Un chat dans le chat
- Eu sei, Júlia, mas de nada adiantaria eu falar do lado "absolutista" da minha ética para o H. Embora essa faceta mais light e moderninha tenha sido ineficaz, de nada adiantaria eu apelar para a crítica ao relativismo moral em minha defesa do individualismo filosófico.
- Acho que o problema é que tanto o Henrique quanto a Alice estão em um campo lógico diferente do nosso... Eu também tentei falar de coisas sérias com ela hoje à noite, mas ela nem deu muita bola. César, estou começando a desconfiar que o Egoperspectivismo é uma teoria literária fadada ao fracasso.
- Não diga isso... Lembre-se da missão intelectual que estabelecemos, quase dois anos atrás!
- Ah, sim, o lendário 12 de Setembro de 16 d.M. Dia do nosso, hã, pacto. Como eu poderia esquecer? Fazia só um mês que nós havíamos nos conhecido, e já éramos melhores amigos. Estávamos em uma sintonia tão intensa que decidimos tomar cuidado.
- É mesmo, até que você estabeleceu uma espécie de lei para nossa relação: "Não namoraremos, casaremos ou teremos qualquer tipo de relação física e amorosa enquanto não estivermos suficientemente maduros". Até que eu fiz uma emenda para que nós tivéssemos uma garantia de que nossa cumplicidade não fosse prejudicada, não foi?
- Pois é, prometemos um ao outro que desenvolveríamos projetos intelectuais durante os anos que fossem necessários até que estívessemos "prontos". Eu me incumbi de escrever um tratado sobre literatura, e você ficou responsável por escrever um romance filosófico. Assim, mesmo com empreitadas diferentes, de alguma maneira precisaríamos conectar nossos conhecimentos para termos êxito.
- Mas, será que continuaremos com esse projeto daqui a, sei lá, dois anos? Afinal, já estamos na universidade, e a qualquer momento um de nós dois pode querer se envolver com outra pessoa. Não que eu esteja gostando de alguma garota; continuo o solteirão e BV de sempre.
- Ué, não estamos proibidos de fazer isso, César. Inclusive seria até melhor se tanto eu quanto você nos apaixonássemos e ficássemos com outro(a) alguém. Acho que é parte do processo. Castidade, se passar de certos limites, vai contra a liberdade individual. Duvido que estaremos maduros se não tivermos experiências - e fracassos, por que não? - no campo do amor.
- Entendo... Então, pacto renovado? Tanto eu quanto você continuamos com a convicção de que temos um objetivo a longo prazo, mas que temos toda a liberdade de fazer o que quisermos antes disso?
- Claro! Nem que você vire meu estepe, caso eu me torne uma balzaquiana com 2 divórcios nas costas, hehe! Esteja preparado, se eu ligar dizendo "Agora!", I mean it!
- Beleza, então, haha. O mesmo vale para você. Mudando de assunto, vai pegar quais matérias no semestre que vem?
- Ah, desde que desisti do fluxo de Economia mais hardcore - Cálculo 1 me frustrou! -, resolvi que estudarei mais Letras, mas sem abandonar meus amados "supply and demand". Farei TPM, EVIES, ID1, EA, IEH e ESAL. E você?
- Ah, assim como você, farei TP Moderna e Escrita e Sociedade. Além disso, FPP, TPClá, IMCS, FEB e POL ECO MUN.
- Hum, muita coisa de POL, não? Falando nisso, já arrumou suas malas para o congresso de Ciência Política? A viagem é amanhã à noite, não se esqueça!
- Relaxa, está tudo em ordem. Só falta minha mãe me mandar o dinheiro para a alimentação. E vem cá, a meia-dúzia de pessoas de REL que irão na viagem já sabem que você não quer entrar na pesquisa deles, né? Lembre-se que, no seu curso, o pressuposto é "se um(a) calouro(a) vai em qualquer evento mais orientado para a 'seita dos veteranos acadêmicos', é para puxar saco e ser aprovado na próxima seleção"!
- Ai, ai, você e sua distorção das piadas internas! E nem me importo se eles sabem disso ou não, a opinião das pessoas sobre minhas escolhas me é irrelevante. Ok, antes que minha arrogância continue crescendo, vamos lá pegar uns salgados? Já estou com fome.
- Ok. Enquanto isso, me conta o que você achou do novo disco do CSS...