Uma questão de humanismo
Muitos brasileiros sentem-se ultrajados quando cogita-se a possibilidade da Floresta Amazônica ser explorada por outros países. Tal visão foi impregnada por um hipócrita (e tardio) patriotismo, vindo geralmente de pensadores da esquerda. Eles afirmam que "nações imperialistas estão roubando nosso patrimônio, invadindo a nossa floresta." Este argumento está correto no que tange à falta de aplicação de nossas leis ambientais, porém peca ao ignorar o fato de que os mais negligentes e os maiores desmatadores da Amazônia são os próprios brasileiros.
Não seria errado dizer, portanto, que utiliza-se o "estrangeiro" como um bode expiatório. Se os países desenvolvidos subjugam a Terra Brasilis, é porque até hoje não esboçamos uma reação contundente quanto a isso; desde os primórdios de sua colonização, o Brasil foi um país de muito discurso e pouca prática - e ainda o é. Logo, de nada adianta falar em soberania nacional quando não damos o devido valor a algo fundamental não só para nós, mas para o planeta inteiro, que é a preservação da floresta equatorial e sua gigantesca biodiversidade.
Uma solução interessante seria, de fato, internacionalizar a Amazônia, mas em um processo "lento, gradual e seguro". Em outras palavras, já que o Estado brasileiro demonstra ser ineficiente no controle da exploração e no combate à biopirataria, cederia-se o "gerenciamento" para a ONU, a qual designaria um órgão internacional que ficaria responsável pela floresta. Isso, portanto, não implicaria em vendê-la, mas sim em simplesmente consolidar a sua internacionalização.
Aliás, tal órgão visaria a ser rígido na aplicação da legislação ambiental brasileira, a qual é inegavelmente muito boa, apesar de pouco praticada. Simultaneamente, haveria uma melhor organização quanto à questão das patentes, com o objetivo de impedir ações clandestinas e oportunistas quanto aos recursos naturais da Floresta Amazônica. Com isso, todos sairiam beneficiados, inclusive a população local (que não seria mais cúmplice da exploração ilegal) e os cientistas (os quais poderiam ter uma estrutura mais adequada para as suas pesquisas).
Enfim, a internacionalização da Amazônia seria uma atitude sensata e conveniente a uma das principais idéias do liberalismo político e econômico: "não existe nada que um Estado possa fazer que a iniciativa privada não o faça melhor."
(Dissertação que eu escrevi para entregar amanhã como redação semanal. O tema era, como percebe-se, a Internacionalização da Amazônia. Não estou certo quanto à qualidade dela, mas espero que ela obtenha uma boa nota.)