I - Adorei "A República"! Mal posso acreditar que só agora fui lê-lo para valer. Aos 15 anos, ele foi leitura do Café Filósofico (na época, Oráculo) lá no Classe, mas o professor usou uma edição resumida da Scipione, então não deu para acompanhar bem pela minha versão integral - e que, ainda por cima, era da Martin Claret, rs.
Dentre os dez livros, aqueles que tiveram discussões mais interessantes foram o VI e o VIII. Aquele, com sua crítica devastadora aos sofistas e a formulação de uma teoria das idéias, e este, atualíssimo em suas considerações sobre o caráter da cidade e do homem democráticos.
O livro tem passagens controversas, especialmente no livro V e suas propostas de engenharia social, que vão da eugenia ao fim da propriedade privada (pelo menos para os guardiões e auxiliares). Porém, nem mesmo a distância de 2300 anos prejudicou a sensatez da maioria das idéias professadas em "A República". Talvez porque a preocupação com a justiça e uma ordem social mais equilibrada sejam temas atemporais, certo?
O valor literário da obra também merece destaque. Surpreende-me o fato de que os diálogos não são tão utilizados como estratégia discursiva dos filósofos. Por que as exposições intrincadas, complexas e herméticas (ou hermenêuticas, sei lá... qualquer palavra complicada que virou fetiche conceitual) predominam na área da Filosofia há tantos séculos? É preciso escrever de forma pouca clara para parecer mais profundo? É necessário ser incompreensível para se considerar sofisticado? Aliás, é esta a palavra certa. Mesmo correndo o risco de opinar sobre algo que não conheço muito, ouso dizer que a filosofia acadêmica, desde o século XIX, está infestada de sofistas, bastante preocupados em agradar a platéia com um discurso apocalíptico e em soarem rebuscados com uma linguagem mais complexa dos que as idéias emitidas.
O que Platão diria sobre eles? E como os relacionaria com o colapso moral típico das sociedades democráticas? Posso lhes garantir que estamos menos distantes da Grécia do período clássico do que gostaríamos de acreditar. Só falta um tirano para que a tragédia (ou comédia, tendo em vista os personagens medíocres?) fique completa.
II - Semana que vem darei uma palestra sobre "A República" no CEAC, o que será um bom pretexto para fichá-lo com cuidado, o que já irá me deixar preparado para ITL - farei na turma do Sobral, e esta obra platônica será tema da 1ª prova.
III - Já comecei a ler "A Poética" de Aristóteles, e mais uma vez me deparo com o estilo claro e preciso deste filósofo, o qual já havia observado anos atrás em "Política" e "Ética a Nicômaco". Poucos homens conseguiram expressar tanto bom senso sobre a alma humana e a vida em sociedade. Dentre seu imenso leque de temáticas, até suas considerações sobre arte se tornaram canônicas, como percebo pela leitura.
Aliás, é outro livro que precisarei fazer um fichamento, para me lembrar de todos os conceitos.
IV - Aproveitando que estou falando de gregos, nada como mencionar meu melhor programa de férias: assistir a Cavaleiros do Zodíaco na Band, às 8 da manhã, de 2ª a 6ª. Também estou acompanhando alguns episódios pelo YouTube quando como Miojo aqui na kitnet (adoro comer vendo algum vídeo!). Estou percebendo detalhes novos; por exemplo, que Shun de fato é muito poderoso, quando larga seu pacifismo afeminado e se propõe a lutar a sério.
V - Tirei SS em todas as matérias que fiz no semestre passado! Meu ego nerd agradece a subida de meu IRA (4,74 -> 4,82). Agora, é esperar o servidor do MatrículaWeb ficar menos lotado para pedir as disciplinas do 2/2010; ou seja, amanhã!
Pretendo fazer Introdução à Teoria da Literatura, Evolução das Idéias Econômicas e Sociais, Ética, Técnicas de Pesquisa em Ciência Política e Tópicos 3 (Formação e Dinâmica do Mundo Moderno). Quanto às três primeiras, especialmente ITL, já cogito a possibilidade de ter que pedi-las no ajuste ou para o(a) coordenador(a).