26 janeiro 2006
Forçado pela minha mãe, hoje eu fui no centro espírita. Algumas considerações: - Ir lá superou minhas expectativas. Afinal, ninguém me encheu o saco por eu ter passado a aula inteira lendo ou escrevendo.
- Foi uma espécie de pesquisa de campo, para analisar o funcionamento do cristianismo.
- Ler Nietzsche num centro espírita é edificante. Resolvi ler o capítulo do Para Além do Bem e do Mal em que ele solta um punhado de aforismos e máximas. A cada dia eu me fascino cada vez mais com a obra dele, é como se eu encontrasse um escritor que pensasse como eu. Sou ateu desde a 7ª série, quando me indignei com a hipocrisia do meu professor cristão e socialista e vi inúmeros absurdos que ocorreram na história da humanidade.
- Nietzsche é genial, mas não é perfeito. Detesto quando ele dá seus surtos de machismo, e começa a falar mal das mulheres. Mas eu o compreendo: assim como eu, ele faz isso só para disfarçar. Usa o discurso de “amor é para os fracos” para esconder que já se apaixonou alguma vez na vida.
- O espiritismo é menos imbecil e mais liberal que o catolicismo e as seitas evangélicas, mas notei um grave defeito nele. É contraditório – apesar de defender liberdade religiosa, o pessoal passou quase a aula inteira falando mal das outras religiões. Que eles fossem pelo menos sinceros, tipo, “olha, eu vou esculhambar eles, admito desde já”, em vez de se fingirem de tolerantes.
- Ainda assim, pelo menos eles aceitam melhor a opinião dos ateus e livres pensadores. E isso é um sinal de evolução.
- Ao contrário deles, os católicos e evangélicos são as religiões dos fracos. Pelo simples fato de você se tornar um seguidor dessas duas, você assina um atestado de inferioridade. Motivos? Aceita qualquer verdade absoluta que for dita para você; será guiado por um líder demagogo e populista no caso dos protestantes, ou por um líder autoritário e fascista, no caso dos católicos; perderá a sua liberdade em nome do tal do Céu; levará tudo o que é dito na Bíblia ao pé da letra, ignorando a existência de metáforas; descobrirá que o cristianismo é mentiroso ao pregar o livre-arbítrio, pois ele é justamente o que mais o condena a cada momento, talhando o pensamento de cada um dos seus ‘cordeiros’; são ideologias autoritárias, cheias de axiomas e um maniqueísmo ferrenho; quando se é católico / evangélico, você sacrifica a sua felicidade e sua auto-estima, e valoriza a tristeza e a humildade (ou seja, para eles é preferível deixar o outro ser feliz do que se preocupar com si mesmo – isso é DESUMANO, uma afronta ao individualismo e uma tendência forte ao coletivismo esmagador do potencial de cada um).
- Ainda assim, eu apóio a tolerância religiosa. Não é porque eu sou ateu que eu quero que todo mundo seja. Até prefiro que os ateus e agnósticos continuem sendo minoria. Afinal, a humanidade sempre seguirá o esquema dos 85% fracos, alienáveis e alienados e os 15% fortes, potentes e espíritos livres. Isso é irreversível. É burro quem acredita em completa igualdade social, em possibilidade de proletários no poder ou qualquer coisa que os socialistas digam. Eu até desconfio de Marx agiu como Maquiavel – ele escreveu com ironia, uma ideologia que pregava justamente o que NÃO deveria ser feito. É bonito defender os pobres e desamparados? É! Mas eles próprios não querem mudanças! Sejamos realistas, oras!
- Não adianta nada você ser “virtuoso” se você não tiver caráter. É preferível ser impiedoso, arrogante e orgulhoso. O ser humano é mau por essência. E ele deve encarar isso, não pode se esconder dessa realidade. Eu não estou incitando a criminalidade, afinal ela é própria da nossa própria natureza. Não fico nem um pouco incomodado com a violência do cotidiano. Afinal, nós somos animais! É a lei do mais forte! Ou você luta pela sua sobrevivência ou aceita ser vencido, ou até morto.
- Concluindo, descobri que adoro ir pra Igreja, justamente para criticá-la. Ver aquilo me dá inspiração para que eu libere a vontade de escrever, de criticar, de questionar. Filosofar, enfim. É a prova de que a ira move o ser humano. Amor e ódio são um só.