[Meu Facebook] [Meu Last.FM] [Meu Twitter]


 

 

Kaio

 

Veja meu perfil completo

 

 

 

 

14 março 2007

Uma questão de humanismo

É de bom senso tratar questões sócio-ambientais sob um ponto de vista humanista e cosmopolita ao invés de levar-se pelo nacionalismo, afinal, os ecossistemas não são uma propriedade privada ou estatal, mas sim um bem coletivo, sem relações de exclusividade. Claro que isso também vale para a questão da Amazônia.
Muitos brasileiros sentem-se ultrajados quando cogita-se a possibilidade da Floresta Amazônica ser explorada por outros países. Tal visão foi impregnada por um hipócrita (e tardio) patriotismo, vindo geralmente de pensadores da esquerda. Eles afirmam que "nações imperialistas estão roubando nosso patrimônio, invadindo a nossa floresta." Este argumento está correto no que tange à falta de aplicação de nossas leis ambientais, porém peca ao ignorar o fato de que os mais negligentes e os maiores desmatadores da Amazônia são os próprios brasileiros.
Não seria errado dizer, portanto, que utiliza-se o "estrangeiro" como um bode expiatório. Se os países desenvolvidos subjugam a Terra Brasilis, é porque até hoje não esboçamos uma reação contundente quanto a isso; desde os primórdios de sua colonização, o Brasil foi um país de muito discurso e pouca prática - e ainda o é. Logo, de nada adianta falar em soberania nacional quando não damos o devido valor a algo fundamental não só para nós, mas para o planeta inteiro, que é a preservação da floresta equatorial e sua gigantesca biodiversidade.
Uma solução interessante seria, de fato, internacionalizar a Amazônia, mas em um processo "lento, gradual e seguro". Em outras palavras, já que o Estado brasileiro demonstra ser ineficiente no controle da exploração e no combate à biopirataria, cederia-se o "gerenciamento" para a ONU, a qual designaria um órgão internacional que ficaria responsável pela floresta. Isso, portanto, não implicaria em vendê-la, mas sim em simplesmente consolidar a sua internacionalização.
Aliás, tal órgão visaria a ser rígido na aplicação da legislação ambiental brasileira, a qual é inegavelmente muito boa, apesar de pouco praticada. Simultaneamente, haveria uma melhor organização quanto à questão das patentes, com o objetivo de impedir ações clandestinas e oportunistas quanto aos recursos naturais da Floresta Amazônica. Com isso, todos sairiam beneficiados, inclusive a população local (que não seria mais cúmplice da exploração ilegal) e os cientistas (os quais poderiam ter uma estrutura mais adequada para as suas pesquisas).
Enfim, a internacionalização da Amazônia seria uma atitude sensata e conveniente a uma das principais idéias do liberalismo político e econômico: "não existe nada que um Estado possa fazer que a iniciativa privada não o faça melhor."

(Dissertação que eu escrevi para entregar amanhã como redação semanal. O tema era, como percebe-se, a Internacionalização da Amazônia. Não estou certo quanto à qualidade dela, mas espero que ela obtenha uma boa nota.)

 

Comentários:

 

 

Você escreve muito bem Kaio!
Gostei do Let there be love. Me lembrou alguma coisa... acho que você poderia ser um puta jornalista. mas não sei, jornalismo é uma putaria só. hahahaha


tão fácil rs


Meu caro, está longe da minha intenção por em prática o que eu digo nas minhas dissertações. Apenas defendi o meu ponto de vista, a minha retórica. Se fôssemos coletar todos os argumentos, bons ou ruins, sobre a questão da Amazônia, duvido que algum deles sequer passe perto de algo que possa ser considerado 'realista'. Uma redação não busca formar líderes mundiais, mas sim pessoas boas para argumentar e até para serem demagogas (meu caso).
Bem, talvez os que optassem pelo cinismo e a indiferença fossem os que chegassem mais perto da realidade, mas eu preferi bancar o liberal old-school e mala na redação já que estava disposto a deixar o pessimismo de lado.


*pôr em prática
A propósito, tirei só 91 na redação, porque a corretora achou a minha opinião muito, hã, extremista. Não nego que tenha sido, mas era essa a minha intenção! =D Semana que vem vou bancar o humilde e o modesto na redação para ver se tiro uma nota maior.


desculpe...foi só um comentário motivado pelo stress...aquele sobre o esquerdismo na AL talvez tenha sido também apesar de ter encontrado pontos frágeis no texto de fato...mesmo assim concordo que a política chavista é um tiro no próprio pé...

também movido por uma inveja destrutiva (a construtiva é motivacional rs) já que como disse anteriormente, gosto dos seus textos...ao contrário dos meus...não digo isso por falsa modéstia...não costumo reler o que escrevo pois sempre acho ruim, foi assim com minhas redações escolares, com o vestibular, com o blog e qualquer outro texto...escrevo por prazer mesmo...e acho que isso é o que nos une

mas sobre a seu atual decepção com a esquerda recomendo que leia Noam Chomsky, em especial os publicados até o fim da década passada...


Postar um comentário

[ << Home]