Sei provam a qualidade deles.