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Kaio

 

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28 fevereiro 2006

Derrubando Ídolos

Lembram-se dos 10 pensadores que eu citei no post de 24/02/06 como os mais influentes nas minhas idéias?
Pois bem, acho que já está na hora de criticá-los. Gênios não são irrefutáveis, ao contrário do que pensam os marxistas.

- Nietzsche: o bigodudo é um dos filósofos com quem eu mais me identifiquei até hoje. Contudo, como disse certa vez uma amiga minha, “às vezes, ele age como uma criança birrenta, que bate o pé no chão e briga com tudo e todos”. Realmente, Nietzsche é muito amargo em alguns escritos, parece que não há um pingo de esperança e credulidade em sua alma, mesmo que algumas vezes tudo pareça uma rebeldia dele contra a humanidade.
- Schopenhauer: escreve de um jeito bem claro e ácido, mas acaba sendo muito pessimista e perturbador em certos momentos. Por exemplo, o que eu estou fazendo lendo uma obra dele quando ele diz que “ler é o ato de deixar alguém pensar por você”? Soa até irônico, se não contraditório.
- Max Weber: admito que acabei interpretando de forma simplista seu livro “A Ética Protestante”. Afinal, o autor não apontou como enriquecer uma nação, mas apenas constatou, ou seja, analisou o desenvolvimento do capitalismo e o relacionou com as doutrinas religiosas de certas nações. Eu acabei levando ao pé da letra e usei o catolicismo como um dos motivos para o Brasil não ser tão rico quanto deveria. Sobre Weber, acho que ele fez notas de rodapé muito longas e cansativas. Nem parece um ensaio, mas sim uma tese de doutorado.
- George Orwell: obcecado por guerras, ficou paranóico por comentar sobre assuntos bélicos e totalitarismo. Aliás, foi ele quem criou o termo Cold War (Guerra Fria).
- Aldous Huxley: o Admirável Mundo Novo criado por ele acabou se concretizando em vários aspectos, contudo, Huxley ignorou a questão das nações e do nacionalismo, que impediram a completa homogeneização do mundo que ele 'previa'.
- Dostoievski: seu detalhismo excessivo pode irritar, apesar de ser fundamental para criar a atmosfera de várias de suas obras. Outra acusação que muitos fazem a ele, a de chauvinismo, não é nem um pouco errada. Em suas obras, parece que a Rússia torna-se o centro do mundo, o único local da Terra, e os outros países são apenas ‘o resto’.
- Freud: foi muito arrogante quando escreveu “A História da Psicanálise”. Um leitor desavisado pode pensar que ele era o criador inquestionável da psicanálise, e Jung e Breuer são apenas colegas de trabalho, que mais atrapalharam do que ajudaram. Não foi à toa que essa visão de Freud dos acontecimentos da época causou polêmica.
- Thoreau: depois que eu conheci esse cara, passei a reconsiderar a idéia de ser anti-social. Ele era quase um autista, defendia tão arduamente as idéias do individualismo e do anarco-capitalismo que foi morar no campo, sonegando impostos e isolando-se da humanidade. Tudo bem que foi uma demonstração prática do pensamento dele (mesmo que os ideais do libertários ainda não tenham sido concretizados até hoje), mas é egoísmo demais até para mim!
- John Locke: foi idealista em excesso em certos trechos de “Segundo Tratado Sobre O Governo”, ao propor que houvesse justiça e lealdade até nas guerras. Isso pode ser bonito no papel, Locke, mas não vejo nenhuma praticidade disso na vida real! Ele mesmo diz que o homem age com o instinto em um conflito!
- Maquiavel: até hoje um questionamento atormenta a humanidade – seria ele um absolutista e defensor do status quo, ou um republicano? De qualquer maneira, Maquiavel não tem escrúpulos, ao afirmar que para manter-se no poder, vale tudo, desde usar a mulher até se passar por religioso. Realista, porém chocante.

Bem, tenho certeza que muitos de meus argumentos foram inocentes, mas é de esperar. Não é do dia para a noite que alguém tenta questionar seus filósofos favoritos.

 

Comentários:

 

 

Inocentes, porém concretos.
É difcil criticar algo q se gosta, mas ter inteligencia pra fazer isso é provar q se pode gostar de tudo, e msm assim continuar com sua opnião.
Ainda não tive a oportunidade de ler as obras desses autores, quem sabe algum dia...


Jung dá um pau em freud qualquer dia da semana. Pega ele, põe de quatro e fala "sing, little bitch!"

Thoreau é também considerado o primeiro ambientalista. Foi ele que começou com essa de "devemos preservar o meio ambiente" e ele também que começou com essa de criar parques nacionais.

Locke é alguém que o povo do MST deveria ler, eu passei a defender alguma reforma agrária depois de ler Locke (e Henry George), afinal eles dizem algo muito certo, o problema de ter terra como propriedade é que uma hora ela acaba. Mas claro, isso na época dele, hoje é capaz de construir um prédio que abriga o movimento inteiro. A densidade demográfica japonesa é absurdamente maior que a brasileira. Os Sem-Teto/Terra não existem por falta de pedaço de chão, mas por falta de dinheiro.

Maquiavel foi um defensor do status quo, não vejo dúvida nisso, mas se você a teve, deve ter lido algo que eu não.


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