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Kaio

 

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15 abril 2008

Mises, Professor Mises

Que Ludwig von Mises foi um dos maiores economistas do século XX não há dúvidas. Ainda estou esperando uma encomenda que fiz no site do Instituto Liberal ("Ação Humana", a obra-prima dele), mas, enquanto isso, estou a ler "Liberalismo", e comprei ontem "Uma Crítica ao Intervencionismo" em um sebo. Além disso, já li "As Seis Lições" (foi o primeiro, em julho de 2007), "Intervencionismo: Uma Análise Econômica" e "O Mercado" (que é, na verdade, um excerto de "Ação Humana", contendo o que dizem ser um dos melhores capítulos de tal obra).
Mises é dotado de uma capacidade argumentativa notável, capaz de encantar o leitor com seu raciocínio preciso. Fecharei o post de hoje com um trecho de "Liberalismo" que, se associado a certos fatos que cercam meu cotidiano, mostra que, afinal, a realidade de 1927 não é tão distante assim de 2008:
"Uma ação racional se distingue de uma ação irracional pelo fato de envolver sacrifícios provisórios. Tais sacrifícios são apenas aparentes, uma vez que são contrabalançados pelos resultados favoráveis que surgem mais tarde. A pessoa que evita uma comida saborosa, mas prejudical faz, simplesmente, um sacrifício provisório e aparente. O resultado - a não ocorrência de males à sua saúde - demonstra que ela não perdeu coisa alguma: ao contrário, ganhou.
Agir desse modo, entretanto, exige que se vislumbrem as conseqüências da ação de alguém. O demagogo se aproveita desse fato. Opõe-se ao liberal, que aconselha sacrifícios provisórios e simplesmente aparentes, e o denuncia como um frio inimigo do povo, ao mesmo tempo em que se coloca como um amigo da humanidade. Em socorro às medidas que advoga, o demagogo sabe muito bem como tocar o coração dos que o ouvem e levá-los às lágrimas, com alusões à necessidade e à miséria."

 

Comentários:

 

 

Por tras da eloquencia de von Mises ha erros de logica e omissoes.
Em relacao a analogia: ha uma grande diferenca entre deixar de comer um quitute e deixar pessoas sofrerem em condicoes inaceitaveis. (o que voce poderia acusar de um "apelo emocional" eh na verdade um apelo a verdade)
Mas o problema mesmo eh que a pessoa que evita uma comida saborosa esta fazendo um sacrificio voluntario de algo que ela quer em nome do bem proprio.
Nao ha nenhuma semelhanca disso com o sacrifico de outras pessoas em nome do bem proprio. Se quer sacrificar algo, sacrifique a si mesmo. Duvido que os verdadeiros "sacrificados" da sociedade estao assim por escolha propria.
Engracado que o desespero humano passou a ser um sacrificio simplesmente "aparente". O "demagogo" (nao para dizer que nao haja pessoas que se aproveitam do apelo ao sofrimento sem verdadeira intencao de mudar algo - mas ha aquelas que acreditam no que dizem) so faz alusoes a necessidade e a miseria porque elas existem. E nao so podem ser eliminadas, como devem. Nao ha nada de tao patetico - como von Mises quer insinuar - com a compaixao e a sensibilidade humana.
E por ultimo, qual eh o "resultado favoravel" do liberalismo? Alguma
referencia historica a oferecer?


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