[Meu Facebook] [Meu Last.FM] [Meu Twitter]


 

 

Kaio

 

Veja meu perfil completo

 

 

 

 

07 janeiro 2006

Get up, lazy boy!

Decidi fazer alguma coisa para acabar com o ócio e do vício em internet, assim como tinha prometido no post passado.
Joguei o The Sims 2 que meu irmão caçula ganhou de Natal. Ô, joguinho viciante! Deixei de dormir quinta passada para jogá-lo. Sei lá, acho que eu gosto de jogos de estratégia/simulação, adoro ficar cuidando dos meus personagens (principalmente fazer festinhas universitárias e botá-los para estudar pras provas da faculdade - sim, eu sei ser bonzinho e sádico ao mesmo tempo). Criei até um personagem chamado Morrissey, mau-humorado e inteligente como o ex-vocalista do Smiths.

Fui no cinema ver "Os Produtores", com Matthew Broderick e Uma Thurman entre os atores de seu elenco. E descobri que adoro musicais. O filme é extremamente divertido, e ridiculariza o nazismo e os gays da maneira mais sarcástica e hilária possível, inclusive ao mesmo tempo (Hitler "alegre"). Mas em vez de simplesmente estereotipar, como fazem a maioria das comédias, ele esculacha, brinca com os clichês e pré-conceitos. Destaque para Broderick, que roubou a cena como o contador que decide virar produtor da Broadway e é cheio de tiques nervosos - e tem até um cobertor (lembram-se do Lino, amigo do Charlie Brown?).
E, finalmente, após tanto enrolar, assisti o Laranja Mecânica. E quero me matar por não o ter visto antes - putz, que filme sensacional. Uma crítica feroz ao Estado, mais ou menos da mesma maneira que o 1984 e o Admirável Mundo Novo. Um Estado que pode até decidir quando o indivíduo deve sofrer e quando deve se recuperar. Alex, o protagonista, era um arruaceiro que não ligava para ninguém, e maltratava até seus amigos e seus familiares. Isso sem falar nos estupros, roubos e atos de violência que ele cometia. Contudo, após acidentalmente matar uma mulher com uma estátua de gesso retratando um pênis (!), ele é capturado pela polícia, e vai para a cadeia. Em 2 anos, ele age sempre como uma pessoa hipócrita, dissimulada e que finge ser um cristão convertido e arrependido de seus atos. Contudo, sua vontade de ser libertado de lá o leva a aceitar ser cobaia de uma experiência criada pelo governo, o Tratamento Ludovico, que pretende em 15 dias transformar um perverso criminoso numa pessoa boa e redimida.
Só que Alex não esperava que o tratamento fosse tão intenso. Ele foi obrigado a passar por sessões de tortura em que o método empregado era assistir filmes sobre arruaceiros e estupros, para que se arrependesse de seus atos ao ver o quão cruéis eles eram. Com isso, ele foi completamente condicionado contra sexo e violência e também para algo que não estava nos planos dos médicos: contra música: em um dos filmes, que retratava a Alemanha nazista, a música de fundo era a Nona Sinfonia de Beethoven, o compositor clássico que ele mais gostava; depois de vê-la acompanhada de imagens tão cruéis como aquelas, ele passou a também ter uma repulsa por essa sinfonia, e toda vez que a ouvia tinha impulsos suicidas.
Quando acabou o tratamento, Alex estava em todas as manchetes de jornais, como 'propaganda' do novo método. Contudo, as coisas não foram nada boas para ele após a volta à 'liberdade'. Todos que ele maltratara antes da prisão se vingaram dele. Primeiro seus pais, que pouco depois de Alex ser preso alugaram o quarto para um novo inquilino. Depois, um mendigo (espancado na 1ª cena do filme), que se juntou a seus "parceiros de rua" para assaltar e bater no protagonista. Para surpesa dele, aliás, 2 de seus colegas da gangue viraram policiais, e quando espantaram os mendigos e o viram, também pagaram com a mesma moeda o egoísmo e autoritarismo de seu ex-líder. E as coisas ainda ficaram piores, já que ele foi socorrido pelo mesmo velhinho com quem Alex praticaram outro de seus atos de violência no início do filme (inclusive estuprando a esposa dele).
Por alguns minutos, este não se lembrava do jovem, mas quando se lembrou, chamou dois amigos para usá-lo como propaganda anti-governista (!), até porque o velho era oposicionista e escritor de 'literatura subversiva', e mostraria Alex como exemplo da crueldade dos métodos empregados pelo governo nas prisões. Para isso, não mediu esforços, inclusive prendendo o garoto em um quarto e colocando em seu toca-discos a Nona Sinfonia no volume máximo. O desespero tomou conta de Alexandre, que viu como única solução pular da janela e cometer suicídio. Para sua sorte (ou azar), ele ficou gravemente ferido, mas não morreu. Acordou no hospital, e lá novamente foi usado pelo Estado, mas de outra maneira: este queria a sua recuperação, para novamente usá-lo como símbolo da eficiência governamental. Para isso, ele foi bem alimentado, recebeu a visita dos pais (que prometeram dar lar a ele novamente) e recebeu um anti-tratamento, no qual reaprenderia a gostar de violência e sexo. Na cena final do filme, temos ele transando e dizendo "Finalmente estou recuperado".
Acho que não vou me arriscar numa análise mais complexa do filme (até porque o post já está enorme), mas pelo que eu entendi, o filme é um libelo contra o autoritarismo, mostrando o quanto as prisões são cruéis, como a violência juvenil pode atingir níveis alarmantes no futuro, o quanto é fácil para o aparelho estatal fazer uma lavagem cerebral nas massas, o quanto os opositores fracassam por apelar para a radicalização e, principalmente, o quanto o ser humano é cruel e vingativo.
Stanley Kubrick é realmente um gênio, a transposição para o cinema da obra de Anthony Burguess foi impecável. Tanto que eu estou louco para ler o livro e comparar com o filme. Talvez seja, ao lado dos livros de Huxley e Orwell, uma dos mais importantes obras distópicas.

 

Comentários:

 

 

Quero ver esse "Os Produtores".
Parece ótimo, embora eu não goste de musicais, a sinopse me atraiu bastante.
No mais, Laranja Mecânica é o tipo de filme que marca mesmo, é um dos filmes mais corajosos já feitos e é triste pensar que mesmo com um filme tão poderoso, ainda há aquela mentalidade de que pessoas "ruins" precisam ser "reeducadas" para poderem estar "aptas" a "integrar a sociedade".
Eu acho que a noção de que você consegue, dentro de uma prisão, convencer alguém a "se tornar um ser humano melhor" é absurda.
Isso só acontece com os que se convertem dentro da prisão e o motivo da "melhora" deles é uma revelação religiosa e não a instituição burocrática.
Punir também surte pouco efeito, porque ninguém comete um crime achando que vai ser pego, aliás, prisão já é um inferno violento e superlotado, já existem motivos de sobra para ter medo da punição.
Sendo assim, é o tipo de coisa que fica sempre sem resposta.
"O que fazer com os criminosos?"
Seja qual for a resposta, como sempre, confiar no governo resolver a violência e miséria que ele próprio cria é nonsense.


parei aki oh : "até porque o velho era oposicionista e escritor de 'literatura subversiva', e mostraria Alex como exemplo da crueldade dos métodos empregados pelo governo nas prisões."
Depois eu leio o resto..
fikei com tnta preguica..
alias...
acho q ateh esqci algumas partes
hjsniuohieushm
entao kaio!
Fik com Deus, veja sempre os filmes q qr ver
hsnoiuheoiunmes
e n esqc, te adoro, bju!!!


Postar um comentário

[ << Home]