[Meu Facebook] [Meu Last.FM] [Meu Twitter]


 

 

Kaio

 

Veja meu perfil completo

 

 

 

 

03 setembro 2010

Revisão bibliográfica - parte 1

Hoje acordei renovado e de bem com a vida. Mesmo assim, estou rindo de algumas ironias do destino... Acho que preciso confessá-las para poder começar meus novos caminhos sem olhar para trás.

1. Parece que tenho uma mania de prever meu futuro. Minha vida parece um eterno retorno, rs. Dêem uma olhada no seguinte texto, que escrevi dois anos atrás. O que soava como ressentimento de "rejeitado na seleção" hoje soa como "um ciclo que se completa".

"Eles estão mais preocupados com extensão, 'retorno para a sociedade' e 'responsabilidade social', enquanto minhas prioridades contemporâneas são ensino, pesquisa (a sobre libertarianismo ainda está de pé) e responsabilidade individual. Logo, como diriam os Hives, 'I'm on my way, can't settle down'."

2. Sabia que já defendi o feminismo e a causa LGBT ("A quebra e reconstrução dos paradigmas da sexualidade") e o movimento estudantil engajado sob uma ótica "11ª Tese sobre Feuerbach" ("A falência (e a falácia) da UNE")? E isso mesmo já sendo direitista-libertário?

"... apenas me limito à expectativa de que os próprios universitários que forem ingressar na UNE, nos próximos anos, tentem trazer novidades (entenda-se: mudanças) para a mesma, para quem sabe reconstruir o movimento estudantil nacional. O sonho não acabou. Por enquanto."

"... é inegável que os homens realmente se impuseram, através dos tempos, como o lado mais forte. Há até quem diga que tal repressão às mulheres viria exatamente de machos reprimidos e temerosos em relação ao, por assim dizer, 'poder do buraco negro'."

Porém, foi alguns meses antes de entrar na UnB... Parece que foi preciso deparar-me com muito "fashionable nonsense" e "imposturas intelectuais" de DCE, UNE, Klaus etc. para descobrir a triste verdade. Não que hoje eu seja um machista e pelego; muito pelo contrário. O que houve é uma maior clareza, em questões de gênero & sexualidade e representação estudantil, sobre quais são: 1) as causas relevantes e 2) os meios adequados. É óbvio que retórica espumante, invadir reitorias e pichar murais não entram nessas categorias... 

3. Dia desses, achei uma redação cujo rascunho eu já postei no blog, exatamente 5 anos atrás. Transcreverei o original, pois este texto foi muito importante para a minha "bildung". Além da referência musical explícita (Joy Division, uma banda que eu havia conhecido dias antes, e já era fã), é uma história de amor e tragédia que, retrospectivamente, soa como o prenúncio da tal "fase dark" (2005-2006) sobre a qual tanto já falei aqui no blog. Confiram:


O amor vai nos separar


Breno estava ouvindo “Love will tear us apart”, do Joy Division. Ele amava aquela banda, e sua própria personalidade refletia isso: um pós-adolescente de vinte anos, gótico, triste e solitário. Foi quando escutou um barulho, em meio à soturnidade do seu quarto. Era Cecília.
Ela tinha tentado se matar. Se jogara da janela do quarto dela. Ficou ferida, mas não estava desfalecida. Breno foi resgatá-la. Ambos eram vizinhos há três dias, mas ainda não tinham se conhecido, já que ela, assim como ele, era depressiva, reservada e fã de pós-punk. Ela estava se recuperando do desmaio, e, enquanto ele botava curativos nos ferimentos dela, viu a camiseta dele, com a foto de Ian Curtis, e disse com uma voz embargada:
- Você... é fã do Joy Division?
- Sim. Também gosta dessa banda?
- E como! Sou fanática e obcecada por eles!
Poucos dias depois, eles já estavam namorando. Passavam madrugadas a fio escutando música e perambulando pelos becos da cidade. Só tinham um ao outro, e não sobreviveriam sem a companhia d’outro. Mas a vida sombria e o amor mútuo e intenso entre ambos jamais terminaria bem.
Passaram-se quatro meses. Breno queria fugir da cidade, e convidou sua namorada. Ela recusou, alegando que já se acostumara com a cidade decadente em que eles moravam. Eles brigaram feio, e a discussão foi maior ainda devido ao tédio e desesperança do casal – sem amigos, sem perspectivas, sem nada. Prometeram que jamais se veriam novamente. Mas sabiam que, inevitavelmente, aquilo seria fatídico para ambos.
Na noite de dois dias após a briga, Cecília recebeu uma carta. Era de Breno. A carta só tinha três fases e o nome do remetente. Dizia: “She’s lost control. Heart and soul. Love will tear us apart”. Traduzindo ela soube o que ele quis dizer ao citar o nome de três clássicos do Joy. Só podia ser aquilo que ela imaginava. Ela, então, correu desesperadamente em direção ao quarto dele.
Quando ela entrou lá, sentiu um “dejà vu” dele com Ian Curtis. Breno estava morto, enforcado por uma corda e caído em cima da cama. Havia cometido suicídio. Ela chorou, e soube logo que aquela era A hora de fazer o que tanto desejava. Ligou o som, colocou na vitrola o disco “Closer”, do Joy Division, abriu a janela e se jogou dela. A vizinhança, minutos mais tarde, encontrou um cadáver de uma moça na calçada.

 

Comentários:

 

 

[ << Home]