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Kaio

 

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12 julho 2008

Let the Sunshine...

"Pequena Miss Sunshine"

Já tinha ouvido (e lido) bons comentários sobre este filme, mas ainda não havia aparecido a ocasião ideal para vê-lo. Pois bem, ontem eu queria ocupar minha mente com cinema e pizza. Encomendei uma de quatro queijos + frango com catupiry, e fui à locadora do meu bloco para procurar um bom filme. Por sorte, "Pequena Miss Sunshine" estava disponível. Não titubeei e o aluguei.
De fato, é uma ótima película, que pode ser encaixada em um curioso fenômeno recente: as 'comédias cult americanas'. Não se iluda pela distribuição da Fox (que, aliás, após a boa recepção do filme no Festival de Sundance, teve de concorrer com outras produtoras para ser a distribuidora), pois estamos falando de uma produção de orçamento modesto (US$ 8 milhões), movida por um roteiro original competente (e que mereceu o Oscar 2007), boas atuações (também sendo premiado neste aspecto, com o oscarizado Alan Arkin como ator coadjuvante) e, é claro, a boa e velha sensibilidade artística apurada!
Apesar de o enredo girar em torno da viagem da excêntrica família Hoover para a Califórnia, onde a filha caçula, Oliver (Abigail Breslin), disputará um concurso de beleza, há várias tramas paralelas envolvendo cada personagem. O pai, Richard (Greg Kinnear), quer emplacar um livro e um programa de TV motivacionais baseados em seu método dos "9 passos", através do qual afirma constantemente que otimismo e atitude positiva são indispensáveis para o sucesso. A mãe, Sheryl (Toni Collette), tenta conciliar todos os conflitos e tensões da casa, e coloca a honestidade em primeiro lugar.
Oliver é uma adorável garota de 7 anos de idade; sonha em ser Miss, e se esforça diariamente para alcançar tal objetivo. Seu irmão, Dwayne (Paul Dano), oito anos mais velho, é leitor ávido de Nietzsche (logo, não se surpreendam com a atitude "Eu odeio o mundo" dele, hehe) e fez voto de silêncio, e só o quebrará quando conseguir entrar na Força Aérea.
Frank (Steve Carell), tio deles e irmão de Sheryl, é um ex-professor homossexual, grande estudioso da obra de Marcel Proust (haja gente culta nesse filme!), e tentou suicídio depois que teve um amor não-correspondido por um de seus alunos, que começou a namorar Larry Sugarman, outro especialista em Proust (o 2º maior dos EUA, segundo Frank, que se considera o 1º), que ainda por cima ganha uma bolsa de estudos e escreve um best-seller sobre o autor francês, para a indignação do personagem de Carell (o qual, aliás, teve uma boa atuação, demostrando assim sua versatilidade por pegar um papel bem diferente dos que ele teve em "O Virgem de 40 Anos" e "The Office").
Edwin (Alan Arkin), avô das crianças e pai de Richard, exala bom humor com seu jeito maluco de ser. Conseguiu ser expulso do asilo em que morava por ser viciado em heroína. Os diálogos em que ele contracena são um dos destaques do filme; "Fuck a lot of women, Dwayne" e "When you're old you're crazy not to do it [usar heroína]" são algumas das palavras de sabedoria deste velho sagaz.
"Pequena Miss Sunshine" consegue transformar uma história que tinha tudo para virar melodrama em uma doce e animada comédia. São pequenos detalhes, como os problemas da Kombi, as discussões por qualquer motivo bobo e a força de vontade de cada um dos 6 protagonistas (afinal, é impossível dizer quem desta aloprada família é o personagem principal), que levaram este filme a conquistar tanta gente (inclusive eu, oras). Nem vou contar muito sobre o enredo, pois bastaria uma coisa que eu dissesse para estragar a surpresa de várias outras cenas. Então, boa película para vocês! E não se esqueçam: "O verdadeiro perdedor é aquele que tem tanto medo de não ganhar que sequer tenta".

Amanhã promete ser um bom dia, por motivos que explicarei na próxima postagem. Além disso, deixarei minha resenha de "Retrato do Artista Quando Jovem" - concluí tal leitura há algumas horas - para este post de 13 de Julho. Até logo!

 

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