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Kaio

 

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17 julho 2008

Sobre meu 1º semestre na UnB

No dia 15, também descobri as menções que obtive nas sete matérias que fiz. Aproveitarei para falar um pouquinho sobre cada uma delas:

1. Introdução à Sociologia (a.k.a. "Sociologia"): minha primeira aula na UnB foi dessa matéria. Começou bem, mas com o tempo a doutrinação feminista e esquerdista da professora (e do monitor) cansaram-me. Se, no Ensino Médio, esta disciplina resumiu-se a Marx (haja ideologia e alienação!), Durkheim (haja determinismo e fato social!), Weber (mas, bem de vez em quando, o que seria compensado na universidade), violência e invisibilidade social - além de um ou outro comentário do meu professor falando mal da cobertura "tendenciosa" da Globo quanto à situação da Venezuela - , na faculdade fiquei saturado de direitos da mulher, violência contra a mulher, teorias feministas, racismo e efeitos negativos da globalização. Tsc.
Felizmente, embora entediante, Sociologia foi fácil. Certamente, meu SS mais garantido. Como fui bem nas provas (que pareciam mais um questionário de "você concorda ou não com as idéias da professora, independentemente das suas"?), nos trabalhos do Moodle e só faltei uma aula (a planilha de notas disse que eu faltei duas, mas devo ter esquecido de assinar a chamada em algum dia, pois só me lembro de ter faltado no dia 28/5), tirei nota superior a 9; provavelmente 9,3 ou 9,4. De quebra, embora não haja reciprocidade, a professora virou meio que minha fã, talvez por causa de minha participação na aula e porque eu sempre sentei na mesma carteira, na única cadeira azul da primeira fila do anfiteatro 11.

2. Introdução à Economia (a.k.a. "INTECO"): se eu já gostava de ciências econômicas antes de entrar na universidade, INTECO despertou um interesse ainda maior de minha parte por tal área. Com tantos pontos fortes (professor competente, seqüência do conteúdo adequada e bem didática, 'monitecos' sempre disponíveis para tirar dúvidas, alguns tópicos relacionados a pensamento econômico keynesiano x clássico e histórica econômica brasileira), não foi por acaso que, já em meu primeiro mês de aula, eu decidi que, nos próximos semestres, farei outras matérias da área, como Evolução das Idéias Econômicas e Sociais, Economia Internacional, História do Pensamento Econômico, Microeconomia e Macroeconomia.
Não estudei tanto para as provas e controles, não resolvi mais da metade das listas de exercícios, não fui em várias das monitorias (porém, foi a única matéria em meu 1º semestre que eu não faltei absolutamente nenhuma aula). Logo, minha nota foi apenas razoável: 7,5, levando a um MS. A minha velha sina em relação a matérias que exigem maior dedicação continua; ou seja, gostar bastante de um conteúdo não significa que eu vou bancar o aluno esforçado e gastar horas e mais horas estudando e resolvendo exercícios em casa. Afinal, eu posso (e de fato, fiz isso) gastar este tempo precioso lendo Mises, Hayek, Keynes (sim, até o herege!), Roberto Campos e outros.

3. Introdução ao Estudo da História (a.k.a. "IEH"): a última matéria que eu peguei. O que era para ser um estepe para o meu malogro em conseguir Introdução à Filosofia revelou-se uma aula interessantíssima. Tive noções básicas de Teoria da História, e ainda li bons textos (destaque para os dois últimos, "A Biblioteca de Babel" e "Funes, O Memorioso", retirados do livro "Ficções", de Jorge Luis Borges). Em IEH tive três professores: a 'de direito', que só veio em cerca de quatro aulas, e o dois substitutos, que, no entanto, foram muito bem. Um ficou por conta da parte mais filosófica, das indagações sobre memória, esquecimento, debates sobre o conceito e as limitações da História, entre outros temas, e a outra ficou com a parte mais 'cultural', que envolvia os Annales e outras escolas de pensamento.
Eu envolvia-me bastante nos debates, e cheguei até a usar algumas teorias minhas para tentar entender o conteúdo (por exemplo, o meu famigerado e suspeito 'cosmopolitismo'). A carga de textos foi adequada, e, embora eu tenha lido a grande maioria deles faltando apenas alguns minutos para as aulas, consegui compreendê-los. Fui bem nas provas, com 9,5 na primeira e 9 na segunda, garantindo assim outro SS.

4. Introdução à Antropologia (a.k.a. "Antropologia"): talvez, a matéria que mais superou minhas expectativas. Se, antes de entrar na universidade, eu só imaginava a Antropologia como "um ramo das ciências sociais que adora falar sobre índios", e apenas tinha lido dois pensadores da área (Darcy Ribeiro e Roberto DaMatta), acabei surpreendendo-me com o que tive pela frente. Conheci inúmeros autores e suas respectivas teses, e muitas vezes deparei-me com a situação de um texto refutar (e superar) o anterior, o que prova que a professora soube selecionar bem as leituras. Isso sem falar nas discussões, sempre bem enriquecedoras (destaque para a sessão temática que tratou bastante de política, problemas urbanos e religião).
Aliás, esta foi uma das matérias que eu mudei de horário, em um plano para ter aulas nas manhãs de 3ª e 5ª e, ao mesmo tempo, espaço na grade para adiantar outras disciplinas. Ao que parece, foi um tiro certeiro, pois, além de ter tido aula com uma das melhores professoras do Departamento de Antropologia, o pessoal do meu semestre que continuou na turma do fluxo reclamou muito da 'maestra' deles. Ah, e foi um SS sofrido, pois houve três provas dissertativas em que se cobrou a comparação entre as linhas teóricas dos autores e uma argumentação consistente. Fui bem na primeira e na terceira (9 em ambas), mas quase pus tudo a perder com o 8 que tirei na segunda. Ufa!

5. Introdução ao Estudo do Direito (a.k.a. "IED"): outra que eu fiz em turma alternativa, com o pessoal de REL do 2º Semestre e um ou outro 'outsider' como eu. As primeiras semanas foram muito boas, ainda mais com o confronto ideológico/metodológico entre jusnaturalismo e positivismo jurídico. Porém, a parte sobre normas jurídicas, Constituição e Código Civil foi aquém do que eu esperava, talvez pelo pouco tempo restante para este conteúdo, o que fez com que o professor não se aprofundasse tanto. Se bem que eu nem considero Direito tão interessante assim; ainda o coloco como a "mais exata e fria das ciências humanas", talvez em razão do 'juridiquês' e suas implicações. Ainda bem que a Ciência Política declarou independência e conseguiu se salvar a tempo dessa robotização das ciências jurídicas.
Sim, pode ser que tudo que eu esteja a dizer seja típico de alguém que não conhece direito o Direito (trocadilho deplorável, hein?), mas, embora interessantes, as aulas de IED não mudaram muito meus (pré) conceitos.
Pelo que conversei com meus colegas de 1º/2008, a turma deles também não foi animadora, inclusive porque tiveram mais tarefas que a minha (seminários e fichamentos), haja vista que só tive duas provas e o trabalho facultativo. Em contrapartida, acho que aprendi muito mais sobre Direito pelas minhas leituras 'extracurriculares', como "Os Fundamentos da Liberdade", do Hayek. Esta foi minha pior nota no 1º semestre: 7 raspando. Fiquei com MS.

6. Introdução ao Estudo das Relações Internacionais (a.k.a. "IERI"): a decepção do semestre. Eu esperava que esta viesse a ser uma das melhores disciplinas dos meus primeiros meses de faculdade, mas não foi o que ocorreu. A culpa não foi minha, pois, embora não houvesse leituras obrigatórias, procurei vários textos e livros sobre os conteúdos de Relações Internacionais. Também não foi por causa da turma, que, embora não fosse perfeita, reunia várias pessoas bacanas, tanto os(as) alunos(as) do 2º semestre de POL (aliás, esta foi a outra matéria que eu adiantei) quanto os 'de fora', que eram calouros(as) provenientes da Comunicação Social e da Economia. Muito menos se poderia colocar a matéria como bode expiatório, pois temáticas como a TRI (Teoria das Relações Internacionais) são instigantes.
A quem nos resta 'to put the blame on', portanto? O professor. Embora inteligente, ele era desprovido de didática. A desculpa de que queria dar uma aula mais focada no aspecto prático e menos academicista soava bacana, mas logo se viu que aquilo era o prenúncio de uma picaretagem. Passamos quase dois meses com apresentações de grupos, como se fossem aqueles trabalhos/dinâmicas do Ensino Médio - a propósito, meu grupo falou sobre as Eleições 2008 nos EUA, hehe. As aulas 'normais' tinham assuntos quase aleatórios, embora quase todas tenham sido sobre a Teoria dos Jogos, os Sistemas e o papel do Legislativo no âmbito internacionalista. Foi outro SS fácil (não vi minha nota específica, mas como eu fui bem nas atividades e era um dos poucos que fazia muitas perguntas e comentários na aula, devo ter tirado entre 9,5 e 10) embora eu até preferisse ralar mais ao invés de, no dia da "prova" - que mais parecia um exercício de meu professor de Geopolítica do 2º Grau - , ter de ver o professor sair da sala dizendo que "não queria nos constranger". Argh!

7. Introdução à Ciência Política (a.k.a. "ICP"): de longe, a melhor matéria. A professora tinha grande domínio do conteúdo, a turma (majoritariamente, os outros neófitos de POL de 1º/2008) participava bastante nos debates, descobri vários pensadores políticos (Robert Dahl, Michels, Pareto etc.), gostei muito dos textos e temáticas (partidos políticos, sistemas eleitorais, Maquiavel, conceito de política, democracia, Pluralismo, entre outros), os trabalhos suscitaram discussões pertinentes (nem preciso dizer o quanto adorei 'defender uma tese' sobre Libertarianismo, certo?)... Enfim, realmente Ciência Política é tão bom quanto eu imaginava.
Também já não tenho mais dúvidas: quero mesmo seguir carreira acadêmica, dedicando-me a pesquisas e produção intelectual na área de Teoria Política. Sim, trabalhar em uma think tank, escrever livros, dar palestras e conferências, lecionar em uma universidade e tudo o mais. A propósito, tirei a melhor nota da minha turma (9,4), o que me garantiu o quinto SS do semestre. Meu IRA (Índice de Rendimento Acadêmico) ficou em 4,71 (o máximo é 5).

Alguns bons momentos deste 1º semestre:
- Por exemplo, quando o pessoal do curso descobriu que eu tinha minha própria corrente filosófica, o Anfisismo.
- No segundo dia de aula, em que, como o prof. de IERI havia faltado, topei ir ao bar (localizado no complexo de botequins Pôr do Sol) com a galera do segundo semestre. Não demorou para eles descobrirem que eu não bebo, sou um 'book worm' e que não sou tão anti-social quanto imaginava ser.
- Faltei a todas as gincanas e atividades lúcidas da Semana do Calouro. Alguns veteranos ficaram chateados comigo, mas eu não queria perder aulas (e palestras, como as três do mini-curso sobre Neoliberalismo) para ir a eventos que não necessariamente me divertiriam. Além do mais, sou muito paranóico com essa coisa (ou condição) de calouro, então seria difícil me convencerem a ir, por exemplo, à Aula Magna, pedir dinheiro nos sinaleiros para pagar o ingresso para o CHUCAPOL, usar crachás bobos ou fazer elefantinho pelos corredores do ICC. Ah, e faltei aos dois churrascos, CHUCAPOL e CHUPOL...
- Em compensação, fui o único neófito que compareceu à Feijoada Política e um dos dois que participou do COPOL. Sobre o primeiro, foi um dos melhores sábados deste ano para mim. Quanto ao segundo, joguei pelo amado Weber Brahma, que se consagrou como bicampeão moral. Pouco importa o fato de termos perdidos os três jogos, sendo dois por 5 a 0 e um por 3x1 para o campeão de 2007, o Medida Provisória. O importante é que somos um time carismático!
- A Semana Política merece ser lembrada. Quem sabe, um dia, não serei eu um dos palestrantes?
- Já citei a apresentação sobre Libertarianismo? Sim? Ah, tudo bem então, hehe.
- O fato de eu ter conhecido tantas pessoas legais em apenas 4 meses prova que, realmente, estou muito longe da misantropia. Foi gente de todos os lugares, cursos, ideologias e idades. =)
- Li bastante. 35 no semestre, sendo 26 desde que começaram as aulas, e vários deles já entraram na lista dos melhores livros que já tive o prazer de ler. Sobre isso, no entanto, eu já falo, falei e falarei em dezenas de posts, não acham?
- Ah, as festas. Se excluirmos eventos que eram 'almost parties' (a Feijoada de dois tópicos atrás e o Arraiá dos CAs, por exemplo), houve três em que eu fui: Biovinil (28/4), Festa da Arquitetura (7/6) e Realize (21/6); uma melhor que a outra, diga-se de passagem. Boa música (tanto para ouvir quanto para dançar), 'nice people' e diversidade de ambientes foram a fórmula do sucesso.

Devo ter esquecido muitos outros aspectos memoráveis destes últimos meses, mas, por enquanto, é isso. E que venha o 2º semestre!

 

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