Standing in the Way of Control
Impossível.
"Skins" é bom demais!
Dando prosseguimento a "Track Track", falemos um pouco mais sobre cada um dos oito protagonistas:
- Tony: Mau-caráter, inescrupuloso, manipulador, auto-indulgente. Culto (vide citações que ele faz e livros que lê), carismático, improvisador, autoconfiante. Enfim, adjetivos não faltam para rotular quem é e o que quer Tony. Já no primeiro episódio fica bem claro que ele é capaz de fazer algo não porque (necessariamente) quer, mas sim porque simplesmente... pode. Com um ego desproporcional, ele se sente capaz de enganar, usar e se aproveitar de todos, inclusive da namorada e dos amigos. Será que, algum dia, ele se dará mal por pisar tanto em cima das pessoas? P.S.: Justiça seja feita, ele é sensacional.
- Sid: na prática, o personagem que aparece mais (pelo menos na primeira temporada), embora seja difícil falar em um 'spotlight' com tantos caracteres em evidência em "Skins". Tem um jeito bem nerd, embora seja um aluno relapso. Subestimado por família e amigos, que não se cansam de inferiorizá-lo. Virgem. Vive se metendo em confusões dignas de uma "Sessão da Tarde" inglesa. Nutre um amor por Michelle desde a infância, embora não seja correspondido. Destaque para um certo momento musical dele no 9º episódio.
- Michelle: No quesito amor, reciprocidade é algo que não existe na vida dela, pois não gosta do cara que a ama (Sid), mas é loucamente apaixonada por um rapaz que Michelle nem sabe se nutre algum sentimento por ela (Tony). Embora bonita (e inteligente quando precisa ser), ilude-se facilmente, e acaba sendo feita de capacho pelos outros, algo que a frustra, pois raramente é levada a sério.
- Jal: Segundo um teste que fiz, é quem mais parece comigo em "Skins", pelo seu empenho nos estudos e na busca por seus objetivos, além do jeito 'grosso' que lhe é peculiar. É a mais séria do grupo, e sempre coloca os outros contra a parede quando nota que eles não estão sendo honestos. Mesmo assim, não é tão sisuda a ponto de deixar de se divertir com os amigos.
- Chris: Porra-louca por excelência. Experimenta qualquer droga que vê pela frente, inconseqüente, irreverente, palhaço... Além do lar desestruturado (pai ausente, irmão morto precocemente, mãe que vai embora sem avisar), o outro ponto relevante sobre Chris é sua paixão descontrolada pela professora de Psicologia, Angie. Será que ela cederá às investidas de seu aluno mais serelepe?
- Cassie: "Lovely", mas desmiolada. Como já disse em outro post, ela é anoréxica, vive no mundo da lua e constantemente foge de seus problemas. "Just wow" como ela sobreviveu a tantos apuros, inclusive uma tentativa de suicídio. Vive tanto na fantasia que acaba se esquecendo que seus amigos se importam com ela. Até onde esse escapismo pode levá-la, não sabemos. "Totally".
- Maxxie: O gay da turma. Tem uma veia artística, pois é excelente desenhista e dançarino. Uma de suas poucas frustrações é o fato de que seu melhor amigo, Anwar, por motivos religiosos, não aceite bem sua homossexualidade. O 'seu' episódio tem uma cena que pode soar polêmica para muitos, embora pouca coisa me choque nessa década 00.
- Anwar: Muçulmano que vive o dilema de curtir a adolescência e/ou respeitar os dogmas e rituais de sua religião, o que também o leva a estranhar certos costumes de sua família. Divide com Sid as 'tags' de virgem e ingênuo, só que bem mais desesperado para conseguir se dar bem com as mulheres. Suas desventuras com uma bela russa são seu ponto alto na temporada.
Pode-se também fazer um apêndice para citar Effy, a enigmática irmã de Tony. Lacônica, acima de tudo. Isso sem falar na vida dupla: é uma garota que estuda em um colégio caro e cujos pais juram que é uma santinha, mas já no primeiro episódio a vemos chegar em casa lá pelas 8 da manhã, vindo de uma festa que deve ter durado a madrugada inteira. Seu disfarce é mantido com a ajuda do irmão, afinal Effy parece ser uma das únicas pessoas (além dele mesmo, é claro) com quem ele se importa.
Há outros coadjuvantes, mas, com a exceção da (já mencionada) atrapalhada profª. Angie e sua tensão sexual com Chris, poucos se sobressaem tanto como os caracteres que já citamos.
O roteiro é realmente muito bom, e, embora não se preocupe em evitar um ou outro estereótipo, retrata de uma maneira bem convincente a juventude inglesa - e, com algumas ressalvas, a de outros países também. Nada de inocência, afinal os 17 anos de idade e o fato de estarem ainda no Ensino Médio (se bem que a grade curricular deles é mais ampla que a brasileira, e ainda por cima com maior liberdade para montar a grade) não os impede de se envolverem em um mundo de sexo, drogas, violência e contravenção. Aliás, chegou-se ao ponto de a arte interferir na realidade, pois as festas insanas de "Skins" viraram tendência na Inglaterra.
Alguns chamam isso de decadência, mas, por acaso a situação já foi melhor mesmo? Tanta nostalgia e saudosismo de certos críticos senis causam-me desconfiança, pois não me parece que os jovens tinham uma vida maravilhosa nas décadas anteriores. A diferença é que, atualmente, há uma liberdade relativamente maior para definir os rumos da vida, seja por auto-destruição, aprimoramento intelectual, sociabilização intensa, diversão hedonista, busca de um sentido ou qualquer coisa que o valha. Claro que seria interessante se tal liberdade fosse acompanhada de maior responsabilidade, mas, enfim, nada é perfeito, ainda mais adolescentes.
Em termos gerais, gostei bastante da 1ª temporada, e mal posso esperar para ver os episódios extra e, é claro, a '2nd season'.