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Kaio

 

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12 dezembro 2007

Andando sobre a lua

Demorou, mas finalmente bateu a inspiração (e paciência) para voltar a postar em Racio Símio. São tantos assuntos e tópicos sobre os quais eu poderia falar, que acho que acabarei deixando algumas coisas para os próximos posts.

1. O reconhecimento foi tardio, mas inevitável. Após a minha decepção de não ter sido homenageado no Diclassetadas (sim, hehe, era sobre isso aquela frase em inglês), foi em uma cerimônia de encerramento das atividades extracurriculares do colégio (CO2 Neutro, Café Filosófico, Ética e Cidadania etc.) que eu recebi a gratidão por tudo que eu fui como aluno do Colégio Classe. E fui sincero na hora em que agradeci: foram três anos em que estudei em uma ótima escola, que me deu a liberdade criativa e o espaço para debates que eu tanto desejava durante o ensino médio. O título informal de "o colégio mais humano de Goiânia" não é por acaso.
Sim, adoro culto ao ego. Isso sem falar que este reconhecimento não me superestimou ou subestimou. Valorizaram-me pelo aluno idiossincrático que sou: ambicioso, falastrão, arrogante e com uma sede insaciável por conhecimento. A propósito, o professor de Texto deu-me um livro como parte da homenagem. Não por acaso, foi justamente uma obra sobre a qual ele havia comentado comigo dias antes: "As Benevolentes", de Jonathan Littell. Ao que parece, é um romance em 1ª pessoa no qual o nazismo é visto sob a ótima de um militar alemão. Parece ser bem interessante.

2. Assisti ao show do The Police pelo Multishow na noite de sábado. Foi até melhor do que eu esperava. Poxa, tocaram praticamente todas as melhores músicas da banda! As minhas favoritas não ficaram de fora: "Don't Stand So Close To Me", "Roxanne", "De Do Do Do, De Da Da Da", "Message In A Bottle", "Synchronicity II" e, principalmente, "Can't Stand Losing You". Todos os três integrantes demonstraram carisma de sobra. Sting até disse algumas palavras em português; Andy demonstrou descontração na hora do bis; já Stewart - o membro da banda de que eu mais gosto - foi impecável na bateria.
Curiosamente, adorei a perfomance da banda de abertura, Os Paralamas do Sucesso. Conheço o som deles desde os cinco anos de idade, mas nunca fui um fã ardoroso. Cheguei a ter os CDs "Vamo Batê Lata - Ao Vivo" e "Nove Luas" na época, mas, como achava Titãs muito melhor, não dei muita atenção ao tio de influências ska. Uma década depois, eu tive os pretextos de que precisava para realmente gostar de Paralamas: 1. Eles são o Police brasileiro (nem preciso falar da levada de "Óculos" inspirada em "The Bed's Too Big Without You", certo?); 2. A banda tem uma discografia equilibrada, e no show deu pra notar que eles tocaram músicas de todas as fases; 3. Era rápido e fácil baixar a coletânea em dois CDs, a "Perfil", além de umas sete ou oito músicas avulsas.
E não é que eu realmente gostei de Paralamas, rs? Obrigado, The Police!

3. Terminei de ler uma coletânea da L&PM Pocket com poemas do Fernando Pessoa. Li a maioria deles em voz alta (é uma necessidade que eu sinto desde que li "As Flores do Mal": recitar poemas ao invés de simplesmente lê-los), e gostei muito, especialmente os do heterônimo Álvaro de Campos. Com isso, já cheguei a 52 livros lidos em 2007. Yay!

4. Comecei a leitura de "O Jogador" (Dostoiévski). Já estou na metade do romance, e parece que ele melhora a cada página! A temática relacionada a jogos de azar torna o livro ainda mais bem humorado, como se já não bastassem personagens tão intensas como a geniosa e manipuladora Poulina Suslova, a babulinka Antonina Vassilievna, o irritante francês Des Grieux e, é claro, o protagonista (e, em parte, alterego de Dostoiévski) Alexei Ivanovitch.

5. Deixei a letargia de lado na terça-feira. À tarde, fui ao shopping assistir ao filme "Bee Movie".
O debut de Seinfeld no cinema (e nas animações) não poderia ter sido melhor. Poucas vezes vi um filme supostamente voltado ao público infantil que tivesse tantas piadas "de adulto", hehe. Desde comparar vespas a 'mulheres da vida' até piadinhas sobre advogados (a certa altura da película, o mosquito Zé Picada, quando perguntado sobre o motivo de ter virado advogado, disse "Oras, eu já era sanguessuga, só faltava a maleta!"), o humor de Bee Movie lembra um pouco a acidez costumeira da sitcom que Seinfeld estrelava.
A animação até tece um certo posicionamento ideológico. Logo de cara, dá uma cutucada na falta de perspectivas profissionais das quais um jovem dispõe ao sair da faculdade. Além disso, a idéia de uma abelha resolver processar a humanidade em razão da exploração selvagem dos mesmos não deixa de ser curiosa. A opção 'left-liberal' que Barry B. Benson pretendia impor ao mundo era a de interromper a fabricação de mel e fazer com que as abelhas tivessem todo o lazer que mereciam após 27 milhões de anos de trabalho incessante. Com o tempo, tal alternativa esquerdista (até mesmo em relação aos "direitos das minorias", que para os 'vermelhos' é uma prioridade, independentemente do impacto que certas reformas trariam à harmonia socioeconômica) é demonstrada como falível. O próprio Barry passa a entender que o trabalho e a divisão 'animal' deste é a opção mais sensata para a sociedade, tanto nas abelhas quanto nos humanos - com a ressalva, é claro, de que cada indivíduo desempenhe o papel com o qual mais se identifique (o protagonista, por exemplo, vira promotor público de animais, hehe). Fica claro que Seinfeld não abandonou o direitismo que era tão característico de seu seriado de TV, mas felizmente ele não enxerga a realidade de uma maneira tão conservadora como faz a grande maioria da direita dos EUA. Não chega a ser libertário, mas é pelo menos um liberal dos mais céticos e debochados.
Aliás, acho que fui a pessoa que mais riu durante a sessão, mais até do que o público-alvo - as criancinhas, hehe.

6. Depois que Bee Movie acabou, fiquei durante uma hora na Livraria Saraiva. Caramba, eram tantos CDs e livros que eu demorei até decidi o que iria comprar! Terei que dar uma passada lá pelo menos mais uma vez neste mês de Dezembro.
Acabei por adquirir dois livros que me custavam 10 reais cada: "Cultura e Psicanálise" (Herbert Marcuse) e "A Sabedoria da Vida" (Schopenhauer). Um pensador do 3º Quadrante (ou seja, um 'libertário de esquerda') e um filósofo misógino e rabugento! Chega a ser contraditório, não?

7. Na noite de ontem, ainda fui ao churrasco que o colégio promoveu como despedida do 3º ano. Bem, despedida pelo menos para os que só prestaram UFG, porque os querem fazer USP, UNICAMP, UnB etc. ainda terão aula até Janeiro. Eu, por exemplo, terei que ir à escola até dia 17 de Janeiro, já que as provas da Universidade de Brasília só ocorrerão nos dias 19 e 20 do mês que vem. Logo, não terei férias. E quem disse que isso é algo ruim? Pelo contrário! Se eu conseguir passar para a UnB, qualquer sacrifício que eu venha a fazer é válido. Além do mais, eu ficaria entediado em casa, fazendo pingue-ponge entre televisão e computador.
Nos primeiros minutos, tive uma rápida discussão com algumas colegas, pois não aceitava sob hipótese alguma que elas controlassem o aparelho de som durante o evento. Ou vocês acham que eu toleraria ouvir música sertaneja e funk o tempo inteiro? Ao ouvir os primeiros acordes (?!) de "Piriguete", imediatamente fui mudar de CD. Tive até mesmo que tirar os cabos da mão de uma menina enjoada, rs. Coloquei Los Hermanos e Legião Urbana, mas depois cansei-me de tentar diminuir a poluição sonora, e abdiquei de minha ditadura musical. É uma pena que o público jovem de Goiânia (e do Brasil e do mundo, também) é totalmente vulgar quando o assunto é música...
Depois disso, fui conversar com alguns 'freaks and geeks'. Foi bom, já que deu para discorrer sobre os mais diversos assuntos; tanto que até me esqueci de comer e beber. Só tomei alguns copos de Coca-Cola e comi uns poucos pedaços de lingüiça e frango.


8. Nas aulas de hoje de manhã, vieram poucos alunos. Contando comigo, vieram no máximo uns dez. Amanhã, no entanto, acho que mais gente compacerá. Afinal, muitos podem ter ficado de ressaca em razão do churrasco de ontem, que só acabou depois das 23h.
Durante os horários mais voltados pra UNICAMP, fui para uma mesa do corredor, e fiquei lendo "O Jogador". Amo essa liberdade pequeno-burguesa de escolher a aula na qual quero ir!

 

Comentários:

 

 

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Oi,
nossa te achei mto legall!
e estes textos profundos e incríveis!


Ó, se não me engano, Jerry Seinfeld já fez alguma coisa pro cinema, sim. Este (anti-)trailer, a propósito, é extremamente engraçado.

Ass.: O único que não é/parece um spam nesta caixa de comentários. :B


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