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Kaio

 

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11 novembro 2007

Egoperspectivismo

Farei dois posts hoje. Um motivo para isso é que, assim, eu completarei 400 postagens em Racio Símio. A outra razão é que eu fiquei uma semana sem publicar nada por aqui, portanto seria interessante compensar tal negligência nada salutar com dois textos.
O primeiro é este que vocês estão a ler, chamado Egoperspectivismo.

Vocês devem ter estranhado esse nome. "Egoperspectivismo? Que diabos é isso?" Bem, é um termo que eu criei para definir uma nova teoria da minha linha de pensamento. Consiste em trabalhar um assunto ou tema com vários pontos de vista, visando a constituir uma análise idiossincrática a partir deles. Ou, como eu defini para uma amiga minha:
"(...) creio que consistir-se-á em analisar uma mesma situação sob 2 ou mais pontos de vista, (...) mas sem deixar de contextualizar-se, e, como o 'ego' sugere, submetendo até mesmo a realidade do futuro ou passado da qual se deseja analisar à sua própria visão de mundo, sem negar a subjetividade."

Para não deixar que tal palavra se limite a (mais) um pedantismo, vamos a uma aplicação prática. Já que estou bem empolgado com a leitura de duas das quatro obras da tetralogia de Elio Gaspari sobre o regime militar (já li "A Ditadura Envergonhada" e comecei anteontem a ler "A Ditadura Escancarada"), discutirei qual posicionamento eu tomaria em relação à crise política de 1964, que levaria à Revolução (?) de 1º de Abril.
Acredito que não precisarei falar sobre os antecedentes históricos; vamos direto ao ponto.

1. Se, naquela época, eu tivesse contato com as obras de escritores como Kerouac, Hayek e Friedman, e meu pensamento político e econômico fosse ligado à direita libertária, provavelmente eu não apoiaria o golpe. Não aceitaria sacrificar a minha liberdade de expressão em troca de uma ameaça (concretizada, aliás) de autoritarismo e repressão. É claro que a polarização ideológica complicaria uma possível neutralidade de minha parte, logo há a possibilidade de eu preferir o exílio a ficar em um Brasil regido por uma ditadura, independentemente de ela ser capitalista ou socialista. Destino? Inglaterra, quem sabe. De quebra, eu teria a oportunidade de viver por lá na época em que o rock deles teve uma ascensão brilhante, contando com bandas como The Who, The Kinks, Rolling Stones e, é claro, Beatles. Se eu não tivesse dinheiro para tal viagem, ficaria no Uruguai ou no Chile, pelo menos até ter condições de partir para a Europa.

2. Não descarto a possibilidade de que eu seguiria a maioria dos intelectuais da época, e me alinharia aos socialistas. Talvez simplesmente fosse da esquerda festiva, mas não duvido quanto a uma filiação ao PCB e um apoio à radicalização que Jango ensaiava. Mesmo assim, discordaria do populismo radical de Brizola ou a russofilia de Prestes, preferindo um modelo socialista mais heterodoxo. Quem sabe eu não seria um estudante à moda dos franceses e tchecoslovacos de 68? Sim, eu poderia até virar algum jornalista escrachado, como os do Pasquim. Mesmo assim, quanto a algo eu tenho certeza: eu não integraria a luta armada. Não é a minha praia pegar em armas para fazer uma revolução. Acho que também não participaria do Congresso da UNE de 68, por temer que a polícia acabaria descobrindo o sítio em que ele seria realizado. Mesmo assim, continuaria atuando na política por outros meios.

3. E se eu fosse direitista, mas liberal? Ah, certamente discordaria dos rumos do governo de Jango, admitindo até mesmo um golpe para "limpar a casa". Até gostaria da política econômica de Bulhões e Roberto Campos, desenvolvida durante o governo de Castello Branco. Acabaria por condicionar meu apoio à ditadura à continuidade desse liberalismo na economia. Entretanto, quando Delfim Netto entrasse em cena e começasse com as obras faraônicas e o capitalismo de Estado, sem dúvidas eu ficaria decepcionado. Talvez continuasse no país, em um silêncio constrangedor - assim como muitos liberais à epoca -, ou poderia filiar-me ao MDB, vislumbrando uma abertura a médio prazo.

E então, qual a conclusão à qual eu chego? Oras, eu não iria para nenhum dos dois pólos - não apoiaria os militares, tampouco a extrema-esquerda.
Se eu colocasse a liberdade em primeiro lugar, preferiria o exílio voluntário; se a justiça social fosse a minha prioridade, estaria do lado dos esquerdistas mais moderados; e se uma economia mais aberta fosse o que eu mais desejasse, não teria escrúpulos em tolerar por algum tempo a ditadura, mas mudaria de idéia quando o AI-5 entrasse em cena.
Em outras palavras, Kaio poderia estar de três maneiras no ano de 1968: I - Curtindo a vida em Londres, participando de manifestações dos libertários; II - Na clandestinidade, escrevendo em algum jornal nanico; III - Na faculdade de Economia, desiludido com os rumos da ditadura.
E vocês, onde acham que estariam em 68?

 

Comentários:

 

 

engraçado como o seu segundo tema do post coincidiu com a temática de um trabalho que eu estou fazendo, sobre a Operação Condor, que vc ja deve ter ouvido falar.
Bom eu não estaria no Brasil, certamente, e também não escolheria Uruguai não, porque foi o ano em que o ditador Jorge Pacheco Areco baixou o Estado de Sítio.
Acho que estaria em algum país na Europa, sei lá hehehe


Eu estaria na França quebrando tudo! Nem direita, nem esquerda, nem centro. Muitos menos em baixo ou em cima. Cantaria "Anarchy in Paris: I am an anarchist..." e o sigle Please God, Dont save the queen! teria sido lançado 10 anos antes! kill them all! kkk


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