Bag It Up
Quinta e sexta eu estava muito ocupado com assuntos relativos à universidade: eleições, (infelizmente, ganhou o José Geraldo, mas com mais dificuldade do que eu imaginava: 51,6% dos votos), entrevista para o PET (pois é, passei na prova, e fui convocado para a 2ª fase do processo seletivo), textos e aulas, para ser mais exato.
Sábado eu resolvi fazer um agrado para mim mesmo, e, depois da aula de Francês, almocei no McDonald's. Além disso, li as quase cem páginas que me faltavam para terminar "Liberdade de Escolher", e ainda li o comecinho de outro livro do casal Friedman, "Tirania do Status Quo"; aproveitei também para esbanjar o fato de ter conseguido configurar o emulador de DS, e joguei horas de "Pokémon Diamond".
Domingo teve Fórmula 1 (sem comentários, exceto inevitáveis alusões à absurda incompetência da Ferrari no pit stop de Felipe Massa e à primeira - e, provavelmente, única - vitória de Alonso no ano), Campeonato Brasileiro (Palmeiras, quatro anos depois, volta a terminar uma rodada como líder, embora tenha jogado mal contra o Náutico; tudo graças ao Gre-nal, que resultou em uma esmagadora vitória de 4 a 1 do Colorado), mais Pokémon e outra centenas de páginas lidas, dando prosseguimento à leitura do segundo livro da minha 'Friedman week'.
Hoje não tenho escapatória, portanto, vamos ao post.
Acordei cedo, e antes das 12h já tinha acontecido muita coisa: aula (e controle de leitura) de FEB, conclusão de "Tirania do Status Quo" (faltavam só 70 páginas; a propósito, gostei muito do livro, e pretendo fazer um post sobre o principal expoente da Escola de Chicago em breve), descoberta de que Kaio não havia sido selecionado para o PET e almoço.
À tarde, aula de POL ECO MUN, conversa com uma petiana em que ela discorreu sobre o processo de seleção e o porquê de Kaio não ter sido escolhido (juro que não fui eu quem puxou o assunto, mas sim ela), leitura e escrita do resumo de minha parte no seminário roleta-russa de Rousseau (a propósito, meu grupo nem foi sorteado, hehe), aula de TPM, notícia na Globo de que o Congresso americano não aprovou o pacote e as bolsas despencaram (em outra postagem exponho minha visão sobre a crise imobiliária) e volta para casa.
Vamos aos tópicos a serem discutidos no resto do post:
1 - A Questão PET/POL: Pois é, fui rejeitado pelo Programa de Educação Tutorial em Ciência Política. Os três selecionados eram de semestres mais avançados (ok, 3º e 4º, mas ainda assim meus 'gerontos') e tinham mais "bagagem" e experiência que eu (como participação em atividades de extensão, militância em movimento estudantil e, ingresso em pesquisa de professores da linha temática contemporânea do PET).
Fiquei chateado? Indubitavelmente. Porém, depois de uma reflexão no resto do dia, concluí que foi ótimo eu não ter sido aprovado. "Por quê?" Oras, porque eu estaria compromissado com uma empreitada que teria grandes chances de me frustrar.
Em primeiro lugar: a garota petiana disse que, embora ela mesma tivesse sido a favor de minha seleção, os outros membros estavam céticos quanto à possibilidade de eu ter "perfil de membro do PET" e conseguir trabalhar bem em grupo - afinal, eu mesmo confessei na entrevista que sou "egoísta".
Segundo, quem disse que eu gostaria de sacrificar tantas horas do meu tempo livre - ou inclusive aquele dedicado a matérias que estou a cursar - para ir às reuniões e outras atividades? Não que eu seja uma pessoa ocupada, mas não estou certo de que eu me devotaria para valer a um grupo que, atualmente, está estudando temas que eu não conheço tanto (embora até gostaria de saber mais sobre eles), tampouco tenho tanto interesse assim: movimentos sociais e ação coletiva transnacional, por exemplo.
Terceiro, por mais que isso soe como preconceito de minha parte, o fato é que a maioria do pessoal do PET - inclusive a tutora e uma das professoras que corrigiu a prova e estava na banca da entrevista - tem posições políticas bem distintas das minhas. Ou, sendo mais explícito, são de esquerda. Logo, eu minei minhas chances já na prova, ao falar o seguinte:
"Se, por um lado, a relativização dos valores e a crença de que as leis não são imutáveis - podendo assim os homens ter menos impedimentos para discursar e praticar aquilo “que a maioria quisesse” -, favoreceu o fortalecimento da democracia moderna, por outro foi responsável por doutrinas que foram atrocidades totalitárias, tais como o nazismo, o fascismo e, no meu entender, o socialismo. (...) O caso brasileiro demonstra com nitidez tais problemas. O populismo predominou durante grande do século passado, e suas implicações nem sempre foram das melhores; (...) o autoritarismo foi crescente, assim como a margem para os políticos manipularem seus eleitores com demagogia e promessas mirabolantes, e como a superestimação dos poderes do Estado para garantir o bem-estar social e o desenvolvimento econômico."
Entre a sinceridade e a firmeza na defesa de meus pontos de vista ou a hipocrisia e o 'puxa-saquismo' com a, digamos, linha editorial dos petianos, é óbvio que eu escolheria a primeira alternativa.
Quarto, na própria entrevista eu fui muito kaionista: falei rápido (óbvio que eu ia ficar tenso, embora tal condição nem seja necessária para que eu dialogue em 'velocidade 5', rs), disse que sou meio misantrópico e um pouco intransigente e que não fazia trabalhos em grupo no ensino médio por culpa minha mesmo (ainda disse que não conseguia achar pessoas com interesses parecidos com os meus naquela época, o que não é mentira). E não foi só isso, pois confessei que sou "uma pessoa excessivamente teórica" e pouco "pés-no-chão", e ainda relatei minha "transição ideológica", contando como migrei da esquerda para a direita, e, quando questionado, defendi minhas críticas ao populismo feitas na prova. Quando perguntado a respeito de meus gostos sobre cinema, musica e literatura, citei as predileções que me vieram em mente: "Cidadão Kane", Joy Division, James Joyce, Thomas Mann, 'economistas austríacos', Blur etc. A despeito do nervosismo, adorei meu desempenho na entrevista, mas certamente não era o que eles estavam procurando em um candidato, então, whatever.
Por último, eu me sinto bem mais livre e aliviado agora que tudo passou. Até me lembrei de uma leitura feita no final de 2006: "A Idade da Razão", de Sartre. Senti-me um Mathieu hoje, como se tivesse me separado de uma Marcelle (ou, sendo sincero, 'largado' por ela), mas depois constatando que isso era a melhor coisa que poderia ter me acontecido, pois teria me livrado de um compromisso sem um futuro promissor, podendo me desgastar se continuasse.
Ok, explicando melhor essa metáfora: agora estou com plena liberdade para conduzir os próximos anos de minha vida acadêmica, pelos caminhos que eu mesmo escolherei. Haveria até a possibilidade de concorrer ao PET/POL de novo no ano que vem, mas, tudo o mais constante, acho que eu não quero reatar um namoro com grandes chances de fracasso. Eles estão mais preocupados com extensão, 'retorno para a sociedade' e 'responsabilidade social', enquanto minhas prioridades contemporâneas são ensino, pesquisa (a sobre libertarianismo ainda está de pé) e responsabilidade individual. Logo, como diriam os Hives, "I'm on my way, can't settle down".
2 - Comentários sobre "Pokémon Diamond": se eu fosse um gay estereotipado, diria que achei o game M-A-R-A-V-I-L-H-O-S-O. Se fosse um machão desbocado, falaria "Cacete! Puta que pariu, brother, esse jogo é do caralho!" Como eu sou Kaio Felipe, apenas um heterossexual ordinário, posso tranquilamente afirmar que considerei "Diamond" como um game que corresponde aos seus propósitos, estando dotado das mesmas qualidades que fizeram dos jogos anteriores tão gabaritados. Além disso, conta com novidades e sutis mudanças que aumentar consideravelmente o "fator replay", especialmente entre jogadores 'hardcore' e mais familiarizados com a franquia. A quantidade de cidades e eventos destraváveis é sinal de que o game pode render pelo menos quarenta horas de muito o que se fazer. Os gráficos estão bons, mesclando estética 3D cel-shaded com cenários desenhados em 2D. A parte sonora, a despeito da voz dos pokémons continuar simplória e irritante, é bem superior à trilogia "Ruby"/"Sapphire"/"Emerald" quando o assunto são as músicas-tema das cidades e mesmo rotas.
Já estou com quase 6 horas de jogo e 2 insígnias, além de cinco monstrinhos no time: Prinplup, Staravia, Luxio, Machop e Ponyta.
Este post deveria ser mais longo, mas estou cansado e preciso estudar para a prova de IMCS de amanhã. Boa noite.