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Kaio

 

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13 fevereiro 2010

Kiss of Life

Nem imaginava que os colóquios seriam uma maneira tão bacana de aquecer as minhas férias. A idéia de me reunir toda semana com quatro ou cinco amigos para debater descontraidamente temas filosóficos, políticos e econômicos veio bem a calhar. Por exemplo: o de ontem, sobre Hazlitt, envolveu discussões que foram desde consumo de capital até a liberdade como fundamento ético.
É por essas e outras que quero fazer o PIBEX do grupo de estudos. Preciso criar uma nova frente para essas discussões; deixar claro o caráter coloquial do colóquio (mil perdões pelo pleonasmo!) e permitir leituras e debates mais aprofundados por meio do grupo. Já pensei em uma ementa provisória: os oitocentistas Dostoiévski ("Os Irmãos Karamazov"), Tocqueville ("A Democracia na América"), Mill ("Ensaio sobre a Liberdade") e Thoreau ("Walden") no 1º semestre, e no 2º, o século XX através de Mann ("A Montanha Mágica"), Mises ("Ação Humana"), Popper ("A Sociedade Aberta e seus Inimigos"), Rand ("Quem é John Galt?") e Hayek ("Os Fundamentos da Liberdade"). Dos livros citados, só me falta ler 2/3 do livro do Alexis de Tocqueville e o do Karl Popper inteiro.
A idéia, como disse dias atrás, é ter estas leituras como ponto de partida para reflexões e confrontos de visões sobre alguns temas e valores que marcaram o pensamento ocidental. Sendo bem dramático, é redescobrir a base filosófica de nossa cultura, tanto na arte quanto nas ciências humanas/sociais. Por um lado, é um think tank, mas também um empreendimento acadêmico, de busca do conhecimento. Tomara que este projeto de extensão dê certo, pois estou muito animado para ver o Grupo de Estudos Humanistas funcionando a pleno vapor durante 2010. Só espero que eu não me cegue pelas minhas ambições; equilíbrio e moderação sempre, right? Tenho que aproveitar a universidade da maneira pela qual ela sempre deveria ter sido aproveitada: enriquecimento intelectual.

Hoje foi a última aula de Crítica Literária. Recebemos as menções (tirei SS, yay!), basicamente. Ontem foi a apresentação dos trabalhos em grupo sobre poetas contemporâneos. Dois deles resolveram, um sem saber do outro, falar sobre Hilda Hilst - e eu estava em um deles, rs. Porém, acabou que isso foi interessante: enquanto meu grupo interpretou "Alcóolicas" (um dos primeiros poemas da fase mais erótica e contraventora dela, nos anos 90), o outro analisou "Sonetos que não são", de 50 anos atrás, da fase mais 'formal' e hermética de Hilst.
A matéria foi extremamente proveitosa. Eu era um leigo em poesia brasileira até sete semanas atrás; hoje, já sei algumas coisas, depois de ler, dentre outros, Ferreira Gullar, João Cabral e Carlos Drummond, além de críticos e teóricos como Antonio Candido e Benedito Nunes. Dentre os 'gringos', lemos, p. ex., Michael Hamburger e Adorno. Meu professor foi muito bom, tornando a disciplina interessante do início ao fim.
Agora, é esperar pelo semestre letivo! Estou pensando em fazer Análise Política, Identidade Nacional, História Social e Política Latino-Americana, Sociologia do Conhecimento e Introdução à Filosofia. E ainda terei monitoria de Teoria Política Contemporânea, PET/POL (com ciclo de pesquisas, extensão e tudo mais) e, possivelmente, o supracitado PIBEX. Tomara que eu não esteja pegando atividades demais, pois quero ter tempo para ler livros "extracurriculares" e ter vida social.

Deu vontade de voltar a escrever alguma coisa para o livro. Resolvi fazer um trecho com a Alice narrando. Comentem, mesmo se for para espinafrar!

Recentemente, a Giovana me disse que meu problema (e que, talvez, era o dela também) é a falta de um norte. Enfim, relativismo moral, inexistência de referenciais, buraco existencial. Ela anda em uma fase muito filosófica, sabe? Ainda mais agora, pois resolveu "voltar" a ser católica e deixou de ser feminista/LGBT/multiculturalista, alegando que se definir pela defesa veemente de seu gênero, sexualidade e raça/etnia já não lhe fazia mais sentido. Diz ela que isso é fruto de uma recente epifania, por meio da qual ela se reencontrou consigo mesma. Minha amiga diz que não conseguirá mais viver com valores fluidos e flexíveis, ou se apegando a debates e questionamentos mais pontuais e rasos.

Achei engraçado quando ela disse que minha noção de sexo e relacionamentos é problemática. "Ao não relacionar prazer físico com sentimentos e afeto, você cai num vazio, Alice; sua vida perde todo e qualquer sentido. Vira mero hedonismo, em que você evita se envolver com as pessoas, retirando delas apenas aquilo que lhe convém imediatamente. Pode me chamar de careta ou reacionária, mas eu acho isso parasitismo emocional. Fraqueza, talvez superficialidade! Não me leve a mal, mas uma hora ou outra você vai entrar em colapso. Não que isso já não tenha acontecido algumas vezes, mas você sempre fugiu de seus problemas assim que tinha uma crise. Saiba que não poderá escapar para sempre. Pense bem, Alice, e você verá que se autoproclamar junkie não é tão glamouroso quanto você acha".
Óbvio que eu ri muito dela. Disse que aquilo era coisa de gente moralista, que não podia acreditar que minha melhor amiga estava querendo me ensinar como viver "para o bem", e por aí vai. Ao contrário do que acontecia antes (quando eu tinha um poder enorme sobre as emoções e pensamentos da Giô), ela nem ligou muito. Falou que entendia perfeitamente, e que nós voltaríamos a ter aquela conversa quando eu estivesse mais preparada.
Às vezes fico sem entender; ela ficou muito mais autoconfiante desde aquela epifania (?) no mês passado. Convivo com ela há quase uma década (5ª série, se não me engano), e já estava acostumada com a interminável crise existencial que ela tinha. Aliás, era naquilo que nossa amizade, em seu lado cooperativo, se fundamentou: eu a ajudava quase diariamente a resolver suas neuras, e ela me dava todo o apoio quando, rara e inesperadamente, eu surtava.

Porém, agora já não sei se esse pacto funcionará. Ela está tão... serena nos últimos dias que anda até me assustando. Não que ela tenha resolvido todas as coisas que a angustiam (se eu fosse listá-las, vocês não aguentariam ler nem 1/5 delas); porém, ela já não tem mais aquele ar derrotista, de quem já está cansada de lutar contra seus monstros internos e externos. Nem sei se deveria confessar isso, mas estou com uma pontinha de inveja: era eu a mais equilibrada de nós duas, poxa! Era sempre eu quem a socorria quando ela chorava copiosamente, ou nas vezes em que nutria desesperadamente amor e ódio por tudo e todos, ou mesmo fracassava em algum relacionamento... E agora? Será que minha máscara (se é que eu tenho uma) vai cair? Eu terei que recorrer ao colo dela, e não o contrário?
Acho que o melhor a fazer é esquecer isso. Hoje começa o Carnaval, e eu preciso ficar "mindless" quanto a tudo: sexo, compromisso, bebida, música, party... Enfim, diversão. Prometo que volto a pensar nisso em breve. Vou chamar o Henrique e o Mário para sairmos daqui a pouco; acho que eles estão "na gala", por assim dizer, rs. A Giô já disse que vai ficar em casa mesmo. E o César e a Júlia disseram que sairão sem falta conosco amanhã (combinamos de ir em uma boate mais de rock), mas que hoje preferem ficar lendo e estudando. CDFs, ai, ai...
Estas férias estão sendo maravilhosas. Estou me sentido uma Lolita Pille, hehe! Quase todo dia, durmo às 7 da manhã para acordar às 4 da tarde, saio freqüentemente, já "conheci" muita gente, e até descobri uns lugares novos. Só volto a pensar na faculdade daqui a duas semanas (matrícula das matérias, you know...), e de novo na 1ª semana de aulas. Isso se não tiver greve, né? Com licença, vou ouvir Prodigy enquanto me arrumo. Hasta!

 

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