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Kaio

 

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03 maio 2009

Tender

Já antecipei ontem, pelo Twitter, através de 4 postagens, o que eu irei falar mais detalhadamente aqui em Racio Símio: como o dia de anteontem foi histórico.
É claro que os motivos pelos quais eu o classifico assim não são todos bons, mas unanimente corroboram para a minha tese de que 1º/5/2009 foi marcante. Além disso, vou aproveitar para falar um pouco de ontem, também.
Vamos aos fatos, portanto - e em forma de historinha, com personagens fictícios representando fatos reais e tudo mais (tirando o nome dos times do COPOL, que serão mantidos). É um post longo, portanto tenham paciência.

6h50. César acorda e começa a se arrumar para o COPOL. Ele navega um pouco na internet antes do colega que ia lhe dar carona chegar, uma hora depois. Seu 1º jogo era o terceiro do dia, mas conseguiu chegar a tempo para ver a partida de abertura do torneio.
Houve momentos engraçados, mas César estava mesmo era ansioso para duas coisas em particular: I - A partida de estréia, II - Quando Flor, a garota do "código", iria chegar. A primeira problemática logo se resolveu, e infelizmente seu time perdeu - de virada - o jogo, por 4 a 2, para os Campesinos Maquiavélicos, time formado majoritariamente pelo pessoal de seu semestre (ele está no Weber Brahma, onde é pelo menos 3 e até 6 semestres mais novo que o resto da equipe). Ele só jogou uns 3 minutos, nem dando para tocar direito na bola.
Sua mãe ligou, dizendo que tinha chegado a Brasília (uma surpresa, pois ela ainda não havia lhe dado certeza que iria), e disse que precisava buscar as chaves do apartamento. César falou para ela que seria muito longe (afinal, o COPOL foi no "ParkAway"), mas ela insistiu, e ele e o dono da casa passaram o endereço. Ela chegou durante o intervalo do 2º jogo do Weber (derrota de 2 a 1 para o Finado Chicó, em uma partida mais equilibrada do que o esperado), e o problema foi resolvido.
Pouco depois, o "código" chegou. Porém, seguiram-se horas em que César tentava falar com ela, mas não conseguia sair do bloqueio, trava. Até andava perto e/ou ficava a observando, mas não conseguia puxar assunto. Em uma das poucas ocasiões em que o fez, perguntou rapidamente se ela tinha ouvido o CD que ele lhe gravara, e, como ela disse "não", achou melhor não insistir. Comportou-se, contudo, como uma espécie de "garoto tímido com trejeitos de stalker", algo que não é novidade para ele.
O terceiro jogo foi uma pequena alegria no meio desse turbilhão de emoções. Empate em 2 a 2 com um dos favoritos (e decepções) do torneio, o AI-5, e um dos gols do WB foi... de César! Em meio à confusão dentro da área em um escanteio, conseguiu livrar-se da marcação, chutar, e a bola ainda desviar de leve em um zagueiro. Ele consideraria gol contra, mas todo mundo achou que foi um 'goal' dele mesmo, então, prevaleceu essa opinião, inclusive nos 'papéis oficiais' do jogo.
Depois disso, ele dividiu seu tempo entre acompanhar os jogos das demais equipes e ficar conversando com o pessoal na área principal, que tinha cozinha, cama elástica, cadeiras e tudo o mais.


Quanto ao futebol: no grupo A, o Finado Chicó (time do pessoal do 4º semestre), a despeito de algumas polêmicas (como escalar 1 jogador de fora do curso a mais que o permitido, algo que lhes custou 3 pontos), ficou em primeiro lugar, com 6 pts. Os Campesinos fizeram a mesma pontuação, mas perderam no confronto direto. AI-5 em 3º, e Weber em último, ambos com 1 ponto, mas estes tiveram saldo de gols pior.
N'outro grupo, tivemos a ausência do time dos neófitos (Go Go Boys do Presidente), levando a um triangular: Butina de Ferro (5º e 6º semestres) venceu Medida Provisória (pessoal do 7º), que derrotou Os 8 de Brumário (9º semestre), que também perdeu para o Butina.
Nas semifinais, que foram sob forte chuva, os Campesinos Maquiavélicos perderam por 4 a 1 do Butina de Ferro, enquanto que o Finado Chicó superou o Medida por 2x1. Na finalíssima, o F.C. sagrou-se campeão, ao vencer de virada o Butina: 3 a 2. Foi um jogo tenso e emocionante. Porém, César acha que acabou sendo vencedora uma equipe que não tem tanto o espírito do COPOL. Algo lhe diz que eles levaram o torneio a sério demais, treinaram táticas, discutiram com a arbitragem, tinham torcida organizada... Faltou o caráter amador que tanto permeia o campeonato futebolístico da Ciência Política.

Agora, o assunto principal dessa pequena saga de César. Pois bem, ele continuou bancando o estranho quando via (ou tentava conversar) com a Flor, e a coisa não melhorou muito depois que ela começou a beber. Se ele já se sentia meio deslocado na hora de conversar com certas pessoas quando ambas estão sóbrias, a situação piora quando elas entram em "estado etílico" e ele continua clean. Não que ele as recrimine por isso, mas é inegável que surge certa, sei lá, desigualdade de condições mentais (e até físicas).
Pois bem, conversa vai, conversa vem, e César descobriu que um amigo dele, Edgar, poderia ser a pessoa de quem o "código" gosta. O rapaz não sabia que nosso protagonista estava apaixonado pela Flor, mas o descobrira, através de alguém, durante o COPOL. Só que, como ele estava bêbado, acabou contando mais do que o esperado (e até mais do que César gostaria de saber), sobre o passado e o presente dele e da Flor, levando César a ficar com uma dúvida cruel na cabeça: "Será que é ele mesmo o pretendido dela?"
Cerca de 15 minutos depois, ele teve a resposta. Edgar estava esticado em uma cadeira perto dele. Flor foi lá, conversou rapidamente com o rapaz, depois o puxou e saíram. César continuou assistindo ao jogo, embora preocupado. Pouco depois, ele não resistiu à curiosidade, e virou seus olhos para a esquerda. Eis a cena: a cerca de 30, 40 metros de distância, Flor e Edgar estavam... ficando.
César confessa que quase chorou na hora, mas estava tão perplexo com aquela situação que não conseguia se expressar com lágrimas. Foi ao banheiro, e ficou alguns minutos se olhando no espelho e conversando consigo mesmo, tentando entender tudo aquilo que havia ocorrido. Depois disso, seguiram-se duas horas e meia em que ele ficou andando a esmo (mesmo durante momentos em que estava chovendo), completamente desnorteado.
Pois é, a vida deu um baita tapa na cara de César. Ele teve sua 1ª experiência concreta no que diz respeito ao esquema "gostar de uma garota, ela saber disso, o 'pretê' dela também, e isso não impedi-los de ficarem em público". Foi um desencanto dos mais chocantes se deparar com uma situação daquelas. Nos casos de 10 e 15 d.M., o "não" das garotas foi mais simbólico e sutil, e não tão explícito.
Além disso, ele se depara com alguns outros problemas. Por exemplo, assumir uma postura ética de não querer se envolver com uma garota (por mais que goste dela) que tem algo com um amigo seu. Além disso, fica em profunda dúvida: será que vale a pena continuar sofrendo e insistindo em alguém que, muito dificilmente, será recíproca em relação ao seu 'gostar'?


Porém, César está certo de que deve analisar a situação por outras variáveis, afinal uma coisa é essencial: ele, em hipótese alguma, deve se fazer de vítima. Nosso protagonista está vendo claramente que é tolice culpar a Flor ou qualquer outra pessoa pelo que aconteceu anteontem. O problema é exclusivamente em relação a ele e suas atitudes (ou a falta delas).
César continua sendo muito inocente e sistemático na hora de lidar com as pessoas, especialmente aquelas por quem ele sente algo diferente. Continua a superestimá-las, a encarar os fatos através de teorias comprovadamente falhas e, principalmente, a cair na auto-piedade. Se persistir com esse jeito deprê auto-indulgente de pensar e agir, continuará apanhando da vida.

E agora, o que fazer? A escolha mais sábia e sensata de todas seria esquecer a Flor, e tocar a vida para frente – sem ressentimentos e neuras, sem remoer nada. Além disso, ser mais laissez-faire a respeito de relacionamentos, evitando dogmas tais como “esperar a garota certa”. Porém, César sabe muito bem que uma coisa é ter um discurso reformista, outra é transformá-lo em prática. E é este justamente o maior desafio dele: reagir bem a esse “choque de realidade”, sem cair nos extremos.
Trilhas sonoras para seu novo momento não faltam. Além do “dark side” dos Pixies (“Hey”, “Where Is My Mind?”, “Is She Weird”, “Gouge Away”…), ele selecionou a sua música oficial do pós-fossa: “Tender”, do Blur. Consciente de que “tender is the day the demons go away”, ele faz coro à dor de cotovelo de Damon Albarn: “Come on, get through it. Love is the greatest thing that we have. I’m waiting for that feeling to come.”

Antes de encerrar a descrição de suas aventuras, César tentou relembrar-se rapidamente de como foi a noite de 1º de Maio. Tão intensa em eventos quanto o resto do dia, ela será injustamente minimizada e ofuscada por aqueles poucos minutos em que nosso protagonista teve a tal “revelação”.
Pois bem, ainda no COPOL, depois de horas de “caminhada deprê”, ele resolveu extravasar um pouco seu turbilhão de emoções reprimidas, e pulou na cama elástica durante alguns minutos, cantando alto algumas de suas músicas favoritas (é claro, aquelas adequadas para o que sentia naquele momento). Foi uma maneira de, simultaneamente, libertar-se um pouco de sua dor e fazer um contraponto à música ruim que estava tocando no som (forró e adjacências), e que as demais pessoas dançavam.
Mais tarde, ele pegou carona, em um carro lotado: sete pessoas. Após algum tempo na casa de um colega, ele saiu com alguns amigos (inclusive o próprio Edgar) para ver um show (gratuito, o que é melhor) de uma banda cover de Beatles. Foi um ótimo concerto, e apesar de ter chegado na parte final da apresentação, César ainda pôde conferir (e cantar junto) 8 ou 9 canções do quarteto fantástico de Liverpool.
Depois, eles foram fazer um happy hour dos mais gaiatos, que só foi acabar às 4 da manhã. Mesmo estando sóbrio durante todo o tempo, César não ficou deslocado durante àquelas horas. Pelo contrário, ele compartilhou das risadas de seus colegas, e por alguns momentos chegou até a esvaziar sua cabeça sobre os eventos problemáticos da tarde daquela sexta-feira.


Além disso, ele fez um esforço para contar para si mesmo “o dia seguinte” – o sábado, dia 2. Sua mãe veio lhe fazer uma visita, eles conversaram, foram fazer compras, almoçar, e em torno das 4 da tarde, ela iniciou a viagem de volta para casa, e ele foi até a biblioteca de sua universidade. Objetivo? Pegar o ônibus de graça que iria até o CCBB, onde ele tinha marcado de encontrar dois amigos para verem uma exposição sobre a Virada Russa, movimento de vanguarda do início do século passado. A noite foi ótima, e, após a exposição, eles foram comer crepes, enquanto tinham conversas divertidas e produtivas.
César, às onze da noite, chegou a seu recinto, ficou na internet até 2h30, pensando em coisas que escreveria em um texto-resumo de seus últimos dois dias. Acordou rapidamente às 5h30 e às 7h30, mas voltou para a cama e repousou até meio-dia. “E o resto é silêncio”.

 

Comentários:

 

 

agora olhe com seu outro olho.
"brinca do caixote"


CAM PE SIIIII NOOOOOOOOSS!!!!!!!!!


bola pra frente (trocadilho com o COPOL)...


César é como um espelho virado ao passado! Me lembra de tempos que a muito deixei!
Pragmatismo e cetismo infelizmente (não sei) se tornaram palavras de ordem.
Porem aventureiro pueril, não esqueças o que queres, porque sao coisas que ja esqueci faz tempo...


A efusão do fato, um rosto no espelho, poucos pensamentos na mente, coração acelerado, lágrimas incertas, alguma dor no peito, experiência total, aprendizado parcial, alguma alegria, bastante confusão, afogamento no silêncio, plenitude no som...Paixão e desilusão!


quanta dependência, meus caros. seus seres não passam de prolongamentos. continuem carregando vontades e construções sobre argila. esse erro faz rir..


.. dessa forma, se perde a auto-suficiência tão estimada ou se encontra o espaço nunca ocupado por ela - puro desejo de ter, ingenuidade enganadora.


Kaio, importante entender que não deveria ser por motivos éticos a sua não tentativa de ficar com a garota, mas simplesmente pela falta de reciprocidade. Posso falar que nesse caso é assim que funciona. Daqui a uns dias isso vai ser para vc nada, pq simplesmente foi nada, não aconteceu envolvimento, ficou na sua cabeça, tudo aconteceu na sua cabeça.


Ainda existem anônimos por aqui? Esse pessoal num muda mesmo hauhauhaua


Gostar sempre envolve certo deslumbramento em relação ao outro. Parece que você você esquece que, antes dela ser o real daquilo que você sonhou, ela é humana. Só, e simplesmente. Pior ainda, ela é mulher. E essa, meu caro, por experiência, é a pior espécie: ilude, maltrata, usa e descarta.
Já considerou que sua querida Flor pode estar buscando em seu amigo Edgar esquecer outro alguém?
Infelizmente, em terras apaixonadas nada é tão simples óbvio ou sistemático como gostariamos.


No fim das contas, isso não deveria estar escrito. Pelo menos não assim, de forma tão explícita, pra que todo mundo veja. A mim, parece falta de respeito. Birra. Pura vontade de despertar a piedade alheia. Porque, convenhamos, a sua auto-piedade já está bem acordada e trabalhando à bessa. Dá pra ver pela sua descrição tão maniqueísta e nem um pouco discreta. A gente aprende, Kaio.Eu aprendi, você, que é muito mais inteligente que eu, aprenderá. Espero que dá próxima vez as outras pessoas sejam poupadas de terem suas vidas devassadas. Escrever num blog cheio de propostas 'intelectuais' não torna isso mais bonito que um barraco no meio da rua. Comece a problematizar outros aspectos sob a 'ótica' dessa ética.


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