Derrubando Ídolos
Pois bem, acho que já está na hora de criticá-los. Gênios não são irrefutáveis, ao contrário do que pensam os marxistas.
- Nietzsche: o bigodudo é um dos filósofos com quem eu mais me identifiquei até hoje. Contudo, como disse certa vez uma amiga minha, “às vezes, ele age como uma criança birrenta, que bate o pé no chão e briga com tudo e todos”. Realmente, Nietzsche é muito amargo em alguns escritos, parece que não há um pingo de esperança e credulidade em sua alma, mesmo que algumas vezes tudo pareça uma rebeldia dele contra a humanidade.
- Schopenhauer: escreve de um jeito bem claro e ácido, mas acaba sendo muito pessimista e perturbador em certos momentos. Por exemplo, o que eu estou fazendo lendo uma obra dele quando ele diz que “ler é o ato de deixar alguém pensar por você”? Soa até irônico, se não contraditório.
- Max Weber: admito que acabei interpretando de forma simplista seu livro “A Ética Protestante”. Afinal, o autor não apontou como enriquecer uma nação, mas apenas constatou, ou seja, analisou o desenvolvimento do capitalismo e o relacionou com as doutrinas religiosas de certas nações. Eu acabei levando ao pé da letra e usei o catolicismo como um dos motivos para o Brasil não ser tão rico quanto deveria. Sobre Weber, acho que ele fez notas de rodapé muito longas e cansativas. Nem parece um ensaio, mas sim uma tese de doutorado.
- George Orwell: obcecado por guerras, ficou paranóico por comentar sobre assuntos bélicos e totalitarismo. Aliás, foi ele quem criou o termo Cold War (Guerra Fria).
- Aldous Huxley: o Admirável Mundo Novo criado por ele acabou se concretizando em vários aspectos, contudo, Huxley ignorou a questão das nações e do nacionalismo, que impediram a completa homogeneização do mundo que ele 'previa'.
- Dostoievski: seu detalhismo excessivo pode irritar, apesar de ser fundamental para criar a atmosfera de várias de suas obras. Outra acusação que muitos fazem a ele, a de chauvinismo, não é nem um pouco errada. Em suas obras, parece que a Rússia torna-se o centro do mundo, o único local da Terra, e os outros países são apenas ‘o resto’.
- Freud: foi muito arrogante quando escreveu “A História da Psicanálise”. Um leitor desavisado pode pensar que ele era o criador inquestionável da psicanálise, e Jung e Breuer são apenas colegas de trabalho, que mais atrapalharam do que ajudaram. Não foi à toa que essa visão de Freud dos acontecimentos da época causou polêmica.
- Thoreau: depois que eu conheci esse cara, passei a reconsiderar a idéia de ser anti-social. Ele era quase um autista, defendia tão arduamente as idéias do individualismo e do anarco-capitalismo que foi morar no campo, sonegando impostos e isolando-se da humanidade. Tudo bem que foi uma demonstração prática do pensamento dele (mesmo que os ideais do libertários ainda não tenham sido concretizados até hoje), mas é egoísmo demais até para mim!
- John Locke: foi idealista em excesso em certos trechos de “Segundo Tratado Sobre O Governo”, ao propor que houvesse justiça e lealdade até nas guerras. Isso pode ser bonito no papel, Locke, mas não vejo nenhuma praticidade disso na vida real! Ele mesmo diz que o homem age com o instinto em um conflito!
- Maquiavel: até hoje um questionamento atormenta a humanidade – seria ele um absolutista e defensor do status quo, ou um republicano? De qualquer maneira, Maquiavel não tem escrúpulos, ao afirmar que para manter-se no poder, vale tudo, desde usar a mulher até se passar por religioso. Realista, porém chocante.
Bem, tenho certeza que muitos de meus argumentos foram inocentes, mas é de esperar. Não é do dia para a noite que alguém tenta questionar seus filósofos favoritos.