1. Minha primeira semana (oficial) de férias foi ótima. Consegui fazer tudo o que queria, inclusive ler "Wilhelm Meister" em um bom ritmo. Se eu mantiver minha média de 70 páginas diárias, provavelmente conseguirei terminá-lo quarta à noite. Aliás, nem preciso dizer o quanto estou adorando este livro. Tecnicamente impecável, estilisticamente charmoso e repleto de personagens envolventes e frases espirituosas. Estou até me identificando com Wilhelm, que, assim como eu, tem certa ingenuidade: entende e compreende muito de literatura, mas bem pouco de pessoas propriamente ditas.
A seguir, mais algumas passagens interessantes deste fabuloso romance:
"Sem nunca ter avistado esses objetos na natureza, o senhor reconhece a verdade na imagem; (...) raramente tenho encontrado uma pessoa como o senhor, que conhece tão pouco os homens com os quais vive e tão radicalmente os confunde." (p. 255)
Aurelie, sobre Wilhelm
"Tão propenso anda o homem a dedicar-se ao que há de mais vulgar, com tanta facilidade se lhe embotam o espírito e os sentidos para as impressões do belo e do perfeito, que por todos os meios deveríamos conservar em nós essa faculdade do sentir." (pp. 278-279)
Serlo, em conversa com a companhia
"Não lhe cabe perguntar: 'Quem és tu?', e sim: 'Que tens tu? Que juízo, que conhecimento, que fortuna?' Enquanto o nobre tudo dá só com a apresentação de sua pessoa, o burguês nada dá nem pode dar com sua personalidade. (...) Pois bem, tenho uma inclinação irresistível por essa formação harmônica de minha natureza, negada a mim por meu nascimento." (p. 285)
Wilhelm, em carta a Werner, refletindo sobre sua condição de burguês
"Qualquer coisa que pudesse corá-lo em sua língua materna, ele conseguia escrever com a consciência tranquila. Porque, para reservas, meias-palavras e mentiras, o francês é uma língua excelente, uma língua pérfida! (...) Ser pérfido é ser infiel com prazer, arrogância e alegria maligna. Oh, que invejável a cultura de uma nação que sabe expressar numa única palavra matizes tão sutis!" (pp. 332-333)
Aurelie, em conversa com Wilhelm
2. Minha alimentação também vem sendo bem melhor do que eu estava acostumado em Brasília. Hoje, por exemplo, foi a uma steakhouse chamada Capital e comi um delicioso Capital Cowboy Sandwich, com molho barbecue e tudo mais.
3. Em uma Copa América que, assim como a Copa do Mundo do ano passado, começou mal e foi melhorando ao longo das rodadas, ganhou o título a seleção que mostrou mais coesão e garra. Os uruguaios se consagraram após merecidos 3x0 nos "empatistas" do Paraguai.
Após a eliminação precoce no torneio, ficam algumas lições para Brasil e Argentina, porém o caso não é para tanto drama, como nossa imprensa está fazendo. Acredito que ambas as seleções estão no caminho certo, precisando apenas de mais treino e experiência para deslancharem. Afinal, de nada adianta ter tantos talentos se eles não estão acostumados a jogar juntos. Deu certo para o Uruguai a combinação de craques (Forlán e Suárez, principalmente) com coletividade (i.e., uma seleção em clima de "família"), e este exemplo pode ser seguido por brasileiros e argentinos.
4. Sobre a morte de Amy Winehouse, acho que tudo o que poderia dizer ou já disse, ou "disseram por mim" no Facebook. Sendo assim, cabe uma mera ironia do destino: comecei a ouvir Amy no início de meu último semestre de ensino médio, e ela faleceu às vésperas de meu último semestre de UnB. O motivo pelo qual finalmente parei para escutá-la não foi dos mais nobres. Porém, isso não me impediu de, nos últimos quatro anos, me deleitar com os geniais "Frank" e "Back to Black" várias vezes; tanto é que não me furtei de considerá-la um dos destaques musicais da década passada. É realmente uma pena que ela tenha morrido tão jovem, e em circunstâncias tão deploráveis (tudo indica que foi mesmo overdose). Porém, como diz o clichê, a música dela é eterna e, mesmo se o terceiro disco de Winehouse - que já estava pronto antes de ela morrer; deverá ser lançado em breve - não for tão brilhante, os álbuns anteriores já são suficientes para garantir a ela um legado. [Pena que o legado dela para a "cena" da música pop não foi igualmente meritório, já que Amy iniciou a tendência de artistas junkies ou calculadamente chocantes, que nos proporcionou cantoras patéticas como Rihanna, 'kitsch' como Lady GaGa, insossas como Katy Perry e trash como Ke$ha (se bem que eu até tolero esta última, rs)
- isso sem falar na ressurreição de Britney Spears.]