As flores de plástico não morrem
Agora sim, o post em si.
Aproveitando que eu tinha falado de Titãs em um dos últimos posts, decidi analisar a discografia dos caras. Não falarei nada sobre o último álbum, porque ainda não o ouvi (indignado depois da horrível Vossa Excelência, que nem chega perto das letras de tema socio-político que eles faziam), e nem pretendo tão cedo.
Vamos lá, afinal a vida até parece uma festa!
- TITÃS (1984): o debut. É bem irregular, e várias músicas que se tornariam sucesso anos mais tarde em versões ao vivo, como "Marvin" e "Querem meu sangue", estão bem fraquinhas. A banda ainda não tinha tomado uma direção musical, ora debandando para o reggae, ora para o estilo da Jovem Guarda. Destaque para "Babi Índio", "Toda Cor" e a brega "Sonífera Ilha".
- TELEVISÃO (1985): os Titãs dão um salto qualitativo em relação ao 1º álbum. Apesar da péssima produção de Lulu Santos, Televisão é recheado de ótimas músicas e letras bem esquisitas. Recomendo a faixa-título, "Dona Nenê", "Autonomia", "Massacre" e "Não Vou Me Adaptar".
- CABEÇA DINOSSAURO (1986): a 1ª das obras-primas titânicas. União perfeita entre letras políticas e uma sonoridade punk, foi um dos discos brasileiros mais influentes dos anos 80. Eu poderia destacar todas as faixas - "Igreja", "Homem Primata", "Estado Violência", "Polícia", "Bichos Escrotos", "Família", "Cabeça Dinossauro", "Tô Cansado", "AA UU"...
- JESUS NÃO TEM DENTES NO PAÍS DOS BANGUELAS (1987): outro CD genial, um dos meus preferidos. O som é mais limpo que o do seu antecessor, fazendo o álbum ainda soar atual nos dias de hoje. A banda entra de cabeça na música eletrônica, resultando em clássicos como "Comida", "Corações e Mentes" e, principalmente, "Diversão". Mas os Titãs mandam ver no rock politizado de "Desordem", "Lugar Nenhum" e "Nome Aos Bois".
- GO BACK (1988): o primeiro álbum ao vivo dos caras. É até legal, por ter no repertório várias músicas da banda que não foram hits, como "Pavimentação" e "Marvin", sendo que esta aproveitou muito bem sua 2ª chance e transformou-se em um dos maiores sucessos do banda. O remix da música "Go Back" também merece elogios.
- Õ BLÉSQ BLOM (1989): o último da 'trinca sagrada dos Titãs'. A banda retorna mais experimental do que nunca (incluindo o uso de bateria eletrônica e ritmos regionais), sempre com ótimas melodias e versos geniais. As melhores são "Miséria", "Flores", "O Camelo e o Dromedário", "O Pulso", "Deus e o Diabo", "32 Dentes" e a música que me inspirou a dar esse nome para o blog: "Racio Símio"!
- TUDO AO MESMO TEMPO AGORA (1991): o conjunto toma uma decisão que eu admiro muito - fazer um disco sujo e anti-comercial. A reação na época foi de repulsa, mas quem o ouvir sem ligar para o esporro sonoro e para as letras escatológicas adorará. Recomendo "Saia de Mim", "Obrigado", "O Fácil é o Certo", "Eu Não Sei Fazer Música" e "Clitóris".
- TITANOMAQUIA (1993): o primeiro CD sem Arnaldo Antunes, que decidiu seguir em carreira solo. Contudo, o agora hepteto consegue segurar a onda, ao flertar com o grunge (inclua nisso a ótima produção de Jack Endino). É um dos menos conhecidos álbuns dos Titãs, mas é um dos mais bacanas. Destaque absoluto para "Hereditário", "Será Que É Isso Que Eu Necessito?", "Disneylândia", "Taxidermia", "Nem Sempre Se Pode Ser Deus" e "A Verdadeira Mary Poppins".
- TITÃS 84-94 (1994): a coletânea que qualquer banda do Rock nacional gostaria de ter. Um disco duplo recheado dos clássicos deles, perfeito para iniciantes. Praticamente todas as músicas boas da banda foram compiladas.
- DOMINGO (1995): é o fim de uma era. Domingo é o último bom álbum dos Titãs. Aliás, foi o primeiro CD que eu ganhei na minha vida, em maio de 96, e é por isso que eu nutro um sentimento de adoração por ele. Mas analisando como crítico, e não como fã, é fácil perceber que a banda conseguiu ser pop sem ser comercialóide, e fez canções fantásticas como a faixa-título, "Eu Não Aguento", "Eu Não Vou Dizer Nada", "Qualquer Negócio" e "Ridi Pagliaccio".
- ACÚSTICO MTV (1997): se esse fosse um álbum de despedida, eu gostaria muito mais dele. Mas como foi uma maneira que os Titãs encontraram de se vender para as massas, a avaliação cai. Mas as versões desplugadas de "Diversão", "Comida", "O Pulso" e "Pra Dizer Adeus" são passáveis, e a inédita "Os Cegos Do Castelo" é agradável.
- VOLUME DOIS (1998): me recuso a comentá-lo. É para os Titãs o mesmo que "Anna Júlia" para os Los Hermanos - uma porcaria que fez sucesso, justamente por ser uma porcaria.
- AS DEZ MAIS (1999): só não é uma completa desgraça porque o cover de "Aluga-se" ficou bacana.
- E-COLLECTION (2000): perfeito para fãs radicais atrás de sobras de estúdio, como "A Marcha do Demo" e "Saber Sangrar".
- A MELHOR BANDA DE TODOS OS TEMPOS DA ÚLTIMA SEMANA (2001): despretensioso. As canções "A Melhor Banda De Todos Os Tempos Da Última Semana", "Isso" e "Epitáfio" fizeram sucesso, mas as melhores são "Vamos Ao Trabalho" e "O Mundo É Bão, Sebastião".
- COMO ESTÃO VOCÊS? (2003): falta energia, os Titãs ficaram muito soft-pop, não têm a mesma animação de antes. As 3 mais são as que fazem boas críticas sociais, "Gina Superstar", "A Guerra É Aqui" e "KGB".